EUA: MATRIX DA DEMOCRACIA

EUA: MATRIX DA DEMOCRACIA

Por Francisvaldo Mendes, presidente da FLCMF

Lançado em março de 1999 o filme Matrix é uma vitrine com muitas imagens que não deveriam passar despercebidas aos nossos olhos. O foco aqui é para a realidade simulada, absolutamente virtual, que foi chamada MATRIX. Olhar para os Estados Unidos da América e ver democracia exige penetrar nas entranhas da sociedade e mostrar o Estado decadente do mundo dos sonhos. Assim é possível afirmar que democracia para o Estado norte americano é apenas uma palavra com sentidos de opressão e exploração ou uma invenção no formato FAKE NEWS, absolutamente empírico, que busca apresentar a mentira em forma de verdade. Seja como for, a imagem do filme pode nos fazer lembrar que o espaço digital que parece tomar o mundo não pode se tornar o senso comum virtual e que distopia não é saída para um processo de superação revolucionária ancorada na democratização. Afinal, buscamos a democratização da vida e não de Estados e de organizações do poder.

Somos nós, as pessoas que vivem da venda da força de trabalho no Brasil e no mundo, inclusive nos EUA, a potência coletiva para a ação da vida ser conquistada em recheio de liberdade. E trata-se das condições materiais e espirituais de existência, ou seja, trata-se de organização das pessoas para produzir e saber dividir coletivamente a produção, assim como das condições organizativas para a produção ocorrer com as diferenças para satisfazer necessidades em todas as dimensões. Enquanto isso, perdendo o tom até da democracia liberal, os EUA apostam em opressões multidimensionais que atingem as pessoas no próprio país e impõem, às pessoas no mundo, um imperialismo decadente. Certamente que o impacto no mundo não é igual, afinal, cada formação social possui suas características culturais, socio-históricas e germinais no transcorrer da vida.

Alguns dias se passaram na cena nos Estados Unidos que impactou as pessoas internacionalmente e gerou diversas respostas. Verdade, o silêncio do presidente do Brasil, também é uma resposta, a mais lamentável, aterrorizante, cínica e anacrônica, mas uma resposta. A tentativa de invasão da sede da organização do poder Norte Americano, que é conhecida como CAPITÓLIO, apresentou indignações das mais diversas matizes para a humanidade. Pode-se esperar que ao menos esse chuvisco de democracia – que é desenhado nas eleições – seja assumido e respeitado pelos vários “quarteis” que organizam o poder real no mundo.

Os EUA são representação máxima do imperialismo decadente porque de tudo faz para impor a exploração e o controle do capitalismo no mundo, é feito diminuindo a vida da multidão que vive da venda da força de trabalho. O direito de viver está proibido e absolutamente embaçado em vitrines que apresentam as mentiras em formato de verdade. Mas mesmo lá na geografia física do poder há ações de democratização. Mas para chegar nessa visão se faz necessário ir aos movimentos sociais organizados, nas várias formas de organização da sociedade civil, que geram contradições positivas para a vida. Nesse momento do tempo também é importante ver as vitrines apagadas pelo poder e que impedem que cheguem para os sentidos da maioria das pessoas.

Não se pode esquecer que o vírus que toma o planeta na atualidade não é sapiens e nem senciente, mas já matou no mundo quase 2 milhões de pessoas. Só nos EUA, lugar que apresenta a vitrine de desenvolvimento e inteligência também para o mundo, o vírus matou mais de 380 mil pessoas. Uma aritmética simples já mostra que esse país que arvora o imperialismo mundial, absolutamente decadente, possui hoje cerca de 1/5 dos mortos, ainda que esteja longe de ter 1/5 da população. Ou seja, também lá, os que mais morrem são os que mais estão distantes dos elementos que sustentam o poder: a propriedade das coisas e o capital.

Queremos sim superar todas as marcas do “mundo dos sonhos” e avançar para uma democratização progressiva em todas as condições para a vida. O Estado, em nível global e na maioria das frações nacionais, não consegue demonstrar que, ao menos nesse momento, de “verdadeira exceção”, pode servir para defender a vida. Um país como o Brasil, por exemplo, não haveria de ter dúvidas que SUS e centros de excelência na ciência da medicina deveriam dizer o que fazer e o Estado deveria fazer. Um pouco do suspiro de compromisso com a vida, e tenham certeza, não precisaria de muito, faria chegar vacinas para toda a população sem mais cobranças, em formas de impostos ou em formas de preço. Afinal, dinheiro não é capital, é uma mercadoria que é usada para empurrar as pessoas para o mundo do individualismo, do racismo, do machismo, da ignorância e do patrimonialismo, nas formas que se moldaram na formação social brasileira.

Mas o que queremos é mais. Queremos sim acabar com esse governo que é o pior de todos os experimentos eleitos que conhecemos em nosso país. Queremos sim um Estado que invista na vida, com mobilidade, moradia, educação, alimentação e cuidados de saúde no amparo mais comprometido possível com a seguridade, ação inexistente na trajetória de formação social. Mas queremos mesmo que a liberdade tome todas as dimensões humanas e os exemplos do imperialismo decadente não serve como vitrine, muito pelo contrário. Então vamos formar nossa própria vitrine para viver com dignidade.

É isso, com investimentos em organização e compreensão do papel de sujeitos da grande maioria, processo coletivo, solidário e ativo, podemos avançar para superar o capitalismo. Superar o sistema que inverte o real com as imagens falsas, simulacros que empurram a maioria para desejos de guerra, de poder e de individualismo, que não são apoio para avançar nas singularidades e nas cooperações humanas em defesa da vida. Vamos assim fazer, com formação, organização e ação, um novo sistema que a vida, de fato, esteja sempre acima de qualquer lucro, principalmente no seu formato mais individual e mesquinho.

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