IGNORANCIA: CAMPO FERTIL PARA MENTIRAS E FANTASIAS

IGNORANCIA: CAMPO FERTIL PARA MENTIRAS E FANTASIAS

Por Francisvaldo Mendes, presidente da FLCMF

O último absurdo do desgoverno, que faz piorar a vida de todas as pessoas que vivem da venda da força de trabalho, foi o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020. Mais um fato lamentável vivido pela sociedade brasileira que encara os mais escancarados absurdos, pois o desgoverno federal segue investindo em ignorância. É justamente com investimentos em ilusões e fantasias para pavimentação das fake news, que as mentiras seguem dançando em uma amostra tosca e ridícula.

Na situação política pela qual passa o Brasil é fundamental afirmar a importância de um projeto de educação escolar que assegure o acesso universal ao conhecimento acumulado. Com condições e ferramentas para se valer do que são as pessoas, seres políticos que são cada vez mais potentes com repertório para problematizações crítico-social. Fator esse fundamental para se avançar na dialética da vida e assegurar que as ciências são sim o sustentáculo para a organização histórico-institucional dos acontecimentos. Já ultrapassamos a fronteira da neutralidade na história da humanidade, sabemos que os conhecimentos são impregnados de ideologias, sejam para libertar ou para escravizar (como acontece nesse país que unifica exploração com racismo).

No mundo, totalmente tomado pelo capitalismo, com escalas, como o tardio e decrépito que prevalece no Brasil ou o dissimulado, que persiste nos chamados países desenvolvidos. Não há desenvolvimento no capitalismo, pois, em nome do lucro criam-se verdades que tomam conta da vida e a dominação autoritária segue com os seus assassinatos e extermínios das mais diversas formas. Assim, as escolas são destruídas, servindo apenas ao poder institucional e da Elite que organiza o mundo da escravidão do nosso tempo em uma superestrutura que com falsidades ilude a grande maioria das pessoas. Os poderosos se lambuzam na acumulação de riquezas e os setores populares padecem da ausência de uma república honesta e verdadeira que assegure, para a grande maioria das pessoas, o acesso ao conhecimento e ao crescimento na lógica de um permanente aprendizado. Mas desde criança, na adolescência e mesmo na juventude, a maioria das pessoas vive com o impacto da exploração organizada pelo capitalismo e com as piores consequências das desigualdades sociais, com a falta de água, a ausência de comida na mesa e da violência desse sistema patrimonialista, racista e machista, que predomina historicamente no Brasil.

Mas para que absurdos sejam aceitos pelos sentidos humanos, como na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, faz-se necessário que o desgoverno invista em ignorância, na destruição de todas as Instituições, na aniquilação dos avanços conquistados, impondo o padecimento da educação à saúde. Cenário lamentável, ainda mais nos tempos atuais com ajuda do inimigo invisível que se prolifera na pandemia que toma o Brasil, por responsabilidade da política destruidora de vidas, operada pela a grande maioria dos governantes atuais em todas as dimensões do Estado.

Há acumulado, na história da humanidade, condições para que a unidade entre educandos e educadores, moradores e familiares, ativistas e pesquisadores, o povo de maneira geral, cresçam com a potência da educação. As escolas tem que ser pública, mas acabam, por conta da política da ganancia por dinheiro que predomina no país, e de alguma forma no mundo, atuando para o desmonte da educação e da capacidade de desenvolvimento intelectual. No lugar de conhecimento acabam servindo para o controle e a dominação, criando somente o bastante para ser utilizado como prestador de serviço um pouco mais qualificado, com os mais ferozes preconceitos e fazendo predominar os conteúdos mais nocivos que brotam na estrada da má formação e do conhecimento incompleto e falso, frutificando a ignorância.

Não há dúvidas, portanto, que a ignorância é o investimento dos desgovernos que predominam no país, principalmente o federal, para que a cidadania ativa e a formação do sujeito não se façam com o volume necessário para mudanças profundas e significativas. O conhecimento é fundamental para a inteligência coletiva da transformação das pessoas e com as pessoas que são sujeitos estratégicos e determinantes para que a vida alcance o patamar da dignidade.

A vida digna, formada na arquitetura coletiva da criação humana, é indispensável para superar as múltiplas formas de exploração, que colocam o lucro como o mais importante objetivo, como imposto pelos poderosos que controlam a economia e os serviços que deveriam ser produto de políticas públicas.

A escola é um espaço fundamental para o aprendizado e é justamente o acesso crítico e dialético do conhecimento histórico e científico que precisa prevalecer. Assim como nós, sujeitos para transformações, que podemos elevar a vida em todas as suas dimensões e potencialidades, precisamos investir em formação e não deixar passar os absurdos que operam contra a vida, desnaturalizando e mostrando, com nitidez de compreensão, que o conhecimento é um instrumento fundamental para que alcancemos a defesa e a manutenção da vida com dignidade e não aceitemos que um bando de mal intencionados e ignorantes governe nosso pais.

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