Análise de conjuntura marca início de debate entre Fundações no lançamento do Observatório da Democracia

Análise de conjuntura marca
início de debate entre Fundações
no lançamento do Observatório da Democracia

As fundações partidárias integrantes do Observatório da Democracia realizaramhoje (31/01) no plenário 3 do Senado, em Brasília, um seminário sobre as perspectivas do governo Bolsonaro.

Pedro Otoni, da Fundação Lauro Campos, em sua apresentação analisou o atual governo Bolsonaro, que para ele não pode ser compreendido sem analisarmos a situação internacional. Segundo ele, as elites do mundo estão enfrentando três crises: a ascensão da China e de outras potências do Oriente, que preparam sua ultrapassagem em relação aos Estados Unidos/Ocidente; uma crise econômica que tem se mostrado resistente aos mecanismos clássicos que o capitalismo desenvolveu para administrar suas crises e para a qual fica cada vez mais difícil encontrar uma alternativa dentro dos marcos do capitalismo contemporâneo; os impactos da Revolução 4.0 sob a massa trabalhadora, o que tende a criar uma imensa e inédita massa de deserdados que pode colocar as bases do sistema em risco.

Otoni relatou em sua análise os quatro polos de poder dentro do governo Bolsonaro. São eles: núcleo Lava Jato—(Moro é um Ministro do Interior e não da Justiça), Núcleo Paulo Guedes e suas relações internacionais, Núcleo do Exército, que é o núcleo mais atrasado das FFAA brasileiras e Núcleo da família de Bolsonaro: Um governo que age por estímulos externos – especialmente nas relações exteriores que em grande medida condicionam a luta de classes no Brasil.

Comitiva da Fundação Lauro Campos no seminário de “Entendendo o governo atual’ no dia de lançamento do Obseratório da Democracia, em Brasília (DF)

O representante da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, Henrique Mathiessen abriu sua apresentação destacando o quadro de profunda crise que vive o Brasil, sob um governo recém iniciado e que já enfrenta graves problemas, como os indícios de corrupção, apontados nos últimos relatórios da COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Segundo Henrique, o atual governo retrata a elite brasileira, que tem as seguintes características, resumidamente: sofre de um sentimento anti-Pátria, é ligada aos interesses internacionais e é uma elite apátrida. Descatou ainda que o governo Bolsonaro representa os “interesses espúrios internacionais” e promove a negação da política, apartidarização da Justiça e do conjunto do judiciário.

Na sequência, o representante da Fundação João Mangabeira (PSB) James Lewis, analisou o papel da disputa pelo petróleo e a Petrobras que esteve no centro de várias crises políticas brasileiras, provocadas grupos entreguistas contra governos que defendiam os interesses nacionais. “O mesmo discurso que derrubou Getúlio Vargas é o mesmo discurso que foi feito contra Jango Goulart e contra Dilma Rousseff. O Petróleo é um dos temas-chave dessa disputa”, ressaltou.

Lewis apontou ainda para as contradições presentes dentro do atual governo, que devem ser consideradas na luta pela Democracia, como os militares e as igrejas evangélicas. “Há setores das Forças Armadas que tem sentimentos nacionalistas que poderão estabelecer essas contradições”

Júlio Vellozo, da Fundação Mauricio Grabois, apresentou o objetivo das fundações ao construir o Observatório da Democracia. “Buscamos uma grande convergência das forças progressistas brasileiras neste momento”. Em sua análise, Vellozo mostra a origem dos interesses defendidos pelo governo Bolsonaro. “Nasce fora do país, a partir dos interesses do capital financeiro internacional”, ressalta. “Em um cenário internacional onde se apresentam duas tendências: uma delas é que o sistema não necessita mais de nenhuma forma de respeito às regras democráticas tradicionais.”

Segundo Vellozo o papel do Brasil no novo cenário geopolítico, que está se consolidando no mundo, passou a ser relevante por causa das riquezas minerais e o petróleo. “O Estado Nacional, nessa perspectiva, não tem um mínimo de política autônoma para enfrentar essa questão da ofensiva ultraliberal”. E essa política ultraliberaladotada pelo governo Bolsonaro evidencia mais uma contradição: ele se alimenta do Estado que quer desmontar.

Ele destacou também o papel violento do grupo jurídico militar nesse quadro político, ao citar o impedimento do presidente Lula de ir ao velório do irmão, causado por decisões judiciais contraditórias, numa inversão total do direito tradicional.

Por fim, José Sérgio Gabrielli, representante da Fundação Perseu Abramo, afirmou que o governo Bolsonaro é sim fruto de verdadeiras placas tectônicas no mundo com uma grande ofensiva sobre a soberania nacional, como aconteceu na Líbia, na Síria, e continua através dos projetos de intervencionismo da OTAN. Gabrielli destacou o papel da comunicação e da imprensa para atingir esses objetivos estratégicos. Existe um grande esforço de controle dos recursos estratégicos dos países em desenvolvimento, como minerais estratégicos, não somente em relação ao Petróleo.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *