Impulsionar a democracia para forçar a transformação

Impulsionar a democracia para forçar a transformação

Por Francisvaldo Mendes, presidente da FLCMF

Em pleno período eleitoral a maioria das pessoas se sente tomada pela angustia do modelo de participação política por representação, que está atingindo o ápice do esgotamento. Forma de atuação política que não atende os anseios e desejos das pessoas.

Inovar e criar outras formas de atuação política é um grande desafio para todos nós que defendemos a vida e a dignidade humana. Há sim ventos pela democratização e precisam ser ampliados urgentemente para colocar o ar, ainda mais, em movimento favorável à dignidade humana. Um olhar para o contexto atual pode perceber nas eleições ventos pelas possibilidades de mudanças. Há exemplos que mostram o foco dos cenários com destaque para as candidaturas progressistas, rompendo com as versões autoritárias que investem nos múltiplos modelos da necropolítica.

São produtos das ações humanas transformadoras que se precisa apoiar e ampliar nessas eleições, antes que passem quase que despercebidos para a maioria. Há vários movimentos positivos ocorrendo, e sem perder o compromisso com a análise objetiva do presente, faz-se necessário dar eco para vários militantes que constroem o futuro e, para isso, mudanças e transformações são necessárias e possíveis.

Na Nova Zelândia o exemplo favorável coloca lenha em uma fogueira que amplie o calor humano pela vida e enfrente a exploração desenfreada que toma o mundo sendo possível compartilhar os impulsos trabalhistas que ganham terreno com Jacinda Ardern na Nova Zelândia. A América Latina, para além de vitórias importantes como no México, apresenta sopros animadores com Luis Arce Catacora, do Movimento para o Socialismo, que grita que a Bolívia recuperou a democracia. Sentir a temperatura e os ventos do socialismo na democracia em tempos atuais cria temperatura para ampliar a potência de ações pela vida e que construam a dignidade humana.

Esses potentes e inspirados sopros do mês de outubro precisam chegar com ainda mais força no mês de novembro, fazendo que as eleições sejam favoráveis para uma estrada de transformação do atual cenário desanimador, tanto no dia 3 de novembro nos Estados Unidos, como no dia 15 de novembro no Brasil no rumo da defesa dos direitos e condições múltiplas de vida nos seus múltiplos territórios.

Em Belém do Pará, espaço tomado pela luta da Cabanagem, que plantaram sementes da protagonismo dos explorados e dominados contra o poder autoritário, há esperanças reais. Mais do que necessário, é um sopro pela ampliação dos sujeitos das transformações, ampliar os 39% que aparecem com Edimilson do PSOL. Os mesmos ventos que podem ampliar a presença que faz diferença em São Paulo. São os mais de 14% de Boulos e Erundina que provocam o incomodo das elites dominantes, segundo as pesquisas. Há, portanto, tanto ventos inspiradores e que reforças as ações por socialismo e liberdade, assim como processos múltiplos de democratização que ampliam os impulsos de transformação nessa devastadora realidade imposta pelo capitalismo.

Esses indicativos de pesquisas são mais que números, que soluções por meio de vitórias eleitorais ou de ilusões que podem chegar neste tempo por meio de esperanças tão necessárias. Trata-se do afloramento da recuperação das forças de pessoas que sempre lutaram pra sobreviver, por meio da venda de sua força de trabalho e que vem nessas representações nomes comprometidos com a transformação.

A defesa da dignidade humana deve apontar a unidade para todos os setores sociais organizados que apostam em democratização e um olhar amplo que energizam as forças para crescer em organização e ações transformadoras. Os ventos que chegam de vários países do mundo precisam ser saudados e reforçados no Brasil a favor da vida e da dignidade humana. Para tanto precisamos de cidades com braços abertos para os direitos, para as organizações populares e para o crescimento de todas as organizações sociais.

Apostar nos focos de democratização é muito mais que apostar em eleições ou em um só momento do nosso tempo. E, nas condições que estamos na política, é também um investimento em uma unidade cada vez mais fecunda e transformadora que os blocos favoráveis para as necessárias jornadas progressivas de formação, organização e ação possam trazer para todos que vivem da venda da força de trabalho. Somos sim múltiplos, diversos, mulheres, negras, indígenas, LGBTQI, todos explorados pela devastadora ação do capitalismo que só juntos, unificados e com mais consciência, poderemos superar e vencer.

Possível sim com atuação coletiva modificar as condições. Mostrar que estamos ativos em unidade para tirar do poder do Estado, em seus vários níveis, os asseclas do capitalismo. Assim ampliamos os ecos de um grito qualificado e potente pela transformação em favor da vida. E mais que isso, fazer dos ventos da democratização mudanças que tenham sentidos e significados perenes e que sigam para além das eleições é mais do que fundamental e importante nesse momento que a exploração amplia suas guias. Vamos então multiplicar nossos espaços, com ações conscientes e coletivas, mandando uma mensagem que fortaleça o projeto político por um mundo socialista, com liberdade e que siga na esteira da democratização. Nossa unidade na diversidade, o que somos e temos, fará que o registro desse tempo seja mais que vitórias ou derrotas eleitorais. Será, com unidade e ação transformadora, uma vitória política muito importante para crescer com força transformadora nos tempos atuais. Vamos fazer nossa história!

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