UM PAÍS DE MARICAS, NOSSO PAÍS! . Por Chico Alencar
Por Chico Alencar
Somos um país de Marias, de Quincas, de Antônias, de Serafins. De Maricas sim! Até de valentões, como Nhô Augusto Matraga, personagem do Rosa, que gostava de levar tudo de vencida, mas aprendeu a amansar com os baques da vida. E, enfim, a amar seu igual (alguns, lamento, são casos perdidos de desumanidade estrutural).
Somos um país da Ciência, de Santos Dumont, de Nísia da Silveira, de Carlos Chagas, de Osvaldo Cruz, do Butantan, da Fiocruz. Das pesquisas nas universidades, para beneficiar a todos, com igualdade. Somos um país até de negacionistas e terraplanistas, apartados da realidade, que minguam na sua mediocridade.
Somos um país aberto ao mundo, que louva e utiliza a bússola, a impressão, o papel e mesmo a pólvora que a Civilização Chinesa legou para a Humanidade. Não aceitamos a marcha a ré da precariedade.
Queremos os avanços na Saúde, na Medicina, que nos ajudam a existir com qualidade – de qualquer origem e nacionalidade. Queremos tudo o que vem para “aliviar a canseira da existência”, como disse o Galileu do Brecht, que enfrentou a nada santa Inquisição mas não perdeu a consciência.
Somos um país de gente que sabe de sua finitude, mas não aceita morrer de abandono, fome, descaso, desmatamento, antes do tempo. De gente que quer, da vida, a delícia, e não a trama sinistra da milícia.
Somos um povo mais sábio do que os autocratas toscos que pensam nos governar. Esses vão passar!
Nossos sonhos não cabem nas urnas, mas também passaram por lá, rebeldes, pra aumentar os pesadelos dos que se julgam eternos. Os candidatos apoiados pelo que despreza os/as “maricas” afundaram. Dos 78 candidat@s a vereador que usaram o sobrenome “Bolsonaro”, em todo o país, apenas um, seu filho dileto, se (re)elegeu, e com 30% de votos a menos. O tsunami da extrema-direita em 2018 recua, deixando um rastro de devastação no país de maricas, que, de forma lenta mas crescente, diz NÃO à ordem de matar e desmatar.
Todos vamos morrer um dia. Inclusive os truculentos e neofascistas que tentam nos roubar vacinas e alegrias.
Eles ficarão, esquecidos, no lixo da História. Nossas causas – da justiça, da igualdade, da fraternidade – nos ultrapassam: permanecerão na memória, serão nosso perene padrão de glória.
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