Confira a entrevista do jornalista José Trajano, que neste bate papo falou sobre a política do futebol, a necessidade de democratização da mídia, o jornalismo esportivo e muito mais.
Confira a entrevista do jornalista José Trajano, que neste bate papo falou sobre a política do futebol, a necessidade de democratização da mídia, o jornalismo esportivo e muito mais.
Nesta edição, trazemos como destaque maior a polarização na Venezuela que neste domingo (30/07) celebrou as eleições para os representantes da Assembleia Nacional Constituinte convocada por Nicolás Maduro, a despeito dos intensos protestos das oposições. Procuramos englobar os variados pontos de vista sobre a situação venezuelana na realização deste clipping.
Nos EUA, Trump vê o Congresso sabotar sua aproximação com a Rússia, ao mesmo em que prossegue sua marcha regressiva contra os direitos das minorias no país. Na França, à medida que vai apresentando seu programa austeritário, Macron vê sua popularidade encolher, assim como ocorre com o primeiro-ministro conservador do Japão, Shinzo Abe, envolto em escândalos de corrupção. Problema, aliás, que fez a Suprema Corte paquistanesa derrubar o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif.
Na segunda parte de nosso trabalho, ressaltamos a diversidade de posições acerca do impasse na Venezuela. Além disso, compartilhamos artigos sobre a resistência à ditadura na Filipinas, uma análise econômica sobre o Brexit e o debate sobre as relações do capitalismo com a opressão às mulheres.
Tais temas e muitos outros são abordados nos links a seguir. Cumpre salientar, uma vez mais, que a opinião deste Observatório não necessariamente coincide com os textos selecionados, visando sobretudo observar o que se discute tanto na mídia tradicional dos países mais poderosos quanto na websfera progressista internacional.
Charles Rosa – Observatório Internacional da Fundação Lauro Campos
NOTÍCIAS, ARTIGOS E EDITORIAIS DOS PRINCIPAIS SITES DO MUNDO
Senado dos EUA aprova sanções contra Rússia; Putin responde pedindo a saída de 755 diplomatas do país
Editorial do NY Times (27/07): “Congresso desafia Trump na Rússia”
“Mr. Trump está particularmente atormentado com a disposição conferida ao poder do Congresso para anulá-lo caso ele tente levantar essas sanções, incluindo o retorno dos acordos combinados, como Moscou tem demandado. Tipicamente, o Congresso dá aos presidentes flexibilidade para suspender temporariamente negociações como uma ferramenta de negociação. Mas o Congresso acredita que ele não pode ser confiável, e que a Rússia deve ser responsabilizada, mesmo que a América devesse tentar trabalhar com Putin na Síria e em outras questões”.
LINK (em inglês): goo.gl/YoXrMZ
Editorial do The Observer (30/07): “A incompetência e as lutas internas na Casa Branca desanimam os aliados dos Estados Unidos e encorajam seus inimigos”
“O fator comum em todas essas situações é a impotência e a ignorância auto-induzidas de Trump, sua falta crônica de credibilidade e autoridade presidencial e conseqüentes percepções da fraqueza dos EUA e do Ocidente. E no caso dos três adversários reais ou potenciais – Coréia do Norte, Irã e Rússia – essas percepções são altamente perigosas. Precisamente porque as respostas, ações e reações dos EUA não podem mais ser confiadas ou previstas, tanto por amigos como por inimigos, o potencial de erros de cálculo calamitoso está crescendo. Essa incerteza, como o caos na Casa Branca e o desordem extraordinário do político do corpo americano, decorre da flagrante incapacidade de Trump para o mais alto cargo. Como agora está ficando cada vez mais claro, isso nos ameaça a todos.”
LINK (em inglês): goo.gl/hPLrWm
Trump proíbe transgêneros nas Forças Armadas dos EUA
Por meio de três tweets, o presidente dos EUA Donald Trump anunciou a revogação da portaria do seu antecessor, Barack Obama, que autorizava o alistamento de cidadãos transgêneros nas Forças Armadas do país.
New York Times (26/07): “Trump pune patriotas transgêneros”, por Andrew Rosenthal
“Não há nenhuma evidência de que permitir pessoas transgêneras de se alistar interferiria na “vitória decisiva e esmagadora” com a qual fantasia Trump. Estima-se que o número de recrutados transgêneros varie de cerca de 2500 para algo em torno de 15 500, a maioria dos quais não revelou sua identidade de gênero. Há muito mais homens e mulheres gays sob farda e sua presença não a levou a qualquer enfraquecimento do poder militar norte-americano antes ou depois da política do “don’t ask, don’t tell” ser implementada”.
LINK (em inglês): goo.gl/UfhFbc
Editorial do Washington Post (26/07): “A desonesta traição de Trump com as tropas transgêneras da América”
“O que o presidente sem dúvida não considerou é o seguinte: como sua decisão afetará os milhares de americanos patriotas que agora servem, inclusive em zonas de guerra, que são transgêneros? Além de privá-los do respeito que eles merecem do seu governo, o Sr. Trump os coloca em risco: para continuar a servir, o pessoal transgênero terá que ocultar suas identidades, o que, por sua vez, tornará menos provável apresentar problemas de saúde ou Relatórios de agressão sexual. O Sr. Trump reside essencialmente em uma política vergonhosa de silêncio e discriminação.”
LINK (em inglês): goo.gl/tueg57
Eleição constituinte na Venezuela
BBC (30/07): “5 pontos para entender o que está em jogo na eleição na Venezuela”
“A oposição a está boicotando e acusa Maduro de dar um golpe ao criar mecanismos para que se torne mais autoritário e prolongue seu mandato. O presidente venezuelano diz que essa é a única forma de pacificar o país em meio aos protestos violentos que ocorrem desde abril.”
LINK (em português): goo.gl/KAggsX
Carta Capital (31/07): “Venezuela: Constituinte tem saldo de 8 milhões de votos e dez mortos”
“De acordo com o governo, a eleição das 545 pessoas que vão escrever uma nova Constituição para a Venezuela foi um sucesso. Já a oposição afirmou que foi um grande fracasso e que apenas participaram 2,4 milhões de pessoas. Segundo os números oficiais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) desta segunda-feira (31), mais de oito milhões de venezuelanos (41,53%) votaram neste domingo (30) na eleição da Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro. No entanto, de acordo com o Datanálisis, uma das mais importantes empresas de pesquisas da Venezuela, 72% da população eram contra a eleição. Brasil, Espanha, Panamá, Canadá, Colômbia, Reino Unido, Argentina e Peru manifestaram oficialmente que não reconhecem a eleição da Assembleia Constituinte venezuelana.”
LINK (em português): goo.gl/ZS5ngS
Editorial do The Guardian (28/07): “À beira da ruína”
“A oposição acusa o presidente, Nicolás Maduro, de querer acabar completamente com a democracia e teme que a reformulação se destine a permitir que ele permaneça muito tempo depois que seu mandato se esgote em janeiro de 2019. Quando seu antecessor Hugo Chávez revisou a constituição, ele realizou um Referendo para garantir que ele tinha apoiado e criou uma assembléia popular. Maduro disse que a nova constituição deve permitir o julgamento daqueles que procuram desestabilizar o país. Ele ordenou a assembléia por decreto; seu prazo é indefinido (e é por isso que as pessoas temem que ele possa suplantar o parlamento da Venezuela, que tem o poder de dissolver); e seus membros são eleitos através de um mecanismo complexo que os críticos dizem que garante que apenas a agenda de Maduro possa ganhar.”
LINK (em inglês): goo.gl/L3W2ao
Público.es (31/07): “Mais de 8 de milhões de venezuelanos votam apesar dos focos de violência dos opositores”
“Os resultados oferecidos pelo poder eleitoral reforçam a posição do presidente, Nicolás Maduro, porque essa participação é em sua quase totalidade de seus seguidores, e supera o que obteve nas presidenciais de 2013, quando alcançou o apoio de pouco de mais de 7 milhões de pessoas. E é muito maior que o obtido nas últimas votações, as legislativas de 2015, nas quais o chavismo perdeu com 5,6 milhões de votos frente aos 7,7 milhões da oposição. Não obstante, cabe esperar que a opositora Mesa de la Unidad Democrática (MUD) não reconheça as cifras. De fato, seu ex-presidenciável, Henrique Capriles, já anunciou protestos para hoje e chamou seus partidários a marchar em Caracas no dia em que se constitua o novo órgão eleitoral”.
LINK (em espanhol): goo.gl/rnqBjA
Página 12 (31/07): “O chavismo já tem outra carta”, por Martín Granovsky
“O bloco dos duros não parece considerar a gravidade de uma escalada com efeito dominó. A Colômbia, principal vizinha da Venezuela, alcançou uma paz histórica com a guerrilha das FARC. Qualquer tremor na Venezuela poderia pôr em tensão um tabuleiro ainda muito frágil e aumentar os problemas humanitários. Enquanto a crise da Venezuela gera cada vez mais imigrantes de classe média aos EUA, Europa e ainda a Argentina, não cessa a migração colombiana mais humilde para a Venezuela. O desafio imediato para Maduro no plano interno é duplo. Deve assegurar a ordem democrática sem militarizar o país como fez Michel Temer no Rio de Janeiro e, entretanto, garantir a logística de abastecimento de produtos básico. Não é pouco, mas até ontem estava pior.”
LINK (em espanhol): goo.gl/cK8z4Y
Baixa evolução na economia peruana
UOL (27/07): “Kuczynski sofre revés econômico em 1º ano de governo no Peru”
“Apesar de ser formado por uma equipe de tecnocratas e economistas renomados, o governo de Pedro Pablo Kuczynski sofreu um sério revés econômico em seu primeiro ano de gestão no Peru, afetado pelo escândalo Odebrecht, o golpe do fenômeno climático El Niño costeiro e outros fatores externos. Ainda que as projeções para o crescimento da economia do país para 2017 sejam de 2,8%, uma das mais altas da região, esse percentual está muito abaixo da média dos últimos anos, que foi de 6%, e do histórico 9,1% obtido em 2008, durante o segundo governo de Alan García (2006-2011).”
LINK (em português): goo.gl/TJvUDF
Caso Odebrecht na América Latina
Editorial do El País (28/07): “Corrupção generalizada”
“O fato de que o escândalo afete muitos líderes latino-americanos coloca vários países em uma perigosa crise institucional. De ex-presidentes como o peruano Ollanta Humala ou o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva a – o que é pior em termos de estabilidade política – presidentes em exercício como Michel Temer do Brasil, Juan Manuel Santos da Colômbia e Danilo Medina da República Dominicana, a lista ameaça aumentar com o avanço das investigações. Parece que com a recuperação da democracia em muitos países da América Latina após anos de ditaduras, aconteceu uma combinação perigosa de Estados fracos, administrações incapazes e a necessidade de um rápido desenvolvimento em infraestrutura. Tudo isso sobre um importante crescimento impulsionado por anos de bonança deu como resultado uma bolha colossal de subornos que tinha que estourar.”
LINK (em português): goo.gl/yZXPLW
Emergência da Frente Ampla no Chile
DW (27/07): “Frente Ampla – a luta para romper o duopólio no Chile”
“Tem uma base jovem, progressista, identifica-se com a esquerda e está cansada da partilha de poder entre os dois grandes blocos políticos que governaram o Chile nos últimos 27 anos. A governista Nueva Mayoría (antes chamada Concertación, de centro-esquerda) e a opositora Chile Vamos (antiga Alianza por Chile, de direita) definiram os destinos do país sem contrapeso. Até agora”.
LINK (em espanhol): goo.gl/cbkNk4
Macron perde apoio popular na França
El País (23/07): “Popularidade de Macron despenca na França”, por Silvia Ayuso
“A macronmania esfriou na França. Enquanto no plano internacional o presidente Emmanuel Macron continua a ter imagem muito positiva, da fronteira para dentro ela começa a se desgastar. Segundo pesquisa de opinião divulgada pelo jornal Journal Du Dimanche, em julho o índice de satisfação com o inquilino do Eliseu [palácio do Governo da França] desabou dez pontos. É preciso recuar a 1995 para encontrar uma perda de popularidade tão forte para os primeiros cem dias de mandato de um presidente, os 15 pontos de queda de Jacques Chirac entre maio e julho daquele ano. Segundo levantamento feito pelo instituto de pesquisa Ifop, 54% dos franceses estão satisfeitos com a atuação de Macron, contra 64% que se sentiam assim em junho. Os descontentes aumentam de 35% para 43% no mesmo período. E o presidente não é o único da equipe de Governo a perder pontos. Também seu braço direito, o primeiro-ministro Édouard Philippe, cai de 64% para 56% em julho.”
LINK (em português): goo.gl/LDBXRp
The Guardian (24/07): “Cortes nos benefícios de moradia provocam queda nos índices de aprovação de Macron”
“Os políticos da oposição acusaram Macron de atacar os pobres e de favorecer os ricos com medidas, incluindo o afrouxamento do imposto sobre a riqueza da França, de modo que se aplica apenas à propriedade, e não aos investimentos – que a Macron argumentou impulsionará a economia. Um estudo na semana passada descobriu que, em geral, os 10% mais ricos dos agregados familiares da França provavelmente se beneficiarão com os cortes de impostos propostos pela Macron. A questão dos benefícios da habitação é a última linha sobre a tentativa da Macron de reduzir os gastos públicos e reduzir o déficit com o objetivo de cumprir as regras da UE pela primeira vez em uma década.”
LINK (em inglês): goo.gl/uaDyCo
Brexit
Editorial do NY Times (26/07): “A Grã-Bretanha vê as ameaças do Brexit mais claramente”
“À medida que as negociações avançam, visões de um divórcio indolor e de novas oportunidades para uma “Grã-Bretanha globa” provavelmente deverão definhar, ao contrária das lutas internas. Chamados para interromper o Brexit irão crescer, mas este caminho também não é fácil. Bloquear o processo seria visto como um desrespeito à vontade do povo. A ideia de outro referendo não é popular e o resultado seria incerto”.
LINK (em inglês): goo.gl/vbvCM4
Le Monde (30/07): “Brexit – governo britânico dividido”
“Período de transição, livre circulação de pessoas … os ministros do governo britânico apresentar seu desacordo através da mídia. A divisão continua a reinar no governo britânico sobre o Brexit, o ministro do Comércio Internacional atacou neste domingo (30 de julho) a necessidade de período pós-transição Brexit defendida pelo Ministro das Finanças.”
LINK (em francês): goo.gl/R2yfAL
Tensão entre poderes na Polônia
Editorial do The Guardian (25/07): “O poder das pessoas e o vislumbre de esperança”
“Esta semana, depois de oito dias de protestos de rua em todo o país, o presidente, Andrzej Duda, surpreendeu muitos ao aparecerem para dividir as fileiras com o partido no poder sobre sua intenção de colocar o poder judiciário sob seu controle. O senhor deputado Duda vetou duas leis fundamentais destinadas a eliminar a independência da Suprema Corte e a conferir ao Parlamento o controle do corpo que contrata juízes. Seus motivos continuam sendo uma questão de especulação. As contas, explicou, “não fortaleceriam o senso de justiça na sociedade”. O senhor deputado Duda até então se juntou a cada movimento do governo para restringir as instituições independentes. Essa foi uma verdadeira reviravolta, ou um retiro tático projetado para tirar vantagem dos protestos? Sua decisão foi bem-vinda, mas longe de ser suficiente; Ele assinou um terceiro projeto de lei que permite o controle político sobre os tribunais. O governo já possui o controle do tribunal constitucional. Muitos temem que a outra legislação volte em forma marginalmente modificada.”
LINK (em inglês): goo.gl/GyV3f6
Governo espanhol tenta impedir referendo de Independência na Catalunha
Expresso.pt (30/07): “Puigdemont, revolta na Catalunha”
“Rajoy e a sua equipa do Partido Popular (PP, centro-direita) não modificaram estratégia: o referendo não se realizará porque é ilegal, dizem, e o Executivo tem meios para o impedir. Esta semana Puigdemont disse ao diário francês “Le Figaro”: “Se o Tribunal Constitucional me inabilitar [quando convocar a votação], coisa que pode fazer, não acatarei. Só o Parlamento [catalão] me pode suspender. Uma imensa maioria do povo catalão quer votar”. A última sondagem do Centro de Estudos de Opinião (paraestatal), divulgada dia 22, revela que, apesar de uma maioria dos catalães ser a favor da consulta, são cada vez mais os inquiridos (até 49,4%) contra a independência, havendo 41,4% a favor. Um estudo do diário “El País” em 265 das principais empresas catalãs (800 mil trabalhadores) revela que três de cada quatro executivos dessas companhias consideram o separatismo prejudicial para a economia espanhola e catalã.”
LINK (em português): goo.gl/s8T9rE
Autoritarismo de Erdogan
Editorial do El País (25/07): “Perseguição à imprensa na Turquia”
“A perseguição à imprensa coincide com a prisão da diretora da Anistia Internacional e cinco colaboradores da organização sob a absurda acusação de colaborar com o terrorismo. A Alta Representante da UE para a Política Exterior, Federica Mogherini, se reuniu na segunda-feira com o Ministro das Relações Exteriores turco para informá-lo da profunda preocupação da União Europeia pelo lamentável comportamento das autoridades turcas. O Presidente Erdogan não pode continuar por esse caminho: caso contrário, a ruptura entre a Europa e a Turquia será inevitável.”
LINK (em português): goo.gl/3PV66u
Aproximação de Israel com a Arábia Saudita
Folha de SP (31/07): “A conexão israelo-saudita”, por Jaime Spitzcovsky
“Deu sinais de arrefecer, na última sexta-feira (28), a onda de violência delineada por atentados contra alvos israelenses e pelos protestos contra medidas de segurança implementadas, em Jerusalém, pelo premiê Binyamin Netanyahu. Em vez de nova “intifada” (rebelião palestina), avança a aproximação entre Israel e líderes regionais, como Arábia Saudita e Egito, interessados na manutenção em baixa temperatura do conflito israelo-palestino, a fim de concentrar esforços contra um inimigo comum: o Irã.”
LINK (em português): goo.gl/jYN9WL
Suprema Corte do Paquistão derruba primeiro-ministro por envolvimento no Panamá Pappers
Editorial do The Guardian (28/07): “Caso internacional”
“A expulsão do primeiro-ministro Nawaz Sharif foi provocada por revelações nos arquivos vazados de um escritório de advocacia offshore. A elite global não é mais a única que pensa e trabalha através das fronteiras. Nenhum primeiro ministro do Paquistão completou um mandato completo desde que o país conquistou a independência há 70 anos. Nawaz Sharif estava a um ano de fazê-lo; Em vez disso, ele foi destituído pela terceira vez. Na sexta-feira, o Supremo Tribunal o desqualificou do cargo e encaminhou a questão dos ativos offshore de sua família para autoridades anticorrupção. Sharif nega as alegações, mas desistiu imediatamente; aguarda-se que em breve o seu partido governista Pakistan Muslim League-Nawaz nomeie o sucessor”.
LINK (em inglês): goo.gl/ohro4W
Crise no governo japonês
El País (25/07): “O primeiro-ministro japonês enfrenta a pior fase de seu mandato”, por Xavier Fontdeglòria
“O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, está imerso num escândalo provocado por um suposto caso de amiguismo que ocasionou uma queda livre de sua popularidade em apenas um mês. Abe está há dois dias dando explicações ante o Parlamento nipônico depois que sua gestão outorgou uma licença para abir uma escola veterinária a uma organização cujo diretor é seu amigo íntimo. Ainda que o líder conservador tenha tenha negado qualquer troca de favores, suas explicações seguem sem convencer ao eleitorado e sua taxa de aprovação alcança apenas 30%”.
LINK (em espanhol): goo.gl/xazT3z
Tunísia aprova lei sobre violência contra a mulher
El País (27/07): “Vencem as mulheres tunisianas”, por Sami Nair
“O Parlamento tunisiano acaba de aprovar, depois de três anos de debates e negociações, uma lei cujo objetivo é propriamente revolucionário: proibir legalmente e castigar eficazmente a violência de gênero. É um marco e um desafio para o resto dos países islâmicos, uma mostra de que a luta levada de modo ininterrupto pelas mulheres tunisianas pode desembocar numa vitória que favoreça sua emancipação nos âmbitos público e privado, além de uma conquista para o desenvolvimento do Estado de direito. Este novo estatuto da mulher consagra ao mesmo tempo, o processo democrático que se iniciou precisamente na Tunísia em 2011, do qual uma análise superficial e enganosa faria creer que já havia se desvanecido. Na realidade, tanto neste país como no resto dos Estados que experimentaram o levante democrático qualificado de primavera árabe, a demanda profunda, irrepreensível, de modernização democrática segue latente no núcleo das lutas políticas e sociais; desapareceu-se da superfície do campo de batalha, não é porque se debilitou, mas porque, devido a causas diversas, teve que se esconder profundamente no solo da sociedade, desenvolver-se secretamente com maior solidez e reaparecer mais forte e contundente sob condições políticas que a tornaram possível.”
LINK (em espanhol): goo.gl/3zmwXd
ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA MUNDIAL
Distintas visões da esquerda sobre a Venezuela
1- Plataforma Cidadã em Defesa da Constituição
“A Plataforma Cidadã em Defesa da Constituição se pronuncia frente à convocatória da CNE a eleições para o próximo domingo 30 de julho, de supostos constituintes a uma suposta Assembleia Nacional Constituinte (ANC) convocada usurpadoramente pelo Presidente Maduro. Por outro lado, ainda que não seja o objetivo principal deste documento, reiteramos nosso rechaço à política da cúpula da MUD dirigida a gerar uma fratura institucional através da criação de um governo e um Estado paralelo com o apoio de Washington, com todas as implicações conhecidas que isso tem. Ao se colocar à margem da Constituição, isso atiça ainda mais a violência e vai na contramão de uma saída constitucional e pacífica para a crise.”
LINK (em português):
2- Boaventura Sousa Santos
“Os desacertos de um governo democrático resolvem-se por via democrática, e ela será tanto mais consistente quanto menos interferência externa sofrer. O governo da revolução bolivariana é democraticamente legítimo e ao longo de muitas eleições nos últimos 20 anos nunca deu sinais de não respeitar os resultados destas. Perdeu várias e pode perder a próxima, e só será de criticar se não respeitar os resultados. Mas não se pode negar que o Presidente Maduro tem legitimidade constitucional para convocar a Assembleia Constituinte. Claro que os venezuelanos (incluindo muitos chavistas críticos) podem legitimamente questionar a sua oportunidade, sobretudo tendo em mente que dispõem da Constituição de 1999, promovida pelo Presidente Chávez, e têm meios democráticos para manifestar esse questionamento no próximo domingo. Mas nada disso justifica o clima insurrecional que a oposição radicalizou nas últimas semanas e que tem por objetivo, não corrigir os erros da revolução bolivariana, mas sim pôr-lhe fim e impor as receitas neoliberais (como está a acontecer no Brasil e na Argentina), com tudo o que isso significará para as maiorias pobres da Venezuela. O que deve preocupar os democratas, embora tal não preocupe os media globais que já tomaram partido pela oposição, é o modo como estão a ser selecionados os candidatos. Se, como se suspeita, os aparelhos burocráticos do partido do governo sequestrarem o impulso participativo das classes populares, o objetivo da AC de ampliar democraticamente a força política da base social de apoio à revolução terá sido frustrado.”
LINK (em português):
https://www.publico.pt/2017/07/29/mundo/noticia/em-defesa-da-venezuela-1780518
3- Gustavo Dudamel, maestro venezuelano, apoiador dos governos de Hugo Chávez e eleitor de Nicolás Maduro em 2013
“A partir dessa fé inabalável no que diz respeito à diversidade humana, sinto a necessidade e a obrigação como cidadão venezuelano de me manifestar contra as eleições para uma Assembleia Nacional Constituinte nos termos em que foram convocadas pelo Governo da Venezuela para o próximo dia 30 de julho. A forma como as autoridades do meu país levaram adiante essa medida não faz nada mais do que intensificar o conflito nacional em vez de resolvê-lo. Nosso marco constitucional vigente não foi respeitado. Apesar dos eventos de domingo passado, em que milhões de compatriotas – na Venezuela e no exterior – expressaram sua rejeição aos planos do Governo, nós, venezuelanos, ainda não pudemos nos manifestar publicamente através de uma consulta popular prévia e vinculativa. A vontade do povo deve ser livremente expressa por meio dos canais institucionais estabelecidos em nossa Constituição.”
LINK (em português):
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/19/opinion/1500457516_222096.html
4- Jorge Rodríguez, prefeito de Caracas, apoiador de Nicolás Maduro
“Há muita satanização com relação ao que o presidente Maduro pretende com a nova Constituição. Os direitos universais estarão garantidos, o direito ao sufrágio universal, as garantias democráticas permanecem. (…) Precisamos diversificar a produção, preservando a propriedade privada. Precisamos também proteger o país do contrabando, tudo isso estará contemplado”.”
LINK (em português): http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/07/1905607-constituicoes-evoluem-com-seus-povos-diz-prefeito-de-caracas.shtml
5- Catarina Martins, dirigente do Bloco de Esquerda em Portugal
“Questionada sobre a situação na Venezuela, Catarina Martins referiu este domingo que os bloquistas nunca confundiram “a democracia com o ato formal de voto”, salientando que “há muitas ditaduras em que se vota, como por exemplo em Angola, e não são uma democracia”. “Portanto, o facto de existir hoje [na Venezuela] um ato em que as pessoas vão votar não significa que seja democrático, porque as condições da democracia exigem liberdade de expressão, pluralidade de opiniões, imprensa livre, e que haja capacidade dos próprios países tomarem decisões”, frisou. “Na Venezuela não estão garantidas condições de liberdade e de pluralidade e há também uma enorme ingerência externa que condiciona muitas decisões que são tomadas e, portanto, sobre todos os pontos de vista, diria que não estamos a olhar para uma situação democrática”, sublinhou a coordenadora bloquista. Catarina Martins afirmou-se preocupada com a situação de instabilidade no país e frisou que espera que a comunidade portuguesa aí residente seja acompanhada da melhor maneira possível.”
LINK (em português):
http://www.esquerda.net/artigo/venezuela-nao-estamos-olhar-para-uma-situacao-democratica/50035
6- John Ackerman, ativista mexicano e pesquisador na UNAM
“A nova Assembleia Constituinte na Venezuela cumpre com a mesma função, renovadora e participativa, que novas eleições nos sistemas parlamentares. Ontem, o povo venezuelano teve a oportunidade de decidir se quer seguir como país independente ou converter-se em mais um serviçal de Washington. A resposta foi um contundente sim à soberania nacional e popular”.
LINK (em espanhol): http://www.jornada.unam.mx/2017/07/31/opinion/020a2pol
7- Reinaldo Quijada, porta-voz do grupo chavista Unidad del Poder Popular
“Em poucas palavras, estamos em meio a duas frações falsas, hipócritas, mesquinhas e medíocres. E além disso covardes, a covardia de quem não assume a realidade com sentido de responsabilidade. A covardia dos que não assume a política com um sentido de transcendência histórica. A nenhuma das duas importam um centímetro o país e o povo. Que triste e minguada hora vive a Venezuela! A realidade é que o universo de eleitores é de cerca de 20 milhões. Mas essa cifra requer certos ajustes já que é necessário assinalar que a abstenção crônica na Venezuela, os eleitores que nunca votam, é de 20% no mínimo. Ou seja, o universo real de eleitores está ao redor de 16 milhões de votantes ao subtrair esta abstenção crônica. A metade do país, portanto, é de 8 milhões de eleitores. O resultado do 30J indica que o país está dividido em duas partes e os dois polos deveriam considerar ao outro e não ignorá-lo, nem muito menos pretender aniquilá-lo. Isso pouco lhes importa. Ao contrário, o que prevalece, de lado a lado, é um banquete de ameaças mútuas, de superficialidades e declarações estúpidas, vazias e vulgares. Tudo isso, dá náuseas!”
LINK (em espanhol): https://www.aporrea.org/actualidad/a250148.html
8- Alfredo Serrano Montilla, economista catalão
“Mais uma vez ganhou a democracia na Venezuela. Sim, a democracia. Um país em que as pessoas votam, de acordo com os cânones liberais, está vivendo em uma democracia. Na Venezuela, a democracia representativa é aplicada ao pé da letra. A data das eleições para a Assembléia Constituinte é outro exemplo disso. E, portanto, coloca o foco sobre o que está à frente, a fim de continuar a construir um país que nada a contracorrente e que tem múltiplos desafios a atender. A Assembleia Constituinte terá que dar novas respostas para novas demandas que o povo venezuelano tem.”
LINK (em espanhol): https://www.aporrea.org/actualidad/a250142.html
Brexit
Sin Permiso (27/07): “Brexit, a notícia silenciosa”, por Alejandro Nadal
“O impacto do Brexit sobre a indústria do Reino Unido será sentido em cada ramo de atividade. Mas talvez um dos efeitos negativos mais importantes será aquele que sofrerá a atividade bancária. Ao perder seu direito de “passaporte”, os bancos sediados no Reino Unido também verão sua liberdade para realizar suas operações em toda a UE. Muitos bancos internacionais acharão mais conveniente simplesmente mudar-se para Frankfurt ou Paris. Ainda que isso não vá ocorrer da noite para o dia, o êxodo de bancos e outras empresas no setor financeiro seguramente vai-se produzir ao longo do processo de negociações.”
LINK (em espanhol): http://www.sinpermiso.info/textos/brexit-la-noticia-silenciosa
Macron
Esquerda.net (17/07): “Macromania”, por Francisco Louçã
“Resultando de um saldo eleitoral tão magro, pois os votos de confiança em Macron foram 24% na primeira volta das presidenciais e depois cerca de 30% na primeira volta das legislativas (com mais de metade de abstencionistas), estas vitórias deram-lhe uma esmagadora supremacia institucional, com dois terços do parlamento, através do truque do sistema eleitoral. Mas não lhe deram a supremacia social. Uma parada não resolve a França. Nem a Europa, já agora. Prometia Macron um novo ministro das finanças e um orçamento europeu, tudo armado por convenções em cada país a partir do próximo janeiro. Ministro talvez consiga, para habituar os países à ideia de um governo europeu, mas esse será mais um instrumento de divergência. Tudo o resto é entretenimento, se não for, como anunciou o pomposo Menasse, para matar as democracias na Europa.”
LINK (em português): http://www.esquerda.net/opiniao/macromania/49841
Debate Tsipras x Varoufakis
The Guardian (24/07): “Alexis Tsipras: O pior está claramente atrás de nós”
“O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, assume — em entrevista esta segunda-feira ao The Guardian — que no seu governo cometeu “grandes erros“. Tsipras critica ainda o seu antigo ministro das Finanças, Yannis Varoufakis, dizendo que este “está a tentar reescrever a História”, e deixa o aviso: “Talvez chegue o momento em que certas verdades serão ditas (…) quando chegarmos ao ponto de analisar o que ele apresentou como plano B, que era tão vago que nem valia a pena discutir. Era simplesmente fraco e ineficaz.” Tsipras sabe que, para cumprir o programa de assistência internacional, não conseguiu aplicar o programa eleitoral que submeteu a votos perante o povo grego — foi o caminho para “sobreviver”, explica. Mas, mesmo assim, está tranquilo: “Se for à rua e perguntar sobre o governo, muitos podem dizer ‘mentirosos’, mas ninguém vai dizer que somos corruptos ou desonrosos ou que colocamos a mão no pote de mel“.”
LINK (em inglês):
https://www.theguardian.com/world/2017/jul/24/alexis-tsipras-the-worst-is-clearly-behind-us
Blog de Varoufakis (24/07): “A incoerência perspicaz de Tsipras”
“Dado que apresentei meus planos para o senhor Tsipras para dissuadir a agressão da troika e responder a um impasse potencial (e qualquer movimento da troika para expulsar a Grécia da zona do euro) antes de vencermos as eleições de janeiro de 2015 e fui escolhido por ele como Ministro das Finanças (presume-se) com base em seu mérito, sua resposta reflete uma profunda incoerência.”
LINK (em inglês):
Eleições em Angola
Esquerda.net (28/07): “Eleições: o Ponto de Viragem em Angola”, por Rafael Marques de Morais, Maka Angola
“As eleições são uma oportunidade para mobilizar e consciencializar os cidadãos angolanos. São um potencial ponto de viragem rumo a uma sociedade mais crítica e participativa, em que os cidadãos contribuam para construir um Estado de direito democrático.”
LINK (em português): http://www.esquerda.net/artigo/eleicoes-o-ponto-de-viragem-em-angola/49943
Eleições no Timor Leste
Esquerda.net (30/07): “Fretilin surge à frente nas “eleições mais tranquilas de sempre””
“A contagem final dos votos deu a vitória à Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente com 168.422 votos e 23 deputados e o segundo lugar ao Congresso Nacional da Reconstrução Timorense, com 167.330 e 22 deputados ao parlamento. A terceira força mais votada foi o Partido da Libertação Popular, do ex-Presidente Taur Matan Ruak, que conseguiu 60.092 votos e 8 deputados, seguindo-se o Partido Democrático, com 55.595 votos e 7 deputados, e o Khunto, com 36.546 votos e 5 deputados.”
LINK (em português):
Curso autoritário de Duterte nas Filipinas
Sin Permiso (30/07): “Renasce a resistência contra a ditadura na Filipinas”, por Sonny Belencio e Walden Bello
“Em 20 de julho passado teve lugar em Benitez Hall, Universidade da Filipinas em Diliman, a Conferência Nacional contra a Ditadura (NCAD), que pretende articular uma frente de esquerdas contra a evidente evolução do regime do presidente Duterte para a ditadura mediante a extensão do Estado de Guerra imposto em Mindanao. Recolhemos as intervenções de dois velhos amigos e colaboradores de Sin Permiso (em cujos arquivos podem-se consultar vários de seus artigos), Sonny Melencio e Walden Bello , dois veteranos lutadores contra a ditadura de Marcos e os sucessivos regimes EDSA.”
LINK (em espanhol):
http://www.sinpermiso.info/textos/filipinas-renace-la-resistencia-contra-la-dictadura
Cassação do primeiro-ministro do Paquistão
The Guardian (28\07): “Nawaz Sharif se foi. Mas o alto nível de corrupção no Paquistão sobrevive”, por Tariq Ali
“Desde a fundação do Paquistão em 1947, nenhum primeiro ministro cumpriu seu mandato completo. Coisas como assassinatos e aquisições militares acontecem. Hoje, foi dinheiro em vez de força que fez para Nawaz Sharif. O Supremo Tribunal do Paquistão se surpreendeu ao votar por unanimidade para garantir que ele não fosse a exceção.”
LINK (em inglês): https://www.theguardian.com/commentisfree/2017/jul/28/nawaz-sharif-pakistan-colossal-political-corruption-survives
Capitalismo e mulheres
Outras Palavras (26/07): “Mulheres, a primeira vítima do capitalismo”, por Inês Castilho
““Somos as filhas das bruxas que vocês não conseguiram matar”, escreveram algumas mulheres nos muros de cidades brasileiras, durante a primavera feminista. Talvez por isso a vinda da historiadora feminista italiana Silvia Federici ao Brasil, na semana passada, para lançar Calibã e a Bruxa – Mulheres, corpo e acumulação primitiva, atraiu em torno de si e de seu livro centenas de jovens, no centro e na periferia do Rio de Janeiro e São Paulo. Uma semana de celebração para o movimento feminista brasileiro, que ao mesmo tempo recebia na Bahia a norte-americana Angela Davis para um curso sobre feminismo negro, no Recôncavo Baiano. Alás!”
LINK (em português):
http://outraspalavras.net/destaques/mulheres-a-primeira-vitima-do-capitalismo/
Entre os fatos que marcaram esta semana, o Observatório Internacional destaca a tensão política no interior dos EUA: Trump falha em reunir apoio para sua proposta de reforma da saúde, ao mesmo tempo que a Suprema Corte concede razão parcial para seu decreto que restringe a entrada de cidadãos oriundos de 6 países de maioria islâmica. Do lado Democrata, a toda-poderosa Nancy Pelosi passa a ser alvo constante de críticas pela deriva em que se encontra os liberais americanos.
Na Europa, Jeremy Corbyn massifica-se entre a juventude britânica com um discurso progressista radicalizado e torna-se um possível modelo para “reformadores à esquerda” da cambaleante social-democracia do Velho Continente.
Já na América Latina, a Venezuela assiste a novos capítulos dramáticos de sua crise, enquanto a Colômbia vive apreensiva a nova etapa política do país com a renúncia das FARCs às armas.
Estes acontecimentos e debates travados pela esquerda mundial durante a semana podem ser conferidos logo abaixo. Uma ótima leitura a todos!
Charles Rosa – Observatório Internacional da Fundação Lauro Campos
TRUMP E O VETO A IMIGRANTES
G1 (26/06): “Suprema Corte permite que decreto imigratório de Trump entre parcialmente em vigor”
“A Suprema Corte dos EUA autorizou, nesta segunda-feira (26), que o decreto que proíbe a entrada de cidadãos de seis países de maioria muçulmana no país entre parcialmente em vigor. A decisão reduz o alcance de sentenças judiciais emitidas por instâncias inferiores e que bloqueavam completamente a ordem executiva.”
LINK (em português): http://g1.globo.com/mundo/noticia/trump-vai-falar-na-suprema-corte-sobre-restricao-a-entrada-de-muculmanos-nos-eua.ghtml
Editorial do NY Times (26/06): “O veto imigratório na Suprema Corte”
“Toda a disputa legal não deve obscurecer a tolice fundamental da política por si mesma. Apesar da afirmação sem fundamento de Trump que o veto é necessário para proteger a segurança nacional, nenhum dos países afetados foram responsáveis por algum ataque terrorista nos Estados Unidos nas últimas duas décadas. Isso inclui os cinco meses recentes, durante os quais a Casa Branca insistiu repetidamente acerca da importância do veto mesmo que tenha apresentado pouca urgência em apresentar seus recursos. Agora o governo tem o verão para conduzir sua versão da verificação, que foi o raciocínio original para o travel ban – o governo necessitava tempo para “descobrir o que ocorria”, como Trump afirmou uma vez. Em outubro, o veto terá expirado e a revisão deverá ser completa. E até então, Trump poderá ter desenvolvido uma base factual para um política que continua a impedir pessoas de certos país, o que desencadeará uma nova rodada de litígios”.
LINK (em inglês): https://www.nytimes.com/2017/06/26/opinion/travel-ban-supreme-court-trump.html
Editorial do El País (28/06): “Contra a essência dos EUA”
“A decisão da Suprema Corte dos EUA que permite, mesmo que provisoriamente, aplicar o núcleo duro do polêmico veto migratório impulsionado por Donald Trump é uma má notícia que ameaça restringir em termos de liberdades a política de aceitação de estrangeiros do país. É também um aceno para iniciativas semelhantes, ou inclusive mais radicais, que estão em andamento em outros países.”
LINK (em português): http://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/29/opinion/1498760939_106557.html
TRUMP E OS CORTES SOCIAIS
Seguem as dificuldades para Donald Trump revogar o Obamacare e implementar outro programa de saúde. Nesta semana, os republicanos do Senado norte-americano foram forçados a adiar a votação do seu projeto-lei de saúde para depois do feriado de 4 de julho, dia da independência dos EUA, em mais um revés para os esforços do partido no poder.
The Guardian (28/06): “Republicanos no Senado são forçados a postergar votação sobre a reforma da lei da saúde devido à falta de apoio”
“A cruzada de sete anos do Partido Republicano para revogar o Ato de Assistência Econômica (ACA) está à beira do colapso, depois que os líderes do Senado foram forçados a adiar a votação de uma lei de saúde que de acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) deixaria uma estimativa 22 milhões de pessoas sem seguro de saúde até 2026. (…) A legislação do Senado reduziria o déficit do orçamento federal em 321 bilhões de dólares em uma década, em decorrência principalmente dos cortes no Medicaid, revelou estudo do CBO. Mas a análise previu também uma queda em 16% até 2026 de pessoas abaixo dos 65 anos inscritas no programa. Projeções atuais mostram que sob a lei atual, 28 milhões de americanos estarão seu plano de saúde na próxima década. Esse número aumentaria para 49 milhões com a proposta do Senado, revelou o CBO”.
LINK (em inglês): https://www.theguardian.com/us-news/2017/jun/27/healthcare-bill-vote-delay-senate-republicans-support
Editorial do NY Times (29/06): “A falsa premissa por trás dos cortes dos republicanos na Saúde”
“Da invocação de Ronald Reagan de uma “rainha do bem-estar”, passando pelo escárnio de Mitt Romney sobre “apostadores” até chegar às contas da Câmara e do Senado para reduzir os impostos para os ricos, tirando o seguro de saúde de dezenas de milhões de pessoas, a premissa do incessante corte republicano de impostos é que o sistema rouba os ricos para oferecer benefícios aos pobres. Mas aqui está uma verdade essencial e negligenciada: como parte da economia, os gastos federais com pessoas de baixa renda, além de seus cuidados de saúde, estão caindo continuamente desde que atingiu o pico em 2011, após a Grande Recessão, e ainda está ligeiramente acima da média de longo prazo, está em declínio, de acordo com uma série recente de relatórios do Centro de Orçamento e Prioridades de Políticas. Programas obrigatórios, para além da Saúde, como os tickets de alimentos, os créditos de imposto de renda e a Renda Suplementar de Segurança para idosos empobrecidos e pessoas com deficiência equivalem atualmente a 1,5% do produto interno bruto, apenas modestamente acima da média de 40 anos de 1,3%. E se os gastos com esses programas continuarem sua tendência de queda atual, ele irá cair abaixo da média de longo prazo em 2024.”
LINK (em inglês): https://www.nytimes.com/2017/06/29/opinion/tax-cuts-republican-health-care.html
IMPOPULARIDADE GLOBAL DE TRUMP
Washington Post (26/06): “Pesquisa mostra que os Estados Unidos perdem respeito no mundo sob Trump”
“O presidente Trump alarmou os cidadãos dos aliados mais próximos e de outros em todo o mundo, diminuindo a posição dos Estados Unidos em seus olhos, de acordo com um amplo estudo internacional divulgado na segunda-feira. Mas na pesquisa realizada em 37 países, a Rússia é um ponto brilhante para Trump. Enquanto o presidente está em apuros em casa, a maioria dos russos diz que tem confiança nele. E empatia dos russos com os Estados Unidos melhorou desde que Trump assumiu o cargo.”
LINK (em inglês): https://www.washingtonpost.com/world/poll-shows-us-tumbling-in-worlds-regard-under-trump/2017/06/26/87a4f1bc-5857-11e7-840b-512026319da7_story.html
CRISE NO PARTIDO DEMOCRATA
Público.pt (27/06): “A fúria anti-Trump ainda não colou os cacos do Partido Democrata”
“Vai crescendo a contestação interna à líder democrata na Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi. Depois do descalabro nas presidenciais, o partido está a ter dificuldades para encontrar um caminho que o leve à vitória nas eleições para o Congresso.”
LINK (em português): https://www.publico.pt/2017/06/27/mundo/noticia/a-furia-antitrump-ainda-nao-colou-os-cacos-do-partido-democrata-1777111
FORMAÇÃO DO GOVERNO DE THERESA MAY
Nesta semana, a conservadora Theresa May assinou um acordo com o partido dos unionistas da Irlanda do Norte e conseguiu aprovar uma moção de confiança a sua política austeritária. Entretanto, May não consegue recuperar o apoio popular perdido na sociedade durante as eleições, ao passo que o líder trabalhista Jeremy Corbyn discursa para centenas de milhares de jovens.
El País (29/06) – “May leva adiante seu Governo, mas enfrenta uma legislatura endiabrada”
“A mesma votação que permitiu nesta quinta-feira Theresa May levar adiante seu Governo em minoria evidenciou as consequência de algumas eleições nas quais quis e não pôde reforçar seu poder ante o maior desafio da história recente do Reino Unido. Sua exígua maioria multiplica o poder dos deputados individuais e converte o colossal trabalho legislativo que o Brexit a obrigará num complicado jogo de compromissos.”
LINK (em espanhol): http://internacional.elpais.com/internacional/2017/06/29/actualidad/1498759929_840040.html
Editorial do The Guardian (26/06) – “Theresa May está em negação”
“Em resumo, Theresa May age como se nada tivesse mudado. In short, Mrs May is acting as if nothing has changed. É por isso que os deputados mais à direita do Tory, desesperados por evitar concessões, se reuniram atrás dela nos Comuns na segunda-feira. No entanto, no país, as coisas mudaram e estão mudando. O público tem cansado da austeridade. Está mais preocupado com a Brexit. A Sra. May, no entanto, não mudará a menos que seja obrigada a fazê-lo. Os partidos de oposição e os conservadores pró-europeus devem fazer isso acontecer. Eles têm o poder. É hora de eles usá-lo.”
LINK (em inglês): https://www.theguardian.com/commentisfree/2017/jun/26/the-guardian-view-on-the-tory-dup-deal-theresa-may-is-in-denial
Folha de SP (28/06): “Mesmo derrotado na eleição britânica, Jeremy Corbyn vira ídolo da juventude”, por Henrique Goldman
“Entramos num território inexplorado, mas parece que estamos assistindo a uma revolução. Esta possível insurreição ainda não foi batizada e está apenas vivendo seus motes iniciais. Seus objetivos e consequências ainda não são totalmente claros, os campos de batalha ainda não foram definidos e muitos dos protagonistas ainda não se revelaram como tais. Mas, como uma grande e incessante onda que se forma em mar bravo, ela é irreversível e promete alastrar-se para muito além das fronteiras do Reino Unido. Com a presença de Jeremy Corbyn, de repente Glastonbury em 2017 ficou com muita cara de Woodstock em 1969. Contracultura, pacifismo e resistência anticonsumista agora pairam no ar do tórrido verão londrino. O sonho, que segundo John Lennon teria acabado há quase meio século, parece de repente ter voltado do oblívio para ser sonhado mais uma vez.”
LINK (em português): http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/06/1896452-mesmo-derrotado-na-eleicao-britanica-jeremy-corbyn-vira-idolo-da-juventude.shtml
CRISE DA SOCIAL-DEMOCRACIA EUROPEIA
Editorial do Le Monde (26/06) – “Na França e na Alemanha, a necessidade de renovação da social-democracia”
“Embora se façam menos urgentes e menos brutais, as questões que enfrentam os social-democratas alemães são, de fato, bastante semelhantes àquelas que possuem os socialistas franceses. Como governar permanentemente sem ser acusado por sua base eleitoral de perder sua alma? Como, por outro lado, se regenerar ideologicamente e sociologicamente se condenar ao conforto de uma postura secundária nas bordas do poder? Na França e na Alemanha, há uma tentação entre alguns hoje de se inspirar nos recentes progressos eleitorais do trabalhista britânico Jeremey Corbyn para encontrar um caminho de salvação para uma social-democracia em crise e atormentada por dúvidas. Resta saber se este exemplo, que pode ser atraente para ganhar o poder, é o mais pertinente para aprender a exercê-lo. Certamente, não.”
LINK (em francês): http://www.lemonde.fr/idees/article/2017/06/26/en-france-et-en-allemagne-la-social-democratie-en-mal-de-renouveau_5151192_3232.html#4wUtQrJ2dGzimmXZ.99
El País (26/06): “O PD de Renzi cai nas capitais de província da Itália”
“Alguns dirão que eleições locais não determinam o voto das gerais. E seguramente serão aqueles que as perdem. Este domingo a Itália pode contemplar como o Partido Democrático (PD) de Matteo Renzi obtinha uma tremenda derrota no segundo turno das eleições municipais. O segundo turno das municipais outorgou uma grande vitória para a coalizão de centro-direita, incluindo Gênova, o grande feudo da esquerda.”
LINK (em espanhol): http://internacional.elpais.com/internacional/2017/06/26/actualidad/1498466544_696682.html
CASAMENTO IGUALITÁRIO NA ALEMANHA
El País (30/06): “Alemanha aprova o casamento igualitário”
“O plenário do Parlamento Federal alemão aprovou nesta sexta-feira a legalização do casamento entre homossexuais. O projeto foi impulsionado pelos sociais-democrata (SPD) – rompendo o acordo de coalizão com os conservadores da chanceler Angela Merkel –, numa inédita aliança com os Verdes, a Esquerda e o bloco democrata-cristão. A iniciativa, a três meses das eleições gerais, recebeu o aval de 393 deputados. A chanceler (primeira-ministra) Merkel, o líder da bancada democrata-cristã, Wolfgan Kauder, e outros 224 parlamentares conservadores votaram contra o projeto, que concede aos casais do mesmo sexo direitos iguais aos casais heterossexuais, incluindo o direito de adotar filhos. Espera-se que a lei entre em vigor ainda neste ano, fazendo da Alemanha o 24º país do mundo a legalizar o casamento igualitário – que já é uma realidade em nações como o Brasil e os Estados Unidos. Na Europa ainda há vários Estados onde essa opção continua inacessível, como Áustria, Itália e Grécia e algumas nações do Leste Europeu.”
LINK (em português): http://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/30/internacional/1498807271_931179.html
ENTREGA DE ARMAS DAS FARCS
BBC (27/06): “Por que não há euforia na Colômbia com a entrega das armas das FARC?”
“Pouco imaginavam alguns anos atrás que isso pudesse ocorrer, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) poderiam ter sido parte da geografia da violência na Colômbia por mais de meio século. Mas está ocorrendo. Nesta terça-feira será levada a cabo uma cerimônia que marca o fim da entrega das armas a mais de 9.500 de seus membros (entre combatentes e milicianos) a observadores das Nações Unidas. Há quem celebre isso, evidentemente, mas no país percebe-se mais uma mescla de reticência, desinteresse e desconfiança, que de burburinho, entusiasmo e alívio.”
LINK (em espanhol): http://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-40396081
VENEZUELA
Carta Capital (28/06): “Ataque com helicóptero ao Supremo agrava crise na Venezuela”
“Granadas foram lançadas contra o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, e tiros foram disparados contra o Ministério do Interior num ataque realizado na terça-feira 27, em Caracas, a partir de um helicóptero sequestrado. Não foram registrados feridos. O presidente Nicolás Maduro classificou o incidente como “terrorista e golpista”. O governo afirmou que vai investigar possíveis vínculos com a CIA – repetindo o discurso chavista de que os americanos estariam por trás de um plano para derrubar o governo.”
LINK (em português): https://www.cartacapital.com.br/internacional/ataque-com-helicoptero-ao-supremo-agrava-crise-na-venezuela
The Guardian (30/06): “Procuradora-geral da Venezuela procura proteção em meio a conflito com Maduro”
“A procuradora-geral da Venezuela solicitou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos a proteção, dias após o Supremo tribunal impedido de sair do país e ordenou congelar suas contas bancárias. As tensões entre Luisa Ortega Díaz e a administração socialista do presidente Nicolas Maduro têm aumentado constantemente desde que contestou uma decisão do Supremo Tribunal no final de março que dissolveu a Assembléia Nacional controlada pela oposição e provocou uma onda mortal de agitação.”
LINK (em inglês): https://www.theguardian.com/world/2017/jun/30/venezuela-chief-prosecutor-luisa-ortega-diaz-protection-maduro
ESTADO ISLÂMICO
Folha de SP: “Receitas do Estado Islâmico caem 80% em relação a 2015”
“O autoproclamado califado do Estado Islâmico não existe mais, segundo um porta-voz militar iraquiano, e um novo relatório sobre a grande redução das receitas do grupo sugere que ele pode estar certo. (…)O aparente colapso do grupo é confirmado por um estudo divulgado na quinta-feira (29) de manhã, segundo o qual três anos depois de o Estado Islâmico (EI) ter declarado um califado em partes do Iraque e da Síria ele perdeu 80% de suas receitas e aproximadamente dois terços de seu território. O relatório, preparado pelo grupo de informação e análises IHS Markit, sediado em Londres, descobriu que a renda mensal média do EI caiu drasticamente, de US$ 81 milhões no segundo trimestre de 2015 para US$ 16 milhões no mesmo período de 2017 –uma queda de 80%. A receita está em declínio em todas as fontes de renda do grupo terrorista: taxação da populações sob seu controle, confisco de bens, contrabando e produção de petróleo e comércio ilegal de antiguidades. A IHS descobriu que a receita mensal do petróleo caiu 88% e a renda de impostos e confiscos diminuiu 79% em relação às estimativas iniciais, de 2015.”
LINK (em português): http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/06/1897290-receitas-do-estado-islamico-caem-80-em-relacao-a-2015.shtml
CHINA E TAIWAN
The Guardian (30/06): “Por que a venda de 1,4 bilhões de dólares em armas de Trump para Taiwan pode ser contraproducente com a China”
“O anúncio norte-americano de uma venda de armas de US $ 1,42 bilhão para Taiwan é um tiro de advertência não tão sutil nos arcos do presidente da China, Xi Jinping, que deve encontrar-se com Donald Trump para conversações bilaterais potencialmente tensas na cúpula do G20, na próxima semana, em Hamburgo. Mas o ataque preventivo de Trump poderia causar impactos negativos. A confirmação oficial da venda de armas, em consideração desde janeiro, coincidiu com a oficialização de Xi em um ostentoso desfile militar em Hong Kong na sexta-feira, comemorando a reunificação da China com o que até 1997 Beijing considerava uma “província renegada” semelhante a Taiwan. Em uma série de movimentos paralelos e provocativos, um comitê do Senado controlado pelos republicanos também aprovou provisoriamente as visitas a Taiwan pela US Seventh Fleet, pela primeira vez desde 1979, quando Washington reconheceu a República Popular da China e adotou uma ” Uma política da China “. A decisão, se implementada, poderia, de fato, fornecer uma base naval e instalações para porta-aviões e destruidores dos EUA, mesmo ao largo da costa do continente chinês. Isso é um pouco como o Exército de Libertação do Povo que constrói emplacamentos de armas em Long Island.”
LINK (em inglês): https://www.theguardian.com/world/2017/jun/30/trumps-142bn-taiwan-arms-sale-backfire-china
ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL
Portal de la Izquierda (27/06): “INFORME – Conferência Mundial dos Povos: por um mundo sem muros rumo à cidadania universal”, por Bernardo Corrêa
“Mesmo em meio a um grande apoio ao governo de Evo Morales, algumas delegadas e delegados também fizeram algumas críticas e exigências, como a necessidade de aumento da presença indígena e de mulheres nos postos de direção, a necessidade de renovação dos quadros dirigentes e outras demandas. Expressão disto é que Evo não conseguiu vencer o referendo que lhe permitiria uma nova reeleição.”
LINK (em português): http://portaldelaizquierda.com/2017/06/informe-conferencia-mundial-dos-povos-por-um-mundo-sem-muros-rumo-a-cidadania-universal/
Esquerda.net (30/06): “O Estado Islâmico, hoje, é um animal encurralado”, entrevista com Gilbert Achcar
“A ofensiva em curso contra o Qatar tem como objetivos: acabar com o seu apoio à Irmandade Muçulmana e pôr fim ao trabalho de agitação, desempenhado pela emissora Al Jazeera. O que fez com que a situação desse uma reviravolta foi a mudança ocorrida em Washington, afirma Gilbert Achcar, em entrevista feita por Yvan Lemaitre.”
LINK (em português): http://www.esquerda.net/artigo/gilbert-achcar-o-estado-islamico-hoje-e-um-animal-encurralado/49520
Outras Palavras (27/06): “Arábia Saudita: um homem-bomba no comando”, por Pepe Escobar
“Mohammad bin Salman torna-se herdeiro do trono. Despreparado e belicoso, apoiador de terroristas e desprezado pela própria CIA, ele pode desestabilizar o reino e incendiar uma das regiões mais conflagradas do mundo.”
LINK (em português): http://outraspalavras.net/destaques/arabia-saudita-um-homem-bomba-no-comando/
Rebelión.org (24/06): “Na Colômbia está terminando uma guerra, mas não sabemos quantas mais podem estar se incubando”, entrevista com Renán Vega Cantor
“O momento político na Colômbia é muito incerto, está terminando uma guerra aparentemente não sabemos quantos mais podem ser incubação, porque estamos testemunhando um desmantelamento da insurgência, mas não impulsionaram qualquer tipo de reforma ou alteração importante na estrutura política e econômica deste país, de modo que a Colômbia continua atolada em terrorismo de estado na prevalência de grupos paramilitares, que são donos e senhores de importantes regiões do país e agora mais ainda, dominando os setores que abandonaram as insurgências das FARC.”
LINK (em espanhol): http://www.rebelion.org/noticia.php?id=228320&titular=%22en-colombia-se-est%E1-terminando-una-guerra-pero-no-sabemos-cu%E1ntas-m%E1s-se-pueden-estar-
Aporrea.org (25/06): “O responsável principal da repressão se chama Nicolás Maduro”, entrevista com Marino Alvarado
“E, portanto, há uma responsabilidade de oficiais superiores, mas acima de tudo há uma clara responsável por esta repressão chama-se Nicolás Maduro. Não é apenas o chefe das Forças Armadas e da Guarda Nacional é um componente das Forças Armadas, mas é o chefe político que está liderando a repressão. Se queremos estabelecer a responsabilidade pelas mortes estabelecidos em manifestações, temos de falar sobre os autores, mas devemos também falar sobre os atores intelectuais que estão Padrino López, Ministro Reverol e, especialmente, o presidente Nicolás Maduro.”
LINK (em espanhol): https://www.aporrea.org/actualidad/n310529.html
Esquerda.net (28/06): “Oh Jeremy Corbyn”, por Joana Mortágua
“Olhemos pelo ângulo que olhemos, o sucesso de Corbyn baseia-se num discurso antielites e de justiça social que atrai os mais jovens porque não lhes atira areia para os olhos: o mercado falhou-lhes.”
LINK (em português): http://www.esquerda.net/opiniao/oh-jeremy-corbyn/49464
Viento Sur (27/06): “A popularidade das mobilizações em Tataouine pôs o governo em dificuldades”, entrevista com o deputado tunisiano Fathi Chamkhi
“O sul tunisiano se vê sacudido de forma recorrente estes últimos anos por movimentos sociais. O da região de Tataouine é de longe o mais radical e o mais massivo. Isso se explica por vários fatores. Em primeiro lugar pela persistência da crise econômica há sete anos que é particularmente grave no sul. Esta combina a paralisia do sistema em pé desde a revolução e os efeitos da guerra civil na Líbia, pois a região de Tataouine tem tradicionalmente fortes relações econômicas com esse país fronteriço. Depois está a incapacidade dos sucessivos governos para aliviar na região o peso da crise social, em particular o desemprego e o sub-emprego, dos mais elevados no país. Convém precisar que nas eleições de 2011 e de 2014, a região de Tataounie havia votado massivamente por Ennahda. Mas esse partido islamista decepcionou bastante”.
LINK (em espanhol): http://vientosur.info/spip.php?article12740
NY Times (26/06): “O futuro do socialismo pode ser seu passado”, por Bhaskar Sunkara
“Podemos chegar a esta estação da Finlândia apenas com o apoio de uma maioria; Essa é uma das razões pelas quais os socialistas são defensores tão enérgicos da democracia e do pluralismo. Mas não podemos ignorar a perda de inocência do socialismo ao longo do século passado. Podemos rejeitar a versão de Lênin e os bolcheviques como demônios loucos e optar por vê-los como pessoas bem intencionadas tentando construir um mundo melhor em uma crise, mas devemos descobrir como evitar suas falhas.”
LINK (em inglês): https://www.nytimes.com/2017/06/26/opinion/finland-station-communism-socialism.html
Nesta edição do Clipping Internacional da Fundação Lauro Campos, selecionamos notícias e reportagens da semana que trataram, principalmente, da tentativa de Trump aprovar sua agenda de retrocessos sociais. Além disso, buscamos informações sobre as eleições legislativas na França, as negociações do Brexit, a pressão da Arábia Saudita para que o Catar feche a Al-Jazeera, a luta do povo curdo pela sua autonomia e o ensaio de retorno do kirchnerismo na Argentina.
Na seção de debates relativos à esquerda internacional, destacamos mais uma vez a Venezuela de Maduro, o ascenso de Corbyn no Reino Unido, o problema climático no mundo e os debates que o Die Linke têm feito na Alemanha.
Uma ótima leitura a todos.
TRUMP E O RETROCESSO NA SAÚDE
Projeto de Trump para a saúde desagrada ala de republicanos
A liderança dos conservadores no Senado apresentou nesta quinta-feira a versão para substituir o projeto de Saúde aprovado pelo governo Obama. A proposta não somente repercutiu mal na opinião pública como uma parte dos senadores republicanos já se posicionou contrária ao texto. Trump precisa de ao menos 50 dos 52 senadores de seu partido para levar adiante o Trumpcare.
Washington Post (23/06) – “Quais senadores do GOP têm reservas com o projeto de lei sobre a Saúde”
“Até essa sexta-feira de manhã, nove senadores do GOP indicaram que se opõe ou tem preocupações com a lei. Se três votarem contra isso, a lei fracassaria. Os republicanos do Senado não têm muito espaço para o erro enquanto tentam se precipitar em uma conta de saúde na próxima semana. Supondo que nenhum democrata vote para este projeto de lei (uma suposição segura porque tenta desvendar Obamacare), os líderes do Senado podem perder apenas dois republicanos.”
LINK (em inglês): https://www.washingtonpost.com/graphics/2017/politics/ahca-senate-whip-count/?utm_term=.84295ad17c59
Editorial do NY Times (23/06) – “A insustentável Lei de Assistência do Senado”
“Seria um grande erro chamar a legislação que os republicanos do Senado lançaram na quinta-feira de projeto de lei de saúde. É, simples e obviamente, um plano para reduzir os impostos dos ricos, destruindo programas federais críticos que ajudam a fornecer cuidados de saúde a dezenas de milhões de pessoas.”
LINK (em inglês): https://www.nytimes.com/2017/06/23/opinion/senate-obamacare-repeal.html?ref=opinion
The Guardian (23/06) – “Trumpcare é como um vampiro, preparando seus dentes para fincar nos pobres”, por Adam Gaffney
“Em uma pesquisa de Quinnipiac, no final de maio, um miserável índice de 20% dos eleitores aprovou o projeto de lei, o que não é surpreendente quando se considera que a AHCA (American Health Care Act of 2017 ) era indiscutivelmente mais vampírica do que o nobre da Romênia. Considerando que o último drenaria suas vítimas uma a uma, a AHCA extraia a cobertura de saúde de cerca de 23 milhões para englobar os saldos bancários dos poucos ricos.”
LINK (em inglês): https://www.theguardian.com/commentisfree/2017/jun/23/trumpcare-vampire-sinking-teeth-poor
DEMOCRATAS BATIDOS NA GEÓRGIA
El País (22/06) – “As derrotas agudizam a crise interna dos democratas”
“O republicano Donald Trump tem a menor aprovação (39%) da história recente de um presidente no início de seu mandato. A Casa Branca está consumida no caos e Washington vive atazanado pela última revelação da trama russa ou o enésimo tuíte polêmico do mandatário. Trump está sendo investigado sobre se obstruiu ou não a justiça. Apesar de tudo isso, os republicanos ganharam as últimas quatro eleições especiais celebradas este ano. As derrotas —as últimas na terç-feira — têm agudizado a crise interna dos democratas desde as presidenciais de novembro.”
LINK (em espanhol): http://internacional.elpais.com/internacional/2017/06/22/estados_unidos/1498157192_808689.html
TRUMP E O MURO COM O MÉXICO
El País (22/06): “Trump quer que muro na fronteira com o México seja um painel solar”
“Estamos pensando em construir o muro como um muro solar que produza energia e se pague sozinho”, disse Donald Trump em um comício em Cedar Rapids (Iowa) nesta quarta-feira. O presidente dos Estados Unidos propôs que o muro que pretende completar na fronteira com o México seja revestido com painéis solares. “Muito criativo, não é? Foi ideia minha”. Trump defende que o “muro solar” será bom para o México porque esse país “terá que pagar muito menos” por ele. Desde a campanha eleitoral, o titular da Casa Branca insiste que fará o vizinho arcar com os gastos de um eventual muro. O México respondeu diversas vezes que em hipótese alguma assumirá essa exigência.”
LINK (em português): http://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/22/internacional/1498094733_713250.html
PUTIN E AS ELEIÇÕES DOS EUA
Washington Post (23/06): “A luta secreta de Obama para punir a Rússia pelo assalto eleitoral de Putin”
“No início de agosto, um envelope com extraordinárias restrições de manipulação chegou à Casa Branca. Enviado por correio da CIA, carregava instruções “apenas para os olhos” para que seu conteúdo fosse mostrado apenas quatro pessoas: o presidente Barack Obama e três assessores seniores. No interior havia uma bomba de inteligência, um relatório extraído de dentro do governo russo que detalhava o envolvimento direto do presidente russo Vladimir Putin em uma campanha cibernética para interromper e desacreditar a corrida presidencial dos Estados Unidos. Mas foi mais longe. A inteligência capturou as instruções específicas de Putin sobre os ambiciosos objetivos da operação – derrotar ou, pelo menos, danificar a candidata democrata, Hillary Clinton, e ajudar a eleger o oponente, Donald Trump. Nesse ponto, os contornos do assalto russo às eleições dos EUA foram cada vez mais evidentes. Os hackers com vínculos com os serviços de inteligência russos haviam investigado as redes informáticas do Partido Democrata, assim como alguns sistemas republicanos, há mais de um ano. Em julho, o FBI abriu uma investigação de contatos entre funcionários russos e associados da Trump. E em 22 de julho, cerca de 20.000 emails roubados do Comitê Nacional Democrata foram lançados online pelo WikiLeaks.”
LINK (em inglês): https://www.washingtonpost.com/graphics/2017/world/national-security/obama-putin-election-hacking/
UE E REINO UNIDO NEGOCIAM BREXIT
DW (19/06): “UE e Reino Unido iniciam negociações para o Brexit”
“Por trás dos sorrisos e dos gestos amigáveis de ambos está em jogo não apenas o futuro do Reino Unido, mas também a ordem política europeia do pós-Guerra e a posição da Europa no mundo, que corre o risco de sofrer grandes abalos caso não seja atingido um acordo até o prazo final para as negociações, em março de 2019.”
LINK (em português): http://www.dw.com/pt-br/ue-e-reino-unido-iniciam-negocia%C3%A7%C3%B5es-para-o-brexit/a-39314382
Editorial do The Guardian (23/06): “Brexit: errado antes, errado agora, errado no futuro”
“Os eventos dos últimos 12 meses, e as últimas 48 horas em particular, proporcionaram uma lição vívida na loucura do Brexit. Por um ano, Mrs. May a maior parte de sua liderança dentro do Partido Conservador tentando forjar – a palavra é apropriada – um novo acordo com a UE que será pior do que aquele que temos agora em todos os aspectos significativos: economicamente, socialmente e culturalmente. Em 8 de junho, os eleitores puxaram o tapete debaixo dos pés dela. O resultado é um processo do Brexit que estava errado em primeiro lugar, foi mal manipulado e agora falta credibilidade em casa e na UE. Há uma necessidade irresistível, e talvez um consenso crescente, de que a Grã-Bretanha mude suas prioridades do Brexit. Nós precisamos de uma relação mais próxima e mais engajada com a UE do que aquilo que a Mrs. May perseguiu tão ineficazmente.”
LINK (em inglês): https://www.theguardian.com/commentisfree/2017/jun/23/the-guardian-view-on-brexit-wrong-then-wrong-now-wrong-in-future
The Independent (22/06): “Jeremy Corbyn supera Theresa May pela primeira vez na preferência dos eleitores para melhor primeiro-ministro, pesquisa indica”
“Jeremy Corbyn superou a Theresa May pela primeira vez em uma pesquisa perguntando sobre quem seria o melhor primeiro-ministro. A pesquisa YouGov para The Times descobriu que 35 % dos entrevistados achavam que o líder trabalhista seria o melhor líder do país. A Sra. May ficou um ponto atrás de 34 por cento, enquanto 30 por cento disseram que não tinham certeza.”
LINK (em inglês): http://www.independent.co.uk/news/uk/politics/corbyn-theresa-may-poll-best-prime-minister-pm-latest-labour-conservatives-a7803911.html
LEGISLATIVAS NA FRANÇA
NY TIMES (18/06): “Grande vitória de Partido de Emmanuel Macron e aliados na França”
“Presidente Emmanuel Macron da França ganhou um selo crucial de aprovação no domingo quando os eleitores deram a ele e a seus aliados uma decisiva maioria nas eleições parlamentares, mas uma baixa recorde lançou uma sombra sua vitória, apontando para os obstáculos que ele enfrentará quando procurar reviver a economia e a confiança do país. Quando os eleitores foram contados, o partido Mr. Macron, La République en Marche, e seus aliados alcançaram 350 assentos de 577 membros na Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento.”
LINK (em inglês): https://www.nytimes.com/2017/06/18/world/europe/france-parliament-elections-emmanuel-macron.html
El Mundo (18/06): “Partido de Macron alcança a maioria absoluta nas legislativas francesas”
“A França Insubmissa de Jean-Luc Mélenchon, o carismático líder da esquerda chavista, conseguiu um grupo parlamentar de 27 cadeiras. Ficou muito atrás do Partido Socialista (44 cadeiras), cujos anos de implementação fizeram-se notar inclusive em seu pior momento, mas Mélenchon, eleito em Marselha, decidiu mostrar-se otimista. Considerou que a altíssima abstenção equivalia a uma “greve geral cívica” dos franceses e permitia aventurar uma dura “resistência social” ao “corte de liberdades e direitos laborais” que conformava o programa de Emmanuel Macron. Mélenchon prometeu que seu grupo exerceria a única “oposição real e implacável” no Parlamento”.
LINK (em espanhol): http://www.elmundo.es/internacional/2017/06/18/5945867a46163f2f2e8b45ce.html
MACRON E ASSAD
Reuters (21/06): “Macron diz que França não vê nenhum sucessor legítimo para Assad na Síria”
“Presidente Emmanuel Macron disse nessa quarta-feira que ele não vê nenhum sucessor legítimo para o presidente sírio Bashar al-Assad e que a França já não mais considera sua saída uma pré-condição para resolver o conflito de seis anos. Ele disse que Assad era um inimigo do povo sírio, mas não da França e que a prioridade de Paris era lutar contra grupos terroristas e assegurar que a Síria não se tornasse um estado falido. Seus comentários estiveram em evidente contraste com o governo anterior da França e fortaleceram a posição de Moscou que não há nenhuma alternativa viável para Assad.”
LINK (inglês): http://www.reuters.com/article/us-mideast-crisis-syria-france-idUSKBN19C2E7?il=0
BLOQUEIO AO CATAR
DW (23/06): “Países árabes exigem que Catar feche a Al Jazeera”
“A Arábia Saudita, o Egito, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, que há algumas semanas cortaram relações com o Catar, apresentaram nesta quinta-feira (22/06) uma lista de exigências para pôr fim à crise diplomática. Numa lista de 13 pontos – apresentada ao Catar pelo Kuwait, que está ajudando a mediar a crise – os quatro países árabes exigem o fechamento da emissora de televisão Al Jazeera e de uma base militar da Turquia no Catar, além da redução das relações diplomáticas do pequeno país árabe com o Irã.”
LINK (em português): http://www.dw.com/pt-br/pa%C3%ADses-%C3%A1rabes-exigem-que-catar-feche-a-al-jazeera/a-39384774
CURDISTÃO E INDEPENDÊNCIA
Folha de SP (22/06): “Busca por um Curdistão independente ingressa em nova fase”
“Para muitos curdos iraquianos, chegou a hora. No começo do mês, Masoud Barzani, presidente do Governo Regional do Curdistão (GRC), no norte do Iraque, anunciou que um referendo de aplicação não compulsória sobre a independência da região será realizado em 25 de setembro. As autoridades regionais dizem que desejam que os habitantes da área administrada pelo GRC, moradores de territórios há muito disputados (e ricos em petróleo) hoje ocupados por combatentes curdos, e até mesmo membros da diáspora curda espalhados pelo planeta votem sobre a criação de um Curdistão independente. Para Barzani e seus aliados, é a culminação de décadas tanto de luta quanto de acomodação política. Para o governo central iraquiano em Bagdá, é uma jogada incômoda que pode solapar ainda mais o país, já frágil. E para os vizinhos do Iraque e os Estados Unidos, o referendo só aumenta as dores de cabeça geopolíticas em uma parte do mundo já repleta de conflitos complicados.”
LINK (em português): http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/06/1895049-busca-por-um-curdistao-independente-ingressa-em-nova-fase.shtml
VENEZUELA
DW (20/06): “Corte venezuelana autoriza processo contra procuradora-geral”
“Luísa Ortega Díaz, que se posicionou contra a Assembleia Constituinte e critica o governo de Maduro, é acusada de cometer falta grave no exercício do cargo. Ação é movida por deputado chavista.”
LINK: http://www.dw.com/pt-br/corte-venezuelana-autoriza-processo-contra-procuradora-geral/a-39340790
Carta Capital (23/06): “Luisa Ortega, a procuradora chavista que se rebelou contra Maduro”
“Ortega é lembrada por denunciar os policiais que a Justiça condenou por participação no golpe de Estado contra Chávez em 2002, e também por promover a condenação, a quase 14 anos de prisão, do líder opositor Leopoldo López em 2014, acusado de incitar à violência nos protestos contra Maduro que deixaram 43 mortos. O cientista político Nicmer Evans, chavista crítico de Maduro, considera que o papel de Ortega será essencial para “reinstitucionalizar o país”. “Representa o chavismo digno, democrático, diante das pretensões totalitárias do madurismo”.”
ARGENTINA
Folha de SP (20/06): “Em ato realizado em estádio, Cristina Kirchner anuncia reentrada na política”
“Em ato realizado nesta quarta-feira (20) em um estádio em Avellaneda, Província de Buenos Aires, a ex-presidente Cristina Kirchner, 64, anunciou sua reentrada oficial na política argentina com uma nova aliança partidária, a Unidade Cidadã. A nova força deixa de fora o Partido Justicialista, legenda oficial do peronismo, e reúne outras agrupações e movimentos também peronistas. Num palco rebaixado no centro do gramado, Cristina discursou por cerca de uma hora. Pediu que não se vaiasse o atual presidente, Mauricio Macri, mas fez duras críticas aos ajustes que seu governo implementa desde a posse, em dezembro de 2015.”
LINK (em português): http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/06/1894428-em-ato-realizado-em-estadio-cristina-kirchner-anuncia-reentrada-na-politica.shtml
PERU E POSSÍVEL INDULTO PARA FUJIMORI
Terra (22/06): “Kuczynski afirma que “é o momento” de avaliar indulto para Fujimori”
“O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, afirmou nesta quinta-feira que “é o momento” de avaliar um possível indulto humanitário para o ex-governante Alberto Fujimori, condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade. Em declarações à emissora “Canal N”, Kuczynski disse que “é o momento de ver o tema”, que será analisado “com tranquilidade”. O governante peruano comentou que tomou muito cuidado de dizer que coisas se pode atribuir e que coisas não, em uma entrevista à revista inglesa “The Economist” na qual antecipou hoje essa opção.”
OPINIÃO E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL
REINO UNIDO
Portal de la Izquierda (16/06): “Eleições britânicas: derrota do establishment Tory, Corbyn reivindicado, políticas radicais de volta ao centro das atenções, May deve ser forçada a renunciar”
“Após o choque da Brexit, a Grã-Bretanha sofreu outro terremoto político. Theresa May está fadada ao esquecimento. Uma eleição convocada antecipadamente se transformou em um desastre Tory. O esperado êxito esmagador dos Tory, que deveria inaugurar décadas de governo Conservador, revelou-se um mito. Em vez disso, vimos a maioria do governo aniquilada por um Partido Trabalhista renascido sob a direção de Jeremy Corbyn.”
SinPermiso (18/06): “A noite eleitoral de Corbyn foi para os convencidos. Adiante agora!”, por Yanis Varoufakis
“Enfrentando um establishment blindado, emperrado na recuperação do controle sobre o Labour Party, Jeremy Corbyn manteve-se em seu terreno em nome de uma decência humana fundamental e, ademais, da Política Progressista de Princípios”.
LINK (em espanhol): http://www.sinpermiso.info/textos/reino-unido-la-noche-electoral-de-corbyn-fue-para-los-convencidos-adelante-ahora
VENEZUELA
BBC (22/06): “Nem governo nem oposição, como o chavismo crítico se perfila como uma alternativa na Venezuela”
“Entrar nos bairros populares de Caracas confirma o descontentamento de grande parte da população com o governo, mas também certa desconfiança ante a oposição majoritária. ‘Não votaria na oposição. E em Maduro, muito menos’. Essa frase me foi dita por várias pessoas numa recente visita no bairro de 23 de Janeiro em Caraca, tradicional bastião chavista. Repete-se em outras zonas populares, onde a oposição, agrupada na Mesa da Unidade Democrática (MUD) ganha terreno sobretudo pela estafa com o governo causada pela crise econômica. Uma pesquisa realizada em janeiro pelo instituto Datanálisis revelou que 42,9% dos entrevistados se definem como opositores. 17,7% como governista e 37% assegura não ter nenhuma tendência política.”
LINK (em espanhol): http://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-40283610
Esquerda.net (22/06): “Maduro ataca Procuradora e muda comandos militares”, por Carlos Santos
“Presidente da Venezuela muda comandos militares, dez dias depois do secretário-geral do Conselho de Defesa da Nação se ter demitido por discordar da convocação da Assembleia Constituinte. Governo e PSUV lançam-se contra Procuradora-Geral por esta defender Constituinte de 99 e Estado de Direito. Maduro, Governo e PSUV agravam conflito político e social.”
LINK (em português): http://www.esquerda.net/artigo/venezuela-maduro-ataca-procuradora-e-muda-comandos-militares/49348
MÉXICO E ZAPATISTAS
DN (19/06): “A médica indígena que tem o apoio zapatista para suceder a Peña Nieto”, por Susana Salvador
“María de Jesús Patricio admite não ter como objetivo chegar ao poder, só chamar a atenção para os problemas das comunidades Há quase três décadas que María de Jesús Patricio usa os conhecimentos de ervas medicinais que aprendeu com a avó para garantir cuidados de saúde para as pessoas vulneráveis da sua comunidade em Tuxpan, no estado mexicano de Jalisco. Mas para esta indígena da etnia nauatle (nome da língua que também era falada pelos astecas) não é só a sua comunidade mas todo o México que precisa de uma cura. Aos 57 anos, Marichuy, como é conhecida, foi escolhida pelo Conselho Indígena para ser candidata à sucessão de Enrique Peña Nieto nas presidenciais de 2018, contando com o apoio dos ex-guerrilheiros zapatistas.”
LINK (em português): http://www.dn.pt/mundo/interior/a-medica-indigena-que-tem-o-apoio-zapatista-para-suceder-a-pena-nieto-8572858.html
CANADÁ
Esquerda.net (22/06): “Esquerda ganha terreno em Quebec”
“A um ano das eleições no Quebeque, as sondagens colocam o Quebeque Solidário – liderado por Gabriel Nadeu-Dubois, líder dos movimentos estudantis de 2012 – numa trajetória ascendente com 18% das intenções de voto.”
LINK (em português): http://www.esquerda.net/artigo/esquerda-ganha-terreno-no-quebeque/49356
ALEMANHA E DIE LINKE
SinPermiso (16/06): “Die Linke se afasta um pouco mais do SPD”, por Thomas Schnee
“Uma plataforma verdadeiramente social, mas com divisões estratégicas frente a social-democratas e ecologistas: essa é a imagem nublada do programa adotado pelo Die Linke em sua convenção neste final de semana, perto de Hannover.”
LINK (em espanhol): http://www.sinpermiso.info/textos/alemania-die-linke-en-su-laberinto
SinPermiso (16/06): “A crise de identidade do Die Linke”, entrevista com Loren Balhorn
“Com as eleições parlamentares em setembro e a Alternativa für Deutschland (AFD), pronta para se converter na primeira força nacional de extrema-direita no país desde a Segunda Guerra Mundial, Selim Nadi conversou com o colaborador da Jacobin em Berlim, Loren Balhorn, sobre o ascenso do populismo de direita alemão, o estado da esquerda alemã, e o que aguarda”.
LINK (em espanhol): http://www.sinpermiso.info/textos/alemania-die-linke-en-su-laberinto
MEIO AMBIENTE
El País: “Um terço da humanidade enfrenta ondas de calor mortal”, por Joana Oliveira
“Um terço da população mundial está exposta a condições climáticas que produzem ondas de calor mortais devido à acumulação de gases do efeito estufa na atmosfera, e isso torna “quase inevitável” a ocorrência de mortes por altas temperaturas em vastas áreas do planeta. E as previsões para o futuro são ainda piores: a cifra chegará a 48% da população até 2100, mesmo que as emissões desses gases sejam reduzidas. Essas são as principais conclusões de um estudo realizado por geógrafos da Universidade do Havaí (EUA) que analisaram mais de 1.900 casos de mortes relacionadas ao calor nas últimas quatro décadas em 36 países.”
LINK (em português): http://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/20/ciencia/1497948259_516390.html
Outras Palavras: “Portugal – Causas ocultas do mega-incêndio”, por Jorge Paiva
“Um naturalista português explica: florestas foram substituídas por eucaliptos; e o campo desumanizou-se em favor da monocultura. Como isso tornou a tragédia inevitável?”
LINK (em português): http://outraspalavras.net/destaques/portugal-as-causas-ocultas-do-mega-incendio/
Já está no ar o programa “FLC Debates” com a cartunista Laerte Coutinho, que fala dos limites do humor, democratização da comunicação, governo Temer e outros assuntos no bate-papo com Juliano Medeiros. A cada semana um novo convidado para falar da conjuntura política e dos desafios e perspectivas para o campo da esquerda. Acompanhe!
Na noite da quinta-feira, 08/06, encerrou-se o III Salão do Livro Político realizado no Tucarena, na PUC-SP. O evento contou com a participação de mais de 30 editoras e uma extensa programação de debates ao longo de quatro dias. A organização coube às editoras Alameda, Anita Garibaldi, Autonomia, Boitempo e Sundermann, com o apoio das Fundações Lauro Campos, Maurício Grabois e Perseu Abramo.
Para Cauê Ameni, da Autonomia Literária e um dos organizadores do evento, “o III Salão do Livro Político mostrou todo seu potencial e vai se consolidando na agenda literária de esquerda. O peso simbólico de ter sido realizado na PUC-SP, palco da democracia na época da ditadura, revela que a instituição e o evento podem contribuir para a redemocratização do pais, desafiando o atual regime golpista”.
No último dia do Salão, houve o lançamento do livro “Cinco mil dias: o Brasil na era do lulismo”, organizado por Gilberto Maringoni e Juliano Medeiros. A obra traz a contribuição de 52 autores que realizaram um balanço dos 13 anos do PT frente ao Executivo Nacional e é uma co-edição da Boitempo Editorial com a Fundação Lauro Campos. Haverá um outro lançamento no dia 29/06 na sede da Fundação, em São Paulo, às 19h00.
Na sequência da sessão de autógrafos, ocorreu o debate “Socialismo ou barbárie”, com a participação de Márcio Pochmann (Fundação Perseu Abramo), Juliano Medeiros (Fundação Lauro Campos), Renato Rabelo (Fundação Maurício Grabois) e Ciro Gomes, com mediação de Rosana Borges. A íntegra do debate pode ser conferida no vídeo abaixo:
O III Salão do Livro Político contou com a participação de mais de 4 mil pessoas ao longo dos 4 dias da sua duração, e sua programação intensa incluiu diversas mesas de debates que contaram com a participação de Boaventura de Sousa Santos, José Arthur Giannotti, Eleonora Menicucci, Leda Paulani, Dilma Rousseff, Amelinha Telles, Michael Heinrich, Roberto Schwartz, Martín Hernández entre outros. Com periodicidade anual, os organizadores já planejam a próxima edição do evento.
A Fundação Lauro Campos é uma das apoiadoras do III Salão do Livro Político, que acontecerá entre os dias 05 e 08 de junho no TUCA-Arena, localizado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na capital paulista. Esta terceira edição do Salão envolve cerca de 30 editoras, oito a mais do que em 2015. Os livros serão oferecidos com descontos de 20% a 50%.
Durante os dias do evento, haverá uma intensa programação de debates com a participação de nomes como Boaventura de Sousa Santos, Maria Rita Kehl, João Quartim de Moraes, Michael Heinrich, José Arthur Giannotti, Luiz Bernardo Pericás, Pedro Serrano, Fabio Luis Barbosa dos Santos, Pedro Fassoni, Rafael Valim, Reginaldo Nasser, Tercio Redondo, Antonio Rago Filho, Lidiane Soares Rodrigues, Osvaldo Coggiola, Amelinha Teles, Antonio Carlos Mazzeo, Soraya Misleh, Leda Paulani, Jorge Grespan, Marcelo Carcanholo, Eleutério Prado, Martín Hernandez, Rafael Zanata, Maria Cecília Oliveira Gomes, Ludmila Abilio e Flavio Wolf de Aguiar, Juliano Medeiros, entre outros.
A programação completa do evento pode ser conferida na página http://salaodolivropolitico.com.br, pela página do evento no Facebook.
A Fundação Lauro Campos, além de ter apoiado a realização do Salão, estará presente distribuindo a revista Socialismo&Liberdade e ofertando suas mais recentes publicações, que incluem o livro “Um partido necessário: 10 anos de PSOL”, “Libertando a vida: a Revolução das Mulheres” e “Público X Privado em tempos de Golpe”, além das obras realizadas em parceria com outras editoras.
Serviço:
III Salão do Livro Político
Quando: 05 a 08/06/2017
Onde: TUCA (PUC-SP) – Rua Monte Alegre 1024
Entrada Gratuita
por Lucas Coradini *
Em 1958, Raymundo Faoro publicava Os Donos do Poder – formação do patronato político brasileiro, obra que se consagrou ao apontar a origem da corrupção e da burocracia no país. De acordo com o autor, toda a estrutura patrimonialista foi trazida de Portugal no período colonial, cristalizando-se na economia política brasileira desde então. Muito do que se pretende explicar hoje sobre o turbulento cenário político brasileiro seria possível fazê-lo através da releitura de Faoro. Entender a degenerada relação entre o público e o privado, empresários e políticos, capital e Estado, é a chave para compreender como o sistema político tem sido historicamente sequestrado por interesses particulares e a fragilidade de nossa democracia. Tornaria mais claro, enfim, identificar quem são os verdadeiros donos do poder hoje.
E chegaríamos então à conclusão que a democracia nunca coube no Brasil, e que as camadas populares jamais fizeram parte das estruturas de poder de fato. Que somos uma colônia de exploração desde sempre, com uma ligeira modernização mercantil orgulhosamente intitulada de agronegócio, que resume nosso papel no globo à produção de commodities. Que convivemos na quase totalidade de nossa história com regimes políticos conservadores e avessos aos avanços democráticos,frutos de uma aristocracia que perpetuou o trabalho escravo por três quartos da nossa história, e ainda fomos dos poucos países que após a independência manteve esse anacronismo por mais de meio século. Que tivemos a primeira legislação de proteção ao trabalhador somente em 1943, utilizando até então de um modelo servil característico do período pré-revolução industrial. Que nossa história republicana nasce das oligarquias e é atravessada por tantos golpes que a democracia parece ser o regime de exceção. Que desde o governo de Deodoro da Fonseca, passando pelo Estado Novo e pelo Regime Militar de 1964-1984, até os impedimentos de Fernando Collor e Dilma Rousseff, somos marcados por conspirações, golpes e rupturas. E, ao fim, que muito pouco mudou em relação às formas como os “donos do poder” imprimem seus interesses através das estruturas do Estado.
Com alguma perplexidade, a partir das investigações recentes, descobrimos que um grupo formado por pouco mais de dez empresas detém nas mãos – e nos bolsos – grande parte dos mandatários das casas legislativas, membros do executivo em todos os níveis da administração, e até do poder judiciário. Seja de forma legal, através de doações para campanhas, seja de forma ilegal, através de propinas, estas empresas impõem sua influência sobre as mais diversas legendas e sobre as mais diversas estruturas do Estado. Vemos constituir, assim, a bancada dos bancos, a bancada do boi, a bancada do cimento, a bancada da bíblia, a bancada da bala, e tantas outras quanto forem possíveis “comprar”, o que faz do jogo eleitoral um mero ato ficcional necessário para produzir algum senso de participação política popular. Um processo supostamente democrático enquanto, objetivamente, estamos diante da égide de uma ditadura do mercado. Os donos do poder encontram-se hoje nas grandes corporações empresariais, no agronegócio e nos meios de comunicação.
Apesar de a democracia nascer inserida no período de consolidação do capitalismo, percebe-se que as forças capitalistas vêm provocando sérios prejuízos ao modelo democrático. Para Schumpeter, alguns desvios do princípio da democracia estão atrelados à presença de interesses capitalistas organizados, ou seja, meios privados são frequentemente usados para interferir no funcionamento do mecanismo da liderança competitiva. Segundo o autor, os padrões do capitalismo impelem alguns grupos da sociedade a recusar as regras do jogo democrático, colocando em risco todo método político. O que vemos no Brasil vai além disso: utiliza-se das próprias regras do jogo democrático para o autobeneficiamento, a partir do instrumento do financiamento privado de campanhas que vincula a atuação da classe dirigente aos interesses de seus credores.
E é preciso destacar a violência simbólica que exerce essa ditadura do mercado, bem como as consequências da subordinação da democracia ao grande capital. Nas últimas eleições, JBS, Bradesco, Itaú, Vale, AMBEV, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, UTC e Queiros Galvão “doaram”, de forma legal, mais de 200 milhões a partidos políticos, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. Contudo, ilegalmente, somente a JBS teria distribuído 600 milhões a pelo menos 1829 políticos de 28 partidos em troca de contrapartidas no setor público ao longo dos últimos anos, naquilo que os corruptores chamavam de “banco de benevolência”. A Odebrecht chegou ao cúmulo de institucionalizar a atuação criminosa através de um “setor de propina” na empresa, que dispendeu entre 2006 e 2014 cerca de 10, 6 bilhões a políticos, valor que supera o PIB de 33 países. Recursos deslocados, há que se destacar, dos próprios cofres públicos, através de contratos superfaturados, perdão de dívidas fiscais e previdenciárias, e concessão de créditos subsidiados.
Preocupa que, diante do desvelamento dos mecanismos de apropriação do público pelo privado e da crise política e institucional colocada, não se vislumbre uma saída democrática e verdadeiramente alinhada aos interesses nacionais. Enquanto se engendra a queda do presidente envolvido em corrupção, as análises sobre os possíveis desdobramentos seguem pautados pela “reação dos mercados” ou pelas perspectivas de continuidade de reformas feitas sob medida para o grande capital. Mais do que discutir o sistema político que permitiu o sequestro do estado por corporações empresariais, ou a necessidade de resgatar a legitimidade da classe política a partir de eleições diretas, confabula-se sobre os possíveis nomes capazes de mediar a crise com os interesses corporativos dos donos do poder. Em outras palavras, se discutem as peças do tabuleiro mas não se discutem as regras do jogo. Enquanto isso, em nome de uma pretensa recuperação econômica, privilegiam-se justamente os interesses corporativos que levaram ao atual quadro, impondo uma agenda de retrocessos em conquistas sociais consagradas, como a legislação trabalhista e previdenciária, jamais submetida às urnas.
Trata-se de uma visível sobreposição da razão econômica em relação à razão social, como de fato o é desde que o Estado tem se resumido a um aparelho de lobismo para patrocinadores das campanhas, de relações clientelistas e patrimonialistas conflagradas com o setor privado, e de manutenção do sistema da dívida pública como meio de transfusão de recursos públicos para o capital financeiro. E daí decorre o problema da legitimidade. Como já apontava Habermas, com o avanço do capitalismo o sistema político vem sendo colonizado por meios de controle como o dinheiro, o mercado e a burocracia, até ocorrer um desacoplamento entre o sistema e o mundo da vida. Esse processo de diferenciação impulsionado pela modernização social, quando a instância política não atende às necessidades da sociedade civil, faz intensificar o conflito entre o sistema e o mundo da vida, naquilo que hoje se apresenta como uma enorme crise de representação. Ao mesmo tempo, as formas tradicionais de organização social encontram-se fragilizadas, colocando em descrédito o potencial de renovação de partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos, que têm se mostrado incapazes de canalizar os anseios e reivindicações populares emergentes.
Vivemos, portanto, um momento complexo, de crise política e institucional sem precedentes. Política, pelo agravamento da falta de representatividade e legitimidade da classe dirigente. Institucional, pela percepção de que os três poderes da república revelam-se colonizados por interesses privados. Que modelo de Estado é possível a partir desse cenário de crise das instituições, e em que as formas tradicionais de organização não apresentam respostas para os problemas colocados? Se nenhum partido ou movimento social têm capitalizado politicamente a ponto de fazer-se alternativa às transformações ensejadas, para onde convergirá as mudanças que devem marcar esse novo momento da república? O que, ou quem, terá condições de substituir essa classe política?
No momento em que se discute a mudança da Constituição para a realização de eleições diretas, deve-se considerar os riscos que a atual descrença na politica pode produzir num possível pleito presencial. Sejam eles: a adesão a lideranças totalitárias e aos discursos nacionalistas, que historicamente emergem nas crises; ou a adesão a lideranças populistas pretensamente dissociadas do metiê político, que ocultam suas bases ideológicas sob o discurso da não-política, mas geralmente ligadas ao mercado. Mesmo o retorno de Lula, que não se encaixa em nenhuma das alternativas anteriores, traria em si a manutenção da polarização estabelecida no cenário nacional desde as eleições de 2014, o risco de ingovernabilidade pela relação com a base parlamentar que chancelou o impeachment de sua sucessora, além do idêntico desgaste de todos os envolvidos nas investigações da Lava Jato. Por outro lado, se observada a Constituição e transigida a eleição indireta, a possibilidade de uma sucessão mediada com e pelos donos do poder é a consequência óbvia, em se tratando de uma indicação do atual Congresso.Nem uma nem outra opção dão conta de superar os dilemas que o país enfrenta, que passam necessariamente pela reformulação do sistema político e eleitoral. É preferível, antes, o avanço e aprofundamento das investigações da Lava Jato,uma drástica renovação da classe dirigente – especialmente do parlamento – e, sobretudo, um momento de inflexão sobre o Brasil que queremos e a democracia possível, num esforço de aproximação das estruturas de poder com os interesses populares.
Uma discussão que só tem ambiente para ser desenvolvida a partir de uma nova assembleia constituinte exclusiva, que aprofunde o debate sobre as reformas necessárias, incluindo as recentemente tramitadas. Uma constituinte realizada para além dos quadros político-partidários, agregando membros da academia, cientistas políticos, juristas, constitucionalistas, movimentos sociais e representantes dos diferentes segmentos que compõem o mosaico étnico e cultural brasileiro. Se a Constituição tem sido desfigurada para atender aos interesses mais obtusos dos donos do poder, como ocorreu com a emendado congelamento dos investimentos públicos por vinte anos, ou como ocorre em relação à reforma da previdência, que ela seja também revista para, de uma vez por todas, romper a ordem estabelecida e induzir algum nível de democratização das estruturas estatais. Está claro que o atual nível de desagregação institucional tem afetado a funcionalidade do Estado, e que todo legado da Lava Jato será inócuo sem transformar a estrutura política vigente, ou seja, sem prescrever um novo contrato social que repactue o papel do estado e a dinâmica de suas instituições. Tão importante quanto a pauta das eleições diretas, para retomar o poder de escolha a quem lhe é de direito, importa devolver o poder “de fato” à vontade popular, garantindo o alinhamento da representação política às agendas e programas submetidos às urnas.
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FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder – formação do patronato político brasileiro. Porto Alegre, Editora Globo, 1958.
HABERMAS, J. Teoría da Acción comunicativa I: racionalidad de la acción y racionalización social. 3. Ed. Madri: Taurus, 2001.
SCHUMPETER, Joseph. Capitalismo, socialismo e democracia . Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1984.
Lucas Coradini é mestre em Sociologia, Doutor em Ciência Política, e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul.
(artigo originalmente publicado na página Sul21)
O livro “Público X Privado em tempos de golpe”, organizado pelos professores Luiz Araújo e José Marcelino Pinto e publicado pela Fundação Lauro Campos, teve seu lançamento durante o XXVIII Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação, realizado nos dias 26 e 27 de abril na cidade de João Pessoa, Paraíba.
A obra reúne sete artigos escritos por 11 especialistas na área de financiamento da educação, e é uma colaboração da Fundação Lauro Campos com a Fineduca.
Já estão previstos lançamentos nas cidades de São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, que em breve serão divulgados. O evento em João Pessoa é o mais importante seminário de discussão sobre política de financiamento da Educação, e, durante o lançamento do livro, houve sessão de autógrafos com os autores presentes, além do organizador Luiz Araújo (foto abaixo).