Glenn Greenwald na FLIPEI:
jornalismo e Lava-Jato
O Glenn, o barco, o Jornalismo e os jornalistas: como visibilizar a profissão?
Sexta-feira, 12 de julho, 19h, ocorre a mesa grande sensação da Flipei – Festa Literária Pirata das Editoras Independentes na 17a. Edição da FLIP, em Paraty. O jornalista e advogado Gleen Greenwald participa da mesa “Os desafios do Jornalismo em tempos de Lava Jato”, e sua ida ao barco pirata leva a pequena e pacata cidade fluminense à polvorosa.
De um lado da margem do rio, o palco-barco com milhares de pessoas para ouvir e apoiar a Greenwald; do outro, dezenas de manifestantes pró-Bolsonaro, pró-Moro atacam com rojões, o Hino Nacional, dezenas de impropérios e músicas como Pavão Misterioso e do Legião Urbana. Com fogos de artifício e agressões sonoras atiradas a suas costas, os jornalistas Alceu Castilho, editor do De Olho nos Ruralistas, e Gleen Greenwald, editor do The Intercept, falaram sobre a importância da prática Jornalística em uma sociedade democrática. Greenwald começou dizendo que não trabalha sozinho, que tem uma equipe de jornalistas brasileir@s brilhantes, homens e mulheres jovens apaixonados pelo fazer jornalístico. Castilho falou sobre a falta de apoio e visibilidade social do Jornalismo independente neste país. As notícias, as informações são divulgadas por muitos veículos independentes – e a grande mídia não dá qualquer atenção, a não ser talvez quando a situação está irremediável.
Alguém grita: cadê os negros e negras da mesa? Não só isso, cadê as mulheres jornalistas da mesa? Cadê os jornalistas investigativos que há décadas mantêm o Jornalismo como interesse público e processo de produção, sem abrir mão dos critérios de noticiabilidade, éticos e consuetudinais da profissão? Castilho representa alguns, mas esta é uma profissão majoritariamente feita por mulheres, são muitas delas quem atuaram e atuam nesses anos incertos e duvidosos nos veículos independentes, quem garantiram e garantem o acesso a informações que não são pautadas na imprensa comercial. Também há as redes de jornalistas e comunicadores, as ações de muitos profissionais e ativistas em todo o país. E há as organizações de jornalistas.
A falta de compreensão entre informação e informação jornalística, o fato jornalístico em si, ficou evidente nas demais falas. E é preocupante a invisibilidade e falta de reconhecimento da profissão, mesmo em um evento e debate da natureza da Flipei.
Em uma semana que um jornalista desempregado morre de frio nas ruas deste país, em um país que o ministro do Supremo Tribunal Federal diz Jornalismo ser como cozinhar, o que esperar deste que seria o quarto poder por justamente vigiar os três poderes instituídos?
A mesa da Flipei foi muito boa, mas mais uma vez, perdeu-se a oportunidade de qualificar o Jornalismo e os profissionais jornalistas deste país.
Manifestantes
pró-Bolsonaros atacam
Glenn Greenwald
Ser atacado pelo Hino Nacional, quem poderia imaginar? Na Paraty saudosista do colonialismo é possível. A presença jornalista Gleen Greenwald, editor do The Intercept, na FLIPEI – Festa Literaria das Editoras Independentes, colocou a pequena cidade fluminense em situação de alerta na tarde desta sexta-feira. Após o almoço, começaram a circular carros da polícia ambiental, a tensão na multidão com o anúncio de uma “grande manifestação” contrária a mesa “Os desafios do Jornalismo em tempos de Lava Jato”, que começaria às 19h.
Não iniciou nesse horário, mas 23 minutos depois com milhares de pessoas apoiando Greenwald. No outro lado da margem, dezenas de manifestantes pró-Bolsonaro e pró-Moro dispararam rojões, fogos de artifício e músicas sem autorização como Pavão Misterioso e do espólio de Renato Russo contra os integrantes da mesa que balançavam no barco.
Quando Gleen Gleenwald começa a falar, a intimidação foi gritante. Mas a mesa continuou normalmente com a fala do jornalista Alceu Castilho, editor do De Olho nos Jornalistas, com o humorista Gregório Dudivier e o sociólogo Sérgio Amadeu, mediada pela socióloga Sabrina Fernandes.
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