O POLICIAL E A MÃO OPRESSORA DO ESTADO, QUE TAMBÉM É EXPLORADO!!!
Por Francisvaldo Mendes, presidente da FLCMF
Destaca-se nos noticiários os grandes índices de mortes. Mas atenção, nem todas as mortes são embaladas pelo COVID-19. Evidente que mortes pelo vírus se dá por conta da ação equivocada ou ignorante que predomina no Brasil, principalmente em nível federal com o desgoverno do tempo atual. Mas, para aumentar a revolta há ampliação de morte de jovens, negros, da periferia, principalmente das favelas cariocas e periferias de São Paulo. Para além de se revoltar e se entristecer, precisamos enfrentar a brutalidade enraizada nas policias.
Desde 1987 é articulado o dia internacional contra a tortura. Ações como essa são fundamentais para unificar e conscientizar as várias razões empíricas e ampliar a inteligência coletiva, com solidariedade, ações e formulações que nos façam superar esse regime opressor ao qual o povo é submetido, hoje conhecido como capitalismo. Os modos de produção estão em transformação, mas o comum continua privado, apropriado por poucos, na sua maioria homens brancos que cultuam o lucro acima da vida. Mas somos sujeitos nesse mundo e, portanto, devemos atuar para superar essa ordem de “escravidão” em favor da vida.
A vida, tão em questão nos dias de hoje, principalmente por conta do inimigo invisível conhecido por CONVID-19, é, e sempre foi, ponto principal e fundamental de nossas organizações populares. E podemos afirmar, sem risco de errar, que a formação social brasileira possui na exploração e no racismo elemento chave para a manutenção dessa ordem torturadora. Esse motivo é emblemático para que estejamos juntos nas bandeiras contra tortura em escalas nacional e internacional. E vamos além, trata-se de um simbolismo fundamental para organizar a defesa da vida em todos os aspectos e para que seja possível ampliar nossa potência coletiva para superação do capitalismo.
Nós, trabalhadoras e trabalhadores, moradores da periferia, que alcança todos as geografias físicas brasileiras, do Sul ao Nordeste, somos sim sujeitos fundamentais para superar toda a ordem que se sustenta na tortura. Seja a exploração que ocorre no local de tralho, seja o racismo que ocorre quando se assassina as pessoas de pele preta. Mas essas ações representam muito mais, pois, todos nós, que vendemos nossa força de trabalho para sobreviver e sofremos as mais injustas crueldades, principalmente orquestradas pelo Estado em favor de uma Elite, precisamos estar unificados em todos os dias na organização e luta contra tortura, contra exploração e contra esse sistema.
No Brasil, não há dúvidas, a polícia que mais mata é também a que mais morre. A polícia é a mão do Estado agindo para fins de garantir as benesses de uma minoria e que os próprios policiais não fazem parte, pois os policiais são manipulados com regimes e leis para que eles se sintam diferentes da população, sintam-se autoridade, manipulando sua consciência para garantir o lucro e as ações do Estado. Os policiais são trabalhadores, explorados, operários do Estado, como os demais trabalhadores, que independente de quem paga o salário e das funções executadas. Todos nós, somos operários para sobreviver do salário que paga nossa força de trabalho.
Não há oposição ou desigualdades no grande grupo social que fazemos parte, a classe trabalhadora. Por isso precisamos nos unificar em todos os aspectos e sentidos, com nossas diferenças, para superar as chagas da exploração e do racismo, inclusive dentro do aparato policial.
Jovens, adolescentes, muitas vezes crianças, na maioria os meninos, que são sujeitos criativos, mas como potentes sujeitos não são reconhecidos por quem domina e organiza o poder. A população de nossa periferia e das nossas favelas, é o grupo social que mais sofre com o peso de todas as formas de torturas e exploração. Sejam os que estão mais vulneráveis à doença sejam os que recebem, em suas próprias casas, o desfecho de suas vidas por balas de policiais manipulados, despreparados, utilizados intencionalmente. E, assim como a doença parece que sai vitoriosa, parece que há vitória em chacinas e assassinatos de policiais, mas é uma mentira, pois, não há vitória, só derrota do povo empobrecido e marginalizado por todos os tipos de discriminação, que só crescem com o atual desgoverno federal. Nós temos que ser sujeitos do fim desse processo unificados, organizando com formação e ação as nossas jornadas em favor da vida, inclusive apoiando policiais que já estão organizando consciência politica e sabem pra que o Estado os utilizam.
As barbaridades mais descaradas, que sempre ocorreram, agora tomam a imprensa e as redes sociais, nos EUA e no Brasil. O número de pessoas, na maioria negras, empobrecidos, moradores de setores populares, aumenta em período de confinamento. O confinamento se torna tão igual quanto a quantidade absurda de pessoas mortas, que por sua vez só aumentam. Afinal, os dois países estão liderando tanto as doenças e as mortes, seja por COVID ou pelas balas que disparadas nas armas de propriedade do Estado e com as ações organizadas pelos poderosos dos Estados.
Os números são alarmantes e divulgados pelos chamados dados oficiais do Estado e pelos meios de comunicação formais. Nos Estados Unidos e no Brasil, durante o confinamento, os assassinatos, que possuem em policiais os principais executores, são alarmantes. Rio de Janeiro e São Paulo são epicentros de tais atrocidades. Mas nós, por nossa vez, não podemos nos embebecer nos grandes números, temos que ficar atentos e focados na vida das pessoas, que em sua maioria são jovens, negros, trabalhadores explorados e oprimidos.
Devemos lutar contra essa realidade sombria que coloca a tortura, em todas as dimensões, acima da vida e só tem olhos para o lucro e para as discriminações mais insanas. Nós podemos e vamos mudar essa realidade, nos unificando, todos nós explorados, todos nós marginalizados e oprimidos na grande periferia do mundo que possui a multidão para formar uma nova sociedade. Para que o discurso de defender a vida predomine nas cidades, nos trabalhos, no Estado, nós precisamos assumir a direção do processo e fazer valer a vida acima de tudo. Somos um povo potente e forte e a exploração, o racismo e as formas múltiplas de discriminação que nos empobrece, sendo imposta pelos poderosos, serão superados pela solidariedade, a inteligência coletiva e uma nova organização onde nossa diferença seja nutrição de crescimento para nossa potencialidade transformadora.
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