CONSTRUIR A CONSCIÊNCIA DE CLASSE NAS ELEIÇÕES

CONSTRUIR A CONSCIÊNCIA DE CLASSE NAS ELEIÇÕES

Por Francisvaldo Mendes, presidente da FLCMF

O período das campanhas eleitorais é sempre um grande desafio para as organizações socialistas. De um lado fazer da campanha um grande espaço de participação e formação política para ampliar a consciência, de outro assumir espaço no Estado para conquistar fissuras que ampliem as contradições do capitalismo e melhorem as condições de vida das pessoas. Essas pessoas são justamente as que vivem da venda da força de trabalho e só a venda da força de trabalho possuem para sobreviver. Ou seja, são pessoas que precisam dos salários, na maioria das vezes insuficientes, e contam com condições de vida na cidade que não sustentam estruturalmente A VIDA. Nos setores populares, em toda grande periferia do Brasil, vive-se falta de esgoto, água potável, moradia, além de condições absurdas de transporte, de empregos e baixo acesso (ou quase nenhum) para o tratamento das doenças e para a formação escolar. Esse é o quadro predominante da maioria dos locais. O olhar para essas pessoas, o grupo social ao qual fazemos parte, que nós do PSOL devemos estar dedicados politicamente, inclusive nas eleições.

O PSOL, como partido comprometido com o projeto político socialista e libertário, atuante e fortalecedor da democracia popular, possui grandes desafios. Com a pandemia aparece facilmente informações que atingem diretamente os setores mais fragilizados estruturalmente na sociedade. Enquanto os lucros dos grandes afortunados aumentam, são também ampliados o desemprego, que em julho deste ano chegou na maior taxa desde 2012 com 13,8, atingindo mais de 13 milhões de pessoas, segundo o IBGE. Afinal, essas pessoas, na grande maioria negras, que vivem todos os tipos de discriminação socio cultural, são as mais impactadas. O racismo e o machismo que em nosso país possui contornos estruturais e institucionais e desenha a fisionomia do capitalismo dependente, tardio e concentrador do país, predominam sim com peso de morte em nosso povo.

Não há dúvidas que negras e negros, indígenas, nordestinos, sofrem impactos dos mais duros na condição de classe, assim como é evidente que as mulheres são as mais impactadas pelo avassalador sexismo, que com força de preconceito voraz, e pelo machismo que massacram todas as singularidades humanas. E, nesse sentido, nos é evidente e não podemos deixar de perceber, entender e sentir que as pessoas que socio historicamente construíram as identidades LGBTIQIA+ sofrem os impactos autoritários da discriminação e dos preconceitos que tomam toda a superestrutura brasileira. Os desafios do nosso partido com essa realidade, impactada por variadas formas de opressão, que impõem às pessoas viverem as múltiplas formas de dominação organizadas pela superestrutura do Estado capitalista, são de grande vulto para serem superadas coletivamente na sociedade atual.

Não temos dúvidas que nesse contexto a construção da consciência de classe, com toda a diversidade que costura nosso povo, com liberdade e participação ativa na práxis política é nosso caminho. O grupo social de milhões e milhões de pessoas que vivem da venda da força de trabalho, impedidas de fazer do trabalho a expressão da potência humana e forçadas a vender a força de trabalhar como mercadoria, é o que nos faz existir, o que nos sustenta e quem precisa estar entre nós dirigindo e conduzindo os rumos dessa história. Para isso, também não há dúvidas, que investir na formação e organização da consciência de classe costurada por toda as singularidades humanas é a nossa esteira para construir uma sociedade socialista, libertária e profundamente democrática no Brasil.

Nós vamos sim mudar essa história e esse é o projeto político do PSOL. Não temos dúvidas, durante as disputas eleitorais, que as campanhas que unificam a formação de classe e apostam no crescimento da consciência e na unidade de classe, para enfrentar e superar toda a diversidade impostas pelas opressões superestruturais que amargamos, são elementos fundamentais em nosso projeto coletivo. Assim afirmamos que essa vocação, na esteira da formação e ampliação da consciência de classe, é, e deve ser, fundamental em todas as candidaturas do PSOL, com as várias contribuições singulares que cada pessoa ou sub grupo social possui. São justamente as que já almejam esse patamar de superação de todas as formas de exploração e opressão, com um projeto político que supera o capitalismo, os pilares para nosso crescimento como partido e para que possamos acumular forças para a superação do capitalismo. Nós atuamos – e vamos seguir atuando – para que todas as campanhas construam o acolhimento e a unidade com formação política e compreensão de que nossa formação em classe, com consciência e atuação revolucionária, é o vetor de mudança que precisamos para a vida superar as políticas de morte que tomam o mundo, a América Latina e o Brasil. Vamos fazer das eleições mais um portal de elevação e consciência e conquistar, nas disputas e nos exercícios de mandatos futuros, um novo tempo com dignidade na vida.

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