2018 foi. Que se vá!!!
Que 2019 seja de vitórias
construídas, coletivamente!
Francisvaldo Mendes
Presidente da Fundação Lauro Campos
O ano de 2018 foi marcado por contradições, algumas conquistas e muita tristeza. Não há como descrever em uma só palavra esse ano que refletiu e desenhou alteração inimaginável nas relações institucionais e sociais. Pensar sobre essas movimentações só pode servir para aprender, fazer diferente, construir pujança para transformar a vida para melhor, ao menos criar um movimento potente e criativo.
Vimos à vitória presidencial de um candidato que ancorou suas narrativas, práticas e atitudes em uma tirania algoz e em um preconceito decrépito e anacrônico. Para além, disso ai, manifestou-se todas as concordâncias e múltiplos compromissos com a pior face da exploração do preconceito, do machismo, do racismo, do sentimento mais baixo que as pessoas possam expressar. Mas, seja como for, todos e todas que querem o respeito à vida, à dignidade, às pessoas, independente da escala sofrida por essa mudança de comportamento devem superar esse atraso. Essa angustia somente passará pela compreensão do povo, da periferia, populares, trabalhadores, que acreditaram nas mensagens “fake news”, quando perceberem o quanto foi utilizado para um fim que não é para melhorar suas vidas.
Esse ano a tristeza e a indignação nos cortou a alma, os corpos, os sentimentos e os pensamentos com os assassinatos de Marielle e Anderson. Tal crueldade absurda, que não deveria haver na vida, ainda mais no século XXI, foi dilacerante. Viver o luto necessário deve nos recompor para aprender a importante ampliação da solidariedade e o agir coerente, com ações concretas, para que ninguém se sinta e nem muito menos fique só. Nenhuma pessoa crítica a esse sistema e ao modelo que apareceu como vencedor pode estar sujeito a tais violências e nossa postura, nossa organização e nossas ações devem ser significativas e emblemáticas para combater esse sentimento animalesco e desumano.
Sinais de avanços, da nossa parte, pulsaram no ambiente da política e da estética para uma convivência mais afetiva e solidária. A Fundação Lauro Campos esteve presente em vários locais do país, norte, nordeste, sudeste, centro-oeste, e estará ainda mais no ano que se inicia. Investiu-se em diálogos, formulações e formações para fortalecer nossos elos e a coletividade. Apostou-se em insumos para a democracia aparecer como fundamento das relações humanas, na disputa com o Estado, na organização da sociedade civil e na consistência de elos que unifiquem toda a esquerda existente no Brasil, com apostas que inunde a América Latina.
Saudamos a vitória de López Obrador no México. Animamo-nos com a primeira vice-presidente negra eleita na Costa Rica. Com a votação que o PSOL obteve reunindo mais de um milhão de votos que o pleito anterior, permitindo eleger uma bancada maior em São Paulo, no Rio de Janeiro, além de contar com as presenças de Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Pará. Comemoramos a paridade alcançada entre os 10 parlamentares federais, com 5 mulheres. Isso é um grande salto de qualidade, política, humana, existencial e de formação. Não deixamos dívidas para a limitadora clausula de barreira e isso foi produto de ação coletiva e qualificada, organizada com solidariedade e luta.
Assim nos sentimos fortalecidos para enfrentar 2019 para que dele, com unidade, respeitando a diversidade, mas com identificação clara dos nossos desafios para vitórias coletivas. Apostar em formação, nas pessoas que já são militantes e em toda a sociedade civil crítica à intolerância e à exploração são metas atingíveis que contarão com todo nosso empenho. Investir em ações qualificadas pela democracia, seja ampliando a contradição no Estado Capitalista autoritário, seja conquistando direitos cada vez mais amplo para as pessoas e com as pessoas. Assumir, sem trégua, a defesa inequívoca de todas as pessoas que vendem a força de trabalho para a sobrevivência: salários, condições de trabalho, de moradia, de transporte, de vida digna na cidade são fundamentais. Avançar, marchar com unificação da diversidade, para a conquista do socialismo, polindo a cada dia frestas cada vez mais libertárias. Esses são nossos desafios e apostamos que os construiremos a cada dia do próximo ano, para que, o ano seja, de fato, novo.
Não podemos esquecer, aprender com a teoria acumulada, com a história, com as práticas coletivas e ações em busca do socialismo. Importante não repetir erros, isso é imprescindível. Fazer isso com afirmações afetivas e solidárias é o que nos marcará. Neste grande, qualificado e potente muro de mãos dadas ninguém está só, ou abandonado à própria sorte. O capitalismo impõe ao povo a ideia que o ocorrido na vida de cada um é uma questão de sorte ou azar, e não um labirinto proposital do sistema contra o povo. E por mais duro que seja o “pessimismo da razão” não maculará o nosso “otimismo da vontade” coletiva. Vamos construir, na luta continua e com objetivo claro socialista, a aposta na democracia, nos direitos e na liberdade, para colorir um 2019 de conquistas e vitórias para todas as pessoas, principalmente para aqueles que realmente estão desamparados.
Deixe um comentário