ENTRISMO DOS BANQUEIROS

ENTRISMO DOS BANQUEIROS

Por Everton Vieira

É de uma ingenuidade, de uma imaturidade, de uma falta de compreensão abissal do que é e como funciona a luta de classes, acreditar que um banqueiro faz doações eleitorais “sem querer nada em troca”.

Camaradas, vamos ao ponto, sem rodeios: eles já estão conseguindo o que queriam. Primeiro, tentar quebrar a nossa narrativa histórica de independência política e de classe. Nossa denúncia firme, contundente da farra dos bancos de como esses canalhas colocam nossa classe de joelhos para sofrer a miséria e a fome.

Já estão nos dividindo mais uma vez, cooptando setores que estão protagonizando as lutas de massa de nossos tempos, setores que embora não sejam majoritariamente marxistas, estão influenciados por direções socialistas.

Esse debate não é sobre Wesley ser ou não um traíra, não se trata de uma discussão de moralismos vazios. Trata-se de um debate profundo sobre a política, sobre o potencial político de uma narrativa firme contra banqueiros, sobre a disputa de influência de setores fragilizados da nossa classe que podem ser cooptados para uma prática política conciliadora.

Não é uma política simples de compra de votos e eleição de parlamentares, é mais complexa, a “contra proposta” não é aceitar essa ou aquela votação, é desarmar militantes abnegados para enfrentar o capital. É esvaziar nossos discurso e desmoralizar nossas denúncias. Infelizmente, estão conseguindo.

O estatuto do PSOL proíbe financiamento de banqueiros, quem acha que isso é esquerdismo, há muitos partidos no campo da esquerda que não acham que essas práticas são um problema. O PSOL sabe que é um problema, e até que uma disputa interna mude essa concepção histórica do partido – e espero que isso não aconteça, ela precisa ser respeitada.

Banqueiro não dá ponto sem nó. Entrismo para enfraquecer nossa narrativa, cooptar setores fragilizados e com potencial explosivo, esvaziar nosso conteúdo político, desmoralizar nossas denúncias e domesticar a ação política através de aparelhos muito bem planejados de disputa de hegemonia.

É uma boa oportunidade para fazer política grande: ir na imprensa e dizer que a luta contra o racismo passa também por recusar dinheiro arrancado do nosso povo com reformas que trouxeram mais miséria, fome e desespero. É possível construir uma narrativa política contundente, firme e que dialogue com amplos setores. Isso ajuda mais do que alguns trocados de banqueiro para fazer anúncios no facebook.

Para mim, importante não são os que vão, são os que ficam e os que virão.

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