A DEMOCRACIA EXIGE RADICALIDADE DAS INSTITUIÇÕES
Por Francisvaldo Mendes, presidente da FLCMF
O tempo que vivemos exige a radicalização da democracia para a vida melhorar. Criar condições para a democratização não parar de se desenvolver é uma tarefa difícil, ainda mais no momento no qual vivemos. As piores partes se juntaram, em meio de uma pandemia que extermina vida como se fosse uma guerra, o Governo Central e o Estado abraçam a estética autoritária do mais desprezível pensamento conservador. E nessa quadra, os setores comprometidos com a democratização, precisam romper as mais gélidas e densas barreiras.
Mas é possível romper as barreiras, afinal uma das frases mais repetidas, em ambientes progressistas, de esquerda ou que cultivam o pensamento crítico, é “tudo que é sólido desmancha no ar”. Não há estruturas, sistemas econômicos e ordens de organização da vida que não sejam superados e transformados. Mas os sujeitos que assim podem fazer precisam estar organizados e com energia no coletivo para que esse processo ocorra. Portanto, desde agora, os ambientes populares e comprometidos com a democratização precisam ser ampliados e superar, unificadamente, a ideologia do indivíduo, que fortalece o individualismo, o narcisismo e os preconceitos mais cruéis. O coletivo precisa se erguer e construir a maior inteligência que costura saberes, conhecimentos e identidades, para que se possa galvanizar a estrada da democratização em favor da vida.
A Ideologia da meritocracia individual suplantou as construções coletivas e as instituições sucumbiram a ideologia liberal do indivíduo. Nesse processo são fechadas as frestas para a democratização e abertas as veias autoritárias, como estamos vendo o presidente propagandear. Por outro lado, acaba-se vivendo ambientes sectários e limitados em repetir o jogo da guerra e não da política. Não se pode fortalecer as ideologias de dominação e os pensamentos conservadores, nem por um minuto. Enxergar a decadência das instituições do Estado é tão necessário quanto construir bases para sustentar a consciência sobre o papel do coletivo e o objetivo do Estado na sociedade capitalista. Não se pode, portanto, disseminar confusões que contribuirão com o conservadorismo autoritário que predomina, ainda mais nesses tempos. E para enfrentar a situação atual, precisamos nutrir de energia uma cultura de convivência com a diferença que fortaleça o coletivo e o conhecimento existente entre nós oprimidos.
Uma das questões fundamentais é saber que o Estado cumpre o papel da dominação e que esse é seu principal objetivo. Fissuras precisam ser rasgadas no Estado, sem ilusões de que o “bem estar social” vai prevalecer na sociedade capitalista. Mas convictos que rachaduras para uma vida melhor são possíveis.
Ocorre que mesmo as Instituições do Estado estão sucumbindo ao autoritarismo, sem conseguir se impor enquanto instrumento de preservação das próprias Instituições democráticas. O congresso acovardou-se diante do exército miliciano do presidente, O STF faz o papel dele de preservar apenas suas benesses, estampando vista grossa para constituição e acaba servindo apenas como alavanca para retirar direitos da classe trabalhadora.
A grande maioria das pessoas, todas as que vivem da venda da força de trabalho, querem garantir a comida, o transporte, a moradia, a saúde, condições de vida com água potável em cada domicílio. Porém o Estado e o Governo apenas querem preservar seus nichos e pouco ou nada planejam para a defesa da vida da população.
A democracia deve ser preservada e seu objetivo fundamental será, por meio da garantia da harmonia entre os poderes, assegurar a vida das pessoas para que seja realmente garantida. Nesse sentido, seria medida lógica para um consenso nacional, afastar quaisquer representantes e gerentes do poder que atentasse contra a vida das pessoas. Assim, deve-se sustentar no que é cientificamente comprovado, privilegiando a racionalidade humana e não a ignorância e o despreparo educacional propositadamente incentivado junto a população.
Portanto, todos os aspectos que envolvem a garantia da saúde, a qualidade da vida, a sustentação digna das condições materiais, deveriam ser questões fundamentais para construir uma nação, um povo. As pessoas precisam saber que nossa disputa política é para uma vida plena, com moradia digna, garantia de saúde, transportes que respeitem as pessoas e educação de qualidade.
Há uma aposta política no caos, para implementação de um sistema autoritário onde aumente ainda mais a espoliação do Estado por parte e a favor de alguns grupos. Nesse sentido, devemos cobrar o funcionamento pleno das próprias instituições do Estado para que não seja tarde e tenhamos que obedecer a supostos “déspotas esclarecidos”. E a mesma lógica serve para a nossa classe, pois, as personalidades não podem representar a todos e todas sem bases reais de construção coletivas de sustentação para conquistar um mundo melhor para viver. Será assim, com solidariedade ativa e cidadania mobilizadora, assegurando transparência nas regras, que faremos instituições serem respeitadas e o coletivo ganhar o patamar de sujeito para construir conquistas que atuem a favor da vida digna e plena.
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