Categoria: Ecologia

  • O preço da água

    O preço da água

    No sudeste do Pará, a concessão do abastecimento para a Odebrecht Ambiental veio acompanhada de tarifas altas; os moradores de rendimentos baixos têm de decidir entre pagar a conta ou garantir a alimentação das suas crianças.

    A água, tão central na cultura amazônica, tem-se transformado num bem caro e até mesmo perigoso em São João do Araguaia, São Geraldo do Araguaia e Xinguara, no sudeste do Pará. O líquido que chega às torneiras das casas está sob a responsabilidade da Odebrecht Ambiental, que detém as concessões do serviço de abastecimento nas três cidades e em outros sete municípios paraenses. Moradores de baixos rendimentos, que precisam do apoio Bolsa Família para sobreviver, têm sentido dificuldade em pagar as contas todos os meses. Também existem reclamações de que a empresa usa cloro em excesso no tratamento, o que traz mal-estar às crianças.

    Alguns pais enfrentam o dilema entre deixar as contas em dia ou manter a família, o que pode resultar em cortes até na alimentação. Há moradores que viram a fatura alcançar metade do orçamento, chegando a valores próximos de 200 reais [cerca de 50€]. Nos três municípios, 4.107 pessoas vivem com até um quarto do salário mínimo por mês (o equivalente a 197 reais), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A saída é gerir a economia doméstica, numa eterna corda bamba, que onera sobretudo as crianças.

    Muitos recorrem a fontes alternativas de água, como poços artesanais e rios da região, que podem estar contaminados. Isso expõe as crianças ao risco de diarreia e doenças como febre tifóide, hepatite A e parasitas. “A conta da água aperta demasiado o orçamento. Muitas vezes tive que deixar de comprar coisas para as meninas, como comida ou material de escola. Houve meses em que tive que pedir dinheiro à minha sogra para por comida na mesa”, afirma a dona de casa Ana Carolina Dias Palone, de Xinguara, que tem duas filhas, de 5 e 7 anos. “Muitas vezes tenho que deixar uma conta pendente para o próximo mês, para dar tempo de sobrar um dinheirinho e conseguir comprar o que elas precisam de comer.”

    Os valores das contas de água foram definidos pelas prefeituras e pelas empresas nos contratos de concessão. Os moradores, principais afetados pela mudança, tiveram oportunidades restritas de participar da definição dos preços. “Não há no Pará uma agência reguladora que discuta com a prefeitura e com a população os valores. Eu, daqui, tenho que garantir que minha empresa continue funcionando. Somos uma companhia privada e visamos ao lucro. Não adianta ser hipócrita”, diz uma das engenheiras da empresa, que falou sob anonimato.

    Cada município atendido pela Odebrecht Ambiental possui obrigações específicas, descritas no respectivo plano de água e esgoto. “A região amazônica tem minério, terra, água. Tudo isso. As empresas vêm com a intenção de se apropriar da água e do bem público. A lógica da Odebrecht é mercantilizar a água, torná-la mercadoria”, afirma Cristiano Medina, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). A empresa ressaltou, via assessoria de imprensa, que, pelo modelo de concessão adotado nos municípios paraenses, assume a operação sob supervisão da prefeitura e deve assegurar investimentos e prestação de serviços. Após 30 anos, os benefícios implantados ficarão para os municípios.

    Empresas públicas e privadas de saneamento têm as mesmas obrigações, previstas nos planos diretores das cidades onde atuam. “A diferença principal é que as empresas privadas veem na água uma forma de obter lucro, enquanto as estatais têm o objetivo de desenvolver a região e prestar um serviço de saúde. Assim, uma empresa estatal pode reduzir as tarifas ou subsidiar regiões pobres sem aumentar os preços para as outras pessoas. Já a empresa privada terá que cobrar mais caro de alguém para garantir seu lucro”, exemplifica o diretor regional do Sindicato dos Urbanitários do Pará, Otávio Barbosa.

    ‘Compro comida ou pago água?’

    A notícia da chegada de duas pessoas de São Paulo correu depressa na zona rural do pequeno município de São João do Araguaia. Famílias inteiras saíam das suas casas de madeira, ultrapassaram o quintal de terra batida e esperaram junto às cercas de madeira ou arame farpado, num modelo de construção quase padronizado no local. Nas mãos, tinham as contas de água dos últimos meses, anexas aos avisos de corte do abastecimento. No rosto, uma clara esperança de resolver o problema que tira o sono – e sustento – de crianças e adultos da cidade: o valor a ser pago pela água.

    “Não… Nós não somos da Odebrecht. Eu sou repórter e ele é fotógrafo.” A apresentação decepcionava aqueles que aguardavam uma resposta para o problema. Nas pequenas residências com casas de banho inacabadas, repletas de crianças e com sustento vindo basicamente do Bolsa Família, os valores das contas de água atingem parte significativa do orçamento familiar. “Minha conta vem por volta de 18 reais [4,50€], porque nunca ultrapassei a primeira faixa de consumo. O valor pode parecer baixo, mas, para mim, que sustento a casa com 200 reais [50€], é muito. A gente acaba a ter que tirar dinheiro do Bolsa Família para pagar a água e esse era um dinheiro que deveria ser para a comida das crianças”, conta a dona de casa Ednalda Moreira Gomes, que vive com o marido e dois filhos, de 10 e 13 anos.

    Desempregado, o trabalhador rural José Reis recebeu em setembro uma conta de água de 48,03 reais [12,40€] para um consumo de 26 metros cúbicos. Mora numa casa de três divisões, sem casa de banho, com a esposa e mais três filhas. “Antes nós não pagávamos nada pela água. Agora, começámos a pagar e nem fomos consultados sobre o preço que pagaríamos. Ficou caro. Muitas vezes tiro dinheiro da merenda das minhas meninas para dar conta desse gasto”, lamenta. Ele aguarda uma vistoria da empresa para verificar a existência de vazamentos. “Está muito pesado para a gente que vive desempregada. Estou sem pagar, porque não tenho condições. O dinheiro que recebemos do Bolsa Família vai todo para comida e material escolar. Eu não posso mexer nisso.”

    “O dinheiro que recebemos do Bolsa Família vai todo para comida. Eu não posso mexer nisso”, lamenta o trabalhador rural desempregado, José Reis. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Rede Brasil Atual
    “O dinheiro que recebemos do Bolsa Família vai todo para comida. Eu não posso mexer nisso”, lamenta o trabalhador rural desempregado, José Reis. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Rede Brasil Atual

     

    A renda da família da dona de casa Marines Cardoso de Oliveira também vem do Bolsa Família, que paga 35 reais [8,60€] por criança, até o teto de 175 reais [43,30€] – 33 reais[8,20€] a menos que o valor da conta de água de junho, de 08,87 reais [51,70€], por 62 metros cúbicos. “Às vezes é preciso escolher: comprar comida para as crianças ou pagar a água”, explica. Ela vive em uma casa de uma divisão com uma casa de banho inacabada, com o marido e nove filhos, três deles com deficiência mental. “O Bolsa Família só dá para comprar comida para os meninos, e de uma vez ou outra algo para eles vestirem”, diz. Com a conta atrasada, o seu maior medo é ter o serviço cortado e precisar de recorrer à água de um pequeno lago próximo a sua casa, usado pelo gado de criadores da região. “Já me deram o aviso que, se eu não pagar, vão cortar a minha água. Como vou fazer?”, questiona.

    A história repete-se de casa em casa, entre pelo menos 100 pessoas que vivem no bairro Vila José Martins Ferreira, na zona rural de São João do Araguaia. Quem não consegue bancar o preço da água recorre a fontes alternativas, e pouco seguras, como os rios da bacia amazônica e poços artesanais – onde muitas vezes a água, mal armazenada e sem tratamento, oferece riscos pela presença de micro-organismos nocivos à saúde. As crianças acabam sendo as mais contaminadas por doenças bacterianas e vermes, como confirmam funcionários da saúde pública da região. Apesar da percepção dos trabalhadores do setor, a Secretaria Estadual de Saúde do Pará não contabiliza o número de crianças que apresentam os principais sintomas – diarreia e vômito – pois os problemas não são de notificação compulsória ao Ministério da Saúde.

    A auxiliar de escola Raimunda Carvalho dos Santos vive em três divisões com o marido e três filhos, com apenas um salário mínimo. “Tenho que tirar dos meninos, não tem outra forma”, diz. Na conta de julho, o valor era de 168 euros [41,50€] por 55 metros cúbicos. “A renda é pouca. Então, para pagar a água, nós temos que tirar da alimentação das crianças e do material da escola. Como vou eu pagar se não fizer assim?”, lamenta olhando para o chão, quase envergonhada. “Se cortarem, vou ter que ir buscar a água no poço do vizinho para dar às crianças. Mas ela não é boa. Fico entre a espada e a parede.”

    “A lógica da Odebrecht é mercantilizar a água”, diz Cristiano Medina, do MAB. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Rede Brasil Atual
    “A lógica da Odebrecht é mercantilizar a água”, diz Cristiano Medina, do MAB. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Rede Brasil Atual

    O valor da tarifa média por metro cúbico em São João do Araguaia é de 2,22 reais [0,55€]. Todo o lucro da Odebrecht Ambiental vem da tarifa cobrada aos utilizadores. A Agência Pública solicitou o valor médio recebido pela empresa por mês, porém a informação não foi fornecida. Em São João do Araguaia, São Geraldo do Araguaia e Xinguara, os contratos não preveem a tarifa social. Ela é aplicada por decisão da empresa. Podem ter acesso ao benefício clientes da categoria residencial, com casas enquadradas no padrão baixo de construção (área construída de até 100 metros quadrados, sem forro, apenas com uma casa de banho ou instalações precárias) e que tenham renda familiar igual ou inferior a um salário mínimo e meio. Apesar de muitos dos entrevistados se enquadrarem nesse perfil, nenhum deles era contemplado com o benefício.

    “Percebemos que muitas das contas vêm com um consumo muito alto de água. A empresa faz a verificação de fugas quando os moradores reclamam, mas não há um controle mais rigoroso sobre possíveis desperdícios. Mesmo nos casos de fugas e das famílias de baixa renda, não conseguimos negociar um valor menor para a conta”, afirma o vereador Benisvaldo Bento da Silva (PMDB), que tem organizado os moradores e conduzido reuniões com a Odebrecht Ambiental.

    Na mira da Lava Jato

    A empreiteira Odebrecht, membro do grupo da Odebrecht Ambiental, é uma das empresas investigadas na Operação Lava Jato. Em julho, comprovantes de depósitos bancários encaminhados pela Procuradoria da Suíça a integrantes da Força Tarefa da Polícia Federal comprovaram transferências entre contas pertencentes à Odebrecht e ex-diretores da Petrobras. No mesmo mês, o juiz Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal contra o presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, e mais quatro executivos. Ele tornou-se réu, sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa e continua preso em Curitiba, desde 19 de junho.

    A 20 de outubro, a defesa do empresário entrou com novo pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), pelo qual ele pedia “socorro”, em tom inflamado. O ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Operação Lava Jato no STF, negou o pedido de liberdade por entender que a prisão preventiva é necessária, uma vez que o executivo teria orientado supostas atividades criminosas de outros réus e que supostamente atuou para evitar o levantamento de provas. No dia 26 de outubro, advogados da empresa entraram com recurso no Tribunal Penal da Suíça para tentar evitar que extratos bancários em contas no país europeu sejam remetidos oficialmente ao Ministério Público do Brasil.

    Água para quem?

    A empresa tocantinense Hidro Forte Administração e Operação Ltda venceu a concorrência, seguindo o critério principal de oferecer o menor valor de tarifa. Três meses depois de assumir a concessão, a empresa foi comprada pela Odebrecht Ambiental, em setembro do ano passado. A possibilidade de mudar a empresa prestadora do serviço não estava prevista no edital, como manda a Lei de Licitações (8.666/93). “Neste caso, para ser legal, a possibilidade deve estar descrita no contrato de prestação de serviço”, explica Flávio Guberman, advogado especialista em direito administrativo e societário. Não foi possível obter o contrato, pois o secretário de Administração de São João do Araguaia, Emiliano Soares, não respondeu à reportagem.

    O prefeito afirmou que a administração municipal “possui toda a documentação”. “Nós optamos por ter uma água de qualidade, porque as águas estão muito poluídas. A Odebrecht tem conhecimento, tem mais recurso e uma trajetória em saneamento básico. Preferimos migrar”, disse. A empresa informou, pela assessoria de imprensa, que, desde que assumiu o serviço, reformou a Estação de Tratamento de Água e regularizou as redes de distribuição e as ligações domiciliares, além de eliminar ligações clandestinas e fazer a clorificação da água. O teor de cloro atinge o máximo permitido pela Portaria 2.914/11 do Ministério da Saúde, de 2 miligramas por litro.

    “De repente fomos surpreendidos pelos contratos com a Odebrecht. Não pudemos fazer audiência pública nem consultar a população sobre essa mudança. Quando o serviço era público, a prefeitura não cobrava e a água do rio era distribuída para a população por um sistema municipal. A Odebrecht não faz ainda o tratamento completo da água, mas já cobra caro”, reclama o vereador Benisvaldo.

    “Passaram-se três meses e a conta que chega nas casas das famílias fica entre 150 reais e 300 reais [37 e 74€]. Há pessoas que não têm renda nenhuma e têm que pagar isso”.

    A tarifa mínima cobrada em São João do Araguaia é de 18,28 reais [4,50€] para um consumo de 0 a 12 metros cúbicos, o equivalente a 1,52 reais [0,40€] por metro cúbico. O valor aumenta de acordo com o consumo, chegando a 5,73 reais [1,40€] por metro cúbico para as residências que usam mais de 50 metros cúbicos. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o preço é de 20,62 reais [5,10€] para um consumo de 0 a 10 metros cúbicos, sendo que, pela opção da tarifa social, voltada para as famílias de baixa renda, o valor cai para 7 reais [1,70€] nessa faixa de consumo. No município paraense, é de 12 reais [3€]. Apesar disso, 30,41% das famílias de São João do Araguaia vivem com até um quarto do salário mínimo por mês, contra apenas 2,88% em São Paulo.

    O Pará – onde muitos municípios ainda mantêm sistemas públicos de distribuição de água – tem a segunda tarifa média mais barata do país: 1,64 reais [0.41€] por metro cúbico, atrás apenas do Maranhão (1,62 reais [0.40€]), segundo o Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto de 2013, do Ministério das Cidades. O estado com a tarifa mais alta é o Rio Grande do Sul (4,18 reais [1€]), seguido por Amazonas (3,75 reais [0,93€]) e pelo Distrito Federal (3,73 reais [0.92€]).

    Cidade alagada

    O projeto terá duas eclusas e um lago de 3.055 quilômetros quadrados. Serão inundados 1.115 quilômetros quadrados de terras de seis municípios do Pará (Marabá, São João do Araguaia, Bom Jesus do Tocantins, Brejo Grande do Araguaia, Nova Ipixuna, Palestina do Pará), três do Tocantins (Ananás, Esperantina e Araguatins) e dois no Maranhão (São Pedro da Água Branca e Santa Helena). A obra tem custo previsto de 12 bilhões de reais [2,97 mil milhões de euros] e terá capacidade de produção de 2.160 megawatts.

    A Odebrecht não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre por que investir no saneamento em uma cidade que será alagada, por considerar uma informação estratégica para a empresa. “Por questões estratégicas a Odebrecht Ambiental não fornece esses dados”, disse a assessoria de imprensa.

    “Isso passa por controle do território, mercantilização dos recursos naturais e controle dos rios”, acredita Cristiano Medina, do MAB. “São as mesmas empresas que disputam e administram tudo aqui. A Amazônia tem uma reserva vantajosa mineral, energética e de água e as empresas chegam aqui para controlar esses recursos.”

    Água mineral

    Apesar de Xinguara ser a cidade mais desenvolvida entre as visitadas – a única com um Índice de Desenvolvimento Humano médio (0,659) –, o distrito de Rio Vermelho, popularmente conhecido como Gogó da Onça, é composto por algumas poucas casas de madeira, que se espalham na beira da estrada. “Mãe, mãe, o retratista pode tirar retrato de eu mais o papagaio?”, pergunta, muito alegre, a pequena Rafaela Dias Palone, de 7 anos, enquanto corre para dentro de casa. A mãe da menina, Ana Carolina Dias Palone estava atarefada, a cuidar da filha mais nova, de 5 anos, que há uma semana que sofria de fortes dores no estômago e nos rins. O motivo, segundo o diagnóstico médico, era o cloro na água. “O médico perguntou se eu dou água da rua para ela e, quando confirmei, ele disse que tinha certeza que era isso, porque já tinha outros casos. Desde então estamos comprando água mineral, mas é muito caro”, conta a dona de casa.

    Criança de 5 anos sofre com fortes dores no estômago e nos rins pelo cloro na água, segundo diagnóstico médico. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Rede Brasil Atual
    Criança de 5 anos sofre com fortes dores no estômago e nos rins pelo cloro na água, segundo diagnóstico médico. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Rede Brasil Atual

    Uma dosagem excessiva de cloro para consumo humano pode levar, por exemplo, à degradação da flora intestinal e a problemas estomacais, segundo o especialista em química ambiental e tratamento de água, Jorge Antonio Barros de Macedo. “Além disso, se a água não for filtrada antes de receber o cloro, o contato de alguns tipos da substância com matéria orgânica pode resultar na formação de substâncias cancerígenas, chamados trialometanos”, diz.

    Uma das enfermeiras que trabalham diariamente no posto de saúde do distrito – e que não se quis identificar – confirmou que muitas crianças adoecem devido ao cloro usado na água. Ela reconhece, contudo, que houve uma diminuição do problema desde o começo do ano. “As pessoas adoeciam mais, porque os níveis de cloro eram muito altos. Para ter uma ideia, a empregada nem estava a usar lixívia para lavar os lençóis do posto”, conta. “Depois de muita reclamação melhorou, mas as pessoas mais sensíveis, sobretudo as crianças, ainda sentem dores de estômago, diarreia e vómito. Algumas também chegam com irritações na pele, porque tomaram banho com água com cloro forte.”

    Nem a Secretaria de Saúde Estadual do Pará nem a de Xinguara contabilizam os casos de adoecimento em função da água ou do cloro, segundo a secretária adjunta de Saúde de Xinguara, Maria da Glória Barbosa. O levantamento fica por conta da observação dos funcionários da saúde. “Aqui temos pelo menos três casos de diarreia em crianças por semana. A maior parte é devido à contaminação por giárdia, que é um protozoário transmitido pela água que não é tratada adequadamente. Nós sabemos que muitos municípios do estado são carentes na questão do tratamento de água e enfrentamos esse desafio no nosso dia a dia”, conta a enfermeira-chefe de um dos postos de saúde do município, Ecilene Fera.

    De acordo com a secretária adjunta de Saúde de Xinguara, Maria da Glória Barbosa, o município não contabiliza os casos de adoecimento em função da água ou do cloro. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Rede Brasil Atual
    De acordo com a secretária adjunta de Saúde de Xinguara, Maria da Glória Barbosa, o município não contabiliza os casos de adoecimento em função da água ou do cloro. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Rede Brasil Atual

    A Odebrecht Ambiental disse que “obedece a todos os padrões de tratamento de água atendendo ao preconizado pelo Ministério da Saúde” e que realiza monitorizações constantes de qualidade da água por meio de exames laboratoriais. “O teor de cloro estabelecido pela legislação deve ficar entre 0,2 e 2 miligramas por litro, sendo que utilizamos o valor de 0,9 miligramas por litro”, informou.

    A prefeitura, no entanto, não tem realizado a sua análise da água para confirmar os dados recolhidos pela empresa. Esse acompanhamento deveria ser feito mensalmente, por meio de amostras colhidas em diferentes locais da cidade, enviadas depois para um laboratório central, no município de Conceição do Araguaia. “A última recolha foi realizada em maio e ainda não tivemos acesso aos resultados. Está parada por causa de uma licitação para compra de materiais”, explica o coordenador do sistema de monitoramento na prefeitura, Marconi Ribeiro.

    Devido ao cloro e ao valor elevado da conta (mínimo de 27,80 reais [6,88€] para quem consome de 0 a 10 metros cúbicos e uma média de 3,32 reais [0,82€] por metro cúbico, considerando todas as faixas tarifárias), algumas famílias voltaram a recorrer à água de poços. “A água que recolhemos tem coliformes fecais, sobretudo a dos poços, que em geral ficam perto das fossas. O saneamento básico e o esgoto são maus. Por isso, mesmo nas famílias de baixos rendimentos, as pessoas acabam por ter que consumir galões de água mineral”, diz Ribeiro.

    Em Xinguara, a água que chega às casas pelo sistema de distribuição operado pela Odebrecht Ambiental vem de uma barragem feita num pequeno riacho. Apenas 30% da população do município tem acesso à água tratada. A empresa está a investir na ampliação da barragem, que deve duplicar de tamanho e permitir uma captação de água três vezes maior que a atual, além de aumentar a rede de distribuição para a cidade. “Não temos mais atendimento porque o riacho é pequeno. No período de verão, a qualidade dessa água fica muito má, com matéria orgânica, escura e temos que usar muitos produtos químicos. Com um lago maior, de profundidade maior, a qualidade melhora”, disse uma engenheira da Odebrecht. “Trabalhamos com uma meta desafiadora, porque atendemos a um percentual muito pequeno. Até 2017 temos que atingir 70% de atendimento.”

    A água de qualidade também é um problema a 200 quilómetros dali, no município de São Geraldo do Araguaia, que, junto com Xinguara, capta água de superfície dos rios. Muitos moradores dizem que precisam de comprar água mineral para beber. Segundo eles, a água da rua tem má qualidade e também chega às casas com cheiro forte de cloro ou suja, ainda com resíduos de matéria orgânica. De acordo com a empresa, o teor de cloro utilizado na água do município também é de 0,9 miligramas por litro. A prefeitura de São Geraldo não realizou nenhuma avaliação da qualidade da água neste ano, por falta de equipamentos como o reagente ou o coletor, segundo a Secretaria de Saúde do município. De acordo com o órgão, o teor de cloro no município variou entre 0,2 e 2 miligramas por litro, mas já chegou a 5 miligramas por litro.

    Os moradores do município pagam uma das contas de água mais caras da região: 31,10 reais [7,70€] para quem consome entre 0 e 10 metros cúbicos e uma tarifa média de 3,73 reais [0,92€]. Segundo a Odebrecht Ambiental, as diferenças de valores nas tarifas dos municípios “devem-se às especificidades presentes no equilíbrio financeiro de cada uma destas concessões e obedecem a parâmetros presentes nos contratos de concessão com cada município”. Antes de a Odebrecht assumir a sistema de água no município, a responsável era uma empresa de capital misto chamada Companhia de Saneamento de São Geraldo do Araguaia (Cosanga). O primeiro contrato foi feito com uma empresa chamada Saneatins, que posteriormente foi adquirida pela Odebrecht Ambiental.
    Com o valor alto da conta da água em São Geraldo do Araguaia, a população continua a utilizar o rio para lavar louças e roupas. Foto de Danilo Ramos.

    Com o valor alto da conta de água em São Geraldo do Araguaia, população continua utilizando o rio para lavar louças e roupas. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Rede Brasil Atual
    Com o valor alto da conta de água em São Geraldo do Araguaia, população continua utilizando o rio para lavar louças e roupas. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Rede Brasil Atual

    Devido às recorrentes queixas sobre a qualidade e o preço da água no município, o promotor de Justiça de São Geraldo do Araguaia, Agenor de Andrade, organiza, desde agosto, quatro procedimentos jurídicos contra a Odebrecht Ambiental, de quatro diferentes regiões da cidade. Três deles vieram de abaixo-assinados que reuniram 160, 110 e 70 assinaturas de moradores, reclamando do cheiro a esgoto da água, da cor barrenta ou da interrupção constante da distribuição, sem aviso. “Várias pessoas estão a passar mal com diarreia, infecções por bactérias, vómitos e crises estomacais”, diz o enunciado de um dos abaixo-assinados.

    “Os moradores encaminharam-me uma garrafa com uma amostra da água que chega à casa deles e ela veio realmente muito suja e barrenta. Por isso, vou convocar, junto à Câmara Municipal, uma audiência pública, para ouvir os munícipes e cobrar respostas à empresa”, diz Andrade. “Colheremos informações e instauraremos procedimentos administrativos para subsidiar uma eventual ação civil pública contra a Odebrecht.”

    Uma das alternativas que a população encontra para contornar a tarifa e os problemas na qualidade da água é o rio, sem tratamento. Na pequena São Geraldo, com as suas casas de madeira e ruas de terra, onde além das pessoas circulam também galinhas e porcos, tudo acontece nas margens do Araguaia, entre a lavagem de roupa e a pesca. “A água da rua vem suja ou cheia de cloro. Para tudo o que preciso uso o rio”, reclama a pescadora Silva Moreira, que mora numa casa onde só há uma torneira e um vaso sanitário, sem autoclismo.

    “Uma vizinha contou que colocou a roupa de molho e no dia seguinte apareceu manchada, porque é muito cloro”, conta a dona de casa Rosa Maria, que tem uma filha de 10 anos e outra de 9 meses. “Às vezes a água vem muito suja, outras vezes com bastante cloro. Chega a arder para beber. Acabamos tendo que comprar água mineral para dar para a bebé, porque a da rua é muito forte para ela. Mas infelizmente não temos dinheiro para as duas. O que vamos fazer?”

    “Às vezes a água vem muito suja, outras com bastante cloro. Chega a arder para beber”, conta a dona de casa Rosa Maria. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Instituto Alana
    “Às vezes a água vem muito suja, outras com bastante cloro. Chega a arder para beber”, conta a dona de casa Rosa Maria. Foto: Danilo Ramos/Agência Pública/Instituto Alana

    Este artigo é o resultado do concurso de microbolsas para reportagens de investigação sobre Crianças e Água promovido pela Agência Pública em parceria com o projeto Prioridade Absoluta do Instituto Alana.

    Fonte: Pública, 13/11/2015

    Veja a nota da Odebrecht Ambiental sobre o fornecimento de água no Pará

    Empresa enviou posicionamento depois da publicação da reportagem ‘O preço da água’, sobre a sua atuação em São João do Araguaia, São Geraldo do Araguaia e Xinguara, no Pará

    A Odebrecht Ambiental enviou à Agência Pública a nota a seguir, a respeito da reportagem O preço da água, publicada na sexta-feira (13):

    “Os municípios de São João do Araguaia, São Geraldo do Araguaia e Xinguara, no sudeste do Pará, citados na matéria da Agência Pública, sofrem há anos com a falta de infraestrutura que causa gravíssimos problemas para a saúde e qualidade de vida da população. No Pará, apenas 42% da população tem acesso a serviços de água tratada e menos de 3% do esgoto gerado no Estado é tratado. Em busca de uma alternativa, as cidades recorreram ao modelo que já mostra sucesso em diversas cidades brasileiras, no qual a iniciativa privada complementa os investimentos públicos para a universalização do saneamento. O Poder Público, portanto, tomou a decisão de concessionar – e não privatizar – os serviços de água e esgoto desses municípios. Por meio da concessão nestas e em outras sete cidades do Pará, a Odebrecht Ambiental irá investir nesta área que é fundamental para garantir a saúde da população.

    A concessionária aplica a tarifa social nos 10 municípios paraenses que atua, beneficiando cerca de 5 mil famílias, que pagam, em média, R$ 13,70 por mês. Se enquadram na tarifa social clientes cadastrados na categoria residencial, com residência classificada como de padrão baixo de construção (área construída de até 100m², sem forro, com apenas um banheiro ou instalações precárias) e que tenham renda familiar igual ou inferior a um salário mínimo e meio vigente. Aposentados, pensionistas e portadores de doenças crônicas são beneficiados se apresentarem renda familiar de até dois salários mínimos e meio. A tarifa social representa um desconto de 69% aplicado na tarifa básica da categoria residencial (faixa de consumo de 0 – 10m³). Todos os consumidores que se encontram dentro desses parâmetros podem requerer o serviço junto à concessionária.

    Quanto à questão do cloro abordada na matéria, a Odebrecht Ambiental mais uma vez esclarece que a adição deste elemento garante que a água esteja livre de agentes causadores de doenças e que obedece a todos os padrões de tratamento de água em atendimento ao preconizado pelo Ministério da Saúde. A concessionária informa ainda que realiza monitoramento constante de qualidade da água em seus diversos parâmetros com constantes exames laboratoriais.”

    16 de novembro de 2015

  • Terrorismo Ambiental e Dívida Ecológica

    Terrorismo Ambiental e Dívida Ecológica

    Maria Lucia Fattorelli [i]
    Maria Lucia Fattorelli [i]
    O respeitável dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define terrorismo como o “modo de impor a vontade pelo uso sistemático de terror”.

    A vontade de obter lucros excessivos com a atividade de mineração no Brasil – de forma predatória, acelerada e descontrolada, arrancando da Terra o máximo de minerais possível, no menor tempo e ao menor custo – tem significado a imposição sistemática de terror à população e ao meio ambiente.

    Os únicos beneficiários desse terrorismo têm sido os donos das grandes mineradoras nacionais e estrangeiras que atuam no Brasil. Além de obterem lucros bilionários com a venda do minério, utilizarem água à vontade e de graça, ainda usufruem de diversos benefícios tributários, como incentivos fiscais à exportação, isenção na distribuição de lucros e isenção para a remessa de tais lucros ao exterior.

    As vítimas do terrorismo têm sido:

    * toda a população atingida em seu direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, e

    * a própria Natureza, que além de mutilada sem o menor respeito ainda recebe toneladas de rejeitos contaminados. A Dívida Ecológica que tem sido gerada por esses processos é incalculável.

    A Constituição Federal considera, em seu artigo 5o, inciso XLIII, que todas as pessoas possuem a garantia de inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, e a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

    A questão ambiental, por sua importância essencial à própria vida, está resguardada no Capítulo VI da nossa Constituição Federal:

    CAPÍTULO VI

    DO MEIO AMBIENTE

    Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

    Trata-se, portanto, de um direito que perpassa todas as esferas: além de ser um direito individual e coletivo, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito transgeracional, pois abrange as gerações futuras.

    Os parágrafos e incisos do referido artigo 225 exigem atuação firme do Estado e lhe impõe deveres, assim como a reparação dos danos por condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, independentemente de culpa, conforme o disposto em seu § 3º e na Lei 6.938, sobre a Política Nacional de Meio Ambiente.

    A violação do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade dos atingidos pela recente tragédia em Minas Gerais é brutal; pode ser considerado como uma verdadeira chacina ao meio ambiente e à população de diversas cidades, e foi provocada pela vontade exacerbada de lucros, levada à ganância alimentada por predatória e inconsequente exploração do minério de ferro.

    Tal violação ocorre em inúmeras outras áreas de exploração mineral predatória no Brasil, o país de maior estoque natural do planeta. O presente artigo visa ilustrar a ocorrência de terrorismo ambiental em três exemplos de exploração de minério de ferro, nióbio e ouro, e levantar a necessidade de avançar os estudos sobre a “Dívida Ecológica”, especialmente diante da iminência de votação de novo Código de Mineração” no Congresso Nacional. É preciso exigir reparação de danos à altura e corrigir os rumos.

    MINÉRIO DE FERRO

    Toneladas de dejetos de mineração foram derramados em Minas Gerais, devido ao rompimento de duas barragens da empresa SAMARCO em Mariana.

    Tal fato atingiu dezenas de vítimas humanas, incluindo jovens e crianças inocentes; o distrito de Bento Rodrigues [ii] ficou soterrado; dezenas de outros municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo atingidos [iii] ficarão sem acesso a água, comprometendo uma série de empreendimentos, atividades profissionais e vitais, com reflexos diretos na vida de milhões de pessoas; o Rio Doce morto [iv], completamente contaminado e exterminados todos os peixes [v], além do aniquilamento de inúmeras espécies quando a poluição atingir também o Oceano Atlântico…

    É evidente a violação do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade de pessoas atingidas, aterrorizadas ante o cenário de destruição e contaminação a que foram submetidas de assalto.

    A foto abaixo ilustra como ficaram as residências de parte dos atingidos.

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    Quanto valem as vidas de pessoas, peixes e animais mortos? Quanto vale o Rio Doce? Qual o valor do dano em decorrência da falta de água e comprometimento de tantas atividades? É necessário calcular e cobrar a Dívida Ecológica dessa gente que só entende o valor das coisas quando lhes é atribuído um preço em dinheiro!

    Fotos de satélite, tiradas antes e depois do ocorrido [vii], mostram outra perspectiva visual do imenso dano ambiental e patrimonial provocado pela SAMARCO, de propriedade da Vale e da anglo-australiana BHP Billiton. Só em 2014 o faturamento bruto divulgado pela empresa foi de R$ 7,6 bilhões!

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    Essas fotos mostram o soterramento da maior parte das propriedades de Bento Rodrigues. Além disso, a lama despejada seguiu contaminando as águas do até então belo e rico Rio Doce.

    A presença de partículas de metais pesados como chumbo, alumínio, ferro, bário, cobre, boro e até mesmo mercúrio foi comprovada por análises laboratoriais de amostras da água do Rio Doce encomendadas pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guandu. Todas as espécies vivas do Rio Doce foram dizimadas! Fotos de Elvira Nascimento [viii] mostram a situação do Rio Doce e o dano ambiental incalculável:

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    Não podemos aceitar a desculpa de que teria havido mero acidente. É evidente que houve negligencia, diante do imenso volume de dejetos acumulados, capazes de soterrar município e alagar dezenas de outros, matar um rio inteiro, dizimar todas as espécies vivas, e se espalhar ao longo de dois estados e alcançar o oceano, que também será afetado. E ainda há ameaça de que outra barragem ainda maior corre o risco de romper…

    NIÓBIO

    Outro escândalo da exploração mineral em Minas Gerais, justamente na cidade que se tornou famosa por suas águas curativas – Araxá – também deve ser considerado como terrorismo ambiental: trata-se da exploração do Nióbio pela empresa CMMB, conforme reportagem[ix] que denuncia a contaminação das águas na região, baseada em Nota Técnica número 1 da Fundação Estadual do Meio Ambiente -(FEAM) e do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), de julho de 2015.

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    A referida Nota Técnica aponta que a concentração de metais pesados está seis vezes acima do permitido, e que a causa da contaminação da água se encontra na exploração de nióbio pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração – CBMM, que não respeita normas e legislação.

    Adicionalmente, indica uma série de falhas nos relatórios e mapas da CBMM, bem como no monitoramento inadequado e não suficiente; a existência de pendencias da empresa em relação à pedidos da FEAM, ressaltando ainda que não são atendidas normas exigidas pela ABNT.

    Segundo a reportagem, a contaminação afeta águas subterrâneas e superficiais, além do solo e subsolo, e estudos apontam níveis altíssimos de contaminação não apenas com Bário, mas também com outros metais, em doses elevadas para o consumo humano, como Cromo, Chumbo, Vanádio, e Urânio, detectado em níveis altíssimos em algumas amostras.

    O Nióbio é mineral valiosíssimo, raro, estratégico, uma liga especial altamente resistente a elevadíssimas temperaturas, indispensável para aeronaves, satélites, foguetes, equipamentos médicos diversos, entre outros usos especiais como indústrias nucleares por exemplo.

    O Canadá possui apenas 2% das reservas de Nióbio do mundo e garante serviços públicos de saúde, educação de excelente qualidade à sua população. O Brasil detém 98%! E explora mal, principalmente pela empresa CMMB de Minas Gerais, contaminando o meio ambiente, e comercializa de forma totalmente opaca. Não usufruímos do benefício dessa imensa riqueza, arcando somente com os danos ambientais, com graves reflexos à vida das pessoas afetadas, contraindo uma série de doenças principalmente em decorrência da água contaminada pela CMMB.

    OURO

    A histórica exploração do ouro no Brasil preencheria livros de crimes ambientais e danos patrimoniais, humanos, ecológicos etc. Nesse artigo mencionarei apenas o recente caso de Volta Grande, onde está sendo construída a Usina de Belo Monte.

    As fotos a seguir fazem parte da série “A devastação do Xingu em imagens”[x] e evidenciam a violação do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade de pessoas atingidas pela construção da usina. Mostram uma das ilhas do Xingú desmatada e queimada para o enchimento do lago de Belo Monte e um dos buracos artificiais, do qual foi arrancada toda a vegetação e grande quantidade de minerais…

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    Diversas populações indígenas foram atingidas, em situação de verdadeiro terrorismo. Fortes protestos foram insuficientes para barrar os grandes interesses dos que desejavam a usina. O Ministério Público tentou embargar a obra diversas vezes, mas as obras prosseguiram, aceleradamente.

    A escolha do local não apropriado para a construção da usina, onde imensas escavações tiveram que ser feitas, parece ter sido estratégico para interesses de mineradora estrangeira, conforme se depreende de seu site na internet: www.belosun.com

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    Dívida Ecológica

    O conceito de Dívida Ecológica é pouco conhecido no Brasil, não por acaso.

    Importante contribuição nesse sentido foi publicada por Luiz Henrique Lima, que deixa clara a existência da dívida ecológica, apesar de ainda não calculada e quantificada, conforme trecho que transcrevo:

    Entre outros autores, May (1995) aborda, rapidamente, o tema: “… deve haver um caixa para uma ‘dívida ambiental’ destinado às nações cuja base de recursos tem sido pilhadas através dos últimos cinco séculos para satisfazer às insaciáveis demandas do Norte.”

    Todo o instrumental teórico da Economia do Meio Ambiente, da Economia Ecológica e da Contabilidade Ambiental conduz ao reconhecimento da existência da Dívida Ecológica. Haverá controvérsias quanto à sua amplitude e quanto aos procedimentos para calculá-la e resgatá-la, conforme acima exemplificado; não, porém, quanto à sua existência.

    Em sua recente e corajosa Carta Encíclica[xiii] “Laudato Si” o Papa Francisco menciona explicitamente a “Dívida Ecológica” gerada por fatos ligados à crescente destruição do meio ambiente, e relaciona tal pecado [xiv] ao modelo econômico que cultua o deus mercado, com sua lógica de acumulação sem escrúpulos, a qualquer custo humano ou ecológico.

    A desigualdade não afeta apenas os indivíduos mas países inteiros, e obriga a pensar numa ética das relações internacionais. Com efeito, há uma verdadeira «dívida ecológica», particularmente entre o Norte e o Sul, ligada a desequilíbrios comerciais com consequências no âmbito ecológico e com o uso desproporcionado dos recursos naturais efetuado historicamente por alguns países. As exportações de algumas matérias-primas para satisfazer os mercados no Norte industrializado produziram danos locais, como, por exemplo, a contaminação com mercúrio na extração minerária do ouro ou com o dióxido de enxofre na do cobre.

    O Papa Francisco relaciona a “Dívida Ecológica” à dívida financeira, que no caso do Brasil nunca foi auditada e funciona como um verdadeiro esquema que denominamos Sistema da Dívida.

    A dívida externa dos países pobres transformou-se num instrumento de controle, mas não se dá o mesmo com a dívida ecológica. De várias maneiras os povos em vias de desenvolvimento, onde se encontram as reservas mais importantes da biosfera, continuam a alimentar o progresso dos países mais ricos à custa do seu presente e do seu futuro.

    O Papa Francisco refere-se à Natureza como “A Nossa Casa” e dedica capítulos específicos de sua Carta às questões da poluição e mudanças climáticas; água; perda da biodiversidade; deterioração da qualidade de vida humana e degradação social, e à desigualdade planetária, encadeando todos esses temas.

    O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto; e não podemos enfrentar adequadamente a degradação ambiental, se não prestarmos atenção às causas que têm a ver com a degradação humana e social. De facto, a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afetam de modo especial os mais frágeis do planeta: «Tanto a experiência comum da vida quotidiana como a investigação científica demonstram que os efeitos mais graves de todas as agressões ambientais recaem sobre as pessoas mais pobres».[26]

    O Brasil é o país de maior estoque natural do planeta, conforme ressaltou Luiz Henrique Lima.

    Em estudo elaborado para o ‘Global Environment Facility’ – GEF, Rodenburg, Tunstall e van Bolhuis (1995) construíram Indicadores Ambientais Globais. Entre esses, o Indicador de Capital Natural – ICN, que considera as áreas naturais remanescentes e a biodiversidade. O ICN, grosso modo, pode ser visto como uma aproximação da dimensão, embora não do valor, dos serviços e das funções ambientais desempenhadas pelos ecossistemas no interior das fronteiras nacionais. O estudo do GEF destaca o Brasil como o país de maior estoque de capital natural do planeta.

    Diante dos danos seculares ao nosso rico e ao mesmo tempo empobrecido País, é urgente avançar os estudos acerca da Dívida Ecológica, a fim de quantificar e reivindicar os danos decorrentes da exploração ambiental, além de corrigir a rota a partir de agora, evitando danos ecológicos e humanos para satisfazer certas vontades e interesses sem escrúpulos para com o futuro da humanidade.

    Essa discussão é urgente, pois está em pauta no Congresso Nacional uma proposta de novo “Código de Mineração” que coloca os interesses das mineradoras acima de qualquer outro interesse ambiental ou humano. A proposta em discussão não menciona qualquer responsabilidade em relação a danos causados pela atividade mineradora às águas e solo; garante que as mineradoras poderão “usar as águas necessárias para as operações da concessão”, e proíbe qualquer atividade capaz de atrapalhar a mineraçãoxvi.

    Um verdadeiro abuso que está sendo capitaneado por parlamentares que tiveram suas campanhas financiadas por mineradoras, conforme importante Relatório “Quem é quem nas discussões do novo Código de Mineração”xvii. Além de representar inaceitável desrespeito ao Capítulo VI da Constituição Federal, a proposta desse novo “Código de Mineração” está no caminho inverso dos princípios éticos que regem a necessária preservação e respeito ao meio ambiente mencionados pelo Papa Francisco, assim como dos anseios da sociedade civil nacional e internacional que exigem “que as empresas transnacionais paguem o justo”xviii por tudo que retiram de nossas terras.

    CONCLUSÃO

    A violação do direito ao meio ambiente equilibrado, assim como o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade dos atingidos pela recente tragédia em Minas Gerais, dos habitantes da região de Araxá e da região do Xingu, e seus descendentes, tem sido recorrente e brutal, provocada pela ganância na exploração do minério de ferro, nióbio e ouro, respectivamente.

    Estes são apenas três exemplos de terrorismo ambiental, com incalculável dano às pessoas e ao meio ambiente, enquanto os donos das grandes mineradoras nacionais e estrangeiras que atuam no Brasil lucram bilhões a cada ano e pouco contribuem para a arrecadação tributária, devido às indecentes benesses fiscais.

    Os órgãos de controle ambiental do País estão sendo desmontados. O IBAMA, por exemplo, tem passado por sucessivos cortes de recursos, a ponto de recorrer a venda de prédios e empréstimos internacionais junto ao Banco Mundial e BID, como noticiado em maio deste ano[xix]. O DNPM também passa por cortes orçamentáriosxx. Tais cortes têm sido justificados face à necessidade de economizar recursos para o pagamento de parte dos juros da dívida pública nunca auditada e sobre a qual recaem diversos indícios de ilegalidade e ilegitimidade documentados até por CPI da Dívida Pública da Câmara dos Deputados [xxi].

    É necessário cobrar a tremenda Dívida Ecológica que tem sido gerada por esses processos predatórios de exploração mineral. O recente crime ambiental ocorrido em Minas Gerais exige urgente reflexão sobre a atividade de mineração no Brasil. O minério não dá duas safras, como todos sabemos. É urgente avançar o debate sobre o terrorismo ambiental, os estudos sobre a dívida ecológica e sua quantificação para reparação à altura e correção de rumos.

    [i] Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida

    [ii] Bento Rodrigues, uma joia soterrada: http://planejoviajar.com.br/bento-rodrigues-joia-soterrada/

    [iii] Vídeos do rompimento das barragens: https://www.youtube.com/watch?v=_TNtqSlD_U8

    [iv] Vídeo sobre o Rio Doce https://www.youtube.com/watch?v=DBnLB3LP2v4

    [v] Todos os peixes do Rio Doce morreram: https://www.youtube.com/watch?v=b01apsICFT0

    [vi] Diversas outras fotos disponíveis em https://goo.gl/Ow7Apq

    [vii] Fotos disponíveis no link http://epoca.globo.com/…/tragedia-em-mariana-minas-gerais-t…

    [viii] Disponíveis no link http://agazeta.redegazeta.com.br/…/3914111-fotografa-mostra…

    [ix] Reportagem completa disponível no linkhttp://sergiorochareporter.com.br/contaminacao-causada-pel…/

    [x] Fonte: Uma série de fotos estão disponíveis na internet, como por exemplo em “A devastação do Xingu em imagens” no link: http://goo.gl/QpVs9o

    [xi] Artigo “Dívida Ecológica” disponível no link http://www.ecoeco.org.br/…/publ…/encontros/iv_en/mesa2/3.pdf

    [xii] Conselheiro Substituto do Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso, Doutor e Mestre em planejamento Ambiental pela COPPE-UFRJ, além de economista, formado na UFRJ, com especialização em Finanças Corporativas pela PUC-RJ. Autor dos livros Controle do Patrimônio Ambiental Brasileiro (Editora da UERJ) e Controle Externo – 310 Questões Comentadas (Elsevier) e de numerosos artigos e trabalhos técnicos, principalmente nas áreas de controle externo e gestão ambiental. Professor de disciplinas de pósgraduação em várias universidades, instrutor de cursos de capacitação nos TCs e professor em cursos preparatórios para concursos públicos.

    [xiii] Versão em Português disponível no link http://w2.vatican.va/…/papa-francesco_20150524_enciclica-la…

    [xiv] «Quando os seres humanos destroem a biodiversidade na criação de Deus; quando os seres humanos comprometem a integridade da terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a terra das suas florestas naturais ou destruindo as suas zonas húmidas; quando os seres humanos contaminam as águas, o solo, o ar… tudo isso é pecado».

    [xv] Vídeo-aula sobre o Sistema da Dívida no Brasil disponível no linkhttps://www.youtube.com/watch?v=rRQHG5kd-Q0

    [xvi] Matéria disponível no link http://apublica.org/…/truco-manobra-tenta-aprovar-codigo-d…/

    [xvii] Relatório disponível no link http://www.socioambiental.org/…/…/quem_e_quem_-_comite_0.pdf

    [xviii] Campanha internacional da qual a Auditoria Cidadã da Dívida é membro:http://www.paguenlojusto.org/

    [xix] Notícia disponível no link http://economia.estadao.com.br/…/geral,ibama-vai-vender-pre…

    [xx] Nota disponível no link http://www.contasabertas.com.br/website/arquivos/12175

    [xxi] http://www.auditoriacidada.org.br/clique-aqui-para-saber-c…/

     

    Fonte:  Auditoria Cidadã da Dívida, 15/11/15

  • O novo mundo pós-TPP

    O novo mundo pós-TPP

    O Tratado Transpacífico (TPP) regulará, por exemplo, o comércio de remédios, permitindo a expansão dos monopólios de medicamentos patenteados, o que acabaria com os genéricos. Os EUA estão a exigir mecanismos similares no tratado transatlântico com a União Europeia (TTIP)

    Os sistemas de resolução de controvérsias entre investidores e os Estados, previstos no TPP e no TTIP, impõem a obrigação de compensar os investidores pelas perdas dos benefícios esperados e poderia ser invocados até mesmo quando as regras não são discriminatórias e os benefícios são obtidos causando danos à sociedade
    Os sistemas de resolução de controvérsias entre investidores e os Estados, previstos no TPP e no TTIP, impõem a obrigação de compensar os investidores pelas perdas dos benefícios esperados e poderia ser invocados até mesmo quando as regras não são discriminatórias e os benefícios são obtidos causando danos à sociedade

    Os negociadores e ministros dos Estados Unidos e de outros onze países do Pacífico, se reúnem em Atlanta num esforço para decidir os detalhes do novo Trans-Pacific Partnership (Tratado Trans-Pacífico, cuja sigla em inglês é TPP), e é necessário uma análise sóbria do seu conteúdo. O maior acordo de comércio e investimento regional da história não é o que parece.

    Muito se vem falando sobre a importância do TPP para o “livre comércio”. Na verdade, trata-se de um acordo para administrar as relações comerciais e os investimentos dos seus membros. E para fazê-lo em nome dos grupos de pressão empresariais mais poderosos de cada país. Que não nos equivoquemos: é evidente, pela natureza das principais questões pendentes, que o TPP não tem nada a ver com o “livre” comércio.

    A Nova Zelândia ameaçou retirar-se do acordo pela maneira com que o Canadá e os Estados Unidos querem controlar o comércio de produtos lácteos. A Austrália não está contente com a forma em que os Estados Unidos e o México pretendem regular o comércio de açúcar. Os Estados Unidos não estão de acordo com a forma em que o Japão quer estabelecer o comércio de arroz. Essas indústrias são apoiadas pelos blocos empresariais mais importantes nos seus respetivos países. Logo, esses temas são somente a ponta do iceberg de um problema mais profundo: como o TPP vai impor uma agenda que, na verdade, atenta contra o livre comércio.

    Para começar, é preciso tomar em conta os efeitos de um acordo que amplia os direitos de propriedade intelectual das grandes companhias farmacêuticas, segundo o que se conhece através da divulgação do texto das negociações. A investigação económica demonstra claramente que tais direitos de propriedade intelectual não ajudam a promover mais investigações, no melhor dos casos. Pelo contrário, quando o Supremo Tribunal dos Estados Unidos invalidou a patente da empresa Myriad sobre o gene BRCA, produziu-se uma explosão de inovações, que depois se tornaram melhores provas, e menos caras. Efetivamente, as disposições do TPP restringirão a competição aberta e aumentarão os preços para os consumidores nos Estados Unidos e no mundo inteiro, o que significaria um obstáculo para o livre comércio.

    O TPP regulará o comércio de produtos farmacêuticos através de uma série de mudanças de regras aparentemente compreensíveis sobre temas como “a vinculação de patentes”, a “exclusividade dos dados”, e dados “biométricos”. O resultado real é que se permitirá às empresas farmacêuticas, às vezes por tempo indefinido, a expansão dos seus monopólios sobre os medicamentos patenteados, a exclusão de medicamentos genéricos mais baratos, além de proibir os concorrentes “biossimilares” de lançar novos medicamentos durante anos. É assim que o TPP regulará o comércio da indústria farmacêutica, caso os Estados Unidos façam prevalecer os seus interesses.

    Da mesma forma, deve-se considerar como os Estados Unidos esperam utilizar o TPP para regular o comércio da indústria do tabaco. Durante décadas, as empresas de cigarro norte-americanas utilizaram mecanismos de defesa para os investimentos estrangeiros criados por acordos similares ao TPP, e, através deles, lutaram contra as regulações destinadas a travar o flagelo para a saúde pública causado pelo consumo de cigarros. Sob estes sistemas de resolução de controvérsias entre investidores e os Estados (ISDS), os investidores estrangeiros adquirem novos direitos para levar os governos nacionais perante mecanismos de arbitragem privados, quando contrariarem os regulamentos que considerem uma ameaça para a rentabilidade esperada por seus investimentos.

    Os interesses empresariais internacionais consideram os ISDS imprescindíveis para “proteger os direitos de propriedade onde não existe o império da lei e tribunais seguros”. Mas esse argumento não tem sentido. Os Estados Unidos estão a exigir o mesmo mecanismo num megaacordo similar com a União Europeia, a Associação Transatlântica para o Comércio e o Investimento (cuja sigla em inglês é TTIP), apesar de que não há dúvidas sobre a qualidade dos sistemas jurídicos e dos tribunais da Europa.

    Todo o mundo está de acordo que os investidores – qualquer que seja o seu domicílio fiscal – merecem ser protegidos contra as expropriações ou regulações discriminatórias. Mas os ISDS vão muito além disso: impõem a obrigação de compensar os investidores pelas perdas dos benefícios esperados e poderia ser invocados até mesmo quando as regras não são discriminatórias e os benefícios são obtidos causando danos à sociedade.

    Atualmente, a Philip Morris International levou aos tribunais a Austrália e o Uruguai (este segundo não é parceiro do TPP) por exigir que os cigarros tragam etiquetas alertando sobre os perigos do produto para a saúde. Há alguns anos, o Canadá desistiu de introduzir uma etiqueta de advertência igualmente eficaz, sob a ameaça de um processo similar.

    Devido a todo o segredo que envolve as negociações do TPP, não está claro se o tabaco será excluído parcialmente dos ISDS. De qualquer forma, a questão mais complexa ainda é o facto de que essas disposições fazem com que seja difícil aos governos exercer as suas funções básicas: a proteção da saúde e da segurança dos seus cidadãos, garantir a estabilidade económica e a proteção do meio ambiente.

    Imaginem o que teria acontecido se essas disposições estivessem em vigor quando se descobriu os efeitos letais do amianto. Em vez de fechar as fábricas e obrigar os fabricantes a indemnizar os prejudicados, segundo os critérios dos ISDS, os governos teriam que indemnizar os fabricantes por não matar os seus cidadãos. Os contribuintes teriam que pagar duas vezes: primeiro pelos danos causados pelo amianto à sua saúde, depois para compensar os fabricantes pelos lucros perdidos quando o governo teve que intervir para regular um produto perigoso.

    Não deve surpreender ninguém que os acordos internacionais dos Estados Unidos regulem o comércio, em vez de liberalizá-lo. É o que acontece quando o processo de decisão sobre as distintas políticas se torna exclusivo dos interesses empresariais e restrito aos representantes eleitos pelo povo no Congresso dos Estados Unidos.

    Artigo de Joseph Stiglitz e Adam Hersh.

    Tradução: Victor Farinelli para Carta Maior

  • O CAPITAL OPÕE-SE À VIDA!

    O CAPITAL OPÕE-SE À VIDA!

    O sistema capitalista baseia-se na acumulação incessante de riquezas, na fome infinita de lucro, na transformação de tudo em mercadoria. Ele é incompatível com a realidade de um planeta com recursos naturais finitos. Hoje, o sistema produtivo comandado pelo capital ameaça diretamente os sistemas de suporte à vida no planeta, o que inclui a vida humana.

    A contradição irresolvível entre capital e natureza vai da terra (3/4 da superfície dos continentes sofre intervenção humana direta) à água (utiliza-se mais água doce do que o Sistema Terra repõe); da desintegração da biodiversidade (com extinção de espécies 1000 vezes mais acelerada do que a taxa natural) à interferência nos ciclos biogeoquímicos, acidificação dos oceanos, mudança climática e destruição da camada de ozônio.

    Neste contexto de grave crise ecológica global, o Setorial Paulo Piramba apresenta sua contribuição para o V Congresso do PSOL, na perspectiva de o Partido como um todo avançar como organização ecossocialista.
    ENERGIA: PARA QUÊ, PARA QUEM? QUE SE MUDE O SISTEMA, NÃO O CLIMA!

    Em 2015, pela primeira vez em pelo menos 3 milhões de anos, a concentração atmosférica de CO2 ultrapassou 400 partes por milhão, 43% acima daquela no período pré-industrial. A acumulação desse e de outros gases está levando a um aquecimento do clima perigosamente acelerado. E é sobre os pobres, as mulheres, as crianças e os idosos, principalmente os negros, as populações periféricas, os países-ilha e o continente africano, enfim sobre os mais vulnerabilizados pelo próprio capitalismo, que incide primeiro e mais intensamente a maior parte dos seus impactos, como os crescentes desastres ambientais.

    Para resolver a crise climática, 80-90% do estoque de carbono na forma de petróleo, carvão e gás natural deve ser tratado como “inqueimável”, na contramão da exploração do petróleo do pré-sal brasileiro e de outras operações extrativas ecocidas. É necessário reverter as privatizações de reservas, como os leilões do petróleo no Brasil, combatendo o cinismo de atrelar o financiamento da educação e outros serviços públicos à exploração de petróleo.

    No Brasil, Belo Monte e as barragens no Tapajós atendem aos interesses das grandes empreiteiras, das corporações de energia e das indústrias que demandam uso intensivo de energia. E é possível, além de evitá-las, abandonar as fontes fósseis e nucleares, apostando na descentralização, através de fontes renováveis (solar, eólica etc.); na repotenciação de hidrelétricas já existentes e na redução das perdas na transmissão.

    Como base para uma matriz energética socioambientalmente justa, apostamos especialmente na energia solar residencial, como fonte de geração capaz de zerar as emissões de CO2 e o gasto de água na geração de energia, baratear a conta de luz e gerar empregos.
    QUEDÊ ÁGUA? HORA DE ENFRENTAR O AGROTÓXICO NEGÓCIO!

    Encontramo-nos diante de uma crise hídrica sem precedentes, no Nordeste e Sudeste do Brasil e em diversas regiões do globo. Secas tendem a se agravar com a mudança climática antrópica, espalhando sede, miséria e barbárie.

    A privatização e a mercantilização da água são criminosas, mas a crise hídrica é algo ainda maior e sistêmico. Em 60 anos, a população humana cresceu 2,8 vezes, enquanto o uso de água doce, mais de 6 vezes. A agricultura demanda – especialmente em grandes propriedades – de 60% a 70% da água doce; e a indústria pesada, mineração e geração de energia, outros 20%, deixando o consumo humano com a menor fatia.

    No Brasil, em 4 anos, a demanda por água cresceu 17%, muito acima do crescimento populacional, de 3,8%. 88% do aumento da demanda cai na conta do agronegócio, que, além de ser hidrointensivo, produz impactos socioambientais profundos. Agrotóxicos são utilizados em larga escala (5 litros por habitante por ano), envenenando populações rurais e consumidores dos alimentos, contaminando solo, rios, fauna e flora silvestres. São também responsáveis por emissão de óxido nitroso, terceiro gás de efeito estufa antrópico em importância. No entanto, enquanto áreas como a Reforma Agrária e a Educação sofrem cortes orçamentários brutais, a política de “austeridade à brasileira” ampliou os recursos destinados ao agronegócio em quase 20% de um ano para o outro.

    O ritmo de desmatamento aumentou com o novo Código Florestal, que anistiou desmatadores e reduziu a proteção de rios, encostas e nascentes. Além de contribuir com o aquecimento global (com as emissões de CO2 pelo desmatamento e de metano pelo rebanho bovino), a contaminação com produtos químicos e a compactação dos solos pelo gado amplificam a degradação, fazendo com que o agronegócio deixe, por onde passa, um cenário de terra arrasada. Acrescente-se o inaceitável avanço da transgenia, que deixa o controle do que se planta e do que se come, via monopólio do DNA, nas mãos de empresas inescrupulosas do naipe da Monsanto, Bayer e Syngenta.

    A solução da crise hídrica passa por um combate sem tréguas às injustiças ambientais; pela transparência na alocação, uso e transposição da água; pela defesa da sua qualidade; pelo respeito à soberania popular na definição da política hídrica.
    EM DEFESA DOS POVOS ORIGINÁRIOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS!

    O Brasil é um país multicultural, plurinacional, entretanto, historicamente seus povos originários foram subjugados à violência colonizadora e à perda de seus territórios. A expansão de projetos de sustentação ao atual modelo econômico vem significando uma ofensiva sobre a manutenção dos territórios de comunidades ainda não completamente integradas ao modelo capitalista, como povos e comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e pequenos proprietários de terra, com aumento de conflitos e violência no campo.

    Ganharam espaço, nos últimos anos, setores empresariais ligados à mineração, à pecuária e ao agronegócio. Sua representação no Congresso Nacional já intenta a aprovação da PEC 215 e outras propostas, após a derrota que impuseram à sociedade com o novo Código Florestal, o fim da identificação dos transgênicos e a legalização da biopirataria.

    A defesa dos direitos dos povos originários e comunidades tradicionais passa pelo contraponto ao capitalismo. Seus modos de vida são, ao contrário dos que os caracterizam como “povos atrasados”, bem mais harmonizados com o ambiente, por meio de suas tecnologias sociais. E um modo de vida que não seja medido nem pelo PIB nem pelo acesso a bens de consumo descartáveis e fúteis, pode e deve servir de inspiração para a nova sociedade que pretendemos, com os valores do “Bem Viver”.

    POR CIDADES ECOSSOCIALISTAS!

    Com a maior parte da população mundial habitando grandes cidades, é preciso reconhecer que a crise de civilização é efetivamente uma crise de urbanização. As cidades “funcionam” numa lógica predatória. Desiguais, poluídas e violentas, refletem a própria ordem sufocante e tirânica do capital.

    À lógica de uma cidade consumidora versus um campo produtor, apontamos o fim do parasitismo que o capital molda no meio urbano com: fontes ambientalmente limpas e socialmente justas de geração de energia; transporte público de massas, digno e não-poluente/não-emissor, com passe livre, priorizando meios metroviário/ferroviário (e aquaviário quando possível); planos diretores voltados para a maioria e não para a especulação imobiliária; integração aos biomas que as circundam e produção de parte importante dos alimentos que elas demandam; tratamento adequado dos resíduos sólidos e líquidos; que sejam cidades ecossocialistas, rumo à resolução da contradição com o campo.

    RUMO A UM BRASIL ECOSSOCIALISTA!

    O futuro escrito pelo capital é árido, cinza e com cheiro de morte. Mas o sopro benfazejo das lutas, da favela à aldeia, da escola ao quilombo, há de reescrevê-lo, em verso, em aroma e em cores. E cheio de mato, de mar e de amor, o futuro reescrito será social e ambientalmente justo, infinitamente natural e humano.
    Assinam esta contribuição:

    1. Abdon da Costa Souza – São Paulo/SP
    2. Abel de Brum Pacheco – Francisco Beltrão/PR
    3. Adauto Miguel – Rio das Ostras/RJ
    4. Adelino Bessa – Marituba/PA
    5. Adhara Aline Bezerra Batalha – Rio das Ostras/RJ
    6. Ádia Machado – Niterói/RJ
    7. Adinei Machado – Niterói/RJ
    8. Adriana Bitencourt da Silva – Volta Redonda/RJ
    9. Adriana Calaça de Paiva França – Crateús/CE
    10. Adriano Dall Pizol Diaz – Santo Antônio do Sudoeste/PR
    11. Adriano José dos Santos – Rio de Janeiro/RJ
    12. Afonso Menezes – Rio de Janeiro/RJ
    13. Afrânio Boppré – Florianópolis/ SC
    14. Afrânio Castelo – Fortaleza/CE
    15. Agatha Cristie Silva – Aracaju/SE
    16. Agnaldo Charoy – Novo Hamburgo/RS
    17. Aguinaldo Ferreira – Belém/PA
    18. Ailton Lopes – Fortaleza/CE
    19. Airton Moreira Jr. – Rio Claro/SP
    20. Akauan Machado da Costa – Niterói/RJ
    21. Alandione Lupatini – Ampere/PR
    22. Alberto Andrade – Ananindeua/PA
    23. Alcebiades Teixeira (BID) – Rio de Janeiro/RJ
    24. Alcione Lima – Niterói/RJ
    25. Alcir Luciany Lopes Martins – Santa Maria/RS
    26. Alessandra Abramo – Niterói/RJ
    27. Alessandra Lacerda – São Paulo/SP
    28. Alex Nardi de Carvalho Dantas – Rio de Janeiro/RJ
    29. Alexandre Araújo Costa – Fortaleza/CE
    30. Alexandre Baquero Lima – São Paulo/SP
    31. Alexandre Capelo – Osasco/SP
    32. Alexandre Goulart – Petrópolis/RJ
    33. Alexandre Machado Maia – Iranduba/AM
    34. Alexandre Plautz Lisboa – Curitiba/PR
    35. Alexandre Reif Júnior – Curitiba/PR
    36. Alexandre Ribeiro dos Santos – Maricá/RJ
    37. Alexandre Trennepohl – Florianópolis/SC
    38. Alice Moro Neocatto – Santa Maria/RS
    39. Aline Alves Joaquim – Indaiatuba/SP
    40. Aline Costa – Brasília/DF
    41. Aline Maria dos Santos – São Luiz/MA
    42. Aline Pandolfi – Vitória /ES
    43. Aline Saraiva – Fortaleza/CE
    44. Allan Mesentier – Rio de Janeiro/RJ
    45. Allan Sinclair – Niterói/RJ
    46. Almir Martins Dias – Niterói/RJ
    47. Álvaro Flores – Francisco Beltrão/PR
    48. Álvaro José Brandão – Cuiabá/MT
    49. Alvaro Neiva – Rio de Janeiro/RJ
    50. Alvino Lima – Volta Redonda/RJ
    51. Amanda Marcatti – São Paulo/SP
    52. Amanda Regina Pereira Neto – Niterói/RJ
    53. Amanda Weiss de Camargo – Curitiba/PR
    54. Amarildo Stabile Jr. – Campinas/SP
    55. Amilson Pinheiro – Ananindeua/PA
    56. Ana Alice dos Santos Porto – Rio das Ostras/RJ
    57. Ana Beatriz da Silva Barboza – Casimiro de Abreu/RJ
    58. Ana Beatriz Pinheiro e Silva – Rio de Janeiro/RJ
    59. Ana Carolina Souza da Silva – Rio de Janeiro/RJ
    60. Ana Caroline B. Lira – Brasília/DF
    61. Ana Clara Newlands – Rio de Janeiro/RJ
    62. Ana Claudia Chaves Mello – Niterói /RJ
    63. Ana Cristina Carvalhaes Machado – Rio de Janeiro/RJ
    64. Ana Flávia Carvalho – Rio das Ostras/RJ
    65. Ana Isabel de Azevedo Spinola Dias – Rio das Ostras/RJ
    66. Ana Jéssica Martins de Medeiros – Manaus/AM
    67. Ana Lucia dos Santos Silva – Lauro de Freitas/BA
    68. Ana Luiza Buriche – Niterói/RJ
    69. Ana Magni – Rio de Janeiro/RJ
    70. Ana Marta Couto Rosário – Parnamirim/RN
    71. Ana Moraes – Niterói/RJ
    72. Ana Rosa Caldeira – São Paulo/SP
    73. Ana Rosa Rodrigues de Souza – Santa Maria do Jetibá/ES
    74. Ana Vládia Holanda Cruz – Fortaleza/CE
    75. Ananda da Silveira Viana – Volta Redonda/RJ
    76. Anathyele Brandt Amaral – Niterói/RJ
    77. Anderson Pereira Mancuso – Santos/SP
    78. Anderson Peter Nascimento dos Santos – Rio de Janeiro/RJ
    79. André Borba – Niterói/RJ
    80. André Cristi – São Paulo/SP
    81. André de Oliveira Miguel – Rio das Ostras/RJ
    82. André Duarte – Novo Hamburgo/RS
    83. André Ferrari – São Paulo/SP
    84. André Luís Paes Ramos – Niterói/RJ
    85. André Luiz Alves – Campo Mourão/PR
    86. André Luiz Sales Melo – Niterói/RJ
    87. André Moreira – Vitória/ES
    88. André Pereira – Rio de Janeiro/RJ
    89. André Santos – Salvador/BA
    90. Andréa A. Queiroz Bicalho – Vila Velha/ES
    91. Andrea Bardawil Campos – Fortaleza/CE
    92. Andréa Cristina Cunha Solimões – Belém/PA
    93. Andreia Bianchi – São Paulo/SP
    94. Andrew Costa – Niterói/RJ
    95. Angela Picaluga – Rio de Janeiro/RJ
    96. Anísio de Souza Borba – Rio de Janeiro/RJ
    97. Anisio Guilherme da Fonseca (Anísio Guató) – Corumbá/MS
    98. Anita Prosperi Queiroz – Natal/RN
    99. Anna Carolina Jeronimo Martins – Rio de Janeiro/RJ
    100. Annelize Tozetto – Curitiba/PR
    101. Antônia Elizabete Leandro da Silva – Recife/PE
    102. Antônia Portela – Uruoca/CE
    103. Antônia Ticyana Marinho Martins – Santa Quitéria/CE
    104. Antônio Bastos – Rio de Janeiro/RJ
    105. Antônio Carlos Barros – Ananindeua/PA
    106. Antônio Carlos (Tonhão) – Campinas/SP
    107. Antônio Elias Miranda Gomes – Vitória/ES
    108. Antônio Enagio Farias de Oliveira – São Gonçalo/RJ
    109. Antônio Francisco Rodrigues de Freitas – Barra do Mendes/BA
    110. Antônio Henrique Campello – Rio de Janeiro/RJ
    111. Antônio José de Oliveira (Futuro) – Rio de Janeiro/RJ
    112. Antônio Laudenir Gomes do Nascimento – Acarape/CE
    113. Antônio Mendonça – Rio de Janeiro/RJ
    114. Antônio Mota Filho – São Paulo/SP
    115. Antônio Vinícius de Oliveira – Aracaju/SE
    116. Aparecida Cirlene Cabral – Jacundá/PA
    117. Aretha Kadichari Dantas Melo – Natal/RN
    118. Arilson Lopes Ferreira – Santa Quitéria/CE
    119. Aristóteles Lima Santana – Paulo Afonso/BA
    120. Arlindo M. Esteves Rodrigues – São Paulo/SP
    121. Arnaldo Fernandes – Fortaleza/CE
    122. Arthur Moreira – Vitória/ES
    123. Ary Gabriel Girota de Souza – Niterói/RJ
    124. Atila China – Magé/RJ
    125. Audrin Louise Brandl – Campo Largo/PR
    126. Augusto César Spadaccia Asciutti – Campinas/SP
    127. Augusto Leon Souza Lemos – Goiânia/GO
    128. Augusto Malaman – São Paulo/SP
    129. Augusto Tadeu de Araújo Alves – Rio de Janeiro/RJ
    130. Bárbara Bulhões – Rio de Janeiro/RJ
    131. Bárbara Nascimento – Aracaju/SE
    132. Baruc Carvalho Martins – Poço Verde/SE
    133. Beatriz Trindade – Rio de Janeiro/RJ
    134. Bennio Briolly – Niterói/RJ
    135. Berlano Andrade – Recife/PE
    136. Beto Bannwart – São Paulo/SP
    137. Bianca Cunha – Niterói/RJ
    138. Bianca Resende da Silva – Niterói /RJ
    139. Breno Lobo – Brasília/DF
    140. Breno Mariz Batista de Araújo – Caicó/RN
    141. Brice Bragato – Vitória/ES
    142. Bruna Ballarotti – São Paulo/SP
    143. Bruna Cavalcanti – Castanhal/PA
    144. Bruna Leão Rossi Raphaeli – São Paulo/SP
    145. Bruno Almeida – Rio de Janeiro/RJ
    146. Bruno Araújo – Niterói/RJ
    147. Bruno Azevedo Spinola Pinto – Rio das Ostras/RJ
    148. Bruno Chancharulo – Campinas/SP
    149. Bruno Deusdara – Rio de Janeiro/RJ
    150. Bruno dos Santos Azevedo – Niterói/RJ
    151. Bruno Francisco Cruz – Vitória/ES
    152. Bruno Freitas – Rio de Janeiro/RJ
    153. Bruno Marconi da Costa – Rio de Janeiro/RJ
    154. Bruno Marinoni – Rio de Janeiro/RJ
    155. Bruno Matos – São Paulo/SP
    156. Bruno Ribeiro – Fortaleza/CE
    157. Bryan Félix da Silva de Moraes – Campinas/SP
    158. Caio Almendra – Rio de Janeiro/RJ
    159. Caio Anderson Feitosa Carlos – Fortaleza/CE
    160. Caio Lopes Amorim – Rio de Janeiro/RJ
    161. Caio Rubinho Zinet – São Paulo/SP
    162. Camila Bandeira Moura – Horizonte/CE
    163. Camila Brito Moreira – Niterói/RJ
    164. Camila Valente – Rio de Janeiro/RJ
    165. Camila Viviane Lui – São Paulo/SP
    166. Carla Benitez Martins – Goiânia/GO
    167. Carlos Alberto Coutinho Neves de Almeida – Rio de Janeiro/RJ
    168. Carlos Alberto Ribeiro – Fortaleza/CE
    169. Carlos Augusto Alves da Silva – Natal/RN
    170. Carlos Augustos Santos – Manaus/AM
    171. Carlos Bittencourt – Niterói/RJ
    172. Carlos De Nicola – São Paulo/SP
    173. Carlos Eduardo Giglio – Volta Redonda/RJ
    174. Carlos Eduardo Tacto – Rio de Janeiro/RJ
    175. Carlos Ernesto Santa Fé – Rio de Janeiro/RJ
    176. Carlos Faleiro – Rio de Janeiro/RJ
    177. Carlos Pereira de Araujo (Carlão) – Vitória/ES
    178. Carlos Raphael de Souza Rolim – Natal/RN
    179. Carlos Schmidt – Porto Alegre/RS
    180. Carmem Saraiva – Serra/ES
    181. Carmen Susana Tornquist – Florianópolis/SC
    182. Carolina Barin – Santa Maria/RS
    183. Carolina de Oliveira Souto – Uberaba/MG
    184. Carolina Figueiredo Filho – Campinas/SP
    185. Carolina Galant da Paz – Niterói/RJ
    186. Carolina Souto – Brasília/DF
    187. Caroline de Araújo Lima – Porto Seguro/BA
    188. Caroline de Castro – Rio de Janeiro/RJ
    189. Caroline Thays Scopel – Rio de Janeiro/RJ
    190. Cauã Rodrigo Ramos da Cruz – Belém/PA
    191. Cecília Dasdores de Souza Silva – Salvador/BA
    192. Cecilia Vieira de Melo – Rio de Janeiro/RJ
    193. Celso Ferreira Dantas – Rio de Janeiro/RJ
    194. Celso Minoru Sakuraba Junior – Fortaleza/CE
    195. Cesar Fernandes – Curitiba/PR
    196. Cezar Paulo – Colatina/ES
    197. Charles Capelário – Cascavel/PR
    198. Charleston Ribeiro Pinto – Alagoinhas/BA
    199. Cheron Zanini Moretti – Novo Hamburgo/RS
    200. Chico Alencar – Rio de Janeiro/RJ
    201. Cícero Meceu Carneiro Rodrigues – Santana do Acaraú/CE
    202. Cindy Almeida Sousa – Belém/PA
    203. Ciro Augusto Mota Matias – Maracanaú/CE
    204. Claudia Mitie Kono – Rio de Janeiro/RJ
    205. Cláudia Weiss – Curitiba/PR
    206. Cláudio Cesar Palheta da Costa Junior – Mossoró/RN
    207. Cleberson da Silva – Manaus/AM
    208. Cleide Brito – Castanhal/PA
    209. Cleide Coutinho – Salvador/BA
    210. Clementina Bagno – Brasília/DF
    211. Clemildo Sá – Brasília/DF
    212. Cléo Emídio dos Santos Silva – Feira de Santana/BA
    213. Clovis André Dhamasceno da Hora – Nova Iguaçu/RJ
    214. Clovis dos Santos – Jundiaí/SP
    215. Conrado Pereda Minucelli – Cascavel/PR
    216. Cristiane Anizeti dos Santos – Campinas/SP
    217. Cristiane do Socorro Monteiro Barbosa – Macapá/AP
    218. Cristiano Gabriel Guimarães – Pinhais/PR
    219. Cristiano Luiz Alves Cardoso – Francisco Beltrão/PR
    220. Cristiano Mano – Brasília/DF
    221. Cristina Brito Santana – Rio de Janeiro/RJ
    222. Cristina Fernandes – São Paulo/SP
    223. Curt de Oliveira Mueller – Niterói/RJ
    224. Dalvacir Azevedo de Gois – Aracaju/SE
    225. Dan D’Onofre – Seropédica/RJ
    226. Daniel Cassemiro Sampaio – Rio de Janeiro/RJ
    227. Daniel Castro – Jataí/GO
    228. Daniel Costa – São Paulo/SP
    229. Daniel Dalsoto – Caxias do Sul/RS
    230. Daniel de Lima – Cantagalo/PR
    231. Daniel Domingues Monteiro – Rio de Janeiro/RJ
    232. Daniel Fonsêca – Rio de Janeiro/RJ
    233. Daniel Luca Dassan da Silva – Campinas/SP
    234. Daniel Melo Barreto – Barreiras/BA
    235. Daniel Vieira Nunes – Niterói/RJ
    236. Daniela de Araujo Abreu – Rio de Janeiro/RJ
    237. Daniele Cabral de Freitas Pinheiro – Rio de Janeiro /RJ
    238. Daniele Jardim – Rio de Janeiro/RJ
    239. Daniele Rehling – Pelotas/RS
    240. Daniele Taha – Rio de Janeiro/RJ
    241. Daniella Monteiro da Silva – Rio de Janeiro/RJ
    242. Danilo Cledson Costa de Lima – Parnamirim/RN
    243. Danilo Moura – Salvador/BA
    244. Danilo Spinola Caruso – Volta Redonda/RJ
    245. Dante Luís Silva Mariano – Aracaju/SE
    246. Davi Mendes Leite – Feira de Santana/BA
    247. Dayan Marchezi – Serra/ES
    248. Dayana Rosa Morais – Volta Redonda/RJ
    249. Debora Sousa – Brasília/DF
    250. Deborah Regina Salim – Rio de Janeiro/RJ
    251. Décio Alves de Rezende – Colatina/ES
    252. Dejair Dias – Rio de Janeiro/RJ
    253. Demetrius Pereira de Siqueira – São Paulo/SP
    254. Demison Cardoso – Ouriçangas/BA
    255. Denilson Campos Neves – Salvador/BA
    256. Denise Andrade – Salvador/BA
    257. Denise Brasil – Rio de Janeiro/RJ
    258. Denise Soares Teixeira – Cabo Frio/RJ
    259. Denise Vazquez Manfio – São Paulo/SP
    260. Derik Bezerra Machado – Vitória/ES
    261. Deybes Modesto – Castanhal/PA
    262. Diego Alex Santos da Cruz – Mesquita/RJ
    263. Diego Alison Costa – Natal/RN
    264. Diego Machado de Assis – Campinas/SP
    265. Diego Medeiros – Rio de Janeiro/RJ
    266. Diego Pereira de Siqueira – São Paulo/SP
    267. Diego Rodrigues dos Santos – São Paulo/SP
    268. Dimitri Silveira – São Paulo/SP
    269. Diogo Faleiros Portela – Campinas/SP
    270. Diogo Portugal Pudles – São Paulo/SP
    271. Dione Lins – Rio de Janeiro/RJ
    272. Dirceu Lucas Pinheiro Rosa – São Paulo/SP
    273. Dulce Vieira de Sena – Goiânia/GO
    274. Edemilson Antonio Perez Clementino – Taboão da Serra/SP
    275. Ediane Lopes de Santana – Porto Seguro/BA
    276. Edinea Cristina Santos Matos – Lauro de Freitas/BA
    277. Edivaldo Andrade – Ananindeua/PA
    278. Edmilson Brito Rodrigues – Belém/PA
    279. Edna Santos de Lima – Brasília/DF
    280. Ednardo Bernardino Rodrigues Lopes (Tocha Lopes) – Parnamirim/RN
    281. Edson Bonfim – Vitória/ES
    282. Edson Ferramenta – Ilhéus/BA
    283. Eduardo Báez Alvarenga Rivas – Cascavel/PR
    284. Eduardo Chitolina – Esteio/RS
    285. Eduardo Glasser – Niterói/RJ
    286. Eduardo Luís Ruppenthal – Porto Alegre/RS
    287. Eduardo Moraes – Rio de Janeiro/RJ
    288. Elaine Ferreira – Castanhal/PA
    289. Elane Patrícia Ribas Dias – Prado/BA
    290. Elen Del Giudice – Niterói/RJ
    291. Eliane Cristina Brito de Oliveira – Brasília/DF
    292. Eliane de Fátima Inácio – Colatina/ES
    293. Eliane Nogueira Santana – Umuarama/PR
    294. Elidio Marques – Rio de Janeiro/RJ
    295. Eliene Conceição – Colatina/ES
    296. Eliomar Coelho – Rio de Janeiro/RJ
    297. Elisabete Zardo Burigo – Porto Alegre/RS
    298. Elizia Januário da Silva – Rio de Janeiro/RJ
    299. Eliziário Souza Andrade – Salvador/BA
    300. Ellen Nairara Oliveira Rodrigues – Belo Horizonte/MG
    301. Ellen Nascimento – Santa Quitéria/CE
    302. Eloy Ferreira Borges – Belém/PA
    303. Elton Lucas Dognini – Colombo/PR
    304. Emerson Bruno Bahia – Marajó/PA
    305. Emerson Parente – Banabuiú/CE
    306. Érica Cristina Almeida Alves – São Paulo/SP
    307. Érica Pontes – Fortaleza/CE
    308. Erick Medeiros Roland – Nilópolis/RJ
    309. Erickson Morais de Medeiros – Manaus/AM
    310. Érico Dias – Fortaleza/CE
    311. Eriton de Assis Silva – Rio de Janeiro/RJ
    312. Ernane Viana – Niterói/RJ
    313. Ernesto Dourado da Rocha – Rio de Janeiro/RJ
    314. Ernesto Sales (Sal) – Fortaleza/CE
    315. Eronilton Buriti – Quixadá/CE
    316. Eugenia Marina Scarcella Garcia – Rio de Janeiro/RJ
    317. Eva de Jesus – Rio de Janeiro/RJ
    318. Eva Elias Santana – Umuarama/PR
    319. Eva Venialgo Oviedo – Francisco Beltrão/PR
    320. Evelyn Melo da Silva – Macaé/RJ
    321. Evelyn Silva – Rio de Janeiro/RJ
    322. Everson Gomes de Carvalho – Novo Gama/GO
    323. Fabiana Baraldo Gomes Antunes – Rio de Janeiro/RJ
    324. Fabiana Honório – Recife/PE
    325. Fabiana Lins de Castilho – Rio das ostras/RJ
    326. Fabiano Galdino – João Pessoa/PB
    327. Fábio Antônio Arruda – Guarulhos/SP
    328. Fábio Felix – Brasília/DF
    329. Fábio Nassif – São Paulo/SP
    330. Fabrício Coelho – Vitória/ES
    331. Fabrício Itaboraí – Valença/RJ
    332. Fagner Lira Bizerra – Campo Grande/MS
    333. Fátima Moreira Macapá – Belém/PA
    334. Fatima Rivas – Francisco Beltrão/PR
    335. Felipe Barros Monteiro – Campos/RJ
    336. Felipe Bilanger Rimes – Niterói/RJ
    337. Felipe Brilhante Maropo – Indaiatuba/SP
    338. Felipe Bruner Moda – São Paulo/SP
    339. Felipe Corneau – São Paulo/SP
    340. Felipe da Silva Duque – Rio de Janeiro/RJ
    341. Felipe Machado – Rio de Janeiro/RJ
    342. Felipe Mesquita Antunes – Rio das Ostras/RJ
    343. Felipe Monte Cardoso – Rio de Janeiro/RJ
    344. Felipe Sales Souza – Cratéus/CE
    345. Felipe Tannus Moreira da Costa – Limeira/SP
    346. Felipe Tomasi Cavalheri – São Paulo/SP
    347. Felipe Vieira – São Gonçalo/RJ
    348. Felipe William Ferreira de Alencar – São Paulo/SP
    349. Felippe Spinetti – Rio de Janeiro/RJ
    350. Fernanda Caroline Ferreira Alencar – São Paulo/SP
    351. Fernanda de Oliveira Souto – Uberaba/MG
    352. Fernanda Gabriela Protásio Fialho – Natal/RN
    353. Fernanda Melchionna – Porto Alegre/RS
    354. Fernando Carneiro – Belém/PA
    355. Fernando da Silva Monteiro – Seabra/BA
    356. Fernando de Oliveira Teixeira da Silva – Rio de Janeiro/RJ
    357. Fernando Leite – Goiânia/GO
    358. Fernando Silva (Tostão) – São Paulo/SP
    359. Fernando Teixeira – Rio de Janeiro/RJ
    360. Filipe Guerrra Kosiawy – Curitiba/PR
    361. Filipe Leite – Rio de Janeiro/RJ
    362. Flávia de Mendonça Ribeiro – Campinas/SP
    363. Flávia Mattos – Niterói/RJ
    364. Flávio Serafini – Niterói/RJ
    365. Franciele Gazola – Aracaju/SE
    366. Francisco Barros – Niterói/RJ
    367. Francisco Cardozo – Uruoca/CE
    368. Francisco Carneiro Di Felippo – Brasília/DF
    369. Francisco Eduardo Bodião – São Paulo/SP
    370. Francisco Eduardo Torres Cancela – Porto Seguro/BA
    371. Francisco Joel do Nascimento Gomes – Fortaleza/CE
    372. Francisco José da Silva – Teresina/PI
    373. Francisco Junior Piantkoski – Cantagalo/PR
    374. Francisco Mogadouro da Cunha – Campinas/SP
    375. Francisco Moreira de Castro (Ivan) – Canindé/CE
    376. Francisco Oliveira (Chico) – Rio de Janeiro/RJ
    377. Francisco Oliveira (Chicão) – Santo André/SP
    378. Francisco Osvaldo Aguiar – Sobral/CE
    379. Francisco Sinval – Castanhal/PA
    380. Gabi Tolotti – Porto Alegre/RS
    381. Gabriel Augusto – Recife/PE
    382. Gabriel Barbosa (Brico) – Rio de Janeiro/RJ
    383. Gabriel Bastos (Mineiro) – Rio de Janeiro/RJ
    384. Gabriel Cordeiro de Azevedo Pinheiro – Niterói/RJ
    385. Gabriel H. N. Müller – Brasília/DF
    386. Gabriel Kanaan – Florianópolis/SC
    387. Gabriel Lemes – Goiânia/GO
    388. Gabriel Lindenbach – São Paulo/SP
    389. Gabriel Santos Elias – Brasília/DF
    390. Gabriel Zelesco – Rio de Janeiro/RJ
    391. Gabriela Arosa – Rio de Janeiro/RJ
    392. Gabriela Bianchini – Campinas/SP
    393. Gabriela Freller – São Paulo/SP
    394. Gabriela Viguini – Vitória /ES
    395. Gelson Almeida – Rio de Janeiro/RJ
    396. Gemerson Garcia – Planaltina/DF
    397. Genilce Lofti – Niterói/RJ
    398. Geraldo Américo da Silva – Umuarama/PR
    399. Geraldo Araújo – Barra do Mendes/BA
    400. Gerson Gonçalves de Medeiros – Manaus/AM
    401. Gerson Rodrigues – Ananindeua/PA
    402. Gert Schinke – Florianópolis/SC
    403. Gesa Linhares Corrêa – Rio de Janeiro/RJ
    404. Gil Sales – Crateús/CE
    405. Gilberto Rodrigues – Rio de Janeiro/RJ
    406. Gilberto Sales Cavalcante – Cratéus/CE
    407. Gilmara Gabriela de Cristo Fernandes – Águas Lindas/GO
    408. Gilson Batista dos Santos – Poções/BA
    409. Giovanni de Campos Brum – Limeira/SP
    410. Giovanni Riccio – Castelo/ES
    411. Giulliane Brandão – Campinas/SP
    412. Givanildo M. da Silva (Giva) – São Paulo/SP
    413. Gleylson Galeno – Fortaleza/CE
    414. Grégor Daflon – Rio de Janeiro/RJ
    415. Guaraci Antunes – Rio de Janeiro/RJ
    416. Guilherme Lemos Villela – Campos/RJ
    417. Guilherme Malaquias Ferreira – Franca/SP
    418. Guilherme Moreira da Silva – Salvador/BA
    419. Guilherme Salles – Sorocaba/SP
    420. Guilherme Sarausa de Azevedo – Sumaré/SP
    421. Guilherme Telles – Rio de Janeiro/RJ
    422. Guilherme Victor Montenegro – Campinas/SP
    423. Gustavo Belisário – Brasília/DF
    424. Gustavo Seferian Scheffer Machado – São Paulo/SP
    425. Gustavo Weber de Melo – Rio e Janeiro/RJ
    426. Hailton S. do Nascimento – João Câmara/RN
    427. Hamilton Assis – Salvador/BA
    428. Hebert Kennady – Parauapebas/PA
    429. Hector Abdal – João Pessoa/PB
    430. Heitor Pereira – Aracaju/SE
    431. Helena Conceição do Amaral – Francisco Beltrão/PR
    432. Helena Martins – Fortaleza/CE
    433. Hélio Lopes Junior – Rio de Janeiro/RJ
    434. Henrique Campos Monnerat – Niterói/RJ
    435. Henrique Gustavo Souza Pratti – Quedas do Iguaçu/PR
    436. Henrique Maynart – Aracaju/SE
    437. Henrique Vianna Pinho – Niterói/ RJ
    438. Henrique Vieira – Niterói/RJ
    439. Herzem Costa Rodrigues – Itabuna/BA
    440. Higor Cirilo da Costa – Campo Grande/MS
    441. Hilton Barros Coelho – Salvador/BA
    442. Hiolanda Galvão da Costa – Iporã/PR
    443. Hudson Valente de Barros Alexandre Pereira – Teresina/PI
    444. Hugo Rodrigues Martins Dantas – Fortaleza/CE
    445. Humberto da Silva Michaeli – Vassouras/RJ
    446. Hyldalice de Andrade Marques – Rio de Janeiro/RJ
    447. Iacy Maia Mata – Salvador/BA
    448. Iago Amorim Lucena – João Pessoa/PB
    449. Ian de Paula Lo Feudo – Niterói/RJ
    450. Ian Guerra – Niterói/RJ
    451. Ian Werneck – Maricá/RJ
    452. Iarima Peixoto – Rio de Janeiro/RJ
    453. Idelmar Casagrande – Cariacica/ES
    454. Iderlandio Morais – Senador Pompeu/CE
    455. Igor de Oliveira Silva – Camaçari/BA
    456. Igor Frederico – Aracaju/SE
    457. Igor Girão Neri – Fortaleza/CE
    458. Igor Lodi Marchetti – São Paulo/SP
    459. Igor Soares – Rio de Janeiro/RJ
    460. Igor Totti – Rio de Janeiro/RJ
    461. Ilma Viana – Vitória/ES
    462. Ilza Helena – Rio de Janeiro/RJ
    463. Indalécio Tiago Camargo – Curitiba/PR
    464. Indira Matos Cirino – Lauro de Freitas/BA
    465. Ingrid Martins – Brasília/DF
    466. Iracélio Lomes Coelho – Colatina/ES
    467. Iran Adriano Sousa de Oliveira – Fortaleza/CE
    468. Iraní da Silva Farias – João Câmara/RN
    469. Irenilda da Penha Pereira – Colatina/ES
    470. Isa Penna – São Paulo/SP
    471. Isaac Rezende Mohamad – Rio de Janeiro/RJ
    472. Isabel Carneiro – Fortaleza/CE
    473. Isabela Caroline Hilário – Cascavel/PR
    474. Isabela Celchin Celjar – Rio das Ostras/RJ
    475. Isabela Leoni – Niterói/RJ
    476. Isabela Monteiro dos Anjos – Paciência/RJ
    477. Isabel Lessa – Rio de Janeiro/RJ
    478. Isadora Gomes – Rio de Janeiro/RJ
    479. Ismael Serrano – Volta Redonda/RJ
    480. Israel Tischler Da Silva – Santa Maria/RS
    481. Italo Pires Aguiar – Rio de Janeiro/RJ
    482. Ítalo Ribeiro – Fortaleza/CE
    483. Iuriatan Muniz – Campinas/SP
    484. Ivaldo Rosa Albano – Vitória/ES
    485. Ivan Rocha – Joinville/SC
    486. Ivanete Conceição da Silva – Duque de Caxias/RJ
    487. Ivanildo Claro da Silva – Cascavel/PR
    488. Izadora Feldner – São Paulo/SP
    489. Jacob Teubl – Araraquara/SP
    490. Jamylle Martins Teixeira – Caucaia/CE
    491. Janaína Andrea Florão – Canoas/RS
    492. Janaina Miranda – Belém/PA
    493. Jane Barros Almeida – São Paulo/SP
    494. Janice Gusmão Andrade – Serra/ES
    495. Janine Vieira Teixeira – Vitória/ES
    496. Janis da Costa Rodrigues Coelho – Rio Claro/SP
    497. Jardel Santana – Brasília/DF
    498. Jean Elizeu Sauka – Curitiba/PR
    499. Jean Marcelo – Sorocaba/SP
    500. Jean Peres – Campinas/SP
    501. Jefferson Barbosa – Duque de Caxias/RJ
    502. Jefte Pinheiro – Niterói/RJ
    503. Jenifer Clarisse Pereira da Silva – Campinas/SP
    504. Jeniffer Scarcella das Neves – Rio de Janeiro/RJ
    505. Jennifer Pereira Carvalho – Rio das Ostras/RJ
    506. Jerônimo Aragão – Sobral/CE
    507. Jerson Gallas Gallas – Caxias Do Sul/RS
    508. Jesse Gomes de Alvarenga – Vitória/ES
    509. Jéssica Lavisque de Brito Santos – Lauro de Freitas/BA
    510. Jéssica Oliveira Monteiro – Rio das Ostras/RJ
    511. Jéssica Pietrani – Niterói/RJ
    512. Jéssica Rodrigues Ramos – Rio das Ostras/RJ
    513. Jéssica Sales Cavalcante Régis – Cratéus/CE
    514. Jesuíta Dias Pinto – Brasília/DF
    515. Jhonatas Lima Monteiro – Feira de Santana/BA
    516. Jhone Carlos Cruz – Rio de Janeiro/RJ
    517. Jimy Carter – Boa Vista do Ramos/AM
    518. Joana Camilo de Fernandes – São Paulo/SP
    519. João Alfredo Telles Melo – Fortaleza/CE
    520. João Barbosa – Juazeiro do Norte/CE
    521. João Berkson da Rocha Araújo – Sobral/CE
    522. João Bosco Teixeira – Linhares/ES
    523. João Caetano Soares da Costa – Niterói/RJ
    524. João Carlos S. Amaral – Tapes/RS
    525. João Edilson Ferreira Lima Junior – Rio de Janeiro/RJ
    526. João Freitas – Volta redonda/RJ
    527. João Machado – São Paulo/SP
    528. João Maciel da Silva – Iranduba/AM
    529. João Marcelo Quintiliano Ramos – Rio de Janeiro/RJ
    530. João Pedro Barbosa F. Militão – São Paulo/SP
    531. João Pedro Munhoz – São Paulo/SP
    532. João Pucinelli – Goiânia/GO
    533. João Ricardo da Silva – São Paulo/SP
    534. João Roberto Lopes de Azevedo – Fortaleza/CE
    535. João Roger – Florianópolis/SC
    536. João Sérgio Pereira – Brasília/DF
    537. João Verani Protasio – Niterói/ RJ
    538. João Victor – Marituba/PA
    539. João Victor Moura – Santa Maria/RS
    540. Joaquim Aristeu Benedito da Silva – Jacareí/SP
    541. Joaquim Farias – Uruoca/CE
    542. Joaquim Pinheiro de Araújo – Natal/RN
    543. Jocarly Martins Duarte – Vitória/ES
    544. Jodiel de Lima – Maracanau/CE
    545. Joeferson Faccin José de Almeida – São Paulo/SP
    546. Joel Marques – Rio de Janeiro/RJ
    547. Joelma dos Santos Lopes – Colatina/ES
    548. Joeny Bessa Borges – Campo Grande/RJ
    549. Johnatan Gomes Mendes – Niterói/RJ
    550. Joice Souza – Rio de Janeiro/RJ
    551. Jonas Freire Santana – Vitória/ES
    552. Jonas Menezes Bezerra – Fortaleza/CE
    553. Jonas Renato Donizeti Pierobon – Leme/SP
    554. Jonathan Chasko da Silva – Cascavel/PR
    555. Jonathan de Oliveira Mendonça – Rio das Ostras/RJ
    556. Jonathas Correia – Vitória/ES
    557. Jordana Almeida de Oliveira e Souza – Rio de Janeiro/RJ
    558. Jordiclei Rabelo de Santana – Poço Verde/SE
    559. Jorge Almeida – Salvador/BA
    560. Jorge Artur Lopes Fernandes – Caicó/RN
    561. Jorge Ferreira da Silva – Brasília/ DF
    562. Jorge Luiz Santos – Ilhéus/BA
    563. Jorge Santana – São Gonçalo/RJ
    564. Josael Lima – Fortaleza/CE
    565. José Adão de Lima – Umuarama/PR
    566. José Afonso da Silva – Taboão da Serra/SP
    567. José Alacid da Silva – Ananindeua/PA
    568. José Anezio Fernandes do Vale – Serra/ES
    569. José Aparecido da Silva – Umuarama/PR
    570. José Augusto Éverton – Belém/PA
    571. José Caetano de Jesus Filho – Feira de Santana/BA
    572. José Conceição de Jesus (Zeca do Veleiro) – Cacique Pataxó da Aldeia Tauá/BA
    573. José Correa Leite – São Paulo/SP
    574. José dos Santos (Gordo) – Queimados/RJ
    575. José Luiz Fevereiro – Rio de Janeiro/RJ
    576. José Luiz Prímola – Nova Iguaçu/RJ
    577. Jose Roberto Gomes – Vila Velha/ES
    578. José Rodrigues – Belém/PA
    579. José Romualdo Lopes de Souza – Demerval Lobão/PI
    580. José Silva – Santa Rita/PB
    581. Josean Calixto – Santa Rita/PB
    582. Josefa Maria Pessoa – João Alfredo/PE
    583. Joselene Mota – Belém/PA
    584. Josibel Nunes da Silva – Cantagalo/PR
    585. Josival Lima – Natal/RN
    586. Josmar Martins Duarte – Serra/ES
    587. Joubert Assumpção – Niterói/ RJ
    588. Joyce Isabelle de Oliveira Martins – Fortaleza/CE
    589. Juazeiro Rodrigo – Brasília/DF
    590. Julia Bustamante – Rio de Janeiro/RJ
    591. Júlia Forbes – São Paulo/SP
    592. Julia Portes – Rio de Janeiro/RJ
    593. Júlia Prado – Vitória /ES
    594. Júlia Silveira – Niterói/RJ
    595. Juliana Andrade – Brasília/DF
    596. Juliana Araújo Meato – Niterói/RJ
    597. Juliana Caetano – Rio de Janeiro/RJ
    598. Juliana Selbach – Brasília/ DF
    599. Juliana Westmann Del Poente – São Paulo/SP
    600. Julianne Melo dos Santos – Fortaleza/CE
    601. Júlio Cesar de Brito Coelho Gomes – São Gonçalo/RJ
    602. Júlio Cesar Passos – Vitória/ES
    603. Júlio Cezar Holanda Araújo – Rio de Janeiro/RJ
    604. Júlio Gonçalves – Rio de Janeiro/RJ
    605. Júnior Freitas – Caucaia/CE
    606. Júnior Vera Cruz – Marituba/PA
    607. Jussara Ferreira Nunes dos Reis – Volta Redonda/RJ
    608. Juventino Barros – Nova Iguaçu/RJ
    609. Kahena Martinez Rivero – Rio de Janeiro/RJ
    610. Kalina Rosa – Baturité/CE
    611. Karla Gamba – Brasília/DF
    612. Karla Silva da Gloria – Niterói/RJ
    613. Karolina Barros Moraes – Campinas/SP
    614. Katia Sales – Belo Horizonte/MG
    615. Kayque Ferraz Costa – Vitoria da Conquista/BA
    616. Keila Lúcio de Carvalho – Rio de Janeiro/RJ
    617. Keli Moraes de Abreu – Friburgo/RJ
    618. Kennedi de Oliveira – Blumenau/SC
    619. Kenzo Soares – Rio de Janeiro/RJ
    620. Kézia Bastos Figueiredo – Rio das Ostras/RJ
    621. Laís Villaça de Azevedo – Rio das Ostras/RJ
    622. Landia de Paula Tavares – Rio de Janeiro/RJ
    623. Lara Nasi – Ijuí/RS
    624. Lara Paula de Meneses Costa – Fortaleza/CE
    625. Lara Rodrigus de Brito Pinheiro – Niterói/RJ
    626. Larissa Franco – Volta Redonda/RJ
    627. Larissa Rahmeier – Curitiba/PR
    628. Larissa Raven – Volta Redonda/RJ
    629. Larissa Torquato de Oliveira – Cascavel/PR
    630. Laura França – Niterói/RJ
    631. Lauro Borges – Jaguarão/RS
    632. Lausi Barcelos – Vitória /ES
    633. Leandro Caldas – Ananindeua/PA
    634. Leandro Teixeira de Morais – Brasília/DF
    635. Leci Carvalho – Nova Iguaçu/RJ
    636. Leny Claudino de Souza (Leninha) – Duque de Caxias/RJ
    637. Leon Vieira – Niterói/RJ
    638. Leonardo Agostinho Freitas – Vassouras/RJ
    639. Leonardo Carneiro – Fortaleza/CE
    640. Leonardo Denardin Montenegro – Curitiba/PR
    641. Leonardo Esteves (Mosquito) – Macaé/RJ
    642. Leonardo Gama de Araujo – Rio de Janeiro /RJ
    643. Leonardo Godoy – Ponta Grossa/PR
    644. Leonardo J. Sarmento – Curitiba/PR
    645. Leonardo Moreira e Silva – Volta Redonda/RJ
    646. Leonardo Veiga – Rio de Janeiro/RJ
    647. Leticia Pentagna Avila – Valença/RJ
    648. Lício Jonatas – Brasília/DF
    649. Lídia Maria de Souza Porto – Niterói/RJ
    650. Lidiane Barros Lobo – Rio de Janeiro/RJ
    651. Lidianny Vidal Fonteles – Salvador/BA
    652. Lilian Cassemiro Sampaio – Campo Grande/RJ
    653. Liliana Maiques Alves Monteiro – Rio de Janeiro/RJ
    654. Linda Brasil – Aracaju/SE
    655. Lindomar Oliveira Machado – Piraquara/PR
    656. Lívia Cassemiro Sampaio – Rio de Janeiro/RJ
    657. Lívia Rodrigues – São Paulo/SP
    658. Louise Anne de Santana – Fortaleza/CE
    659. Luã Kramer de Oliveira – Cuiabá/MT
    660. Luan do Valle – Salvador/BA
    661. Luana Carolina Braz – Fortaleza/CE
    662. Luana de Ávila e Silva Oliveira – Brasília/DF
    663. Luana Issi – Goiânia/GO
    664. Lucas Batal – Rio de Janeiro/RJ
    665. Lucas Coutinho Marcelino da Silva – Rio Claro/SP
    666. Lucas Fielding – Brasília/DF
    667. Lucas Lima Aguiar – Rio das Ostras/RJ
    668. Lucas Macondes Oliveira – São Paulo/SP
    669. Lucas Mathaeus Novaes da Costa – Valença/RJ
    670. Lucas Moreira Victor – Fortaleza/CE
    671. Lucas Onorato de Melo – Niterói/ RJ
    672. Lucas Santos Aguiar – Santo Antônio de Jesus/BA
    673. Lucas Villela Canôas – Campinas/SP
    674. Lucia Helena Bernardes Santos de Almeida – Salvador/BA
    675. Luciana Genro – Porto Alegre/RS
    676. Luciana Monteiro – Teresina/PI
    677. Luciano Barboza – Niterói RJ
    678. Luciano Egidio Palagano – Marechal Cândido Rondon/PR
    679. Luciano Guimarães – Rio de Janeiro/RJ
    680. Luciene da Silva Lacerda – Rio de Janeiro/RJ
    681. Lucimar de Souza Barbosa – Vila Velha/ES
    682. Lucimara Beserra – Cuiabá/MT
    683. Ludmila Lustosa Lessa – Niterói/ RJ
    684. Luís Antônio de Araújo Costa (Papa) – Salvador/BA
    685. Luís Antônio Villaça – São Paulo/SP
    686. Luís Artur Sansevero – Rio de Janeiro/RJ
    687. Luís Bocafoli – Rio de Janeiro/RJ
    688. Luís Carlos da Silva – Belém/PA
    689. Luís Carlos Miyazawa – São Paulo/SP
    690. Luís Espinoza – Campinas/SP
    691. Luís Guilherme Campos de Oliveira – São Roque/SP
    692. Luís Neto (Netão) – Uruoca/CE
    693. Luís Otávio Mendes – João Alfredo/PE
    694. Luís Paulo Neto – Queimados/RJ
    695. Luiz Antonio Sypriano – Piraquara/PR
    696. Luiz Augusto de Oliveira Gomes – São Gonçalo/RJ
    697. Luiz Carlos Lages – Brasilia/DF
    698. Luiz Cezar dos Santos Miranda – Candeias/BA
    699. Luiz Fábio de Luca – Francisco Beltrão/PR
    700. Luiz Felipe Bergmann – Curitiba/PR
    701. Luiz Felipe de Carvalho – Rio de Janeiro/RJ
    702. Luiz Fernando de Camargo – Curitiba/PR
    703. Luiz Fernando Lacerda – Brasília/DF
    704. Luiz Gonzaga de Souza Junior – São Paulo/SP
    705. Luiza Aquino – Rio de Janeiro/RJ
    706. Luiza Eduarda dos Santos – Novo Hamburgo/RS
    707. Luiza Foltran Aquino – Rio de Janeiro/RJ
    708. Luiza Gonzales – Rio Claro/SP
    709. Lujan Maria Bacelar de Miranda – Vitória/ES
    710. Luka Franca – São Paulo/SP
    711. Magda Furtado – Rio de Janeiro/RJ
    712. Magna Abrantes – Castanhal/PA
    713. Maiara Moreira Andraschko – Goiânia/GO
    714. Maiara Soares – Belém/PA
    715. Maikon Paiva Nascimento – Santa Quitéria/CE
    716. Malcolm dos Santos Almeida – Duque de Caxias/RJ
    717. Marcel Cabral – Fortaleza/CE
    718. Marcel Gavazza – Rio de Janeiro/RJ
    719. Marcela Marques Da Silva Damasceno – Natal/RN
    720. Marcela Prest – Feira de Santana/BA
    721. Marcele do Valle – Salvador/BA
    722. Marcelle Leal – Rio de Janeiro/RJ
    723. Marcelo de Jesus – Poço Verde/SE
    724. Marcelo de Sousa Lima – Fortaleza/CE
    725. Marcelo Maia – Fortaleza/CE
    726. Marcelo Ramos – Fortaleza/CE
    727. Márcia Cunha – Queimados/RJ
    728. Márcia Pacheco – Niterói/RJ
    729. Marciel Henrique Rego Viana – Barreiras/BA
    730. Márcio Freitas de Paiva – Mossoró/RN
    731. Márcio Moises de Souza Barbosa – Rio de Janeiro/RJ
    732. Márcio Renato Teixeira Benevides – Fortaleza/CE
    733. Marcionílio Mendes da Silva – Vila Velha/ES
    734. Marcius Minervini Fuchs – Santa Maria/RS
    735. Marco Antônio de Moraes – Sorocaba/SP
    736. Marco Antônio Rodrigues de Oliveira – Cachoeiro/ES
    737. Marco Aurélio Dias de Oliveira (DJ) – Magé/RJ
    738. Marcos Britto – Rio de Janeiro/RJ
    739. Marcos César Júnior – Magé/RJ
    740. Marcos Mendes – Salvador/BA
    741. Marcos Musse – Salvador/BA
    742. Marcos Paulo Dalla Vecchia – Salto/SP
    743. Marcos Rangel de Lima – Caxias/RJ
    744. Marcos Soares – Belém/PA
    745. Marcos Vinicius Moura – Santa Maria/RS
    746. Marcus Menezes – Rio de Janeiro/RJ
    747. Marcus W. R. Kollbrunner – São Paulo/SP
    748. Margarida Maria Marques – Fortaleza/CE
    749. Mari Cris – Rio de Janeiro/RJ
    750. Maria Beatriz Barmaimon Garcia – Rio das Ostras/RJ
    751. Maria Bernadete Vieira Martins – Vitória/ES
    752. Maria Clara Ferreira – São Paulo/SP
    753. Maria da Conceição (Sãozinha) – Volta Redonda/RJ
    754. Maria da Conceição Holanda Oliveira – Belém/PA
    755. Maria da Conceição Itaboraí Ferreira – Valença/RJ
    756. Maria das Dores (Dodora) – Volta Redonda/RJ
    757. Maria de Fátima P. Martins – João Câmara/RN
    758. Maria de Lourdes Itaboraí Ferreira – Valença/RJ
    759. Maria do Carmo O. Cossi – Colatina/ES
    760. Maria do Perpétuo Socorro Dourado Tourinho – Lauro de Freitas/BA
    761. Maria dos Santos Silva – João Câmara/RN
    762. Maria Eliane de Sousa – Santa Quitéria/CE
    763. Maria Felomena Alves de Oliveira Sandri – Umuarama/PR
    764. Maria Gildete H. Medeiros – Caicó/RN
    765. Maria Janaina dos Santos – Bela Cruz/CE
    766. Maria José Ferreira Melo – Niterói/RJ
    767. Maria Leão – Rio de Janeiro/RJ
    768. Maria Lima – Brasília/DF
    769. Maria Pereira Martins – João Câmara/RN
    770. Maria Rachel Jasmim – Niterói/RJ
    771. Maria Zélia Souza Andrade – São Paulo/SP
    772. Marialdo Santana da Cunha – Arez/RN
    773. Mariana Bruce – Rio de Janeiro/RJ
    774. Mariana Conti – Campinas/SP
    775. Mariana Freitas – Volta Redonda/RJ
    776. Mariana Jardim – Rio de Janeiro/RJ
    777. Mariana Oliveira de Campos – São Paulo/SP
    778. Mariana Tamari – São Paulo/SP
    779. Mariana Vantine de Lara Villela – Rio de Janeiro/RJ
    780. Marília Bertolotti Falleiros – São Paulo/SP
    781. Marilia Cardoso – Fortaleza/CE
    782. Marilia El-Kaddoum Tratjtenberg – Rio de Janeiro/RJ
    783. Marilia Souza Santos – Poço Verde/SE
    784. Marina Duarte – Campo Grande/MS
    785. Marinéia da Silva Barboza – Casimiro de Abreu/RJ
    786. Marinete Esteves Franco – São Paulo/SP
    787. Marinna Brandão Bastos – Rio das Ostras/RJ
    788. Mário Barretto – Rio de Janeiro/RJ
    789. Mário Constantino – São Paulo/SP
    790. Mário de Aquino Xavier – Vitória/ES
    791. Mário Morales – Bagé/RS
    792. Mário Sérgio Simião – Pinhais/PR
    793. Marisnanda Mota Araújo – Fortaleza/CE
    794. Marivaldo da Silva Cerqueira – Salvador/BA
    795. Mariza Soares – Belém/PA
    796. Marize de Oliveira Pinto – Duque de Caxias/RJ
    797. Marlene da Conceição Ramos – Nova Iguaçu/RJ
    798. Marli Maria Maldaner – Francisco Beltrão/PR
    799. Marlon Campos – Pelotas/RS
    800. Martinho Olavo Gonçalves e Silva – Fortaleza/CE
    801. Marzeni Pereira da Silva – São Paulo/SP
    802. Mateus Corrêa Emerick – Macaé/RJ
    803. Mateus de Oliveira Figueiredo – Rio das Ostras/RJ
    804. Mateus Souza Lobo Guzzo – Campinas/SP
    805. Matheus Cabral – Niterói/RJ
    806. Matheus Dutra – Niterói/RJ
    807. Matheus Fontenelle – Rio de Janeiro/RJ
    808. Matheus Gomes – Maringá/PR
    809. Matheus Inocêncio – Fortaleza/CE
    810. Matheus Ramalho – Niterói/RJ
    811. Matheus Rocha – Niterói/RJ
    812. Matheus Rodrigues – Niterói/RJ
    813. Matheus Thomaz da Silva – Macaé/RJ
    814. Matheus Zanon – Rio de Janeiro/RJ
    815. Mauricio Bosquerolli – Porto Alegre/RS
    816. Maurício Capenga – Alagoinhas/BA
    817. Mauricio de Oliveira Filho – Santos/SP
    818. Mauricio Santos Matos – Belém/PA
    819. Mauro Vinicius – Rio de Janeiro/RJ
    820. Max Costa – Belém/PA
    821. Maximiana Almeida de Sousa – São Paulo/SP
    822. Maxuel dos Santos – Brasília/DF
    823. Mayara Jaeger – Rio de Janeiro/RJ
    824. Mayara Micaela Alves Gomes – Rio de Janeiro/RJ
    825. Mayco Barroso Rodrigues – Niterói/RJ
    826. Maykeline Leite – Rio de Janeiro/RJ
    827. Meire Reis – Salvador/BA
    828. Messias Saba – Serra/ES
    829. Michael Kleine – São Pedro do Sul/RS
    830. Michel Cardoso Daud – São José Do Rio Preto/SP
    831. Michele Pontes – Rio de Janeiro/RJ
    832. Michele Ribeiro – Ananindeua/PA
    833. Micheline dos Santos Sobrinho Ramos – Colatina/ES
    834. Michelle Karen Santos – Brasília/DF
    835. Midiã Fraga – Florianópolis/SC
    836. Miguel Fontes Pinheiro – Niterói/RJ
    837. Miguel Leme Ferreira – Taboão da Serra/SP
    838. Mike Pontes – Rio de Janeiro/RJ
    839. Miralva Alves Nascimento – Salvador/BA
    840. Mirna Maia Freire – Rio de Janeiro/RJ
    841. Moacir Oliveira – Uruoca/CE
    842. Moésio Mota – Fortaleza/CE
    843. Moisés Vieira Nunes – Rio de Janeiro/RJ
    844. Mônica Brito – Altamira/PA
    845. Mônica Mohr – Brasília/DF
    846. Monica Mourão – Rio de Janeiro/RJ
    847. Mônica Rodrigues Pinto – Campinas/SP
    848. Murilo Azevedo – Biguaçu/SC
    849. Murilo Castro – Brasília/DF
    850. Murilo Ferrari – Niterói/RJ
    851. Murilo Figueredo – Cruz das Almas/BA
    852. Nabylla Fiori de Lima – Curitiba/PR
    853. Nacélio Rodrigues Lima – Santa Quitéria/CE
    854. Nair Schocair – Rio de Janeiro/RJ
    855. Natália Coelho de Oliveira – Niterói/RJ
    856. Natália Magalhães – Niterói/RJ
    857. Natalícia Rute Nascimento Santana – Brasília/DF
    858. Natalie Vieira – Nova Iguaçu/RJ
    859. Natasha Holanda Cruz – Fortaleza/CE
    860. Nathan Paes – Niterói/RJ
    861. Nathani Fang Alexandre – Rio de Janeiro/RJ
    862. Nayara Del Santo – Cuiabá/MT
    863. Nazaré Lima – Belém/PA
    864. Nelson Júnior – João Pessoa/PB
    865. Ney Carvalho – Queimados/RJ
    866. Nicanor Mateus Lopes – Sumaré/SP
    867. Nice Gonçalves – Ananindeua/PA
    868. Nilo Sérgio Silva Aragão – Fortaleza/CE
    869. Nilton Cesar dos Santos – Camaçari/BA
    870. Odair José da Cunha – Cascavel/PR
    871. Orlando Cesar Barbeiro Junior – Maringá/PR
    872. Orlando Helber Silva Santos – Salvador/BA
    873. Orlando Messina – Rio de Janeiro/RJ
    874. Osni Miguel Santana – Umuarama/PR
    875. Otto Faber – Rio de Janeiro/RJ
    876. Pablo Augusto Ribeiro – Nilópolis/RJ
    877. Pablo Henrique Silva Dos Santos – Canoas/RS
    878. Pamella Passos Deusdara – Rio de Janeiro/RJ
    879. Patrícia Andreia Carreteiro – Vargem Grande Paulista/SP
    880. Patrícia Oliveira Gomes – Fortaleza/CE
    881. Patrícia Santos – Londrina/PR
    882. Patrick Lara Marins – Rio de Janeiro/RJ
    883. Paula Fialho – Volta Redonda/RJ
    884. Paula Mairan – Niterói/RJ
    885. Paula Pereira Rodrigues – Brasília/DF
    886. Paula Pessoa – Rio de Janeiro/RJ
    887. Paula Simões – Niterói/RJ
    888. Paula Vielmo – Barreiras/BA
    889. Paulo Carvalho – São Paulo/SP
    890. Paulo Cesar de Souza – Rio de Janeiro/RJ
    891. Paulo Eduardo Gomes – Niterói/RJ
    892. Paulo Gouveia – Campinas/SP
    893. Paulo H. S. Silva – Londrina/PR
    894. Paulo Moraes – Caravelas/BA
    895. Paulo Roberto Schultz – Canoas/RS
    896. Paulo Roberto Soares – Vitória/ES
    897. Paula Rodrigues – Rio de Janeiro/RJ
    898. Paulo Sérgio da Silva – Canoas/RS
    899. Paulo Sérgio Ferreira Ribeiro (Paulo Proposta) – Lauro de Freitas/BA
    900. Paulo Spina – São Paulo/SP
    901. Pedro Azevedo Gonçalves – Nova Iguaçu/RJ
    902. Pedro Cardoso – Salvador/BA
    903. Pedro Cavalcanti – Rio de Janeiro/RJ
    904. Pedro César Josephi – Recife/PE
    905. Pedro Costa Júnior – Brasília/DF
    906. Pedro Guilherme – Goiânia/GO
    907. Pedro Henrique Dórea Vidotti – Feira de Santana/BA
    908. Pedro Jorge H. de Medeiros – Caicó/RN
    909. Pedro Lopes – Niterói/RJ
    910. Pedro Mansur – Niterói/RJ
    911. Pedro Oliveira – Campinas/SP
    912. Pedro Paiva – Rio de Janeiro/RJ
    913. Pedro Paulo de Freitas – Caucaia/CE
    914. Pedro Paulo Vieira Carvalho – São Paulo/SP
    915. Pery Júnior – Niterói/RJ
    916. Petronio Silva de Carvalho – Salvador/BA
    917. Pierri Araújo Porciúncula – Rio Grande/RS
    918. Poliana Faria – Brasília/DF
    919. Priscila d’Almeida Manfrinati – São Paulo/SP
    920. Priscila Monteiro do Nascimento Silva – Rio das Ostras/RJ
    921. Rachael Alves – Niterói/RJ
    922. Rafael Ayan Ferreira – Brasília/DF
    923. Rafael Balbueno – Santa Maria/RS
    924. Rafael Bonito Pereira – Jacarezinho/PR
    925. Rafael Carvalho – Niterói/RJ
    926. Rafael Duarte de Oliveira – Niterói/RJ
    927. Rafael Madeira – Brasília/DF
    928. Rafael Potiguar – Fortaleza/CE
    929. Rafael Rodrigo (Pará) – Rio de Janeiro/RJ
    930. Rafael Santos da Silva (Digal) – Salvador/BA
    931. Rafaela Bardini de Oliveira – São Paulo/SP
    932. Rafaela Dayane Cardoso de Souza – Pajeú/BA
    933. Railam Pires – Cariacica/ES
    934. Raimundo Nonato Penha Soares – São Luís/MA
    935. Raíssa Benevides Veloso – Fortaleza/CE
    936. Raíssa Santos Caldas Almeida – Feira de Santana/BA
    937. Ramon Rawache – Fortaleza/CE
    938. Raniela de Sousa Nunes – Mossoró/RN
    939. Raphael Barbosa – Umuarama/PR
    940. Raphael Mota – Rio de Janeiro/RJ
    941. Raquel Sant’Anna da Silva – Niterói/RJ
    942. Raquel Souza Guzzo – Campinas/SP
    943. Raul Santos – Rio de Janeiro/RJ
    944. Ravenna Veiga – São Paulo/SP
    945. Rayane Loiola Cruz – Vitória/ES
    946. Raylane Raimundo Walker – Rio das Ostras/RJ
    947. Rebeca Caparica – Guarapuava/PR
    948. Rebeca Magozzo – Rio de Janeiro/RJ
    949. Rebeca Veloso – Fortaleza/CE
    950. Rebecca Freitas – Niterói/RJ
    951. Rebecca Tavares – São Paulo/SP
    952. Reginaldo Alves do Nascimento – Campinas/SP
    953. Reginaldo Costa – Niterói/RJ
    954. Regininha Silva – /PA
    955. Rejane Maria – Campina Grande/PB
    956. Renan Araujo – Campo Grande/MS
    957. Renan Barrozo – Niterói/RJ
    958. Renan Dias Oliveira – Bragança Paulista/SP
    959. Renan Santos Pinheiro – Fortaleza/CE
    960. Renata Camargo de Souza – Niterói/RJ
    961. Renata Moraes – Curitiba/PR
    962. Renata Rodrigues Garcia – Vitória/ES
    963. Renatão do Quilombo – Niterói/RJ
    964. Renatinho Vereador – Niterói/RJ
    965. Renato Athayde Silva – Rio de Janeiro/RJ
    966. Renato Brito – Rio de Janeiro/RJ
    967. Renato de Souza Silva – Belém/PA
    968. Renato Roseno – Fortaleza/CE
    969. Renato Xavier Barbosa Junior – Lauro de Freitas/BA
    970. Rennan Cantuária – Nilópolis/RJ
    971. Reynaldo Mattos – São Gonçalo/RJ
    972. Rhaiza Moreira – Brasília/DF
    973. Ribamar Junior – Uruoca/CE
    974. Ricardo Costa – São Gonçalo/RJ
    975. Ricardo de Souza – Rio de Janeiro/RJ
    976. Ricardo Nespoli – Vitória/ES
    977. Ricardo Oliveira Barros Filho – Rio de Janeiro/RJ
    978. Ricardo Paris – Rio de Janeiro/RJ
    979. Ricardo Pereira – Niterói/RJ
    980. Ricardo Sampaio – Nova Iguaçu/RJ
    981. Richard de Oliveira – São Paulo/SP
    982. Rita de Cássia Mendes – São Paulo/SP
    983. Rita de Cássia Santos Lima – Vitória/ES
    984. Rita Magozzo – Rio de Janeiro/RJ
    985. Roberta Sato – São Paulo/SP
    986. Roberto Lisboa – Santa Maria/RS
    987. Robson Wellington – Niterói/RJ
    988. Rodolfo Pelegrin – Lençóis Paulista/SP
    989. Rodrigo Acioli – Fortaleza/CE
    990. Rodrigo Andrade Santos – Poço Verde/SE
    991. Rodrigo Luis Veloso – Rio de Janeiro/RJ
    992. Rodrigo Nardi de Carvalho Dantas – Rio de Janeiro/RJ
    993. Rodrigo Santaella – Fortaleza/CE
    994. Rodrigo Teixeira – Niterói/RJ
    995. Roger Araújo – Tapes/RS
    996. Rogério Alimandro – Rio de Janeiro/RJ
    997. Rogério Ferreira Silva Lustosa – Salvador/BA
    998. Rogério Paschoal – Rio de Janeiro/RJ
    999. Romer Guex – Viamão/RS
    1000. Romulo Abreu Ferreira – Rio das Ostras/RJ
    1001. Ronaldo Delfino de Sousa (Ronaldo do Pantanal) – São Sebastião/SP
    1002. Ronaldo Feliciano Santos – Pedro Canário/ES
    1003. Ronaldo Freitas Oliveira (Baguinha) – Prado/BA
    1004. Ronaldo Naziazeno – Salvador/BA
    1005. Ronaldo Rocha – Belém/PA
    1006. Ronaldo Rodrigues Cardoso – Maringá/PR
    1007. Ronaldo Santos – Salvador/BA
    1008. Rondinelli Eleotério – Colatina/ES
    1009. Rosa Nazaré Soares – Belém/PA
    1010. Rosangela Sales Cavalcante – Cratéus/CE
    1011. Rosemiro Fiel – Paraupebas/PA
    1012. Rosicleide dos Santos Martins – João Câmara/RN
    1013. Rosilene Almeida – Rio de Janeiro/RJ
    1014. Rozirene A. dos Santos Martins – João Câmara/RN
    1015. Rubenixson Farias – Castanhal/PA
    1016. Rudival Rodrigues da Silva – Ribeira do Amparo/BA
    1017. Rui Poly – São Paulo/SP
    1018. Ruy Cabral de Amorim Neto – Fortaleza/CE
    1019. Sabrine Tams Gasperin – Rio de Janeiro/RJ
    1020. Samantha Su – Niterói/RJ
    1021. Samuel Carvalho – Juazeiro do Norte/CE
    1022. Samuel Crissandro Tavares Ferreira – Rio Grande/RS
    1023. Samuel Lacerda Fogaça – Vitória da Conquista/BA
    1024. Sandra Gomes – Mesquita/RJ
    1025. Sandra Maria Cruzio – Colatina/ES
    1026. Sandra Renata Nery – São Paulo/SP
    1027. Sandra Tédde Santaella – Fortaleza/CE
    1028. Santino Arruda Silva – Natal/RN
    1029. Sara Carriço – Ananindeua/PA
    1030. Sara Libina Crúzio Nascimento – Colatina/ES
    1031. Saulo de Castro – Goiânia/GO
    1032. Sean Purdy – São Paulo/SP
    1033. Secundino Lucas Santos de Loredo – Brazlandia/DF
    1034. Sérgio Domingues – Rio de Janeiro/RJ
    1035. Sérgio Henrique – São Luiz/MA
    1036. Sérgio Moura – Rio de Janeiro/RJ
    1037. Sérgio Paulo Aurnheimer Filho – Rio de Janeiro/RJ
    1038. Sérgio Tadeu dos Santos – Rio de Janeiro/RJ
    1039. Sid Roberto Nobre Júnior – Guarulhos/SP
    1040. Silvana Silva – Rio de Janeiro/RJ
    1041. Silvino Batista – Ananindeua/PA
    1042. Simone Caixeiro Gonçalves – Nova Iguaçu/RJ
    1043. Simone Carlos – Uruoca/CE
    1044. Simone Matos Santos Jesus – Lauro de Freitas/BA
    1045. Sirley Antunes Silva – Rio de Janeiro/RJ
    1046. Sofia Lemos – São Paulo/SP
    1047. Solange Electo – Niterói/RJ
    1048. Sonia da Costa Sales Souza – Cratéus/CE
    1049. Soraya Vanini Tupinambá – Fortaleza/CE
    1050. Stéfani Santana – Campo Grande/MS
    1051. Stefany Guerra Kosiawy – Curitiba/PR
    1052. Suzamara Aparecida de Meira – Francisco Beltrão/PR
    1053. Swami Cordeiro Bergamo – Santa Maria de Jetibá/ES
    1054. Tábata Melise Gomes – Curitiba/PR
    1055. Tadeu Lemos – Rio de Janeiro/RJ
    1056. Taina do Vale Cardoso – Niterói/RJ
    1057. Taliria Petrone – Niterói/RJ
    1058. Talita Victor – Brasília/DF
    1059. Tamina Batan Rody Lima – Niterói/RJ
    1060. Tarcísio Motta – Rio de Janeiro/RJ
    1061. Tárzia Maria de Medeiros – Natal/RN
    1062. Téo Cordeiro – Leopoldina/RJ
    1063. Téssie Oliveira dos Reis – Fortaleza/CE
    1064. Thaiana Lima – Rio de Janeiro/RJ
    1065. Thales Amaral Paes de Mesentier – Rio de Janeiro/RJ
    1066. Thalison Almeida da Silva – Vitória/ES
    1067. Thammy Soares Moraes – Pinhais/PR
    1068. Thiago Arruda Queiroz Lima – Fortaleza/CE
    1069. Thiago Bessa Martins – Belém/PA
    1070. Thiago Daniel de Castro – Hortolândia/SP
    1071. Thiago de Oliveira Macedo – Rio de Janeiro/RJ
    1072. Thiago Jacovini – São Paulo/SP
    1073. Thiago Melo – Niterói/RJ
    1074. Thiago Pereira – Belém/PA
    1075. Thiago Rodrigues – Fortaleza/CE
    1076. Thiago Turibio – Itaboraí/RJ
    1077. Tiago Botelho – Brasília/DF
    1078. Tiago de Azevedo (Nando Reis) – Florianópolis/SC
    1079. Tiago de Castro – São Paulo/SP
    1080. Tiago Guimarães Fernandes – São Paulo/SP
    1081. Ticiano Queiroga e Oliveira – Fortaleza/CE
    1082. Todd Tomorrow – São Paulo/SP
    1083. Tomaz Amorim Fernandes Izabel – São Paulo/SP
    1084. Tomaz Civatti Frausino – São Paulo/SP
    1085. Tony Gigliotti Bezerra – Salvador/BA
    1086. Tony Gomes – Jacundá/PA
    1087. Tuna Nascimento – Niterói/RJ
    1088. Ulysses Peixoto da Silva – Nova Iguaçu/RJ
    1089. Valério Paiva – Campinas/SP
    1090. Valmor Venturini – Londrina/PR
    1091. Valtair Deucher – Medicilândia/PA
    1092. Vanda Souto – Fortaleza/CE
    1093. Vandelino da Silva (Dinho) – Campo Grande/ES
    1094. Vanessa Cristina Santos Matos – Salvador/BA
    1095. Vanessa Dourado – Brasília/DF
    1096. Vanessa Koetz – São Paulo/SP
    1097. Vanessa Silva do Nascimento – Niterói/RJ
    1098. Vanter Vieira Ribeiro Coutinho – Brasília/DF
    1099. Veraci Alimandro – Rio de Janeiro/RJ
    1100. Verginio Luiz Stanguerlin – Curitiba/PR
    1101. Verônica de Sousa Maciel – Brasília/DF
    1102. Veronica Freitas – Rio de Janeiro/RJ
    1103. Verônica Pereira M.da Silva – João Câmara/RN
    1104. Victor Aksenow Affonso – Rio de Janeiro/RJ
    1105. Victor Alexander Mazura – Morretes/PR
    1106. Víctor Hugo Araújo Diniz – Fortaleza/CE
    1107. Victor Hugo Resio – Goiânia-GO
    1108. Victor Taiar – Niterói/RJ
    1109. Victor Weiss de Camargo – Curitiba/PR
    1110. Vilmar Andrade – Cantagalo/PR
    1111. Vinicius Almeida – Niterói/RJ
    1112. Vinicius Alves – Rio de Janeiro/RJ
    1113. Vinícius Azevedo – Limeira/SP
    1114. Vinicius Bezerra de Moraes Galindo – Natal/RN
    1115. Vinicius Codeço – Niterói/RJ
    1116. Vinicius de Moraes Moreira da Silva – Vitória/ES
    1117. Vinicius Fernandes da Silva – São Paulo/SP
    1118. Vinícius Lobão – Brasília/DF
    1119. Vinicius Mayo – Petrópolis/RJ
    1120. Vinícius Neves Zimmermann – Florianópolis/SC
    1121. Vinicius Prado – Pontal do Paraná/PR
    1122. Vitor Azevedo Spinola Pinto – Rio das Ostras/RJ
    1123. Vítor Luiz Schwertner – Canoas/RS
    1124. Vitor Oliveira – Campinas/SP
    1125. Vitor Paulo – Cuiabá/MT
    1126. Vitória Lourenço – Rio de Janeiro/RJ
    1127. Wagner Moreira Campos – Salvador/BA
    1128. Wagner Santana – Rio de Janeiro/RJ
    1129. Wagner Sivek – Campo Largo/PR
    1130. Walber Nogueira da Silva – Fortaleza/CE
    1131. Wallace de Lima Berto – Niterói/RJ
    1132. Walter Altino – Salvador/BA
    1133. Walter Moreira – Niterói/RJ
    1134. Will Lacerda – Fortaleza/CE
    1135. William Benita – Rio de Janeiro/RJ
    1136. William dos Santos Lacerda – Fortaleza/CE
    1137. William Gomes do Nascimento Neto – Duque de Caxias/RJ
    1138. Willian Meister – Itapema/SC
    1139. Williams Silva e Silva – Belém/PA
    1140. Wilson Jesus Lucas Junior – Cariacica/ES
    1141. Wilson Sunahara – Umuarama/PR
    1142. Wilton Porciuncula – Rio de Janeiro/RJ
    1143. Winnie Santos Freitas – Rio das Ostras/RJ
    1144. Walter Mesquita – Maracanaú/CE
    1145. Yan Lima de Souza – Rio das Ostras/RJ
    1146. Yaskara Fabíola Bezerra da Silva – Mossoró/RN
    1147. Yasmim Ferreira – São Gonçalo/RJ
    1148. Yuri Famini – Nova Iguaçu/RJ
    1149. Yuri Medeiros – Santa Maria/RS
    1150. Zaira Valeska da Fonseca – Belém/PA
    1151. Zilmar Alverita da Silva – Salvador/BA

  • A montanha COP-21 pariu um rato

    A montanha COP-21 pariu um rato

    bemn-vindo_ao_desertoSe quisermos evitar a catástrofe, temos de ir além da conversa e atacar as verdadeiras raízes do problema: a oligarquia fóssil e, em última análise, o atual sistema económico e social, o capitalismo.

    Que imenso sucesso! A COP-21 é um verdadeiro acontecimento histórico! Mais do que isso, é um verdadeiro milagre! Pela primeira vez na história, 195 chefes de Estado encontraram-se para discutir uma resolução comum.

    A Conferência de Paris, graças à paciente diplomacia de Laurent Fabius e François Hollande, permitiu a adoção unânime de um documento que reconhece a necessidade de se tomar medidas para evitar que o aquecimento global seja superior a 2 graus.

    Laurent Fabius reconheceu que, no fim, ficaremos abaixo de um grau e meio. Todos os governos do planeta aceitaram fazer propostas de redução voluntária das suas emissões de CO2.

    Diante de tamanha demonstração de boa vontade, de tão maravilhosa unanimidade planetária, de tão grandiosa convergência de todos os países, grandes e pequenos, não é para ficarmos felizes? Para os que podem, é hora de abrir a garrafa de champanhe e comemorar esse extraordinário sucesso da governança climática internacional.

    Só tem um detalhe que ameaça estragar a festa. É um detalhe pequeno, mas não é um detalhe insignificante. Qual?

    Se todos os governos cumprirem as suas promessas, os seus compromissos voluntários – o que, infelizmente, é pouco provável, considerando-se a ausência de um acordo obrigatório, a ausência de sanções e a ausência de controlo – se todos reduzirem efetivamente as suas emissões, conforme as suas declarações de intenção, nesse caso idílico – infelizmente, muito infelizmente, improvável – o que irá acontecer?

    Segundo os cálculos científicos, nesse caso o aquecimento global vai aumentar, em algumas décadas, 3 ou talvez até 4 graus. O que significa o rompimento do ponto de não retorno e o desenvolvimento de um processo irreversível de mudança climática, conduzindo – num prazo imprevisível, mas, sem dúvida, como reconhecem os cientistas, bem mais curto do que as previsões atuais – a uma série de catástrofes nunca vistas na história da humanidade: inundação das principais cidades da civilização humana (de Londres e Amesterdão a Rio de Janeiro e Hong Kong), desertificação em grande escala, redução dramática de água potável, queima das últimas florestas existentes etc. A que temperatura a vida humana seria insuportável neste planeta?

    A montanha COP-21 pariu um rato. Se quisermos evitar a catástrofe, temos de ir além da conversa e atacar as verdadeiras raízes do problema: a oligarquia fóssil e, em última análise, o atual sistema económico e social, o capitalismo.

    “Mudemos o sistema, não o clima!” A palavra de ordem de milhares de manifestantes presentes no Champ de Mars foi a única palavra de futuro pronunciada em Paris em 12 de dezembro de 2015.

    Tradução de Mariana Echalar publicada no blogue da Boitempo

    Fonte: Esquerda.Net, 15/12/2015

  • Dia da Terra e década decisiva para o clima

    Dia da Terra e década decisiva para o clima

    Um poderoso movimento climático é necessário, agora. Nele talvez resida a nossa única esperança.
    Um poderoso movimento climático é necessário, agora. Nele talvez resida a nossa única esperança.

    Ainda estou em dívida com os/as leitores/as do blog no que diz respeito a pelo menos dois artigos ainda referentes à EGU-2015, a Assembleia Geral da União Europeia de Geociências. Mas não poderia me furtar a tecer alguns comentários sobre o Dia da Terra, ainda que, em Terra Brasilis, o 22 de Abril tenha marcado justamente o início da ocupação europeia e, por conseguinte, do maior processo de devastação de florestas tropicais na escala planetária (ao se somar o que se perdeu na praticamente dizimada Mata Atlântica, da qual restam menos de 10% da cobertura original, com a perda também gigantesca de área da Floresta Amazônica, que já se aproxima de 1/5 da sua área total).

    Poderia até soar desnecessário que pontuássemos uma data como o “Dia da Terra”, para quem tem bem mais de 1,66 trilhões de dias como nosso planeta (a conta inicial seria multiplicar os 4,54 bilhões de anos pelo número de dias em cada ano, mas no passado, como a Terra girava mais rápido, essa quantidade era maior do que 365, já que cada dia continha menos horas, levando a um número certamente bem maior). Mas efetivamente pertencemos a uma espécie cuja contradição maior parece ser entre a de produzir ações capazes de alterar irreversivelmente o curso da história geológica com um grau de consciência extremamente baixo dessa mesma capacidade e dos danos já existentes e, sobretudo, dos potencialmente muito maiores que podemos causar, ao ambiente, à biosfera terrestre e, claro, a nós mesmos. Na semana que precedeu a celebração do Dia da Terra, a estação de Mauna Loa registrou incríveis 404 partes por milhão de CO2 na média semanal e dois novos recordes foram confirmados pela NOAA: Março de 2015 é o mês de março mais quente de todo o registro histórico desde 1880 e o trimestre deste ano é também o início de ano mais quente de todo esse registro. Nessa trajetória, 2015 baterá o recorde absoluto de temperatura global com sobras. Mas é algo que parece permanecer invisível, somente porque a maioria da sociedade insiste em manter os olhos fechados.

    Números de Mauna Loa são assustadores. A semana anterior ultrapassou 404ppm de CO2. Ainda que a cifra tenda a cair a partir de maio com a primavera e verão no Hemisfério Norte, os números sugerem uma aceleração da acumulação de CO2 na atmosfera: 2,22 ppm por ano em média na última década e 2,54 ppm da mesma data de 2014 para este ano.

    Ubíqua, a mudança climática afetará a todos nós o tempo todo. É por isso que desde já é preciso enfrentá-la em tudo, todo tempo. Para termos ao menos um portfólio de opções para discutirmos depois, precisamos mover algumas peças urgentemente no tabuleiro climático. Já! Emissões precisam cair urgentemente. Desmatamento precisa cessar, termelétricas precisam de plano de fechamento e a indústria petroquímica precisa ser forçada ao declínio, afinal como diz May Boeve, Diretora da organização não-governamental 350.org, “os planos de investimento da indústria de combustíveis fósseis e um planeta habitável são simplesmente incompatíveis”. Solarização residencial e transporte público e não-poluente devem emergir como soluções corriqueiras na marcha rumo à extinção dos combustíveis fósseis. Consumismo e desperdícios não podem ser admitidos e dieta a base de carne de ruminantes tem de mudar. Essas ainda não são soluções definitivas, mas precisam ser adotadas nos próximos 5-10 anos para que se tenha possibilidade de buscá-las.

    Por um período relativamente longo houve certamente dentro da comunidade de cientistas do clima a ilusão dominante de que bastaria colocar as peças do quebra-cabeça científico no lugar para, tendo sido identificado o problema da mudança antrópica do clima, seu caráter deletério, seu alcance e sua urgência, para que formuladores de políticas e tomadores de decisão agissem, após negociações climáticas baseadas na racionalidade e embasadas na ciência. Mas está muito claro hoje que essa noção mostrou-se absolutamente ingênua e que a melhor salvaguarda que se pode dar à credibilidade da ciência, um dos motes comumente usados para que cientistas não atuem politicamente e não se envolvam em ativismo, é agir na proporção das certezas que temos em relação à gravidade da crise climática e como ela pode nos afetar de maneira simplesmente devastadora. A zona de conforto precisa se tornar inabitável antes de que o planeta se torne e nesse contexto cabe a quem tomou consciência do risco de colapso do clima como o conhecemos falar sobre isso alto e claro! Isto, evidentemente, impõe aos/às cientistas (que também são mães, pais, cidadãos, habitantes do planeta) que corramos os riscos. Estamos em um momento em que “credibilidade” não implica em “neutralidade”, muito pelo contrário.

    E é por isso que o abandono da ilusão de que algo para resolver ou mesmo minorar a crise climática possa vir espontaneamente da governança existente, com parlamentos eleitos sob forte influência do poder econômico, com governos nacionais ao mesmo tempo constituídos numa lógica de defesa de interesses de Estados-nação opostos entre si e submetidos a uma pressão inaudita dos lobbies das corporações, implica em que se dê outro passo. É preciso casar a ciência com os potenciais agentes de mudança. É preciso esclarecer que a unificação de todas as demandas por um mundo justo, livre, igualitário, radicalmente democrático, profundamente solidário passou de uma necessidade social, econômica para uma necessidade física. E é preciso igualmente esclarecer que novos ingredientes precisam se somar e se articular com as demandas tradicionais de quem se opõe ao sistema que ora está a arruinar a única morada de onde nossa espécie, ao lado de incontáveis outras, tira seu sustento.

    Seria irracional não lutar contra a terceirização agora, já, argumentando que em condições de colapso climático não teríamos mesmo empregos; seria injustificável não lutar contra a redução da maioridade penal, na defesa dos direitos da juventude sob risco iminente de morte porque a juventude não teria futuro mesmo num planeta devastado; seria ilógico interromper a batalha pelos direitos LGBTs afirmando que eles pouco importariam num mundo em que água, comida e segurança face a eventos extremos seriam a tônica; não haveria sentido em abrir mão do combate pela educação, da defesa da escola e da universidade públicas, etc. porque estas serão um luxo numa sociedade atirada às trevas da fome, sede e barbárie. Isso me parece muito claro, cristalino e não é à toa que me envolvo, de maneira militante, prática e emocionalmente nessas tantas frentes de luta, apoiando-as dentro do meu entendimento do problema, do meu alcance, do respeito aos alterprotagonismos.

    Mas é essencial, da parte daqueles que participam desses e diversos outros movimentos (negro, indígena, feminista, sem-teto, sem-terra, liberdade religiosa, direitos de imigrantes, direito ao transporte, à água, etc.) exercitar o raciocínio “da volta” e pensar essas lutas num contexto de ameaça real da continuidade dos sistemas de suporte à vida humana, que estão demandando ação urgente, imediata e radical. Todas as batalhas que citei – e tantas outras – encontram-se hoje, numa condição em que mais do que consciência “de classe” (na verdade, da percepção mais ampliada do locus socioeconômico face à complexa interação entre exploração econômica e manifestações opressivas de diversas naturezas), é preciso ter consciência de espécie e – acima desta – consciência de biota! Tenho absoluta certeza de que o valor de cada uma das lutas mencionadas só se amplia e se enriquece; de que elas só se tornam mais generosas, altruístas e por isso mesmo mais poderosas; se as mesmas se articularem pela grande e necessária torrente cuja demanda só se pode resumir na própria urgência de permanecermos – no tempo, no espaço e no/a outro/a – vivos/as.

    Fonte: O que você faria, quarta-feira, 22 de abril de 2015

    Alexandre Costa, Ph.D. em Ciências Atmosféricas, é Professor Titular da Universidade Estadual do Ceará

  • “Clima: a mudança é agora ou nunca mais. Estamos à beira do suicídio.”

    “Clima: a mudança é agora ou nunca mais. Estamos à beira do suicídio.”

    Entrevista com o Papa Francisco no voo de volta da África
    PapaFrancisco dialoga com os jornalistas no voo de volta da África. “Se a humanidade não mudar, continuarão as misérias, as tragédias, as guerras, as crianças que morrem de fome, a injustiça.” Sobre o caso Vatileaks: “Foi um erro a nomeação de Vallejo e de Chaouqui”. “Os jornalistas fazem bem em denunciar a corrupção. Agradeço a Deus que não existe mais a Lucrécia Bórgia! Devemos continuar com os cardeais na obra de limpeza.” O reconhecimento à obra de Ratzinger. O fundamentalismo? “Existe em todas as religiões, mas não é religioso, é idolátrico”.

    O mundo está à beira do suicídio e corre o risco de nele cair se não mudar decisivamente de rota ao enfrentar os problemas ligados às mudanças climáticas, fruto do atual modelo de desenvolvimento. Francisco disse isso dialogando com os jornalistas durante o voo de Bangui para Roma.

    O papa também respondeu a algumas perguntas sobre o Vatileaks: “Foi um erro a nomeação de Vallejo Balda e de Chaouqui na comissão Cosea”. Francesco acrescentou um significativo reconhecimento da obra contra a corrupção iniciada por Ratzinger.

    Eis a entrevista.

    No Quênia, você encontrou as famílias pobres de Kangemi e ouviu as suas histórias de exclusão dos direitos humanos fundamentais, como a falta de acesso à água potável. O que sentiu ouvindo as suas histórias e o que é preciso fazer para pôr fim às injustiças?

    Sobre esse problema eu falei várias vezes. Não recordo bem as estatísticas, mas acho que eu li que 80% da riqueza do mundo está nas mãos de 17% da população. Não sei se é verdade. É um sistema econômico que tem no centro o dinheiro, o deus dinheiro. Lembro que uma vez um embaixador não católico, falava francês, e me disse: “Nous son tombeé dans l’idolatrie dell’argent”. O que eu senti em Kangemi? Senti dor, uma grande dor! Ontem [domingo] fui ao hospital pediátrico, o único em Bangui e do país. Na terapia intensiva, eles não têm oxigênio, havia muitas crianças desnutridas. A doutora me disse: a maioria deles vai morrer, porque tem a malária forte e estão desnutridos. A idolatria é quando um homem ou uma mulher perdem a sua carteira de identidade, ou seja, ser filhos de Deus, e preferem buscar um Deus à sua própria medida. Este é o princípio: se a humanidade não mudar, continuarão as misérias, as tragédias, as guerras, as crianças que morrem de fome, a injustiça. O que pensa esse percentual que tem nas mãos 80% da riqueza do mundo? Isso não é comunismo, é verdade. E a verdade não é fácil de ver.

    Qual foi o momento mais memorável da visita? Você voltará para a África? E qual será a sua próxima viagem?

    Se as coisas forem bem, acho que a próxima viagem será ao México. As datas ainda não estão precisas. Se eu vou voltar para a África? Não sei. Estou idoso, as viagens são pesadas! O momento mais memorável: aquela multidão, aquela alegria, aquela capacidade de festejar, de fazer festa, mesmo tendo o estômago vazio. Para mim, a África foi uma surpresa. Deus sempre nos surpreende, mas a África também nos surpreende. Eu me lembro de tantos momentos, mas sobretudo a multidão… Eles se sentiram “visitados”, têm um senso da acolhida muito grande, e eu vi isso nas três nações. Depois, cada país tem a sua identidade: o Quênia é um pouco mais moderno e desenvolvido. A Uganda tem a identidade dos seus mártires: o povo ugandês, tanto os católicos quanto os anglicanos, venera os mártires. A República Centro-Africana tem vontade de paz, reconciliação, perdão. Eles viviam até quatro anos atrás entre católicos, protestantes, muçulmanos como irmãos. Ontem eu fui aos evangélicos, que trabalham tão bem, e depois eles vieram à missa. Hoje [segunda-feira], eu fui à mesquita, rezei na mesquita, o imã subiu no papamóvel para dar uma pequena volta entre os refugiados. Há um pequeno grupo muito violento, acho que cristão ou que se diz cristão, mas não é o Isis, é outra coisa [os anti-Balaka]. Agora, serão feitas as eleições, eles escolheram um presidente de transição, uma mulher presidente, e buscam a paz: nada de ódio.

    Hoje se fala muito do Vatileaks. Sem entrar no mérito do processo, gostaria de lhe perguntar: qual é a importância da imprensa livre e laica para erradicar a corrupção?

    A imprensa livre, laica e também confessional deve ser profissional. O importante é que sejam profissionais, e que as notícias não sejam manipuladas. Para mim, é importante, porque a denúncia das injustiças e das corrupções é um belo trabalho. A imprensa profissional deve dizer tudo, mas sem cair nas três pecados mais comuns: a desinformação, ou seja, dizer só a metade da verdade e não a outra; a calúnia, quando a imprensa não profissional suja as pessoas; a difamação, que é dizer coisas que tiram a reputação de uma pessoa. Esses são os três defeitos que atentam contra a profissionalidade da imprensa. Precisamos de profissionalidade. E sobre a corrupção: ver bem os dados e dizer as coisas. “Há corrupção aqui por causa disto, disto e disto.” Depois, um verdadeiro jornalista, se erra, pede desculpas.

    O fundamentalismo religioso ameaça o planeta inteiro, vimos isso com os atentados de Paris. Diante desse perigo, você pensa que os líderes religiosos devem intervir mais no campo político?

    Se intervir no campo político significa fazer política, não. Sejam padres, pastores, imãs, rabinos. Mas que se faça política indiretamente, pregando os valores, os valores verdadeiros, e um dos maiores valores é a fraternidade entre nós. Somos todos filhos de Deus, temos o mesmo Pai. Eu não gosto da palavra tolerância, devemos fazer convivência, amizade. O fundamentalismo é uma doença que existe em todas as religiões. Nós, católicos, temos alguns – muitos – que acreditam ter a verdade absoluta e vão em frente sujando os outros com a calúnia, a difamação e fazem mal. Digo isso porque é a minha Igreja. O fundamentalismo religioso deve ser combatido. Não é religioso, falta Deus, é idolátrico. Convencer as pessoas que têm essa tendência: eis o que devem fazer os líderes religiosos. O fundamentalismo que acaba em tragédia ou comete crimes é uma coisa ruim, mas acontece em todas as religiões.

    Como foi possível a nomeação do Mons. Lucio Anjo Vallejo Balda e de Francesca Chaouqui na comissão Cosea? Você acha que cometeu um erro?

    Foi feito um erro. Vallejo entrou por causa do cargo que tinha e que teve até agora: ele era o secretário da Prefeitura para os Assuntos Econômicos. Quando ela entrou? Não tenho certeza, mas acho que não me engano se eu disser que foi ele que a apresentou como uma mulher que conhecia o mundo das relações comerciais. Eles trabalharam e, acabou o trabalho, os membros da Cosea permaneceram em alguns postos no Vaticano. A senhora Chaouqui não permaneceu no Vaticano: alguns dizem que ela se irritou com isso. Os juízes nos dirão a verdade sobre as intenções deles, como eles fizeram. Para mim, não foi uma surpresa, não me tirou o sono, porque mostraram o trabalho que se começou com a comissão dos nove cardeais, o de buscar a corrupção e as coisas que estão erradas. Quero dizer uma coisa, não sobre Vallejo e Chaouqui. Treze dias antes da morte de São João Paulo II, durante a Via Sacra, o então cardeal Ratzinger falou da sujeira da Igreja. Ele a denunciou por primeiro. Depois, João Paulo II morreu, e Ratzinger, que era decano, na “pro eligendo Pontifice”, falou da mesma coisa. Nós o elegemos por causa dessa sua liberdade de dizer as coisas. É desde aquele tempo que está no ar que há corrupção no Vaticano. Quanto ao processo: eu não li as acusações concretas. Deveria terminar antes do Jubileu, mas acho que não se poderá fazer isso, porque eu gostaria que todos os advogados da defesa tenham tempo para desenvolver o seu trabalho e que haja liberdade de defesa.

    Como proceder para que esses fatos não voltem a ocorrer?

    Eu agradeço a Deus que não haja mais a Lucrécia Bórgia! Mas devemos continuar com os cardeais e as comissões a obra de limpeza.

    A Aids atinge duramente a África, a epidemia continua. Sabemos que a prevenção é a chave e que o preservativo não é o único meio para parar a epidemia, mas é uma parte importante da resposta. Talvez não chegou o tempo de mudar a posição da Igreja para permitir o uso dos preservativos para evitar novas infecções?

    A pergunta me parece parcial. Sim, é um dos métodos. A moral da Igreja, sobre esse ponto, se encontra diante de uma perplexidade. Ou o quinto ou o sexto mandamento: defender a vida ou a relação sexual aberta à vida. Mas esse não é o problema. O problema é maior: essa pergunta me faz pensar naquela que fizeram uma vez a Jesus: “Diga-me, Mestre, é lícito curar no sábado?”. É obrigatória curar! A desnutrição, a exploração, o trabalho em escravidão, a falta de água potável, esses são os problemas. Não falamos se se pode usar este curativo para tal ferida. A grande injustiça é uma injustiça social, a grande injustiça é a desnutrição. Eu não gosto de descer para reflexões casuísticas quando as pessoas morrem por falta de água e por fome. Pensemos no tráfico de armas. Quando não houver mais esses problemas, acho que se poderá fazer a pergunta: é lícito curar no sábado? Por que as armas continuam sendo fabricadas? As guerras são o maior motivo de mortalidade. Não pensar sobre se é lícito ou não é lícito curar no sábado. Façam justiça, e, quando todos estiverem curados, quando não houver injustiça neste mundo, podemos falar do sábado.

    Qual é a posição do Vaticano sobre a crise que se abriu entre Rússia e Turquia? Você pensou em ir para a Armênia para os 101 anos do massacre dos armênios?

    No ano passado, eu prometi aos três patriarcas que iria. A promessa existe. Depois, vêm as guerras: vêm por ambição. Não falo daquelas feitas para se defender justamente de uma injusta agressão. As guerras são uma indústria. Na história, vimos muitas vezes que um país com o orçamento que não vai bem decide fazer uma guerra e, assim, coloca o orçamento no seu lugar. A guerra é um negócio. Os terroristas fabricam armas? Quem lhes dá as armas? Há toda uma rede de interesses, e por trás há o dinheiro ou o poder. Há anos, nós estamos em uma guerra mundial em pedaços, e todas as vezes os pedaços são cada vez menos pedaços e são cada vez maiores. Não sei o que o Vaticano pensa. O que eu penso? Que as guerras são um pecado, destroem a humanidade, são a causa da exploração, tráfico de pessoas. Devem ser paradas. Para as Nações Unidas, por duas vezes, eu disse essa palavra, tanto em Nova York quanto no Quênia: que o trabalho de vocês não seja um nominalismo declamatório. Aqui na África, eu vi como trabalham os Capacetes Azuis, mas isso não é suficiente. As guerras não são de Deus. Deus é o Deus da paz, criou o mundo todo bonito. Depois, lemos na Bíblia que o irmão mata outro irmão: a primeira guerra mundial. E eu digo isso com muita dor.

    Inicia nesta segunda-feira, em Paris, a COP-21, a conferência sobre as mudanças climáticas. Nós esperamos que possa ser o início da solução. Você está certo de que serão dados alguns passos?

    Eu não estou certo, mas posso lhe dizer: agora ou nunca mais. Acho que a primeira conferência foi realizada em Kyoto… fez-se pouco. A cada ano, os problemas são cada vez mais graves. Falando em uma reunião de universitários sobre que mundo nós queremos deixar aos nossos filhos, um jovem disse: mas você tem certeza de que haverá filhos desta geração? Estamos no limite de um suicídio, para dizer uma palavra forte, e tenho certeza de que quase a totalidade daqueles que estão em Paris têm essa consciência e querem fazer alguma coisa. No outro dia, eu li que na Groenlândia as geleiras perderam bilhões de toneladas. No Pacífico, há um país que está comprando outro país para se mudar, porque, dentro de 20 anos, não vai mais existir [por causa da elevação do nível do mar]… Eu tenho confiança nessas pessoas, tenho confiança de que se fará alguma coisa. Espero que seja assim e rezo por isso.

    Você fez muitos gestos de amizade e respeito para com os islâmicos. O que o Islã e os ensinamentos de Maomé dizem ao mundo de hoje?

    Pode-se dialogar, eles têm tantos valores, e esses valores são construtivos. Eu também tenho a experiência de amizade com um islâmico, um dirigente mundial. Podemos falar. Você tem os seus valores, e eu, os meus, você reza, e eu rezo. Tantos valores: a oração, o jejum. Não pode apagar uma religião, porque há alguns ou muitos grupos fundamentalistas em um certo momento da história. É verdade, as guerras entre religiões sempre existiram. Também nós devemos pedir perdão: Catarina de Médici, que não era uma santa, e aquela Guerra dos Trinta Anos, a noite de São Bartolomeu… Devemos pedir perdão também nós. Mas eles têm valores, pode-se dialogar. Hoje, eu estive na mesquita, o imã quis vir comigo. No papamóvel estavam o papa e o imã. Quantas guerras nós, cristãos, fizemos? O saque de Roma não foi feito pelos muçulmanos.

    Sabemos que você visitará o México. Pretende ir também para a Colômbia ou Peru?

    As viagens, na minha idade, não fazem bem, deixam rastros. Eu vou para o México e, em primeiro lugar, vou visitar a Senhora, a Mãe da América [Nossa Senhora de Guadalupe]. Se não fosse por Ela, eu não iria para a Cidade do México pelo critério da viagem: visitar três ou quatro cidades que nunca foram visitadas pelos papas. Depois, vou para Chiapas, depois para Morelia e, quase certamente, no caminho de volta para Roma, haverá um dia para Ciudad Juarez. Sobre os outros países latino-americanos: em 2017, fui convidado para ir a Aparecida, a outra padroeira da América de língua portuguesa, e de lá se pode visitar algum outro país. Mas não sei, não há planos.

    Essa foi a sua primeira visita, e todos estavam preocupados com a segurança. O que você diz ao mundo que pensa que a África é apenas vítimas de guerras e destruição?

    A África é vítima, a África sempre foi explorada por outras potências. Os escravos da África eram vendidos na América. Há potências que buscam apenas tomar as grandes riquezas da África, talvez o continente mais rico, mas não pensam em ajudar os países a crescer, não pensam em fazer com que todos possam trabalhar. A África é mártir da exploração. Aqueles que dizem que da África vêm todas as calamidades e todas as guerras não conhecem bem o dano que certas formas de desenvolvimento fazem à humanidade. E, por isso, eu amo a África, porque foi vítima de outras potências.

    * * *

    No fim, depois de agradecer novamente aos jornalistas pelo seu trabalho realizado durante a viagem, o pontífice fez a seguinte conclusão sobre a entrevista recém-terminada: “Eu respondo aquilo que eu sei, e o que não sei eu não digo, não invento”.

    Original: Vatican Insider, 30-11-2015

    Tradução: Moisés Sbardelotto

    Fonte: IHU, terça-feira, 01 de dezembro de 2015