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  • Confira o catálogo da exposição “A nova arte-política”

    Confira o catálogo da exposição “A nova arte-política”

        Já está disponível o catálogo da exposição “A nova arte-política”, que a Fundação Lauro Campos realizou entre os dias 1 e 22 de julho na sua sede, em São Paulo.

        A exposição foi composta por artistas selecionados a partir do edital lançado pela Fundação. Foram mais de 40 obras de 26 participantes, oriundos de todo o Brasil, sob a curadoria de Lorena Ferraz, Marcio Rosa e Rodolfo Vianna. Fotografia, pintura, arte digital, performance, instalações, videoperformance, escultura, entre outros, estão entre os tipos de suportes selecionados. O edital contou com a inscrição de 81 pessoas, totalizando mais de 300 obras que foram analisadas.

        Durante a abertura da exposição, houve a performance de Bianca Turner e Bruno Novaes. Participaram também, em ordem alfabética, Anna Moraes; Anne Courtois; Diego de los Campos; Duda de Las Casas; Gabriel Chagas; Herontico; Igor Reis; Itamara Ribeiro; Jean Guimaraes; João Alberto; Khalil Charif; Laysa Machado; Luisa Callegari; Lula Ricardi; Marcelo Armani; Omororó; Paulina Denti; Sérgio Ricciuto Conte; Fabio Souza (Suely Parisi); Thiago Nevs; Tiago Cruz; Viviane Valladares; Hermusche e Wesley Soupza.

        A obra “As que comandam vão de trá”, de Herontico, foi a vencedora do prêmio oferecido pela Curadoria. Já a obra “Nenhuma solução viável”, do artista Omororó foi a vencedora do prêmio do público. Cada uma recebeu R$ 1,5 mil. Herontico doou a obra premiada que hoje compõe o acervo da Fundação Lauro Campos.

     

    (Herontico – As que comandam vão de trá)

    (Omororó – Nenhuma solução viável)

     

            A exposição “A nova arte-política” foi uma iniciativa da Fundação Lauro Campos e contou com a produção de Raro Negócios Criativos, dentro do projeto Solar Cultural da FLC. O catálogo completo da exposição pode ser AQUI.

     

     

  • Três livros analisam período do PT no poder e a crise da esquerda

    Três livros analisam período do PT no poder e a crise da esquerda

    por Marianna Holanda e Gabriel Manzano, O Estado de S.Paulo

     

        Em um mês foram lançados livros de autores e editoras diferentes, mas com títulos que dialogam entre si e criam um enredo: Cinco Mil Dias – O Brasil na Era do Lulismo, A Crise das Esquerdas e Caminhos da Esquerda – Elementos para uma Reconstrução. Os treze anos de governo petista, interrompidos com o traumático impeachment de Dilma Rousseff no ano passado, deixaram o campo ideológico da esquerda desorientado. A um ano das eleições gerais, o fio condutor das obras de Aldo Fornazieri e Carlos Muanis; Gilberto Maringoni e Juliano Medeiros; e Ruy Fausto é a autocrítica, ou a falta dela, como elemento de reconstrução do campo ideológico.

        Da editora Boitempo, Cinco Mil Dias teve a difícil tarefa de analisar, em 400 páginas, a era lulista, com ensaios de mais de 50 especialistas que falam desde a campanha eleitoral que alçou o PT à presidência, em 2002, a políticas públicas de gênero da gestão Dilma.

        Nas palavras de Maringoni, professor da Universidade Federal do ABC e um dos autores do livro: “O PT, pela própria voz da presidente Gleisi (Hoffmann, senadora e presidente do partido), afirmou não querer fazer autocrítica, para não ‘fortalecer o discurso dos adversários’. Não se trata de fazer uma autocrítica no sentido de flagelo religioso, mas de se avaliar escolhas feitas no governo. A ideia do livro é examinar a experiência lulista em diversas frentes – os rumos da política, da economia, dos direitos sociais etc. e os avanços e recuos em cada área e onde houve acertos e erros.”

        Uma das maiores críticas da direita aos petistas, de que foram supostamente responsáveis por polarizar a esquerda e a direita, não ecoa nas páginas do livro da Boitempo. Nas palavras do organizador, Juliano Medeiros: “O sucesso do lulismo estaria, assim, em arbitrar pelo alto os conflitos sociais, despolarizando a dicotomia esquerda x direita e transformando-os em conflitos intraestatais, ocultando-os como tal.” Ao internalizar o “conflito social”, com um latifundiário à frente do Ministério da Agricultura e um médico petista no comandando a Saúde, o PT atestou o fracasso do tal pacto.

        Com o mesmo objetivo de análise e reconstrução, autores se repetem nas diferentes obras. O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, aparece tanto em Cinco Mil Dias, quanto em A Crise das Esquerdas. Neste segundo, ele também critica o “pacto de conciliação petista” – o que a seu ver deveria ter sido trocado por um “novo pacto socialmente sustentado”.

        Com um olhar ideologicamente rigoroso, Boulos assinala que o Minha Casa Minha Vida deu dinheiro para construtoras e o ProUni deu dinheiro para as universidades privadas. “Eu diria que a esquerda está condenada à revolução”, adverte. Ao que Fornazieri, que o entrevista no livro, provoca: “Tendo em vista a inviabilidade da revolução, no horizonte em que vemos a atual situação da América Latina, a esquerda está condenada é ao fracasso. A única estratégia possível é a redução dos males do capitalismo.” Categórico, Boulos insiste: “Vai haver convulsão social. Os próximos anos serão de crise social. Vai se colher o que esta política de austeridade está gerando.”

        Diferentemente de Cinco Mil Dias, A Crise das Esquerdas, em suas 266 páginas, vai além de uma “autocrítica interna” voltada para a militância de esquerda, mas apresenta um olhar amplo, histórico, que expõe desde as primeiras distorções provocadas pelo stalinismo, nos anos 1940, da antiga União Soviética, até a constatação, mais recente, de que os governos de esquerda “não conseguiram criar uma saída sistêmica em relação ao capitalismo”, como afirma Fornazieri.

        Tarso Genro, um dos fundadores do PT e um dos dez autores do livro de Fornazieri, defende que a crise não começou com o “desmantelamento da experiência soviética, mas tem raízes bem mais profundas”. Genro deixa o alerta: “Nunca a força da política e o apreço da utopia foram tão importantes.”

        Cientista político e superintendente da Fundação Instituto Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Fausto define como um “desastre político” o “deslocamento do PSDB à direita e o colapso do PT”. Resta, conclui, “esperar a atual crise decantar para se tirar conclusões”.

        Alguns elementos de solução, Ruy Fausto, que assina um artigo em A Crise das Esquerdas, apresenta em seu próprio livro, lançado na semana seguinte ao primeiro: Caminhos da Esquerda: Elementos para uma Reconstrução. Todas as 216 páginas do livro são críticas à esquerda ou ao que o autor considera que se deve mudar. De formação clássica da esquerda, o professor emérito de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) avalia que, para prosperar nesta crise, a esquerda deve se desvencilhar do que ele chama de “patologias”. Dentre elas, o flerte com regimes totalitários, como a insistente exaltação da União Soviética, por exemplo. As outras duas patologias são: populismo e adesismo.

        O balanço dos acertos e erros da experiência petista no poder é o primeiro para contornar a crise e reorganizar a esquerda, na avaliação de Juliano Medeiros. O último ensaio de Cinco Mil Dias, assinado pelo historiador e presidente da Fundação Lauro Campos, do PSOL, trata dos “desafios para uma esquerda pós-lulista”.

        Na avaliação de Medeiros, “pós-lulismo” é mais do que o fato de Lula ser ou não candidato em 2018 – como vem insistindo o ex-presidente, apesar de Moro tê-lo sentenciado à inelegibilidade. “Mesmo sendo Lula o candidato, é o começo do pós-lulismo, porque seria a última vez. Ou seja, já estamos vivendo uma transição em que o lulismo deixará, gradativamente, de ser a corrente hegemônica na esquerda brasileira. Mas ainda não sabemos o que virá no seu lugar”, pontua. E, para isso, é necessária uma profunda renovação programática – a segunda tarefa para a esquerda pensar o futuro. O programa petista de conciliação e de abandono na tradição hegemônica na esquerda até então, segundo Medeiros, deixou a esquerda brasileira, no século 21, com um enorme “déficit programático”.

        Por fim, o terceiro desafio que o historiador propõe é a necessidade de uma nova “promessa de que é possível um caminho diferente no futuro”. Promessa, segundo ele, para uma “geração inteira de militantes, desiludida com as inaceitáveis concessões feitas pelo partido”. A sugestão de Medeiros, para se pensar 2018 e para além das eleições, é a construção de uma “esquerda horizontal, pluralista, radicalmente democrática e profundamente comprometida com os interesses dos explorados e oprimidos”.

     

    Matéria originalmente publicada no Caderno Aliás, do Estado de S.Paulo (05/08/2017)

  • José Delgado faz apresentação na sede da FLC

    José Delgado faz apresentação na sede da FLC

        Na data que Hugo Chávez completaria 63 anos, 28 de julho, a sede da Fundação Lauro Campos foi espaço para a apresentação do cantor venezuelano José Delgado. Em turnê pelo país, Delgado aceitou o convite e, além de executar canções de seu novo álbum “Acústico Caribe”, também conversou sobre a relação entre arte e política e a conjuntura venezuelana, que passou pelas eleições para uma nova assembleia constituinte no dia 30 de julho.

     

     

     

        Com mais de uma década de trajetória, Delgado destaca-se pelo canto que transita por gêneros nativos, caribenhos, jazz,  rock e salsa, revelando sua versatilidade compositiva e interpretativa. Sua obra o ajuda nesta afirmação que para além do solo das Américas se estende a países da Europa e da África por ser ao mesmo tempo redentora de tradições populares e experimental, mesclando em suas composições formatos contemporâneos e urbanos.

        Delgado é  membro fundador do Colectivo La Cantera e La Liga y Tribu Caracas, organizações que buscam consolidar plataformas para produção artística independente.

     

     

     

     

  • 5 mil dias é lançado em Porto Alegre e Rio de Janeiro

    5 mil dias é lançado em Porto Alegre e Rio de Janeiro

        Depois de São Paulo, as cidades de Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ) também promoveram o lançamento do livro “Cinco mil dias: o Brasil na era do lulismo”. Em cada atividade, os organizadores Juliano Medeiros e Gilberto Maringoni receberam convidados e alguns autores que contribuíram com a obra para uma conversa sobre a conjuntura política nacional e perspectivas para o futuro.

        Na cidade gaúcha, o evento foi realizado dia 21 de julho e contou com a participação de Luciana Genro, Pedro Ruas, Fernanda Melchiona, Bernadete Menezes, Renato Moreli Guimarães, Raul Pont, Olívio Dutra entre outros no Sindicato dos Bancários. Confira abaixo um pequeno vídeo realizado pela ZAP Multimídia:

     

     

        Já na cidade do Rio de Janeiro, o lançamento ocorreu no dia 31 de julho, na livraria Leonardo da Vinci. Na ocasião, os organizadores receberam Chico Alencar, Marcelo Freixo, Glauber Braga, Luiz Eduardo Soares, Lindbergh Farias, Franklin Martins, Babá, Eliomar Coelho, Glauber Braga, Cid Benjamin, Juliana Caetano, Milton Temer entre outros que prestigiaram a obra e contribuíram com a discussão. Confira algumas fotos do evento:

     

     

    Sobre o livro

        Cinquenta e dois autores – entre acadêmicos, lideranças políticas e ativistas sociais – de relevância nacional e de variadas matizes políticas no campo progressista realizam uma minuciosa avaliação, setor por setor, dos 13 anos de governos lulistas, que abrangem o período entre 2003 e 2016. São enfocados, entre outros, temas como economia em suas múltiplas variáveis, desenvolvimento, direitos sociais, judiciário, infraestrutura, energia, educação, saúde, cultura, segurança pública, meio-ambiente, direitos da mulher, população LGBT, povos indígenas, questão racial, esportes, combate à pobreza, comunicações, política externa, habitação e urbanismo e relações com movimentos sociais. O livro é uma parceria da Fundação Lauro Campos com a Boitempo Editorial.

        Para analisar os avanços e limites da mais longeva experiência de um partido político à frente do Governo Federal desde a redemocratização do país, os organizadores Gilberto Maringoni e Juliano Medeiros convocaram pensadores, ativistas, parlamentares, dirigentes políticos e lideranças de movimentos sociais. Contribuíram com o balanço nomes como André Singer, Armando Boito Jr., Aldo Fornazieri, Chico Alencar, Cid Benjamin, Edmilson Brito Rodrigues, Eduardo Fagnani, Eloísa Machado de Almeida, Erminia Maricato, Guilherme Boulos, Ivan Valente, Jean Wyllys, José Luiz Del Roio, Leda Maria Paulani, Ligia Bahia, Lúcio Gregori, Luis Felipe Miguel, Luiz Eduardo Soares, Nilcéa Freire, Pedro Paulo Zahluth Bastos, Reginaldo Nasser e Vladimir Safatle, entre outros.

        “Se não houver uma reflexão coletiva das tentativas, omissões, acertos, erros e opções tomadas nas condições concretas da única oportunidade em que uma força egressa da esquerda alcançou o comando político do país, perderemos a chance de extrair algo valioso da derrota recente: o que fazer – como indicava um livro famoso – e, especialmente, o que não fazer. Em outras palavras, se não avaliarmos rigorosamente essa experiência – para o bem e para o mal – estaremos fadados a refazer velhas escolhas e a não aprender com os fracassos”, dizem os organizadores no prefácio.

        Composto por 43 capítulos, o livro evita avaliações fáceis e passionais ao examinar os detalhes e as nuances do período lulista. No processo de elaboração da obra, a escolha de parâmetros e abordagens foi livre, e uma única pauta foi pedida aos autores: examinar a área de maior afinidade e especialização de cada um. “Tentamos ser abrangentes, sem a pretensão de chegarmos a uma convergência tácita ou a uma posição oficial desse ou daquele partido, organização ou escola de pensamento”, afirmam os organizadores.

        O livro apresenta o passado como objeto de análise num esforço para se pensar o futuro. Assim, a última parte da coletânea propõe uma reflexão sobre os dilemas da esquerda em meio a um contexto até aqui adverso. “Sem isso, de pouco serviria o esforço de promover um balanço crítico dos anos recentes. Esperamos ser esta uma contribuição significativa para a reorganização da esquerda e do campo progressista e para a urgente construção de um novo projeto de desenvolvimento, que aponte rumos para a transformação social.”

    Trecho da orelha

        “A experiência do PT à frente do Executivo Federal tem a um só tempo a marca da mudança e da continuidade, chegando ao fim sem alterar as bases estruturais da dominação capitalista em nosso país. Refletir sobre essa experiência, num momento em que a esquerda busca reconstruir seu projeto, para responder aos desafios impostos pela agenda regressiva liderada pelas forças golpistas, é um imperativo histórico, uma tarefa impostergável.” – Luiza Erundina

     

  • Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista aprova entrada no PSOL

    Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista aprova entrada no PSOL

    Durante congresso nacional realizado de 27 a 30 de julho, em São Paulo, a militância do Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista (MAIS) aprovou a entrada da organização ao PSOL.

    No partido, o debate sobre a filiação do grupo, que surgiu após rompimento de sua militância com o PSTU em 2016, já vem sendo feito há alguns meses. Após várias conversas entre dirigentes do MAIS e do PSOL, o Diretório Nacional aprovou resolução indicando que o 6º Congresso Nacional, que será em dezembro, aprove a entrada do MAIS. Até lá, seus militantes participarão das atividades do PSOL como convidados, incluindo o próprio Congresso, onde estarão como observadores.

    O presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, comentou a decisão do grupo. “É com imensa alegria que nós recebemos a informação de que, no congresso do MAIS, esta organização decidiu ingressar nas fileiras do PSOL, se tornando uma corrente interna de nosso partido”.

    Araújo destaca que o momento exige a unidade da esquerda contra os ataques em curso à população brasileira e, nesse sentido, a entrada do MAIS ao partido contribuirá para essa reorganização. “Nós estamos vivendo um momento de grandes dificuldades para o povo brasileiro, de retirada de direitos, mas também um momento de reorganização da esquerda e estamos empenhados para que esta reorganização da esquerda seja feita reunindo todos aqueles que lutam por democracia, por liberdade, que lutam pelo socialismo, aqueles que, nas ruas, estão se unindo contra o golpe, se unindo para não perder direitos. São bem vindos às fileiras do PSOL e, certamente, nesse processo congressual, as suas visões, as suas contribuições engrandecerão ainda mais o processo democrático de construção do programa para 2018 e da plataforma para reorganizar a esquerda no Brasil”.

     

    Fonte: Página PSOL 50

  • Contribuições à reflexão e à discussão

    Contribuições à reflexão e à discussão

    Jorge Antunes *

    Comecei a elaborar uma tese a ser apresentada no VI Congresso do PSOL, mas ela acabou sendo escrita muito lentamente. Meus dedos foram bissextos sobre as teclas do computador. Mil atividades e compromissos artísticos me ocupavam, e o tempo não me permitia atender às normas da convocatória: não sei quantos caracteres ou palavras, não sei quantas assinaturas etc etc.

    Faltando 4 dias para terminar o prazo de inscrição de teses, dou por terminado meu primeiro rascunho.

    Não há mais tempo de discutir o texto com meus companheiros de coletivos do PSOL. Não há mais tempo para receber sugestões, acréscimos, supressões, críticas e correções. Não há mais tempo para conseguir signatários.

    Mas não posso deixar de comunicar o texto aos companheiros e companheiras, porque acredito que ele, modéstia à parte, pode dar alguma contribuição à nossa reflexão e busca de caminhos.

    Assim, dou publicidade, aqui, a meu texto, deixando-o à disposição de todos os filiados e militantes e correntes, para que pincem livremente quaisquer parágrafos, frases, pensamentos, ideias ou propostas que achem ser interessantes. Autorizo desde já, a todos os redatores e signatários de teses, que usem livremente a minha contribuição que apresento em seguida.

    O GOLPE PARLAMENTAR E SEU AVANÇO

    As propostas que o governo golpista e corrupto de Michel Temer encaminhou ao Congresso Nacional confirmaram a tese de que o Brasil sofreu um golpe parlamentar em 2016. Várias ações escancararam os objetivos do golpe: aumentar a espoliação do trabalhador brasileiro, invalidando direitos trabalhistas conquistados durante décadas, com luta, suor e sangue.

    A chamada “Constituição Cidadã” que consagrou direitos democráticos ora ameaçados e anulados, foi um avanço em seu tempo, mas necessita de urgente revisão e reescritura. Ela já sofreu, de 1988 para cá, 92 emendas, o que a desvirtua totalmente do seu caráter original. Alguns de seus artigos nunca foram implementados.

    Exemplo gritante é o de número 153 que institui o imposto sobre grandes fortunas e que, por falta de lei complementar que o regulamente, nunca foi colocado em prática. A lei que pudesse regulamentar o referido imposto, nunca poderia ser elaborada e aprovada por um Congresso Nacional composto, em sua maioria, por empresårios detentores de grande fortunas.

    Só uma nova Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva, poderá elaborar uma Carta Magna que contemple os anseios atuais do povo brasileiro. Outra excrescência constitucional a ser banida da Carta, deverá ser a redação de seu artigo 142 em que, às forças armadas, não são apenas destinadas a defesa da Pátria e a garantia dos poderes constitucionais, mas também a “garantia da ordem”. Essa prerrogativa do Presidente da República foi recentemente utilizada para colocar o Exército nas ruas de Brasília, ameaçando a livre e pacífica manifestação popular.

    O Brasil está sendo privatizado e vendido ao capital internacional. Potências imperialistas tratam de ocupar espaços na economia e no solo brasileiro, com a conivência de um governo e um Congresso Nacional que não representam o povo. Assim, faz-se necessária a implementação de uma urgente política em que as rédeas da nação sejam arrancadas das mãos de banqueiros, empreiteiros, latifundiários, oligopólios e entreguistas que usam a prática da corrupção como hábito.

    UMA NOVA POLÍTICA

    A nova política deverá abraçar a prática das expropriações de empresas corruptas, abandonando a capitulação nacional vigente, em que é praticada a conivência e a leniência. Empresários corruptos e corruptores, após a expropriação e estatização de suas empresas, deverão ter seus bens arrestados.

    Urge estancar a sangria proporcionada pelo neoliberalismo iniciado com Fernando Collor, afirmado pelo governo FHC e continuado pelos governos petistas. Após sucessivas derrotas em intervalo de tempo de 12 anos, Lula conseguiu se eleger em 2002. Mas, para tanto, foi necessário se associar à burguesia nacional, a banqueiros, ao empresariado espoliador e ao PMDB, um saco de gatunos bem conhecidos.

    Enquanto Lula chamou à vice-presidência o chamado “empresário bonzinho”, amaciando o grande capital com sua famosa “Carta aos brasileiros”, Dilma aceitou, como vice-presidente, um cidadão que começou sua carreira política integrando o governo corrupto e golpista de Adhemar de Barros em São Paulo.

    A traição e o golpismo eram os destinos inexoráveis de tal aliança absurda e espúria. Em 1964 Dilma, então com 17 anos de idade, militava na Polop, resistindo ao golpe militar. No mesmo ano de 1964 Michel Temer, então com 24 anos, militava no staff do governador golpista Adhemar de Barros: Temer era oficial de gabinete do Secretário de Educação do governo Adhemar.

    A aliança direta do PT com o PMDB e a aliança indireta com banqueiros e grandes empresários, sinalizaram, desde o início, que as promessas feitas durante a campanha eleitoral seriam esquecidas e não cumpridas.

    PATRÃO X EMPREGADO

    Precisamos analisar com muita profundidade a chamada “política compensatória”. Verificamos, na última década, que o assistencialismo alardeado pelo Estado brasileiro teve, como resultado, o deslumbramento inconsequente que serviu como anestesia do povo. As migalhas oferecidas garantiu a paz social, o que sempre interessou aos donos do poder e permanentes espoliadores.

    Como disse sabiamente Vito Letízia: “para não haver convulsão social, o capitalismo tem que se transformar em sistema harmonioso e distribuidor de riqueza”.

    A anestesia do povo tem tido até mesmo a conivência de alguns setores da esquerda. Em janeiro de 2013 a General Motors, de São José dos Campos, passou a viver séria crise e ameaçou milhares de empregados de demissão. O sindicato da classe, dirigido pelo PSTU, fez um acordo com os empresários, aceitando a demissão de 500 empregados, o acréscimo de duas horas de trabalho por dia e o trabalho aos sábados.

    Slavoj Žižek foi cristalino ao denunciar a cartilha neoliberal e a nova ideologia capitalista: o chamado ecocapitalismo. Ele ensina que os capitalistas são gratos à sociedade que lhes permitiu acumular fortunas. Assim, os donos do capital passam a ter o dever de dar algo em troca: a participação dos funcionários no lucro, o diálogo com os clientes (0800), o respeito ao meio ambiente.

    Žižek vai mais adiante, em sua lucidez: “O capitalismo recuperou o espírito de 68, esvaziando o discurso da esquerda. O capitalismo se tornou uma espécie de socialismo.”

    Segundo Zizek, “…alguns dos pontos da lista de exigências do Manifesto Comunista (1848), são hoje aceitos pelo capitalismo: grande exceção é a abolição da propriedade privada dos meios de produção”.

    Infelizmente, os pais do “assistencialismo anestesiante”, no Brasil, não admitem fazer a autocrítica. Como disse Luciana Genro, na recente Bienal da UNE, em Fortaleza, “não podemos renovar a esquerda repetindo o passado, pois precisamos construir o novo.”

    DESMOBILIZAÇÃO E APATIA

    O PSOL precisa, urgentemente, analisar com profundidade as causas da flagrante desmobilização popular, e construir uma união de forças de esquerda para fazer frente ao atual quadro de apatia pós-golpe parlamentar, em que o povo passivo aguarda um “salvador da pátria”.

    Lima Barreto nos deixou uma máxima bastante realista e cruel: “O Brasil não tem povo: tem público”. A frase data do golpe militar de 1889 e da Primeira República, que mantiveram os privilégios das famílias aristocráticas e dos militares.

    O PSOL precisa implementar mecanismos de comunicação com o povo que é plateia, que é público, no sentido de despertar, nele, o protagonismo.

    Não podemos correr o risco de sermos massacrados por uma solução de conciliação das classes dominantes que imponha um “salvador direitista da pátria”. Mas também não podemos correr o risco de, contemplando a passividade das massas, ver ou incentivar a coroação de um “salvador progressista da pátria”.

    O esclarecimento do povo é o caminho. Devemos, de todos os modos possíveis, conscientizar as massas de que, sem uma total reestruturação do sistema, a disputa eleitoral e a chamada democracia representativa nunca nos levarão à solução.

    Em uma declaração recente, eu fiz uma afirmação audaciosa e temerária, que chocou amigos, correligionários e colegas. Eu disse: “Não quero ser, mais uma vez, candidato a deputado. O deputado tem que ser representante do povo. E eu não tenho condições de representar este povo que está aí. Só se for para representar a sociedade futura, com que sonho, e contra a qual o povo que está aí conspira”. O meu desabafo se justifica totalmente, quando observamos a estagnação que reina sob o tacão dos golpistas, dos banqueiros, dos latifundiários, dos oligopólios, dos corruptos e dos corruptores.

    TEMAS PARA A NOSSA PAUTA

    O PSOL, acredito eu, é o único partido que não é capaz de “pisar no pescoço da mãe”, como disse Brizola, e fazer alianças espúrias, para chegar ao poder a qualquer custo. Assim, este ficará longe de nossas mãos durante um bom tempo.

    Portanto, somos os únicos que podem lançar propostas audaciosas, radicais, corajosas, inovadoras e revolucionárias.

    Com esse contexto esboçado, resta-me esperar e incentivar aos companheiros de partido, às lideranças das diversas correntes internas, que urgentemente incluamos em nossas pautas de discussão os seguintes temas:

    1- Presidencialismo ou parlamentarismo;

    2- Sistema Unicameral;

    3- Assembleia Constituinte Exclusiva;

    4- Conscientização e mobilização popular;

    5- Política compensatória mobilizadora;

    6- Socialismo ou barbárie;

    7- Reforma política;

    8- Referendo Revogatório.

    Fica aqui minha contribuição ao debate. Não sou daqueles que se incomodam com as disputas internas do PSOL. Mesmo que aguerridas, graves, elas acabam sempre, em última avaliação, sendo salutares. O famoso “guarda-chuva”, tanto mencionado por HH, nos idos de 2005, e que inspirou a criação do partido, entendo que deve prevalecer. Eis porque gostaria que o partido continuasse a receber, de braços abertos, grupos, polos, coletivos, que, sonhando e construindo o Socialismo no Brasil, possam se aglutinar fraternalmente, embora com disparidades e antagonismos no âmbito das estratégias e das táticas.

    Coloco minhas ideias e propostas, acima expostas, à disposição e ao livre uso de todos e todas.

     * Compositor, maestro, professor titular aposentado da UnB, membro da Academia Brasileira de Música, filiado e militante do PSOL-DF

  • José Luiz Del Roio e a greve de 1917

    José Luiz Del Roio e a greve de 1917

        “Por que escrever sobre uma greve que aconteceu há um século e sobre a qual já foram escritos tantos textos? A resposta é simples. Porque muito poucos são os brasileiros que conhecem o que se passou naquelas semanas de junho e julho de 1917. E qual foi sua importância”. É assim que José Luiz Del Roio inicia seu livro A greve de 1917 – os trabalhadores entram em cena, recém publicado pela Fundação Lauro Campos em coedição com a Alameda Editorial.

        Del Roio foi senador na Itália e membro da Assembleia Parlamentar da Europa em Estrasburgo. Escritor e radialista, fez parte da coordenação do Fórum Mundial das Alternativas e do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial. Militante político desde a juventude e dirigente do PCB, no ano de 1960 foi um dos fundadores da Ação Libertadora Nacional conjuntamente com Carlos Marighella.

        Em outro trecho do livro, o autor escreve que “Karl Marx teceu críticas à Comuna de Paris de 1871, em A Guerra Civil na França, mas reconheceu o valor daqueles combatentes e os preciosos ensinamentos que deixaram. A Greve de 1917 foi a nossa Comuna. Várias vezes fui ao cemitério Père Lachaise, em Paris, levar cravos vermelhos ao muro que representa os combatentes mortos ou assassinados naquele levante. Não posso fazer o mesmo para os mortos do Brás, Mooca e Belenzinho porque não sabemos onde estão”.

        Confira a recente entrevista dada por Del Roio à TV Fepesp, na qual compara a situação de cem anos atrás com a cena atual.

     

     

    O livro pode ser encontrando em boas livrarias de todo país e foi prefaciado por Gilberto Maringoni, professor da UFABC e diretor da FLC.

     

  • Estreia do “Debates FLC”, da TV Lauro Campos

    Estreia do “Debates FLC”, da TV Lauro Campos

    Estreia do “Debates FLC”, da TV Lauro Campos

    A TV Lauro Campos estreia seu programa “Debates FLC”. A cada semana um convidado participa de uma conversa sobre os temas políticos da atualidade e os desafios colocados para a esquerda brasileira.

    A primeira entrevista a ir ao ar é com a desenhista Laerte Coutinho, que falou sobre os limites do humor, o governo Temer e a concentração dos meios de comunicação, entre outros assuntos. A apresentação cabe a Juliano Medeiros, presidente da FLC.

    Dentre os convidados que já gravaram sua participação e que em breve irão ao ar estão Rui Braga, Maria Rita Kehl, Guilherme Boulos, Silvio Almeida, Trajano e Alê Youssef. A TV Lauro Campos disponibilizará a cada quarta-feira uma  nova entrevista. Os programas são gravados na sede da Fundação, na cidade de São Paulo.

    Para Juliano Medeiros, “este é mais um espaço para a interação entre o PSOL, sua Fundação e pessoas que estão pensando o Brasil numa perspectiva de esquerda. A ideia é oferecer um espaço de interlocução, de diálogo que possa contribuir a se obter respostas aos desafios colocados”.

    O programa “Debates FLC” é uma realização da Fundação Lauro Campos com produção da Molotov Filmes.

  • Abertura da exposição “A nova arte política”

    Abertura da exposição “A nova arte política”

        No dia 1 de julho, sábado, haverá a abertura da exposição “A nova arte política” na sede da Fundação Lauro Campos, iniciativa do projeto Solar Cultural.

        A exposição é composta por artistas selecionados a partir do edital lançado pela Fundação. São mais de 40 obras de 26 participantes, oriundos de todo o Brasil, sob a curadoria de Lorena Ferraz, Marcio Rosa e Rodolfo Vianna. Fotografia, pintura, arte digital, performance, instalações, videoperformance, escultura, entre outros, estão entre os tipos de suportes selecionados. O edital contou com a inscrição de 81 pessoas, totalizando mais de 300 obras que foram analisadas.

        Durante a abertura da exposição, haverá a performance de Bianca Turner e Bruno Novaes. Participarão também, em ordem alfabética, Anna Moraes; Anne Courtois; Diego de los Campos; Duda de Las Casas; Gabriel Chagas; Herontico; Igor Reis; Itamara Ribeiro; Jean Guimaraes; João Alberto; Khalil Charif; Laysa Machado; Luisa Callegari; Lula Ricardi; Marcelo Armani; Omororó; Paulina Denti; Sérgio Ricciuto Conte; Fabio Souza (Suely Parisi); Thiago Nevs; Tiago Cruz; Viviane Valladares; Hermusche e Wesley Soupza.

        As obras permanecerão em exposição até o dia 22 de julho. O público poderá votar em seu artista favorito, que receberá um prêmio de R$ 1,5 mil. A curadoria da exposição também escolherá um participante que receberá um prêmio de mesmo valor. A exposição “A nova arte-política” é uma iniciativa da Fundação Lauro Campos e contou com a produção de Raro Negócios Criativos.

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    SERVIÇO

    Exposição “A nova arte-política”

    Onde: Fundação Lauro Campos (Alameda Barão de Limeira, 1400, Campos Elíseos – São Paulo/SP)

    Quando: De 01/07 a 22/07/2017 – das 10h00 às 18h00 (exceto sábados e domingos)

    Entrada Gratuita