QUE A ENERGIA DO PRIMEIRO DE MAIO NOS TOME NESTA SEXTA-FEIRA
Por Francisvaldo Mendes, presidente da FLCMF
Trabalhadoras e trabalhadores do mundo, somos nós os sujeitos das transformações a favor da vida e do trabalho humano criativo. E isso já seria o bastante para que o primeiro de maio fosse construído todos os anos com importância. Mesmo nesse tempo de pandemia, que as crises políticas, éticas, econômicas e de saúde se encontram, temos que construir um ambiente adequado para o primeiro de maio, para mais organização, mais consciência e mais transformação.
O primeiro de maio é uma das principais e mais importantes datas simbólicas que há para a classe trabalhadora, em todas as pessoas que vivem da venda da sua força de trabalho e para as que possuem a consciência de sujeitos da transformação. Essa é a classe, portanto, se faz necessário a construção de classe e isso nada de natural possui. Quem depende de viver sua força de trabalho para sobreviver nesse mundo pode e precisa se construir como classe, se ativo ou não no trabalho da exploração, para que possamos romper as barreiras do poder e da ideologia. As pessoas que vivem da venda da força de trabalho são maioria no mundo e precisam, portanto, com as múltiplas contribuições e as ricas diversidades, tornarem-se maioria política na sociedade.
O primeiro de maio é, portanto, uma data com simbolismo político e mística coletiva para a energia transformadora na sociedade. Não se trata de comemorações. Trata-se sim de construir a data com seu significado real, pois, foi uma conquista das pessoas que são trabalhadoras nesse mundo. Muito importante é, portanto, frisar o dia como das pessoas trabalhadoras e não do trabalho. O trabalho no capitalismo é instrumento de exploração e não estrada criativa para a potência humana.
Nesta data, devemos reforçar as jornadas de formação, de debates, com movimentos que permitam se embebedar de conhecimento crítico, com o fio ampliador da energia transformadora. E que nesse dia seja feriado, sem desconto dos salários, para que as pessoas que são flor de lotus da classe, relembrem e cresçam, dessa conquista mais que justa, em várias partes do mundo. As pessoas que estão tomadas por estudos, transportes de péssimas qualidades, horas absurdas de trabalho, condições pauperizadas da vida, possuem, por isso e outras razões, menos tempo para a ação política, pois a comida precisa estar na mesa, os impostos precisam ser pagos, a moradia precisa estar firme, e para isso, o tempo de ação política fica progressivamente menor e as vezes inalcançável.
Necessitamos compreender essa realidade dura desse mundo capitalista e por isso desumana e dar acolhimento a todas as pessoas para a formação de classe, sendo essa uma tarefa fundamental para que sejamos pontos de apoio, uma pessoa da outra, com todas as diferenças e especificidades humanas, para crescer coletivamente. Esse dia é fundamental ser marcado por isso, por solidariedade e coletivismo para aprendizagem que reforce a ação revolucionária. Superar o capitalismo é um desafio fundamental para a vida crescer com importância e significado pleno.
É, portanto, muito importante manter vivas as lembranças das atrocidades de patrões e do Estado das décadas de 80 e 90 do século retrasado, em Chicago nos estados Unidos, tanto quanto da iniciativa de declarar o dia como feriado nacional na extinta União Soviética, em 1920. Não se pode esquecer, nem um segundo, de todas as pessoas que foram assassinadas porque se mobilizavam pelas várias causas que fortalecem o direito e a dignidade na vida. Mas tais lembranças não são para nos tomar de tristeza, muito menos para fazer do dia uma festa de bolos e bombons, trata-se de reunir os conhecimentos acumulados nas práticas de vida para avançar com o estudo teórico, histórico e conceitual.
O tripé formação, organização e ação transformadora precisa ser, no dia primeiro de maio, um sol inspirador para enfrentar o capitalismo e todas as suas mazelas que geram barbárie. Estamos vivendo um momento devastador. Já falam em números alarmantes no Brasil e com uma população que soma menos que um quinto da população chinesa já há superações de óbitos no país se comparado em números totais com a China. Mas, apesar disso, o presidente da república debocha das mortes com escarnio e desprezo, assim como o capitalismo faz com a dignidade de cada ser humano. E sabe-se isso é o que aparece daqueles que estão na podridão do poder, pois faltam transparências elementares no estado brasileiro, ainda mais nesse momento político que as informações são manipuladas, construídas e mentirosas ou escondidas da maioria da população.
Nós, maioria, que vivemos da venda da nossa força de trabalho, com toda a diversidade, sejam com as pessoas que amargam desemprego, as que vivem as piores condições de precarização ou mesmo as que possuem os melhores contratos, precisamos, de forma coletiva e unificada dar uma grande resposta. Estaremos juntos para viver e superar o capitalismo. O primeiro de maio precisa lembrar e marcar isso em nossas vidas para ampliarmos a organização. Assim lembramos o primeiro de maio de 2020 para que seja ambiente de uma vida saudável, digna e sem exploração, rumo à mudança do mundo.
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