VAMOS COMBATER AS DESIGUALDADES DA NOSSA SOCIEDADE QUE ELIMINAM A DIGNIDADE, O AMOR, A ESPERANÇA, AS VIDAS . Por Francisvaldo Mendes

VAMOS COMBATER AS DESIGUALDADES DA NOSSA SOCIEDADE QUE ELIMINAM A DIGNIDADE, O AMOR, A ESPERANÇA, AS VIDAS

Por Francisvaldo Mendes

Um dos golpes mais duros com a ampliação das desigualdades, está na vida da população em situação de rua. Todas as pessoas nomeadas de mendigas ou pedintes, que foram abandonadas por alguma circunstância em suas vidas, sentem o impacto mais duro das desigualdades criadas e forçadas pelo capitalismo. Esse grupo de SEM QUALQUER COISA sofre com a mais dura e lamentável consequência da exploração.

No ano de 2005 ocorreu o primeiro ENCONTRO NACIONAL SOBRE POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA, que foi caracterizado como: “grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos interrompidos ou fragilizados e falta de habitação convencional regular ou irregular, sendo compelido a utilizar a rua como espaço de moradia e sustento, por contingência temporária ou de forma permanente”. Esse grupo social tem essas condições de vida imposta pelos burgueses, mais conhecidos como os “donos do poder” e seus operadores da política a qual são “credenciados” como pessoas eleitas, mas que são oportunistas e gananciosas assumindo postos de governantes (com as devidas exceções).

Esses despossuídos de tudo sofrem o peso da maior miséria existencial, seja material, emocional, psicológica, afetiva etc. E não há no horizonte perspectiva de diminuição progressiva da quantidade de pessoas nessa situação, ao contrário, enquanto os lucros ampliam, aumentam também o número de pessoas que entram no contexto da miséria absoluta e padecem ainda mais no processo da atual pandemia.

A política que predomina no Estado é voltada para a mais violenta exploração e diminuição de tempo de vida das pessoas que vivem da venda da força de trabalho. Todas as pessoas que subsistem das condições mais precárias, instáveis ou inexistentes compõem uma multidão que necessita das políticas para sobrevivência.

Pesquisas do IPEA indicam que com a pandemia a vulnerabilidade das pessoas que vivem nas ruas exige ações do Estado para defender a vida. Mas é justamente a vida que está abalada e diminuída com as políticas de Estado que apostam nas desigualdades. Houve um crescimento de 140% das pessoas que estão impostas a viver sem qualquer tipo de proteção e acolhimento, dependendo, na grande maioria das vezes, de setores da sociedade civil que apostam em saúde, acolhimento e solidariedade. Se não bastasse as políticas do Estado, nos três níveis – municipal, estadual e federal – não apostarem na vida, o atual governo federal é a marca de ampliação das desigualdades e aposta no lucro crescente com o custo da diminuição da vida.

Os números das doenças, mortes e condições desfavoráveis para a vida são alarmantes. Não bastasse as pessoas viverem o terror de mais de 425 mil mortes e dos números de aproximadamente 3 mil mortes diárias, uma contagem oficial com pouco crédito, as pessoas que estão impostas a viver nas ruas sem o básico para sobreviver vivem o impacto de um grande terror humano. Há um evidente aumento da população em situação de rua, aumento progressivo com a inexistência de políticas assertivas para que as pessoas tenham acesso ao abrigo, acolhimento, higienização, água e esgoto.

Tal situação é avassaladora e o descalabro evidente, principalmente se tendo em conta os maiores impactos das desigualdades. É crescente os volumes dos lucros, a titulo de exemplo podemos observar os ganhos dos bancos como o Bradesco, que nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2021 o lucro foi de 6,5 bilhões de reais, o do Itaú que lucrou 5,44 bilhões de reais, o do Santander que lucrou mais de 4 bilhões. E isso ocorreu nos três primeiros meses deste ano, ficando cristalino a aberração social que vivemos.

As pessoas estão expostas a terem suas vidas roubadas e diminuídas, e isso ocorre em um contexto que o número de pessoas mais fragilizadas para se manter viva também é ampliado. O IPEA, por meio de seu estudo “População em Situação de Rua em Tempos de Pandemia: Um Levantamento de Medidas Municipais Emergenciais” demonstra que ações emergenciais existentes em prefeituras são absolutamente insuficientes para buscar reverter essa tendência imposta pela atual configuração capitalista que predomina no Brasil. Todos os tipos de obstáculos para a vida se ampliam, seja a falta de espaços de acolhimento, fata de higiene, falta de alimentação e crianças que são largadas ao abandono, além dos transtornos mentais que são potencializados pelo caos social no Brasil.

Quaisquer medidas emergenciais utilizadas por prefeituras em todo o país não são, ainda mais nos dias atuais, suficientes para que a vida tenha condições de se sustentar. Os paliativos emergenciais, ainda que necessários, são evidentemente muito insuficientes para o enfrentamento das desigualdades. A necessidade de alteração da política é fundamental para qualquer enfrentamento da morte nas condições atuais com condições de defender a vida das pessoas. A quantidade de pessoas, com baixíssimos ou nenhum recursos, para se sustentar e sustentar seus familiares, está progressivamente ampliada e agora chega ao patamar de indigência e miséria material catastrófica.

Não há dúvida que para alterar tal situação medidas urgentes de RENDA BÁSICA para todas as pessoas são fundamentais. Assim como a garantia que todas as pessoas tenham lugar para morar, condições de higiene, água potável e esgoto. Essa situação lamentável, imposta pela necropolítica que predomina no país, força as pessoas em situação de rua, assim como todas as que vivem na periferia – sejam em favelas ou bairros populares – as piores condições de vida registradas em nossa história.

Os lucros dos bancos demonstram que dinheiro tem e que apenas os donos do poder são protegidos pelo Estado e pelos os governos. E não há dúvidas que as mudanças necessárias serão produto de organização e da ação coletivas dos setores sociais organizados comprometidos com o BEM VIVER e a DIGNIDADE HUMANA.

Não se pode, portanto, naturalizar as tendencias de morte que são impostas pela necropolítica autoritária que predomina no Estado. Muito pelo contrário, é desafio deste tempo superar tais condições e avançar para que a democratização seja um processo amplo e majoritário que atue em todas as dimensões em defesa da vida.

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