A VIDA E A DIGNIDADE EXIGEM UM PROJETO POLÍTICO DE BEM VIVER . Por Francisvaldo Mendes

A VIDA E A DIGNIDADE EXIGEM UM PROJETO POLÍTICO DE BEM VIVER

Por Francisvaldo Mendes . Presidente da FLCMF

As pessoas no Brasil vivem os mais duros golpes da necropolítica. Um encontro, nada natural do desgoverno com o fluxo da doença. Esse encontro, que adoece e mata, possui várias correntes contra a vida e contra a dignidade humana se encontrando em um fluxo de opressão e exploração. O devastador número de 400 mil mortes, em pouco mais de um ano, se amplia com desemprego, queda progressiva de renda familiar, condições arrasadoras para manutenção da vida, a barbárie humana, principalmente na periferia. O governo central do Brasil é o principal expoente da produção do atual cenário que amplia a exploração. Múltiplos tipos de preconceitos e discriminações, com o impacto da arrasadora diminuição do tempo de vida das pessoas. Sobre esse aspecto é um governo derrotado, mas sobre o aspecto do lucro e dos controles impostos pelo “mercado” do capital é um governo vencedor. Não há dúvidas, portanto, que tirar o governo atual da cena é uma prioridade que unifica qualquer organização que tenha a vida e a dignidade como foco.

Seja como for, por meio de um merecido impeachment, pelas conclusões da atual CPI da COVID, por emenda à constituição nos crimes de responsabilidade, com afastamento do presidente por crime de omissão em pandemias, ou, no limite, na derrota eleitoral do ano que vem, o presidente atual do Brasil precisa ser destruído. Uma unidade devastadora, de todos os setores que defendam projetos políticos que apostam na dignidade humana, deve se colocar à frente desse processo. Enquanto é indiscutível, evidentemente necessário e unificador tirar o chefe atual do executivo nacional da organização do poder político do Estado, também é necessário e fundamental colocar outro projeto político à frente. São movimentos, não antagônicos ou excludentes, que precisam ocorrer para que reforce o fazer de superação das grandes ondas da necropolítica que ampliam o necrocapitlalismo devastador imposto no Brasil.

A identificação e unificação com nomes que possam atrair as atenções da grande maioria de brasileiras e brasileiros se fazem tão importantes quanto o projeto político. São movimentos que precisam se unificar, pois, não são contraditórios, muito pelo contrário. Nos tempos atuais é evidente que derrotar o atual chefe de governo é a ação central, assim como superar as marcas da morte que se ampliam com a pandemia. São essas, portanto, incontestáveis ações. E neste movimento, precisamos trilhar, pois, vencer o vírus com a política para defender a vida, os direitos sociais, o fim da exclusão social é um movimento que precisa ser somado em condições que favoreçam a vida em todas as dimensões e em todos os aspectos.

Mais postos de trabalho, mais pessoas vendendo a força de trabalho, salários com mais recursos para fazer a vida existir, moradia, água potável, transporte, educação e arte são elementos necessários para impactar a vida favoravelmente. E tais elementos se unificam em um projeto em favor da vida. Os chamados dados, de institutos de pesquisas, quando reforçam o óbvio, servem para mostrar o que já está nas vozes públicas das maiorias das pessoas que sofrem o maior impacto da exploração nos tempos atuais. Não há dúvidas que as pessoas que mais são impactadas com a política desastrosa em curso no Brasil são as que estão espalhadas na grande periferia do país, sem moradia, sem água potável, sem acesso a recursos para comer e sem o básico do saneamento para a saúde. Ainda que essa situação não esteja em questão e que apareça hoje reforçado pelos institutos, nós que compomos a grande maioria das pessoas existentes, reconhecemos o impacto da realidade em cada vida ceifada pela incompetência politica.

Mas é hora de avançar para além da política representativa, com muita organização e construção de consciência política. A pauta que nos move tem sim o desafio de colocar a urgente retirada do presidente atual com um projeto político que favoreça a vida, com mais direitos e com dignidade. Esse projeto que organiza nossas ações, em todos os aspectos da política, precisa ser o fluxo de movimentos coletivos na sociedade brasileira. Nós que somos a maioria das pessoas, mais nocivamente impactada pela péssima política que predomina, temos o desafio de nos firmar como sujeitos das grandes mudanças que são demandas para existir o viver neste momento.

Os trabalhos de formação, organização e ação política coletiva, com práticas e lutas que reforcem a vida, são movimentos necessários. Mas também necessário nos é uma unidade que possa além de unificar forças para impor uma grande derrota ao presidente atual, possa também germinar os pontos de um projeto favorável à vida das pessoas para a transformação social. Há condições! Precisamos transformar tais condições em possibilidades reais para que existam mudanças favoráveis com potência de duração permanente.

Sabemos que conquistar e manter as conquistas são desafios constantes. Vamos então fazer do momento um espaço que fortaleça projetos políticos que girem o Estado para a defesa da vida e não para a destruição das condições de viver, não devemos nos ater apenas em frear o retrocesso, mas devemos construir para avançar na consciência de classe. Esse momento, quando a única coisa que cresce são os lucros e mortes, deve ser superado por momentos contínuos em que a vida e a dignidade ganhem força em um projeto alternativo que predomine no Estado, para ampliar a dignidade humana. Por isso apresentar projetos de construção alternativa as já vividas, avançando nas bases da contradição do próprio sistema capitalista é imperioso para o crescimento da consciência de participação social para não ficarmos afetos apenas à participação eleitoral apenas. Temos que plantar a semente da transformação com coragem de aprofundar o debate político da transformação, inclusive nas eleições apresentando um programa mais avançado ao já vivido nas experiencias de governos passados. Devemos sair do comodismo de autodefesa e da acomodação política e apresentar um programa que incida no próprio questionamento do enfrentamento das pessoas ao sistema de opressão que vivemos. Esse é o desafio da construção do novo na atual conjuntura e nas eleições de 2022 para superar os desafios que o próprio sistema nos impõe!!!

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *