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  • PT acolhe propostas do PSOL para programa de governo Lula à esquerda

    PT acolhe propostas do PSOL para programa de governo Lula à esquerda

    Reunião entre os partidos e suas respectivas Fundações, ocorreu nesta manhã (19/04) e avançou no consenso em torno das propostas apresentadas pelo PSOL

    Na manhã do dia, 19 de abril, em reunião na Fundação Perseu Abramo, em São Paulo, o PT acolheu as propostas do PSOL ao programa de governo de Lula, com pequenos ajustes. Assim, a candidatura do Partido dos Trabalhadores ganha importante viés à esquerda, se comprometendo a empreender esforços para reverter políticas neoliberais, acentuadas desde o golpe de 2016.

    Os dois partidos estiveram representados por Claudio Puty e Natália Szermeta, do PSOL, e por Aloizio Mercadante, Tereza Campello, Guilherme Mello, Pedro Rossi e William Nozaki, do PT. Essa foi a terceira reunião entre as duas legendas para discutir o assunto.

    “A reunião aponta para uma importante unidade em torno da derrota de Bolsonaro e do bolsonarismo dentro dos marcos programáticos que apresentamos para Lula e o PT. Agora caberá a Conferência Eleitoral do PSOL definir os rumos que o partido deve tomar diante da conjuntura que vivemos” afirma Natalia Szermeta, presidente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco. “Hoje passamos mais detalhadamente pelos 12 pontos programáticos apresentados pelo PSOL. Houve acordo em praticamente todos, com alguns ajustes na redação”, completou Claudio Puty, coordenador do debate de programa eleitoral do partido.

    “As propostas do PSOL são muito relevantes porque tratam do maior desafio que temos pela frente, que é combater a desigualdade e reconstruir esse Brasil. Essa aliança no campo da esquerda será fundamental para derrotar o bolsonarismo. Saímos daqui com a disposição de criar uma mesa de diálogo permanente, aprofundar essas diretrizes e, ao mesmo tempo, aguardar a convenção eleitoral do PSOL para que, a partir daí, ele se integre plenamente ao conselho político da campanha do Lula e à coordenação do programa de governo”, afirmou Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo.

    Entre as principais propostas programáticas do PSOL que foram acolhidas estão a revogação da reforma trabalhista e da reforma da previdência. “Consideramos fundamental o compromisso assumido hoje de revogaço das reformas anti-povo, implementadas desde o golpe. Além disso, importante destacar também a convergência em torno de propostas de combate a crise climática, incluindo o tema da transição energética e um novo modelo de desenvolvimento da Amazônia, bem como a concordância de enfrentarmos as desigualdades e esse modelo tributário nefasto e injusto”. explica Szermeta.

    No segundo ponto, os partidos identificaram a necessidade de reconstruir a seguridade e a previdência social para ampla inclusão dos trabalhadores. “Concordamos, ainda, sobre a revogação do teto de gastos e a necessidade de criar um novo marco fiscal”, disse Puty.

    Os eixos programáticos definidos pelo PSOL para fundamentar as negociações foram lançados em fevereiro e estão reunidos na plataforma “Direito ao futuro: diálogos do PSOL para reconstruir o Brasil” (programa.psol50.org.br).

    A conferência eleitoral do PSOL – para aprovar o caderno programático do partido, que ainda está em debate com a militância, e o apoio a Lula, retirando a possibilidade de candidatura própria – ocorrerá na manhã do dia 30 de abril, em São Paulo, com assessoria de imprensa do PSOL Nacional.

  • Pesquisa indica que imprensa brasileira reconhece ganho das Leis de Cotas

    Pesquisa indica que imprensa brasileira reconhece ganho das Leis de Cotas

    Estudo realizado pelo NEIAB (Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-brasileiros) da Universidade Estadual de Maringá mostra que a grande mídia mudou seu posicionamento a respeito da Lei 12.711/2012 (Lei de Cotas) e que a reconhece como uma política antirracista, diferente de dez anos atrás, quando a Lei entrou em vigor.

    O relatório do NEIAB mostra que entre junho e novembro de 2021, 60,7% dos argumentos publicados sobre a Lei de Cotas são favoráveis à política, 26% são neutros e 10,3% contrários.

    “Nós temos a imprensa como um terreno de disputa, de luta por ideias. Devemos reconhecer a mídia jornalística, porque ela tem um impacto e é um dos lugares por onde as pessoas se informam sobre as questões sociais. A imprensa profissional continua tendo o seu papel fundamental nesse debate [sobre cotas]”, explicou supervisor do estudo e pesquisador da ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as), Delton Aparecido Felipe, em entrevista para a Folha.

    Leia a matéria da folha na íntegra em:

  • Direito ao Futuro- PSOL

    Direito ao Futuro- PSOL

    Nós temos direito ao futuro!

    O PSOL lançou nessa quarta-feira (16), em Brasília, a plataforma Direito ao Futuro, que organizará o processo de construção das propostas do PSOL para a unidade das esquerdas nas eleições 2022. Nosso objetivo é colocar no centro do processo eleitoral o debate sobre o programa para a reconstrução do Brasil.

    A plataforma é dividida em 5 eixos: economia, trabalho e renda; ampliação dos direitos sociais; Direitos Humanos e combate às opressões; meio ambiente, crise climática e transição energética; e democracia, instituições e relações internacionais.

    O processo é organizado em 3 fases. Na primeira, que se inicia hoje, você pode acessar a plataforma digital e fazer as suas propostas no eixo que escolher. Na segunda, faremos eventos temáticos em todas as regiões do país, ao mesmo tempo em que a plataforma estará recebendo avaliações em torno das propostas selecionadas. Na terceira e última fase, sistematizaremos as propostas finais para organizar o documento que será apresentado para as demais organizações da esquerda.

    👉 Acesse: https://programa.psol50.org.br/

  • APONTAMENTOS SOBRE A ÚLTIMA PESQUISA ELEITORAL E A AVALIAÇÃO DO GOVERNO, NOS TRÊS ANOS

    APONTAMENTOS SOBRE A ÚLTIMA PESQUISA ELEITORAL E A AVALIAÇÃO DO GOVERNO, NOS TRÊS ANOS

    APONTAMENTOS SOBRE A ÚLTIMA PESQUISA ELEITORAL E A AVALIAÇÃO DO GOVERNO, NOS TRÊS ANOS

    Andrea Caldas, Militante do Fortalecer o PSOL, Professora e pesquisadora de Políticas Educacionais – UFPR

    Em novembro do ano passado, publiquei um artigo na Revista Socialismo e Liberdade da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, com a avaliação do governo Bolsonaro até 2020 e as possibilidades de cenários que se desenhavam.

    A última pesquisa divulgada, recentemente, sobre o cenário eleitoral e a aprovação do governo permite atualizar aquela análise, a partir dos dados abaixo destacados.

    PESQUISA ELEITORAL 

    No levantamento realizado de forma espontânea, 49% dos entrevistados afirmam estarem indecisos, 6 pontos percentuais a menos do que o índice registrado na última pesquisa, feita em outubro.

    Lula aparece com 29% das intenções de voto, 7 pontos percentuais a mais do que alcançado no levantamento anterior. Em seguida, aparece Jair Bolsonaro com 16%, queda de 1 ponto percentual em relação à pesquisa passada.
    Entre outubro e novembro, a preferência do eleitor em Lula passou de 42% para 46%. Já a torcida para que Bolsonaro vença, baixou de 23% para 22% no mesmo período. O percentual de eleitores que não votariam nem em Lula nem em Bolsonaro, por sua vez, encolheu de 29% para 25% na mesma base de comparação.

    Brancos, nulos ou eleitores que não pretendem votar, somam 4%, o mesmo resultado de outubro; 2% disseram que devem escolher outros candidatos, 1 ponto percentual a mais em relação à pesquisa anterior, e 1% declarou que votaria em Ciro Gomes, mesmo resultado observado em outubro. (Pesquisa Genial/Qaest- entre 3 e 6 de novembro)

    Se olharmos para os números das eleições de 2018, veremos que o percentual de votos brancos e nulos foi mais elevado do que perspectivado na pesquisa acima citada, o que parece demonstrar uma polarização mais acentuada, nos dias de hoje.
    O resultado projetado de Lula já é maior – um ano antes da eleição- do que o conquistado por Haddad em 2018.
    Resultado das eleições de 2018:

    Bolsonaro; 55, 13%
    Haddad: 44,87%
    Brancos e nulos: 9,57%

    Analisando os resultados do primeiro turno de 2018, bem como as projeções da pesquisa atual, veremos que a tão propalada saída ao centro ou terceira via sempre foi uma lenda. Nem em 2018, os candidatos(as) de fora da “polarização” se destacavam, nem hoje parecem decolar. Resultados do primeiro turno em 2018:

    Bolsonaro: 46%
    Haddad: 29, 28%
    Ciro: 12,47%
    Alckmin: 4,76%
    Amoedo: 2.50%
    Daciolo: 1.26%
    Meirelles:1,20%
    Marina Silva: 1%
    Alvaro Dias: 0,80%
    Boulos: 0,58%
    Vera: 0,05%
    Eymael: 0.04%
    Joao Goulart Filho: 0,03%
    Brancos e nulos: 8,79%

    Projeções para 2020

    A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (10) mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 48% das intenções de voto para as eleições presidenciais de 2022, contra 21% do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Neste cenário, eles são seguidos pelo ex-ministro Sergio Moro – que se filiou ao Podemos nesta quinta –, com 8%; pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 6%; pelo governador de São Paulo, João Dória (PSDB), com 2%; e pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), com 1%. Felipe d’Avila (Novo) não pontuou. Os votos brancos e nulos somaram 10%, e 4% dos eleitores se declararam indecisos. (CNN/Brasil)

    É óbvio que estamos falando de uma projeção com um ano de anterioridade e que o número de indecisos, no levantamento espontâneo, é expressivo. Mas, as tendências de consolidação de Lula na liderança, de derretimento de Bolsonaro e das dificuldades (para ser generosa) da tal da terceira via colar não podem ser desconsideradas.

    SOBRE A APROVAÇÃO DO (DES)GOVERNO

    Segundo os dados da pesquisa Genial/Qaest, ‘a aprovação do governo Jair Bolsonaro (sem partido) atingiu o pior momento no ano. De acordo com o levantamento, 69% dos entrevistados acham que Bolsonaro não merece mais quatro anos de governo, em sintonia com a piora das perspectivas em relação à economia, uma vez que para 73% dos entrevistados houve piora na situação econômica.’

    “O levantamento constatou que Bolsonaro vem perdendo popularidade inclusive entre quem votou nele em 2018. Até agosto, 52% de seus eleitores avaliavam o atual governo como positivo, contra 15% que consideravam negativo. Agora, esses índices são 39% e 28%, respectivamente. Na primeira edição da sondagem, em julho, os percentuais de eleitores que consideraram o governo Bolsonaro negativo era de 45% e positivo, 26%. Como o avanço da vacinação, a pandemia deixou de ser o principal problema do país desde setembro, conforme os dados da pesquisa. Enquanto isso, a economia disparou com o maior percentual de respostas sobre a maior preocupação dos brasileiros, chegando a 48%, em novembro, no agregado. Entre os principais problemas econômicos, o crescimento econômico, o desemprego e a inflação foram os mais lembrados. Já o maior problema social do país para os entrevistados foram a fome e a miséria.”

    Bolsonaro lidera a lista dos candidatos com maior rejeição entre os eleitores que afirmam que não votariam (67%). Na sequência, Sergio Moro (61%), João Dória (58%), Ciro Gomes (58%) e Lula (39%), Rodrigo Pacheco (36%), Eduardo Leite (29%) e Felipe DÁvila (20%). (Rosana Hessel, Correio Brasiliense)

    Do artigo GOVERNO BOLSONARO: CONFLITOS, CONTRADIÇÕES E PERSISTÊNCIAS ressalto:

    Avaliação do governo até 2020: Nestes quase dois anos de governo, Bolsonaro havia mantido um platô de aprovação em torno de 30% , empatado com a rejeição e a abstenção, com algumas eventuais oscilações, conforme podemos observar nos dados abaixo:

    Jul/19 Dez/19 Abr/20 Mai/20 Jun/20 Ago/20
    OT/B 33% 30% 33% 33% 32% 37%
    R/P 33% 36% 38% 43% 44% 34%
    Reg. 31% 32% 26% 22% 23% 27%

     

    Percebe-se que mesmo quando atingiu seu maior índice de aprovação, em agosto de 2020, o número ainda era substancialmente inferior aos últimos presidentes. Lula chegou a ter 83% de aprovação; Dilma, 56% e Fernando Henrique Cardoso; 47%. (Dados do DataFolha).

    A oscilação positiva, à época, coincidia com a implantação do auxílio emergencial – proposta da oposição, capitalizada pelo governo. Por outro lado, já havia a hipótese de que uma vez reduzido o benefício, para se ajustar à ortodoxia econômica de Paulo Guedes, esta aprovação sazonal derreteria, como de fato ocorreu.

    Ao final do texto, eu concluía (concluo)

    Há movimento, há espaço de ação e atuação, mas, há também decepção, apatia, miserabilidade e medo. O grande desafio do campo da esquerda é – como sempre- entender a realidade, conectar-se com o sentimento e a percepção das pessoas, e especialmente, disputar a crença na possibilidade de um outro mundo e uma outra realidade inclusiva, justa, igualitária e democrática.

    Não acredito que haja uma única agenda, nem mesmo uma pauta exclusiva. Se são complexos e diversos os grupos que compõem nossa ampliada classe trabalhadora ou “a classe dos que vivem do trabalho”, complexas e combinadas devem ser nossas respostas. Sigamos com coragem e tenacidade!

  • O custo Bolsonaro: um panorama socioeconômico da crise

    O custo Bolsonaro: um panorama socioeconômico da crise

    O custo Bolsonaro: um panorama socioeconômico da crise

    Retrato estatístico da crise humanitária que a população brasileira vive em termos de fome; queda na renda; inflação e desemprego

    Por Liderança da Bancada do PSOL
    Texto originalmente publicado por Psol na Câmara

    A pandemia veio agudizar as mazelas das políticas econômicas neoliberais impostas ao conjunto da sociedade desde 2015 e que ganharam contornos dramáticos após o golpe de 2016 e a eleição de Bolsonaro. Desta forma, a pandemia se abateu no Brasil em um momento de profunda vulnerabilidade socioeconômica que conjugava altas taxas de desemprego e precarização no mundo do trabalho; baixo grau de proteção social e subfinanciamento de serviços essenciais como a saúde pública

    Leia aqui o artigo na íntegra

  • Um passo importante na construção da consciência de classe! – Por Francisvaldo Mendes

    Um passo importante na construção da consciência de classe! – Por Francisvaldo Mendes

    Um passo importante na construção da consciência de classe!

    Por Francisvaldo Mendes
    Presidente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco

    Chegamos ao final de nosso mandato a frente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco com o dever cumprido dos objetivos traçados no inicio da gestão de investir na formação politica e na construção da fundação de forma democrática de atuação, com respeito a pluralidade de concepções existente no PSOL, contemplando as diversas correntes políticas internas, sem deixar de acolher as visões para além do partido, sem descambar para o vale tudo do pensamento acadêmico, sempre com um corte ideológico de esquerda e classista na defesa do aprofundamento dos debates políticos dos militantes do PSOL, dos movimentos sociais e de militantes da esquerda em geral.

    Sabemos que muito há o que fazer para avançar rumo à construção da própria consciência de classe, que é sempre uma tarefa mais árdua, mas que não pode ser esquecida. Nós, socialistas, temos consciência que para avançar na superação do capitalismo precisamos investir em formação coletiva, organização e muita ação solidária e colaborativa para um projeto em favor da vida e de transformação social.

    Porém, cumprimos o objetivo principal de apresentar uma gestão com teor político diante da conjuntura que tenteou responder com fidelidade o período em que vivemos, para além do doloroso impacto da exploração que o capitalismo nos impõe – ainda vivemos as mais duras consequências do pior governo existente no Brasil – e nos estimulou a enfrentar esses tempos nebulosos, com investimentos em formação, diálogos, cursos, seminários, organização e luta, combinando as inteligências singulares na ação coletiva em favor de todas as pessoas que vendem a força de trabalho para viver.

    Entendemos que a Fundação Lauro Campos e Marielle Franco e o PSOL são espaços coletivos de toda diversidade interna do PSOL, que colaboram com o crescimento da consciência, das ações e da inteligência coletiva de toda a nossa classe. A construção da unidade exige investimentos qualificados em democracia e participação coletiva, que sempre foi a prática desta gestão. Portanto, as contribuições foi para além de pensar na unidade das lutas muito necessárias para a esquerda avançar em defesa da vida, também abordam os vários elementos centrais a fim de ampliar e fortalecer o PSOL.

    A conclusão do nosso mandato representou o avanço em favor da classe que vive da venda da força de trabalho e do avanço de todos os aspectos da democracia e da liberdade pois somos herdeiros e sujeitos de uma luta histórica em favor da vida, da dignidade humana, da democracia e da liberdade. Nossa bandeira e o projeto que nos organiza, com toda nossa diversidade e inteligência, é o socialismo.

    Dessa forma, se encerra uma gestão mas seguiremos cada vez mais fortes e ativos para construir um país em que o respeito, a vida, a dignidade e o trabalho tenham fundamentos de inspiração e potência através da militância socialista que seguirá construindo o SOCIALISMO E LIBERDADE no Brasil e no Mundo.

    Um abraço.

  • Sobre a Petrobras

    Sobre a Petrobras

    Sobre a Petrobras

    Por Eduardo Costa Pinto*

    A política de preços da Petrobras (Política de Paridade de Importação) permite a empresa exercer o seu poder de mercado por meio da prática de preços monopolistas nas refinarias, buscando maximizar os lucros (margens de lucro e rentabilidade sobre o patrimônio líquido) para os seus acionistas, em detrimento dos consumidores que passaram a pagar mais caro pelos derivados.

    Com a adoção do PPI, a Petrobras deixou de funcionar como um instrumento da política energética do Estado brasileiro – que deveria ter como objetivos garantir, ao mesmo tempo, a segurança de abastecimento, o crescimento econômico e o acesso energético aos mais vulneráveis – para se tornar uma empresa que está estritamente voltada para a sua acumulação interna de capital.

    Para isso tem maximizado os seus lucros, com a precificação de derivados vendidos no mercado interno, atrelando-a ao dólar e ao preço internacional de petróleo e derivados, sendo que apenas cerca de 1/3 de seus custos de produção de petróleo e refino possuem uma aderência ao câmbio e os preços internacionais.

    Isso tem proporcionado à Petrobras, desde 2020, margens de lucro (lucro líquido sobre receitas de vendas); retorno sobre o patrimônio líquido (ROE); e geração de caixa operacional sobre a receita de vendas líquida, no mínimo, três vezes superior à média das maiores petroleiras internacionais. No 3T2021 (acumulado de 12 meses), a Petrobras apresentou uma margem líquida, um ROE e uma geração de caixa operacional sobre a receitas de vendas, respectivamente, de 34%, de 36,2% e de 48%; ao passo que a média das grandes petroleiras no mesmo período foi de 4,6%, 7,2%, e de 16%. A Petrobras está obtendo superlucros, muito acima do setor, sobretudo às custas dos consumidores brasileiros.

    Os dados abaixo evidenciam o exercício do poder de mercado da Petrobras (com o PPI) que está auferindo maiores lucros e geração de caixa operacional, no cotejo com as maiores petroleiras, que são utilizados para realizar antecipações de pagamento de dívidas (cerca de R$ 100 bilhões; mesmo quando a relação Dívida líquida/EBITDA no acumulado 12 meses da Petrobras já estava abaixo da média das médias das petroleiras estrangeiras desde o 1T2021) e remunerações extraordinárias para os seus acionistas (R$ 63 bilhões em 2021).

    E tem analista de mercado dizendo que a Petrobras não tem caixa para bancar um subsídio significativo. Piada se não fosse trágico, com tanta gente sem dinheiro para conseguir comprar um botijão de gás, que já representa cerca de 10% do salário-mínimo.

    *Eduardo Costa Pinto é professor do IE/UFRJ e pesquisador do INEEP.

  • ESTAMOS ULTRAPASSANDO O LIMITE DA BARBARIE

    ESTAMOS ULTRAPASSANDO O LIMITE DA BARBARIE

    ESTAMOS ULTRAPASSANDO O LIMITE DA BARBARIE

    Por Francisvaldo Mendes, presidente da FLCMF

    Podemos reafirmar que no grau de civilização atual que predomina no mundo, ainda mais nas Américas, a Barbárie é uma realidade. Vivemos ainda nos lamentos da pré-história e, a cada dia, somos forçados e enterrados ainda mais nos foceis da barbárie. Por vezes sentimos que todas as conquistas acumuladas são massacradas pelo sistema de exploração que é progressivamente imposto no capitalismo.

    As cenas de pessoas procurando por alimentos no lixo quase todos os dias em todo o país amplia os sentimentos de repulsa e indignação em quem aposta ou deseja alcançar a dignidade humana. As pessoas que aparecem nas notícias e mensagens postadas recolhendo a sobra estragada de comida, encontram-se em tal situação devido a uma política imposta, principalmente pelo governo federal aqui no Brasil. A garantia do lucro ganha perfil ainda mais indigno no executivo do governo brasileiro. Para que seja garantido o lucro das empresas, dos bancos e de um grupo seleto de oportunista de burgueses, a vida é massacrada, diminuída e tirada sem qualquer pudor.

    O sistema capitalista é direcionado para saquear todas as formas de sobrevivência do ser humano em um contínuo e progressivo modelo de necropolitica que é imposto para a maioria das pessoas. Os burgueses que controlam as coisas e a grande maioria de homens e mulheres agem, com auxílio da maioria dos “chefes de governos”, eleitos ou não, para degradar, cada dia mais, a dignidade, o corpo, a mente, a esperança e a relação humana. E, neste processo, o governo atual que há no Brasil atua saqueando a vida e exterminando com a dignidade.

    A maioria das pessoas que existem no Brasil são violentadas por dentro e por fora, sentem os mais pesados golpes da exploração e o que muda é apenas a escala das opressões e golpes. Isso exige que os sujeitos, trabalhadores e trabalhadoras, enfrentem com altivez e determinação esses cenários bárbaros que indicam um total desrespeito pela maioria das pessoas.  e pelas leis existentes no Brasil e, até mesmo, pela Constituição (dita lei máxima).

    Registra-se que é sim por obra da política hegemônica, principalmente do atual Governo Federal, a imposição da atual situação de doença e morte que massacra a maioria da população brasileira. Mas, a desumanidade e cada dia mais latente e quando temos um sistema que garante mesmo que com amparo da lei que recebam salário cerca de 50 vezes superior ao salário-mínimo atual, e apareça como se fosse natural tais ações absurdas. E não se trata do compreensível, muito menos aceitável, que a grande maioria das pessoas seja brutalizada na sociedade.

    A política atualmente imposta, no contexto da necropolitica, atinge como alvos pessoas que estão em condição de rua, nas favelas e periferias das cidades brasileiras e são as que mais sofrem o impacto arrasador da política para forçar a manutenção e ampliação do lucro, com ampliação progressiva do sistema da relação social de exploração. É neste contexto de morte aberta, no qual mais de 600 mil pessoas já padeceram, que o Ministro da Economia “brinca” de paraíso fiscal a custas do dinheiro público. Deputados, viajam, confabulam e negociam emendas para se beneficiar, e os corporativismo se aproveitam do momento para resguardar ou ampliar suas “mamatas”.

    Assim, o governo aprofundando a lógica do sistema, diverte-se com a retirada da vida como se fosse comédia diária para as pessoas que já tiveram a vida diminuída e para as pessoas que terão a vida furtada efetivamente, seja com a humilhação de colher comida no luxo, seja de enfrentar o desemprego crônico e estrutural para que a versão do capitalismo em curso, tendo na linha de frente o Governo Federal garanta o lucro e a diminuição do tempo de vida dos pobres.

    São pessoas que distantes de qualquer “salário”, independente que qual força de trabalho e que trabalho concreto pode executar, estão infinitamente distantes da vivência mínima com dignidade, do acesso educação, moradia, e dos organizadores do poder no Estado. Afinal, as desigualdades que chegam em todas as esferas humanas não chegam nos organizadores do poder que tomam o governo central brasileiro.

    Frente tais condições pelas quais passamos ações contundentes para organização, mobilização, formação com composições coletivas são fundamentais para fazer valer quem somos e o lugar da dignidade para a maioria das pessoas. Precisa-se exigir e conquistar que o Estado assuma a vida como valor universal e não seja impositor da morte. Para além de atuar contra a atuação do governo federal atual, precisamos ser as pessoas que organizadamente se colocam como artífices para garantir e ampliar a dignidade humana.

  • O projeto de exclusão social de Guedes e Bolsonaro

    O projeto de exclusão social de Guedes e Bolsonaro

    O projeto de exclusão social de Guedes e Bolsonaro

    A Coreia do Sul retratada em Round 6 e o capitalismo brasileiro

    Por Eduardo Borges*

    Texto publicado originalmente no site A Terra é redonda

    O economista coreano Há-Joon Chang, professor de Economia Política do Desenvolvimento na Universidade de Cambridge, escreveu um livro instigante intitulado 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo. O professor Chang tem demonstrado em seus trabalhos uma perspectiva bastante crítica em relação ao funcionamento do sistema capitalista nos levando a relativizar alguns clichês do economês liberal que muito pouco dialoga com a vida real nas sociedades capitalistas.

    O fato dele ser coreano é relevante. A Coreia do Sul e os chamados Tigres Asiáticos foram, a partir dos anos 1980 do século XX, a principal peça de propaganda do suposto triunfo de um modelo de capitalismo em alternativa ao já desgastado modelo ocidental. Mais do que isto, nos parece que a indústria cultural coreana está sendo realmente assimilada pelo mundo ocidental. A estética anime é sucesso entre os adolescentes do mundo. Desde o Oscar entregue a Parasita tornando-o o primeiro filme em língua estrangeira a ganhar o prêmio de melhor filme da Academia de Cinema americano e o sucesso do K-pop e sua mistura de gêneros, que os coreanos caíram no gosto popular. O sucesso mundial da série Round 6 é somente uma consequência lógica de uma indústria cinematográfica que vem se constituindo em uma das mais originais e vigorosas do mundo.

    O que temos a aprender com os asiáticos? Seriam eles donos de uma superior inteligência estratégica, resultados de suas respectivas culturas milenares? No Brasil, a Coreia do Sul passou a ser a principal referência de um capitalismo triunfante e conquistou vigorosamente os corações e mentes dos liberais brasileiros. A burguesia brasileira encontrou no desenvolvimento industrial coreano um exemplo de primo pobre (Brasil e Coreia do Sul são periferias do Sistema Mundo Capitalista), que conseguiu triunfar apostando em mais capitalismo. Mesmo nesse caso, nossa burguesia se mostrou medíocre e desonesta. Não se preocupou em sofisticar a análise do “triunfo” coreano e tampouco buscou incorporar as ações desenvolvimentistas da burguesia coreana. Já nos lembrou Florestan Fernandes que nossa burguesia é atavicamente contrarrevolucionária. Eu complemento dizendo que ela é “patologicamente” entreguista, insensível e usurária. Muito se fala que o governo Lula aproveitou os bons ventos vindos do mercado externo, mas, no entanto, não aproveitamos suficientemente para criarmos uma Samsung ou uma Hyundai.

    Por outro lado, se em algumas décadas atrás já tivemos uma economia melhor que a coreana, parte do “sucesso” do capitalismo coreano é assim explicada pelo economista Uallace Moreira: “(…) é inegável que a coesão entre Estado orientado por uma elite desenvolvimentista e oligopólios privados que aceitavam – e em certa medida influenciavam – a oferta de subsídios e a orientação estratégica estatal maximizou a oportunidade externa.”[1]

    Esta é a diferença básica entre Brasil e Coreia do Sul, nunca tivemos uma elite que pudéssemos chamá-la de desenvolvimentista. Contudo, pouco importa que a elite coreana seja mais preocupada com o desenvolvimento nacional do que a brasileira, no final das contas (e isto será explicitado em Round 6) o povo será sempre um número enquanto estivermos submetidos às regras e à ética (ou falta dela) de um selvagem e excludente capitalismo seja coreano ou brasileiro.

    Além disso, para o brasileiro médio, adepto da tese vulgar de que um país só se torna rico se investir em educação, a Coreia do Sul passou a ser a melhor expressão desta tese, sobre isto o citado professor Chang, para decepção de muitos, escreveu: “O que realmente importa na determinação da prosperidade nacional não é o nível de instrução das pessoas e sim a capacidade da nação de organizar pessoas em empreendimentos com uma elevada produtividade.”[2]

    Os liberais brasileiros, a exemplo do deputado federal Kim Kataguiri, sempre muito ciosos de sua subserviência ao capital internacional, fazem questão de encobrir o fato de estarmos correndo em círculo quando insistimos no argumento de que a educação fará do Brasil um país mais rico e desenvolvido. Com o grau de mecanização e com o uso cada vez mais indiscriminado de alta tecnologia nos meios de produção, uma boa parte da força de trabalho, seja nos países ricos ou nos periféricos, estará cada vez mais “repondo mercadorias nas prateleiras dos supermercados, fritando hambúrgueres em restaurantes fast-food e fazendo faxina em escritórios”.[3] O “liberal” brasileiro segue obtuso e repetidor de mantras econômicos já superados até mesmo entre os liberais do centro do capitalismo mundial.

    Mesmo diante de todas as evidências negativas das políticas econômicas neoliberais, criadora de pobres e miseráveis, os ultraliberais brasileiros (representados pela turma do ministro Paulo Guedes) preferem encampar uma estratégia de desenvolvimento, que insiste em reproduzir a velha lógica do surrado Consenso de Washington, e se colocam em defesa de uma gama de clichês neoliberais como o Estado mínimo, que inclui desconstruir completamente qualquer tipo de seguridade social, uma reforma trabalhista que atinge de morte as relações de trabalho precarizando a proteção social da classe trabalhadora e o forte investimento em um sistema econômico concentrador de renda e gerador de exclusão social.

    Porém, não contavam nossos empedernidos liberais, eternos fãs do “triunfo coreano”, que uma obra de ficção causaria um impacto no mínimo constrangedor às suas teses econômicas. A série sul-coreana intitulada no Brasil de Round 6 (o nome original é Jogo da Lula ou Squid Game) ganhou telespectadores em todo o mundo e ao ser vista em 90 países bateu todos os recordes de audiência da famosa plataforma de streaming Netflix.

    Não sei até que ponto vou dar spoilers, mas a série gira em torno de um jogo mortal jogado por indivíduos em condições de vulnerabilidade social que enxergam no prêmio bilionário ofertado pelo jogo a solução de seus problemas pessoais. A princípio poderíamos argumentar que a série se torna interessante pelo fato de que os elementos que compõem sua estrutura central configura a melhor expressão do conflito de gerações que se impôs no século XXI com a consolidação da internet e das redes sociais. É muito comum que pais criados nos anos 70 e 80 insistam, ao argumentarem com seus filhos conectados, no desgastado discurso do “no meu tempo nós brincávamos de pião e bola de gude”.

    Estamos definitivamente na era da geração digital. Trata-se de uma geração que em decorrência de um estratosférico desenvolvimento tecnológico foi obrigada a ressignificar o próprio conceito de divertimento. A série faz um apelo a um visual colorido com cenários que remetem aos primeiros jogos eletrônicos. A estética retrô não deixa de ser uma estratégia de provocar certa nostalgia na audiência, ainda que se mantenha no universo da sempre atualizada diversão tecnológica. A escolha, como desafios aos participantes, de jogos que remetem a uma infância remota, certamente é proposital pela capacidade de terem uma linguagem de fácil entendimento e por sua universalidade. Isto fica mais bem caracterizado quando o roteirista opta em explicar na abertura da série as regras do “Jogo da Lula”, talvez por ser uma brincadeira restrita ao universo mental de uma criança coreana. Depois disso, o que temos é o velho cabo de guerra e a bola de gude. A série até pode ser acusada de apelar para uma violência exagerada, mas a cultura pop ocidental já foi devidamente “amaciada” pela estética lisérgica dos filmes de Quentin Tarantino.

    Depois de arrebatar a “plateia” com o uso estratégico da comunicação visual, Round 6 penetra em nosso consciente crítico ao colocar a audiência em contato com um discurso explicitamente político/social sobre a Coreia do Sul do século XXI.

    A história narrada pelo roteirista e diretor sul-coreano Hwang Dong-hyuk se sustenta nos pequenos ensaios críticos referentes ao funcionamento do capitalismo coreano. Seus principais personagens (ou jogadores) são responsáveis por aglutinar em cada um deles uma experiência decadente de vida. Temos um trabalhador grevista que perdeu o emprego em um processo de “reengenharia administrativa” da empresa, uma refugiada da comunista Coreia do Norte buscando sobreviver em meio à miséria da “coletividade individualista” do Sul capitalista, um estudante pobre que ousou penetrar no prestigiado universo do “meritocrático” ensino superior coreano, um paquistanês vivendo as agruras de um emigrante explorado em terra estrangeira e um bandido mafioso decadente.

    São sujeitos que povoam o tão admirado (principalmente pelos liberais brasileiros) capitalismo sul-coreano. 2021 é também a conjuntura do Coronavírus e todo seu impacto desastroso sobre países tradicionalmente com baixa densidade em termos de Estado de bem estar social. A Coreia do Sul é um desses países. Destituído de um sistema público de seguridade social universal o coreano é tão vítima do capitalismo selvagem quanto um brasileiro, um boliviano ou um angolano. Duas personagens idosas da série retratam bem como um país de idosos não se preocupou em oferecer um sistema previdenciário que lhes assegurassem um fim de vida mais seguro e saudável. Um dos motivos que levou a um dos personagens a se submeter à crueldade das regras do jogo é justamente a necessidade de pagar um tratamento médico para a mãe.

    O personagem Cho Sang-Woo é simbólico para demonstrar o quanto é excludente e elitista o sistema de educação superior na Coreia do Sul. Nascido e criado em um bairro periférico transformou-se em uma espécie de “herói local” só pelo fato de ter sido o único da comunidade a ter conseguido adentrar na Universidade de Seul e consequentemente furar a bolha da elite corporativa coreana. É interessante como os ministros da educação do governo Bolsonaro querem reproduzir no Brasil esta lógica excludente e elitista. Mas Cho Sang-Woo também serve a outro discurso na série, aquele do indivíduo que veio da parte baixa da pirâmide social e que ao “receber” o privilégio de ascender socialmente, não conseguiu se tornar imune à ambição desmedida presente no mundo corporativo, decepcionando a família e a própria comunidade de onde saíra. Este, inclusive, foi o grande dilema ético/social que levou Cho Sang-Woo ao jogo mortal.

    A Coreia do Sul retratada em Round 6 é literalmente uma sociedade de endividados. Os indivíduos se deslocam sozinhos e desamparados em meio a um sistema cruel e insensível bem afeito ao individualismo exacerbado pregado pela lógica liberal capitalista. Eles são livres para escolher entre o inferno ou o inferno.

    Round 6 é bastante direto em seu discurso político. A crítica mordaz ao capitalismo coreano pode ser resumida, entre outros momentos, com a seguinte frase presente no roteiro: “há dois infernos, e o pior é a realidade”. Espelhando um modelo que o atual governo capitaneado pelo Sr. Paulo Offshore Guedes busca implantar no Brasil (e com o apoio de uma surreal classe média) a série coreana retrata a queda do nível de renda e o aumento da pobreza ampliados em decorrência de uma desumana reforma trabalhista neoliberal, iniciada nos anos 90 pelo governo de Kim Young-Sam, que prometeu mais emprego e entregou mais miséria e o aumento do trabalho informal precarizado.[4]

    Ainda que também seja bom divertimento, para nós brasileiros Round 6 é principalmente um alerta futuro e uma lição de vida. A realidade da sociedade coreana retratada na série é um esboço asiático do que o Brasil tem se tornado nos últimos anos. Mas não se enganem, ainda não chegamos ao fundo do poço. Com o aprofundamento das reformas, principalmente a administrativa que vai atingir em cheio o funcionalismo público, e a sanha privatista de Guedes e Jair, o selvagem capitalismo brasileiro ainda tem muita lenha para queimar. Aliás, em um rompante de “sincericídio” afirmou o próprio Bolsonaro: “Nada não está tão ruim que não possa piorar”. Vai vendo Brasil.

    Mas apesar do escancarado desmascaramento do capitalismo coreano provocado pela série, um “destacado” representante do ultraliberalismo brasileiro, o Deputado Federal Kim Kataguiri, ainda encontrou espaço para exercer sua profunda desonestidade intelectual e ideológica ao comparar, através de um meme, a história retratada em Round 6 com o socialismo. O esforço hercúleo feito pelo “nobre” parlamentar em fazer a infame comparação, e ainda ter o desplante de publicar em sua rede social, somente explicita o baixo nível intelectual e ético dessa malta de direitistas que emergiram das trevas no pós 2013 e ao naturalizarem um retrocesso civilizatório estabeleceram as bases que possibilitaram a ascensão de um sujeito como Jair Bolsonaro e toda sua representatividade burlesca completamente desprovida de empatia humana. Em Round 6, definitivamente, a arte imita a vida e mostra sua face mais cruel.

    *Eduardo Borges é professor de história na Universidade do Estado da Bahia.

    Notas

    [1] Lima, Uallace Moreira. O debate sobre o processo de desenvolvimento econômico da Coreia do Sul: uma linha alternativa de interpretação. Economia e Sociedade, Campinas, v. 26, n. 3 (61), p. 585-631, dez. 2017, p. 586.
    [2] CHANG, Ha – Joon. 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo. São Paulo: Cultrix, 2013, p. 247
    [3] CHANG. op. cit., p. 254.
    [4] Moreira, Uallace. Round 6, K-pop e o Cinema Coreano. https://disparada.com.br/round-6-k-pop-cinema-coreano/.