Autor: Redação Lauro Campos

  • Público x Privado em tempos de golpe

    Público x Privado em tempos de golpe

        Publicação da Fundação Lauro Campos, em parceria com a Fineduca, a obra reúne sete artigos escritos por 11 especialistas na área de financiamento da educação e foi organizada pelos professores Luiz Araújo e José Marcelino Pinto.

     

    Sumário

     

    . “Apresentação” – Luiz Araújo

    . “A privatização da Educação Básica no Brasil: considerações sobre a incidência de operações na gestão da educação pública” – Theresa Adrião

    . “Discussão sobre a Participação do Setor Privado na Educação Básica Pública no Brasil” – Glecenir V. Teixeira e Marisa R. T. Duarte

    . “Estado da arte da relação público e privado na Educação Básica” – Luiz Araújo

    . “As creches conveniadas em São Paulo – quais os reais motivos dessa opção política” – Ana Paula Santiago do Nascimento e Cleber Nelson de Oliveira Silva

    . “O Público e o Privado na Definição da Meta 20 do PNE 2014-2024” – Juliana Marques da Silva e Cristina Helena Almeida de Carvalho

    . “Programa de Bolsa Creche e Pro-creche: dois casos de subvenção pública à iniciativa privada” – Jacqueline dos Santos Oliveira, Beatriz Aparecida Costa e Raquel Fontes Borghi

    . “A aprovação da PEC 241 significa estrangular a Educação Pública Brasileira e tornar letra morta o Plano Nacional de Educação 2014-2014” – Nota Conjunta da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca)

     

    O livro pode ser lido na íntegra abaixo.

     

  • Um decreto que ilustra a agonia de Temer

    Um decreto que ilustra a agonia de Temer

    por Juliano Medeiros*

     

    Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem no Distrito Federal entre 24 e 31 de maio deste ano. É verdade, como disse a imprensa governista, que o recurso da Garantia da Lei e da Ordem foi utilizado recentemente pelo governo Dilma na Rio+20 e nos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. Mas isso em nada torna o decreto mais legítimo. Pelo contrário: quando Dilma lançou deste expediente absurdo, foi duramente criticada por juristas, parlamentares e movimentos sociais comprometidos com a democracia. Além disso, o contexto de edição dos decretos assinados por Dilma e Temer é absolutamente diferente. Foi um grave erro a edição deste decreto quando dos eventos realizados no Rio de Janeiro. Mas Dilma não estava sendo investigada no Supremo Tribunal Federal nem havia sido grampeada fazendo negociatas com um magnata nos porões do Palácio do Planalto. Ela não editou os decretos para reprimir uma manifestação contra seu governo – ainda que, ao recorrer a ele, tenha fortalecido agora os argumentos do governo golpista.

    Temer, ao contrário, edita o decreto de Garantia de Lei e da Ordem justamente no dia em que centenas de milhares de trabalhadores organizados por sindicatos e movimentos sociais tomam as ruas da capital federal para protestar contra suas reformas e exigir sua renúncia. O presidente tem uma aprovação popular inferior àquela que Dilma ostentava quando do seu impeachment. Foi enredado em denúncias graves que vão de prevaricação a corrupção e vê sua base de apoio desintegrar-se dia a dia. Suas reformas são repudiadas pela maioria da população brasileira, apesar dos milhões investidos em propaganda com recursos públicos. Editar um decreto que permite que as Forças Armadas reprimam os manifestantes que estiveram na tarde de hoje na Esplanada nada mais é do que uma provocação – ou, pior – uma estúpida tentativa de demonstrar força.

    É claro que a mídia monopolista trabalhará nos próximos dias para justificar a ação de Temer. Uma repórter de uma rádio ligada ao grupo Globo descrevia a situação na Esplanada como “um cenário de terror e medo”. Mas o que vi, enquanto pequenos grupos quebravam vidraças ou pichavam paredes dos ministérios mais próximos ao Congresso Nacional, eram centenas de pessoas descansando sob a sombra das poucas árvores que a área verde do Eixo Monumental oferece. Encontrei amigos que vieram de lugares distantes e que nem de longe lembravam os “vândalos” que a grande imprensa descreve. Uns tossiam, outros lacrimejavam, por conta das bombas que a polícia arremessava com o intuito de dispersar uma manifestação majoritariamente pacífica, mas ninguém ali se sentia uma ameaça à segurança nacional.

    Ao recorrer ao decreto de Garantia da Lei e da Ordem, Temer demonstra seu absoluto desespero diante da crescente insatisfação popular com sua permanência no cargo de presidente da República. Em cadeia de rádio e TV seu Ministro da Defesa, Raul Jungmann, justificava a edição do decreto como resposta a um pedido do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia – o “Botafogo” das planilhas da Odebrecht. Enquanto Jungmann falava em nome do governo, Maia liderava a votação de Medidas Provisórias no plenário da Câmara dos Deputados, como se nada estivesse acontecendo. Ambos – Maia e Jungmann – serão lembrados pela história como parte da sórdida operação que busca dar sobrevida ao presidente golpista e corrupto.

    Com a emissão deste decreto e a violência disseminada na Esplanada dos Ministérios nesta quarta-feira, o governo Temer mostra que chegou ao fim. Ao ser incapaz de suportar a pressão das ruas sem recorrer à força, o governo prova de uma vez por todas que não poderá levar adiante a agenda de retirada de direitos que justificou o golpe de abril de 2016. Mas a saída de Temer não ocorrerá num passe de mágica. É preciso denunciar, no Brasil e no exterior, a utilização de métodos autoritários aos quais o presidente corrupto e golpista recorre para postergar sua queda. Só assim poderemos dar fim a um governo que jamais deveria ter existido.

     

    * Juliano Medeiros é presidente da Fundação Lauro Campos

     

    (artigo originalmente publicado no portal da Revista Fórum, 25/05/2017).

  • Lançamento do livro A negritude (en)cantada na sede da Fundação

    Lançamento do livro A negritude (en)cantada na sede da Fundação

    No último dia 20 de maio, a sede da Fundação Lauro Campos recebeu o lançamento do livro “A negritude (en)cantada: a trajetória sócio cultural do negro narrada pelas canções brasileiras”. Escrito pela professora Lisandra Cortes Pingo, a obra é resultado de uma pesquisa na qual tanto a linguagem musical quanto a escrita se encontram na abordagem da representação do negro e da cultura africana e afro-brasileira no cancioneiro popular.

    O evento de lançamento, realizado na tarde e começo da noite do dia 20 de maio, contou com apresentações musicais que contemplaram do canto lírico, trazendo canções folclóricas brasileiras, à roda de capoeira e o samba. Durante o evento, um curta-metragem sobre a escritora Carolina de Jesus foi exibido, seguido de uma apresentação teatral sobre a autora de “Quarto de despejo”.

    Houve também declamação de poesias e uma conversa sobre o tema do livro entre a autora e o público presente.

    A obra foi publicada pela Editora Essencial, e, para a professora Marisa Noronha, “trata-se de material que deve adentrar diferentes espaços educativos para contribuir, de forma qualificada, no sempre tão necessário debate sobre as relações étnico-raciais”.

    Confira algumas fotos do evento abaixo:

     

      

     

     

  • Nota da Executiva Nacional do PSOL

    Nota da Executiva Nacional do PSOL

    Considerando o agravamento da crise política e a absoluta ilegitimidade do Congresso Nacional para dar uma solução democrática às graves denúncias envolvendo o presidente da República, o Partido Socialismo e Liberdade exorta seus dirigentes, militantes, filiados e simpatizantes a:

    1. Aprofundar a luta pela saída imediata de Michel Temer da Presidência da República. Seu governo ilegítimo  chegou ao final e não pode continuar;

    2. Defender a imediata convocação de eleições diretas para a Presidência da República, devolvendo à soberania popular a definição sobre os destinos do país através de um governo democraticamente eleito;

    3. Ampliar as iniciativas unitárias contra as reformas que retiram direitos do povo brasileiro, em especial as reformas trabalhista e previdenciária;

    4. Estimular a convocação de uma nova greve geral de massas, capaz de demonstrar que os trabalhadores e trabalhadoras não aceitam arcar com as consequências da crise política e econômica que os país atravessa;

    5. Engajar-se decididamente no #OcupaBrasília, convocado para este dia 24 de maio, na capital federal. Nossos militantes devem deslocar-se massivamente para Brasília, engrossando essa manifestação decisiva para o futuro da democracia.

     

    EXECUTIVA NACIONAL DO PSOL

    São Paulo, 20 de maio de 2017

  • Curso de Agroecologia e Ecossocialismo em São Carlos-SP

    Curso de Agroecologia e Ecossocialismo em São Carlos-SP

    Qual a importância da agroecologia dentro dos ambientes urbanos? Como podemos repensar a relação campo-cidade dentro de um horizonte ecossocialista?

    É com enorme prazer que o Núcleo do Seteorial Ecossocialista do PSOL São Carlos, em parceria com o Setorial Estadual e a Fundação Lauro Campos, convida a todxs para um curso livre e gratuito sobre “Agroecologia e Ecossocialismo”, que buscará refletir coletivamente sobre essas e outras questões.

    Será todo um dia de programação com debates sobre a questão agrária brasileira e sobre os desafios agroecológicos numa perspectiva anticapitalista. Além disso, faremos atividades práticas de cultivo da terra, assistiremos ao filme ‘Sem Clima’, e celebraremos em grande estilo!

    O curso pretende criar um espaço de troca de saberes entre educadorxs, pesquisadorxs, comunicadorxs e ativistas, de dentro e de fora do PSOL. Esperamos que o encontro possa resultar em novas alianças e repertórios, capazes de fortalecer as atividades profissionais e militantes de cada umx. Por isso, valorizaremos muito os momentos de diálogo.

    O curso possui 40 vagas. Todxs receberão um caderno de formação com textos selecionados pela organização.

    Programação completa:

    9h – 9h30: Recepção / café / credenciamento (Restaurante VivaVeg – R. Nove de Julho, 1704 – Centro – São Carlos)

    9h30 – 10h: Falas de boas vindas:

    10h – 12h30: Mesa “Agroecologia, Ecossocialismo e a Questão Agrária no Brasil”

    Joana Ortega: Introdução a agroecologia, e apresentação das Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSA)
    Denise Vasquez: Ecossocialismo e o Setorial Ecossocialista do PSOL SP
    Waldemir Soares: a questão agrária no Brasil e os atuais conflitos rurais
    Junior e/ou Patrícia (MST Ribeirão): luta pela terra e luta pela vida, o papel da agroecologia nos movimentos sociais

    12h30 – 14h: Almoço vegano no VivaVeg (Feijoada Vegana)

    14h – 14h30: Ida para atividade prática (CSA São Carlos).
    – Organização de carros na finalização da mesa da manhã. Caronas solidárias saindo do VivaVeg.

    14h30 às 15h: conversa com Dina sobre sítio, CSA e agroecologia

    15h – 17h30: Prática de manejo agrícola no Sítio Centenário

    19h – 21h: Exibição e bate papo filme ‘Sem Clima’, com a presença de membro da equipe do “De Olho nos Ruralistas”, na Veracidade (Rua Dona Ana Prado, 501).

    21h – 00h: Celebração na Veracidade (fazer xixi no mato, usar o banheiro seco, trazer caneca, e cuidar do espaço). Vamos passar chapéu. Vai ter chopp artesanal local. Open de guaca-mole: traga seu pão 😀

    INSCRIÇÕES

    As inscrições são gratuitas e serão confirmadas por ordem de envio. Então corra para fazer a sua! Teremos apenas 40 vagas, então caso você confirme sua participação NÃO DEIXE DE COMPARECER, ou estará tirando a vaga de outra pessoa interessada.

    Se precisar de hospedagem na cidade, fale conosco!

    Se quiser organizar um curso dessa na sua cidade, bora!

    Link para formulário de inscrição: https://goo.gl/N2n3FE

     

     

  • Revista nº 17 – maio de 2017

    Revista nº 17 – maio de 2017

    Apresentamos mais um número da nossa revista SOCIALISMO e LIBERDADE. Ao fazê-lo, não podemos deixar de registrar sua crescente aceitação dentro e fora do PSOL. A revista caminha para atingir um de nossos objetivos, senão o principal deles: ser uma referência no debate das forças progressistas em nosso país.

     

    Encarte Especial

  • Juros e inflação: o triunfo da tragédia

    Juros e inflação: o triunfo da tragédia

    por Paulo Kliass *

     

    Os grandes meios de comunicação não se furtam a enaltecer – dia sim, outro também – as supostos competências e virtudes da equipe econômica do governo que se notabiliza a cada dia que passa em somar mais integrantes nas listas de denúncias de corrupção e escândalos envolvendo recursos públicos.

    Afinal, de acordo com a narrativa construída pelos articuladores do golpeachment no Congresso Nacional em simbiose com os patrões do financismo, tudo se resolveria com o afastamento da Presidenta reeleita em outubro de 2014. Bastaria compor uma equipe de governo que rompesse com as experiências ditas populistas e bolivarianas do período anterior para que o Brasil adentrasse o espaço do paraíso da estabilidade.

    Como o mote da aventura irresponsável do golpe institucional havia sido a temática das “pedaladas fiscais”, criou-se um mito a respeito da irresponsabilidade na condução da política fiscal e o consequente descontrole da evolução dos preços. A política macroeconômica teria perdido completamente a credibilidade e apenas a entrega dos postos chave aos homens do sistema financeiro teria condições de restabelecer a ordem. Amém!

    Golpeachment e consolidação do austericídio.
    E assim foi feito, tudo de acordo com as articulações conduzidas a partir do interior do Palácio do Jaburu, a residência oficial do Vice Presidente eleito na mesma chapa de Dilma. De pouca valia foram as tentativas ingênuas – senão oportunistas – patrocinadas por ela de se firmar como uma interlocutora confiável junto aos interesses do financismo. Nomeou o indicado pelo Banco Bradesco para o Ministério da Fazenda, mas nem mesmo o austericídio perpetrado por Joaquim Levy como verdadeiro estelionato eleitoral do programa da candidata funcionou como estratégia eficaz de sobrevivência política.

    A consumação do afastamento de forma ilegítima abriu a avenida para que o “conservadorismo autêntico” tomasse conta da Esplanada dos Ministérios. A partir da usurpação levada a cabo por Temer, não mais haveria a terceirização da defesa dos interesses do financismo. A duplinha dinâmica dos banqueiros Meirelles e Goldfajn assume de forma efetiva e integral a definição da política econômica do governo. O discurso a respeito da necessidade de impor a austeridade fiscal a qualquer custo não encontra mais a menor resistência dentre os demais ocupantes de cargos no primeiro escalão.

    Estava sendo iniciada a contagem regressiva para a entrada em ação da fadinha mágica das expectativas. Uma equipe econômica sólida e competente, formada por técnicos do mais alto gabarito técnico, finalmente abriria as portas para a retomada do crescimento. A concentração de poderes em torno da equipe econômica e a ocupação de postos estratégicos pelos quadros emanados do tucanato se orientam para a etapa de consolidação do desmonte do Estado brasileiro. Por um lado, a destruição dos poucos fundamentos do projeto de Estado de Bem Estar Social tal como previsto em nosso texto constitucional. De outro lado, a rapinagem da privatização e da liquidação do patrimônio público nacional a toque de caixa. Uma verdadeira corrida contra o relógio para implementação de uma coleção de maldades.

    Fadinha mágica das expectativas não compareceu.
    No entanto, qualquer manual básico de economia pondera bastante o suposto efeito das expectativas para qualquer processo de decisão de investimento e de ampliação da capacidade econômica em escala micro ou macro. O espírito animal dos empreendedores capitalistas não se move apenas para apoiar um governo mais identificado com seus próprios interesses de classe. O interesse fundamental para a decisão de ampliar a capacidade capitalista refere-se aos lucros potenciais oferecidos pelo novo investimento.

    E essa aparente contradição entre o discurso e a inciativa do empreendedor era explicitado de forma bastante objetiva pelas pesquisas de opinião junto aos investidores. A grande maioria se dizia otimista a partir da mudança de governo e achava que finalmente o país estava no rumo certo. No entanto, quando indagados a respeito de novos investimentos em sua própria empresa, as respostas eram evasivas ou negativas. Todos achavam ótimo que o equipe econômica fosse séria e competente. Mas quase ninguém se arriscava transformar esse desejo e essa torcida em decisões objetivas de ampliar sua própria capacidade empresarial.

    O aprofundamento do austericídio aparenta ser a melhor resposta para tal paradoxo. Desemprego e recessão não costumam se apresentar como os melhores ingredientes para aumento da demanda em uma economia capitalista. A continuidade da crise não se converte em incentivo para aumento das vendas ou melhoria dos negócios. A ausência de políticas públicas de natureza contracíclica não contribui para melhorar as expectativas de melhoria do cenário econômico futuro.

    O único argumento de que o governo pode se valer é que foram realmente bem eficazes no patrocínio do desastre em que se transformou a sociedade brasileira. Ao colocar em marcha o roteiro do conservadorismo ortodoxo mais tacanho, conseguiram mesmo promover a desgraça da redução da demanda. Aprofundaram a desindustrialização, contribuíram para o fenômeno da falência em múltipla escala, se regozijaram com a explosão dos índices do desemprego pelo Brasil afora, festejaram a generalização do mercado informal de trabalho e vibraram finalmente com a redução dos rendimentos dos salários.

    Custo social da queda da inflação e juros.
    Frente a esse quadro terrível, seria mesmo natural que os índices de inflação fossem reduzidos. Não por conta de alguma sabedoria mágica que estivesse a embasar as decisões do COPOM, mas tão simplesmente em razão da supressão forçada da capacidade da demanda. O crescimento dos preços verificado por meio do desempenho do IPCA caiu mesmo de 9,4% em março de 2016 para 4,6% em março desse ano. No entanto, o custo social de tal movimento é intolerável e não há argumento econômico que resista ao impacto do drama social em que o Brasil se viu mergulhado para tanto.

    O contraponto dessa redução da inflação foi a flexibilidade oferecida pelo sistema financeiro para que o governo promovesse também a diminuição, ainda que atrasada, do próprio patamar da SELIC. Como a única referência que a autoridade monetária utiliza é o crescimento dos preços, só houve redução na taxa oficial de juros quando o IPCA finalmente começou a ceder por conta da recessão severa. Assim, saímos de um patamar de 14,25% em abril de 2016 para os atuais 11,25%.

    E assim se compõe o cenário em que o comando da economia se vangloria de ter cumprido com afinco seu dever de casa. Afinal, a inflação e a taxa oficial de juros realmente cederam. Alguém aí comentou a respeito do custo social desse penoso processo? Não importa, isso é irrelevante. O fundamental é que a economia esteja estabilizada! Fábricas vazias, empresas fechando, famílias sem renda para sobreviver com dignidade? Bem isso tudo faz parte da solução dolorosa, aliás a única que o financismo enxerga à sua frente. O sofrimento dos outros, pois os lucros dos bancos e demais instituições financeiras continuam bombando de forma bilionária a cada novo trimestre em que são anunciados.

    Chantagem e mentira.
    Com a explosão da crise política associada à divulgação da famosa Lista Fachin, o governo vê ainda mais reduzida sua margem de manobra para aprovar as reformas estruturais no interior do Congresso Nacional. Em especial, a Reforma da Previdência começa a fazer água e Temer passou a anunciar um recuo por dia em sua proposta original, que era considerada imexível à época em que foi anunciada. O próprio governo vendeu a falsa ilusão de que apenas a aprovação desse pacote de maldades seria capaz de impulsionar a retomada do crescimento da economia. Mentira! A manipulação das informações e a compra da opinião dos meios de comunicação não foram ainda capazes de reverter a impopularidade das propostas.

    Está cada vez mais claro para a maioria da população que a crise atual do regime previdenciário está muito mais associada à redução das receitas do que à suposta explosão das despesas. E como o governo se agarrou a essas mudanças como a boia de salvação de sua governabilidade, agora Meirelles se sai mais uma vez com a conhecida e recorrente chantagem junto aos parlamentares:

    “Se o país não fizer a reforma no devido tempo, em primeiro lugar as taxas de juros brasileiras, em vez de cair como agora, vão voltar a subir fortemente”.

    Ou seja, se o desmonte da previdência social não for realizado, estaríamos condenados a retornar aos tempos de juros altos e inflação elevada. Como se vê, o desespero político tangencia a retórica oportunista e se fundamenta na desonestidade intelectua

    * Paulo Kliass é doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.

    (artigo originalmente publicado na Carta Maior – 19/04/2017)

  • Elementos para um programa para a nova esquerda

    Elementos para um programa para a nova esquerda

    *   Marcio Rosa é cientista político e diretor da Fundação Lauro Campos.
  • Inauguração do projeto Solar Cultural: Álbum de fotos

    Inauguração do projeto Solar Cultural: Álbum de fotos

    Não conseguiu comparecer na inauguração do projeto Solar Cultural na sexta-feira? Veja então o álbum de fotos e um pequeno vídeo com o que aconteceu aqui na nossa sede. O edital de seleção de artistas para nossa exposição já está lançado e as inscrições estão abertas. Confira o edital no link https://flcmf.org.br/memoria/…/edital-de-selecao-de-artis…/

     

    Fotos: Tuane Fernandes