A nossa educação educa? FLCMF lança
segundo livro da Coleção Cadernos do Povo
Escrito por Chico Alencar, historiador, professor e ex-deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro, este livreto faz parte da coleção Cadernos do Povo, que a Fundação Lauro Campos Marielle Franco, do Partido Socialismo e Liberdade, tem a honra de produzir e editar. O título da coleção faz referência a uma outra, publicada entre 1962 e 1964, “Cadernos do Povo Brasileiro”, durante o governo do presidente João Goulart. Naquele Brasil ávido por mudanças, por reformas estruturais, de base, a educação popular tinha enorme importância. A iniciativa foi dos editores Ênio Silveira (1925-1996) e Álvaro Vieira Pinto (1909-1987), através de uma parceria entre a Editora Civilização Brasileira, o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) e o Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC da UNE).
Aqui tratamos de Educação, que é relação, que é humanização, que é o meio pelo qual nos constituímos como seres humanos. Educação que é comunicação, fala, palavra dita, entendida, escrita. O processo educativo, que se dá antes da escola e também nela, existe em todas as sociedades humanas. Os sistemas de ensino, no estágio atual do capitalismo brasileiro, viraram mercadoria, em grande parte. Isso tende a se agravar, pois há movimento forte para se tirar da Constituição o artigo 212, que obriga a União investir ao menos 18% da receita de impostos na Educação Pública Básica. Também se pretende retirar dos Estados e Municípios a obrigação de apresentação aplicar o mínimo de 25% no setor.
Educação e oferta de ensino escolar não são favores dos governantes. Remuneração digna para quem leciona também não. Com essa importante percepção, ainda que tardia, os sindicatos que mais cresceram, nos últimos 30 anos, foram os dos profissionais de Educação. Não para defender apenas interesses corporativos, mas para lutar por um ensino público, gratuito, democrático e de qualidade, sem discriminações. Sem ele o Brasil não evolui e a desigualdade social não diminui. Esse livreto é uma pequena contribuição para que compreendamos melhor que educar é descentrar: “quem de dentro de si não sai vai morrer sem amar ninguém”, cantou Vinicius de Moraes (1913-1980). E para que possamos entender o ensino como meio de libertação coletiva, de descoberta contínua do gosto de viver solidariamente.
Deixe um comentário