MENTIRA, INSENSATEZ E DESPOLITIZAÇÃO: MARCAS DO TEMPO ATUAL?

MENTIRA, INSENSATEZ E
DESPOLITIZAÇÃO: MARCAS
DO TEMPO ATUAL?

Por Francisvaldo Mendes, presidente da FLCMF

O presidente da república, que aplica o maior desgoverno dos tempos atuais na política no Brasil, afirma estar com COVID-19. Para piorar, afirma que está melhorando com hidroxicloroquina. Nesse momento em que os filhos do presidente parecem atrapalhar mais que ajudar, com rachadinhas, blogueiras e porcos, chamar a atenção para uma situação de vida, ainda que inventada, pode ser a saída para a política mais desqualificada. Mas, para além da mentira, insensatez e despolitização, que parece fazer parte desse tempo sombrio, ainda há a ações de desprezo pelo próprio governo.

Pois o presidente do país, que disse que era atleta e não tinha medo do vírus, agora se diz infectado. O mesmo presidente que disse que se tratava só de uma “gripezinha”, e administra o país com essa quantidade alarmante de óbitos. O mesmo presidente que investiu recursos em um remédio que a ciência, comprovadamente, afirma que faz mais mal do que bem para o combate da covid e agora aproveita para “inventar” que essa droga está o salvando. O mesmo presidente que vive uma situação de desgaste político com seus filhos envolvidos em escândalos, entre os quais, a tal rachadinha bate recordes de piadas populares pelo país, pretende que as pessoas olhem com seriedade a sua condição atual. Esse mesmo presidente diz estar sendo tratado pelo remédio que não tem efeito positivo sobre a doença, movimenta as atenções para o seu tal covid tirando o foco dos filhos, tenta justificar os gastos de medicamentos e ainda, atleta como diz ser, busca construir comoções e mostrar que o mundo enfrenta uma gripezinha. Essa situação é descaradamente desrespeitosa, irresponsável e segue os caminhos das tais fake news, mentiras e inverdades que sustentam o governo atual. Lamentavelmente, não possível ter o mínimo de credibilidade.

A condição humana está mais e mais, progressivamente, desrespeitada pela grande maioria dos governantes. Quando a vida está no alvo direto e o Estado tem ações para a morte e não para condições de saúde e sobrevivência, realmente não se pode culpar o vírus, por mais letal que possa ser. Deve-se responsabilizar a política e, nesse caso, são justamente o que controlam o Estado, que deveriam ser responsabilizados.

Aqui no país, que a Constituição afirma existir três poderes, todos possuem sua parcela de responsabilidade nessa maré destruidora. Mas não se trata de uma maré que arrasta todas as pessoas do país da mesma forma e com os mesmos impactos. Mas de uma política de manutenção do genocídio e que atinge, principalmente, as pessoas empobrecidas, moradoras das periferias, na maioria negras e negros; as que vivem nas ruas e nas detenções, as pessoas mais sofrem as consequências destruidoras causadas pelo desemprego e pela precarização do trabalho.

Nessa condição pela qual passa o mundo e o país, com o impacto de uma necropolítica avassaladora, não é possível acreditar em quem assume o principal lugar dos tais poderes. O chefe do executivo federal vai passar pela “gripezinha”, justificar todos os seus absurdos políticos, confirmar o valor das mentiras e continuar com a investidura irresponsável que despreza a humanidade em nome do lucro? Lamentável, mas não se pode saber quando a mentira e as mais alarmantes enganações orquestram os governos a começar pelo principal do país.

Da nossa parte, não tenhamos dúvidas, que essa situação nos exige o compromisso com o verdadeiro de uma forma que poucas vezes nos foi tão impactante. Verdade, o compromisso com o verdadeiro não é uma política que, ao menos entre nós que vivemos da venda da força de trabalho, pode ir e voltar de acordo com os interesses. Ao contrário, deve ser sempre presente em nosso meio. O maior meio, pois, trata-se da maior parte da população. E não podemos descansar nem um segundo. Mantendo todas as responsabilidades coletivas e solidárias para cuidar da vida precisamos construir, urgentemente, com formação, organização e ação transformadora uma onda a favor da vida e outra política no país.

 

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