INTERNET É O NOVO CAMINHO NEGADO AOS DESPOSSUIDOS

INTERNET É O NOVO CAMINHO
NEGADO AOS DESPOSSUIDOS

Por Francisvaldo Mendes, presidente da FLCMF

O crescimento de 40% a 50% na utilização da INTERNET no Brasil, segundo a ANATEL, com o crescimento de 57% nas reclamações das pessoas por falta de acesso ou péssimas condições no acesso, é um dado importante para a sociedade se debruçar na nova forma de relacionamento social que se estabelece a partir desta pandemia.

O papel do Estado é importante, principalmente no acesso as informações oficiais para que os cidadãos possam construir caminhos de convivência e superação da desigualdade em que vivemos. O IBGE afirma, por meio de suas pesquisas, que no ano de 2018 cerca de 46 milhões de pessoas no país não tinham acesso a internet. Note-se, estamos falando de uma população que corresponde mais de 25% de todas as pessoas acima de 10 anos de idade.  Mas, seguindo os rumos da naturalização dos sem direitos, o governo federal e seus seguidores no Estado, atuam para aumentar a desigualdade social e agora principalmente no âmbito cibernético, o que privilegia parte da sociedade.

A hiper ampliação das redes sociais do século XXI, a corrida em busca do universo da internet disparou, principalmente nessa situação em que as pessoas precisam ficar isoladas e confinadas em suas casas para se prevenir do COVID-19. Isso para fala das pessoas que possuem casa, pois, é estrondoso o número das que não possuem uma habitação ou residem em condições desumanas. Mas o Estado, de maneira geral – parlamento, judiciário e executivo – deveria investir em legislações e ações ativas para criação de condições mínimas de sobrevivência da população, garantindo residência para todas as pessoas e proteção da vida.

Após a garantia do básico para sobrevivência, deveria investir novo meio de relacionamento assegurando acesso à internet de forma livre e gratuita aprimorando as comunicações, investindo em informação e formação que envolve esse universo.

Nesse momento, que devemos evitar as aglomerações, a internet cumpre um papel ainda mais importante. Se por meio da internet já se havia descoberto um canal de diálogos e conhecimentos em nível internacional para todas as pessoas com um Smartphone em mãos, equipamento que só cresce em produção e lucro no mundo, nos tempos atuais é fundamental, para se ter a saúde do corpo e da mente garantidas a internet é indispensável.

Encontros, diálogos, comunicações, convivências diversas, são construídas por meio da internet. Assim como a internet tem sido meio para acesso a remédios, alimentos, direitos diversos. E mesmo para as pessoas organizadas pela ideologia, ou na atuação da compra e do consumo, a internet tem sido solução, evidentemente sendo aplicada pelos capitalistas, que estão investindo nisso. Ou seja, internet nos tempos atuais esta sendo aprimorada para acelerar a exploração em detrimento de quem já é explorado.

Mas por que não se protege as pessoas exploradas em nosso país, inclusive  sobre o uso da internet?  Afinal, só pode ter acesso a internet por meio da “banda larga” quem paga. Então é o grupo que pode pagar e, justamente nesse grupo, os que podem pagar e comprar, consumir mais e mais, ainda mais em tempos de depressão, que se concentra o foco de investimentos do sistema. O mínimo de dignidade ética seria o papel mínimo do Estado para garantir acesso a quem não pode pagar, que com seus “poderes” – governo, parlamento e judiciário – deveria investir em todas as ações para a vida e saúde, que seja nesse tempo de exceção ao menos. A internet é uma dessas ações que precisa de investimentos. E nós que apostamos e investimos na formação e no conhecimento sabemos o quanto é precioso o acesso a internet, principalmente  neste momento.

Não podemos perder de vista e facilitar o acesso aos sistemas e a tecnologia. O aprimoramento de leis e práticas deve avançar para a tecnologia do 5G, essa nova geração de telecomunicação móvel, que ainda não chegou no Brasil, que já é negociado e existente em mais de 30 países no mundo. Mas nós da periferia do mundo, os mais atingidos pelas desigualdades e os moradores da nossa periferia são duplamente mais atingidos por desigualdades ampliadas nesse país desigual. Mas não podemos nos furtar da nossa potência, pois, tudo que temos de mais “desenvolvido” e com mais direitos é produto de nossa inteligência coletiva, de nossa organização social e da nossa mobilização. As melhores coisas do mundo são conquistas criadas e organizadas por nós, trabalhadores e trabalhadoras.

Por essas razões o estudo sobre as novas formas de trabalhos via mundo cibernético é primordial para a saúde e a vida de todos os profissionais das mais diversas áreas. A dedicação e o entendimento desta nova realidade evidencia que é importante para todas as pessoas que vivem da venda de sua força de trabalho preservar sua saúde e condições de vida e demais direitos fundamentais quanto ao trabalho por meio de plataformas virtuais e/ou em home office durante e depois do período da pandemia  COVID-19.

Não podemos ter dúvidas, nossa mobilização é necessária agora, tanto para apoiar medidas de proteção das condições de trabalho, quanto para se contrapor ao Estado Opressor que predomina no Brasil. Não há dúvidas, precisamos avançar. É sim um direito o uso da internet e agora é um direito que faz diferença para preservar e manter a vida. Nós, setores democráticos, populares e que investem em organização, formação e mobilização precisamos ser sujeitos fundamentais nessa luta para garantir a vida, a qualidade de vida, e a condição minimamente humana de nosso povo em nosso país.

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