PSOL E PT NAS ELEIÇÕES DESTE ANO EM SÃO PAULO

PSOL E PT NAS ELEIÇÕES DESTE ANO EM SÃO PAULO

Por Everton Vieira

Eu sou da tradição que acredita que um partido não deve dizer ao outro o que deve ou não fazer. Partidos de esquerda são organizações complexas, com instâncias e vida orgânica. Mas, como membro da Direção Executiva do PSOL/SP fui cobrado diversas vezes e por militantes sinceros de todo o campo popular sobre o espectro que ronda a militância, o espectro da unidade de esquerda, então me sinto à vontade pra falar sobre isso.
A primeira coisa que eu gostaria de dizer é que o PSOL fez unidade de ação em todas as tarefas mais duras da esquerda até aqui e minha posição é que deve continuar tendo unidade para os enfrentamentos que virão.
Nos posicionamos duramente contra o Aécio nas eleições de 2014 e fomos o único partido sem cargos no governo que enfrentou a dura luta contra o golpe. O PSOL com todas suas qualidades e limitações enfrentou de verdade o golpe, não foi um “faz de conta”. Eu como militante do partido estive em muitas marchas que denunciavam o fraudulento processo de impeachment encabeçado por Eduardo Cunha e as elites brasileiras, processo que contou com engajamento nítido das organizações globo e que foi chancelado pelo judiciário brasileiro. O dia da votação do impeachment eu e muitos militantes do PSOL estávamos nas ruas. Lá em Brasília, sentado no gramado, após um longo dia de um potente ato político, onde uma muralha e policiais separavam o lado esquerdo e o lado direito, assistimos um show de horrores. A maioria das falas mais duras e combativas daquele dia vieram do PSOL.
Ressalto aqui o papel histórico de Boulos e o MTST que engrossou as fileiras nas ruas e organizou em São Paulo atos que ficarão registrados nos livros de história e também de Erundina boicotada pela cúpula petista por longos anos e que soube colocar de lado as diferenças para manter a grandeza de militar pelas grandes tarefas da nossa classe. Marta, por exemplo, não foi capaz disso.
Mantivemos também a unidade incansável na campanha pela liberdade do ex-presidente Lula. Boulos novamente teve um papel fundamental, é um dos principais responsáveis pela mobilização que cercou de solidariedade o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Luiza Erundina também estava lá, onde a história exigia que ela estivesse.
Guilherme foi incansável na defesa da liberdade de Lula e muitas vezes até criticado por alguns setores por ter se empenhado tanto nessa campanha. A ação que ficou internacionalmente conhecida, que carregava as bandeiras da Povo Sem Medo e do MTST, na ocupação do Triplex no Guarujá para denunciar as arbitrariedades no do ex-ministro do governo Bolsonaro, Sergio Moro, foi o ato mais rebelde, corajoso e anti-sistêmico de toda a campanha pela liberdade de Lula.
Em 2018 o PSOL, Boulos e Erundina não viajaram para a Europa. Ficaram aqui e fizeram uma disputa política de corpo e alma para tentar derrotar Bolsonaro no segundo turno das eleições, pedindo incansavelmente votos ao petista Fernando Haddad.
O PSOL foi o campeão da solidariedade e da unidade nas lutas concretas, com destaque para o papel histórico que Guilherme Boulos e Luiza Erundina cumpriram em todas essas lutas.
Era um dever político, um gesto de agradecimento e profundo respeito um apoio ao PSOL, Boulos e Erundina na capital de São Paulo. A recusa em apoiar essa chapa diz muito mais sobre o PT e seus limites do que sobre o PSOL. Pois sabemos que país a fora o PT apoiará gente para lá de suspeita, que nunca fizeram a metade do que fez Boulos pela luta popular. É capaz que apoiem até candidatos que defenderam o golpe, mas Boulos e o PSOL não. O PT tem o direito de ter candidatura própria, mas nós também temos o direito de fazer um regaste histórico do que isso significa.
Espero que revejam a posição. Torço por isso.

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