Álbum de Fotos: Seminário “A cidade que queremos: os desafios dos mandatos do PSOL”
Fotos de Tuane Fernandes
Acesse o álbum e veja as fotos em alta qualidade:
https://www.flickr.com/photos/149030709@N03/albums/72157672677167944
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A Fundação Lauro Campos sediará, nos dias 5 e 6 de novembro, o seminário “A cidade que queremos: os desafios dos mandatos do PSOL”. A inédita iniciativa reunirá os vereadores e vereadoras eleitas ou reeleitas no pleito de 2016 em todo o país, e se constituirá como um momento privilegiado para discutir os desafios do partido na luta contra o governo Temer, trocar experiências entre os diferentes parlamentares com suas distintas vivências e discutir atuação dos novos parlamentares e prefeitos.
Nos dois dias da atividade, serão debatidos a conjuntura nacional, os programas municipais do PSOL como também os desafios colocados frente ao cenário político atual. Haverá espaços para que os eleitos possam discutir questões comuns. Mais de quarenta vereadores de todo o país já confirmaram presença, além de parlamentares como Chico Alencar, Edmilson Rodrigues, Glauber Braga, Ivan Valente, Luciana Genro, Luiza Erundina, Raul Marcelo entre outros. A abertura do evento será feita pelo presidente nacional do partido, Luiz Araújo, e pelo presidente da Fundação Lauro Campos, Juliano Medeiros.
Para Juliano, “o seminário será um importante momento para discutir os desafios dos mandatos do PSOL diante do processo de reorganização da esquerda brasileira. Além disso, servirá para trocar experiências e enriquecer as possibilidades de atuação de nossos vereadores em defesa da ampliação de direitos contra qualquer retrocesso”. A atividade, que é uma realização conjunta da Fundação Lauro Campos com a Direção Nacional do PSOL, acontecerá na sede da Fundação, na cidade de São Paulo.
Confira abaixo a programação do evento:
Sábado (05/11)
9h00
Abertura: Luiz Araújo, presidente nacional do PSOL, e Juliano Medeiros, presidente da Fundação Lauro Campos
10h00
Mesa sobre conjuntura
. Edilson Silva, deputado estadual-PE e candidato à prefeitura de Recife
. Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST
. Ivan Valente, deputado federal-SP
. Laura Carvalho, economista e professora da FEA-USP
Mediação: Juliano Medeiros, presidente da Fundação Lauro Campos
14h-16h00
Mesa: PSOL e a luta por uma cidade das pessoas
. Edmilson Rodrigues, deputado federal-PA e candidato à prefeitura de Belém
. Luciana Genro, candidata à prefeitura de Porto Alegre
. Marcelo Freixo, deputado estadual-RJ e candidato à prefeitura do Rio de Janeiro
. Raul Marcelo, deputado estadual-SP e candidato à prefeitura de Sorocaba
. Juninho, presidente estadual do PSOL-SP e candidato à prefeitura de Embu das Artes
Mediação: Márcio Rosa, diretor da Fundação Lauro Campos
17h00-19h00
Divisão em 5 grupos de discussão, sob o tema “desafios do parlamentar do PSOL”
19h00-20h00
Espaço livre de discussão
20h00-22h00
Confraternização
Domingo (06/11)
9h00-12h00
Apresentação das discussões dos grupos e debate com os parlamentares do PSOL
. Chico Alencar, deputado federal-RJ
. Glauber Braga, deputado federal-RJ
. Luiza Erundina, deputada federal-SP e candidata à prefeitura de São Paulo
Mediação: Gilberto Maringoni, diretor da Fundação Lauro Campos
12h30 – Encerramento
Uma breve trajetória de um partido que mais cresce na esquerda brasileira, suas conquistas e desafios analisados por diferentes olhares.
Organizado por Juliano Medeiros e Israel Dutra, o livro traz diversos artigos que narram a trajetória do Partido Socialismo e Liberdade escritos por alguns daqueles que ajudaram a construí-lo durante esse período. Escrevem na obra Luciana Genro (prefácio), Juliano Medeiros (Por uma história do PSOL), Babá (A decadência do PT e o surgimento do PSOL), Chico Alencar (O porvir do PSOL), Afrânio Boppré (A alegria do amanhã), Milton Temer (Parece que foi ontem), Edmilson Rodrigues (Utopia renascida: o PSOL como desafio e promessa), Edilson Silva e Albanise Pires (Socialismo com Liberdade: eis o convite desafiador do PSOL), Roberto Robaina (Breve Balanço dos anos de legalização do PSOL), Ivan Valente (A disputa do espaço à esquerda), Gilberto Maringoni (Dez ano adiante), Luiz Araújo (Um partido para um novo ciclo da esquerda no Brasil) e Lincoln Secco (Epílogo).
A obra, publicada em 2016, pode ser conferida na íntegra abaixo ou ser adquirida na sede da Fundação Lauro Campos em São Paulo.
A Fundação Lauro Campos promoveu no último dia 11 de agosto o painel “The new latinamerican situation” (A nova situação latinoamericana), durante o Fórum Social Mundial, em Montreal, no Canadá. O evento, que integrava a programação oficial do Fórum, contou com a participação de ativistas de vários países, como Equador, Argentina, Estados Unidos, Canadá, Bélgica, Venezuela, dentre outros.
Na mesa do debate estiveram presentes Pablo Solon, ex-ministro plenipotenciário do governo de Evo Morales, na Bolívia, Richard Arce, deputado da Frente Ampla na Assembléia Nacional do Peru e Charles Lenchner, dirigente da campanha do pré-candidato democrata Bernie Sanders, nos Estados Unidos. Além deles, participaram representando a Fundação Lauro Campos os companheiros Pedro Fuentes, coordenador do Observatório Internacional da Fundação, e Juliano Medeiros, diretor-presidente da entidade.
No debate, cada um dos integrantes da mesa destacou aspectos particulares da realidade de seus países. Pablo Solon abordou as contradições advindos do processo de crescimento econômico da Bolívia nos últimos anos e os inconvenientes que o modelo extrativista traz consigo, especialmente no caso boliviano. Richar Arce, deputado recém-eleito pela Frente Ampla após a extraordinária campanha presidencial de Veronika Mendoza (terceira colocada, com 18% dos votos), abordou a situação política de seu país a partir do processo e reorganização da esquerda peruana neste ano. Para ele, uma esquerda “renovada” deve saber construir uma agenda política a partir das mobilizações de todos os excluídos. Charles Lenchner, dirigente da campanha de Bernie Sanders, o senador que enfrentou Hilary Clinton nas primárias do Partido Democrata com uma plataforma claramente anticapitalista, mencionou as discussões acerca da criação de um partido independente que busque romper a histórica polarização entre democratas e republicanos. Além deles, estava confirmada a presença da ex-ministra do meio ambiente do governo de Hugo Chavez, Ana Elisa Osório, que não pode vir ao Canadá depois que o país negou a emissão de seu visto, o que foi objeto de protesto de vários participantes.
Os representantes da Fundação Lauro Campos foram ouvidos atentamente pelo público. Pedro Fuentes, coordenador do Observatório Internacional da entidade, apresentou as características gerais do que ele considera “o fim de um ciclo” na América Latina. Esse ciclo teria sido caracterizado por governos anti-imperialistas e reformistas de diferentes características, e seu fim se expressa na crise que estes projetos vivem hoje, com a derrota do kirschnerismo na Argentina, o impeachment de Dilma no Brasil e as dificuldades do governo Maduro, na Venezuela. Já o presidente da Fundação Lauro Campos, Juliano Medeiros, concentrou sua análise nas consequências do golpe no Brasil e as características gerais do governo de Michel Temer. Para ele, o golpe tem por objetivo “colocar em marcha uma agenda ultraliberal que busca garantir as condições para um novo ciclo de valorização do capital no Brasil, destruindo direitos sociais e instrumentos de proteção aos povos indígenas e ao meio-ambiente”. Após a exposição dos debatedores, vários participantes pediram a palavra para fazer perguntas. O debate contou com a tradução de Alejandra Zaga, militante peruana do partido Québec Solidaire, e foi realizado na Universidade de Quebéc.
Durante o Fórum Social Mundial os representantes da Fundação Lauro Campos ainda participaram do Fórum Parlamentar Mundial e distribuíram o Guia do Golpe para Estrangeiros, editada pela entidade em quatro idiomas (francês, inglês, espanhol e português), e que foi um sucesso entre os participantes do FSM.
A publicação lançada pela Fundação Lauro Campos tem como foco explicar aos estrangeiros o processo em andamento do golpe no Brasil, suas causas, atores envolvidos e consequências imediatas. Nele, há dez perguntas e respostas que explicam o atual processo político em curso e as razões pelas quais é fundamental denunciá-lo aqui e no exterior.
O caderno em formato de revista foi produzido nos idiomas inglês, francês e espanhol, além do português.
A Guide to the Coup in Brazil for Foreigners (english/français/español/português)
A Fundação Lauro Campos estará presente nesse importante FSM que se realiza pela primeira vez no hemisfério norte, num momento em que a América do Norte é sacudida pela crise do bipartidarismo nos Estados Unidos com a candidatura de Donald Trump, de um lado, e da excepcional campanha liderada por Bernie Sanders, de outro.
A Fundação Lauro Campos e o PSOL promoverão um debate sobre a nova situação na América Latina depois dos triunfos reacionários de Maurício Macri, na Argentina, e do golpe parlamentar no Brasil que pôs fim ao ciclo de governos petistas. Nesta mesa participaram importantes personalidades da esquerda:
Pablo Solon, da Bolivia, Ex-Ministro Plenipotenciário do governo de Evo Morales e embaixador boliviano na ONU. Hoje se dedica ao estudo e denúncia das grandes corporações internacionais em seus avanços predatórios, em particular na crítica à chamada “economia verde”.
Richard Arce, do Peru, dirigente do Frente Amplio Peruano, eleito deputado ao Congresso Nacional do Peru no distrito de Apurimac. Richard Arce tem liderado uma poderosa denúncia do extrativismo e da mineração predatória nessa região como parte da luta em todo o Peru contra esses empreendimentos.
Ana Osorio, ex-Ministra do Meio Ambiente do governo de Chávez, membro do Parlatino e que se tem destacado pelo empreendimento de projetos eco-ambientais durante sua gestão junto ao governo de Chávez.
Pela Fundação e o pelo PSOL estarão presentes o presidente da Fundação Lauro Campos, Juliano Medeiros, e o coordenador do Observatório Internacional do PSOL, Pedro Fuentes.
Abaixo mais informações sobre a atividade:
Durante o Fórum Social Mundial acontece também o Fórum Mundial de Parlamentares. Este Fórum é organizado pelo Partido Quebec Solidarie junto a Esquerda Unida do Parlamento Europeu. A grande expectativa é a presença de Bernie Sanders, entre outras personalidades da esquerda dos EUA e América Latina. Os representantes do PSOL, Juliano Medeiros e Pedro Fuentes, também acompanharão o evento.
Salle Coeur des sciences, Université du Québec à Montréal (Room SH- 4800)200 Sherbrooke West Street, Montréal, H2X 1X5
Estamos em face do colapso do sistema partidário, atingido pela inautenticidade, falência representativa e absoluta renúncia a qualquer ordem de opção ideológica ou programática.
Nada menos do que 117 deputados federais respondem a inquéritos, alguns de natureza penal, outros por compra de votos, quase todos acusados de corrupção.
Por seu turno, e coroando o escândalo que só não é visto por quem não quer, mais de uma dezena de senadores são alvos de processos de natureza vária, desde delitos eleitorais a crimes comuns.
Um deles, então líder do governo, foi preso em pleno exercício do mandato, o que denota tanto o caráter da composição da câmara alta quanto sua pusilanimidade.
Seu ainda presidente sobrevive toureando os processos que lhe move o Ministério Público, alguns já acatados pelo Supremo Tribunal Federal.
Esse quadro, que sugere um colapso ético, que revela a iminente tragédia política, se reproduz, como fractal, por todo o país, nos parlamentos estaduais e nos municipais, indicando os riscos que ameaçam a mambembe democracia representativa de nossos tristes dias, infectada pelo vírus letal da ilegitimidade, que mais a distancia da soberania popular.
O deputado Eduardo Cunha, afastado do mandato parlamentar por inédita ordem do STF e presentemente aguardando a inevitável cassação de seu mandato (não obstante a solidariedade cúmplice de seus correligionários), é réu em processos da mais vária natureza.
Do inefável ex-presidente da Câmara dos Deputados pode-se dizer que se trata de profissional, com rica folha corrida, figura icônica da nova ordem política brasileira, esta que aos trancos e barrancos nos governa, violando a ordem constitucional e ferindo tudo o que se assemelhe a hora e dignidade.
Dessa ordem política de hoje, mesquinha e pobre, pedestre, aflora o nanismo de personagens da linhagem de Michel Temer, Jair Bolsonaro, Ronaldo Caiado, Eliseu Padilha, Romero Jucá, Geddel Vieira Lima …, nossos governantes de hoje, e, dentre outros, esse lamentável Waldir Maranhão, ora retornado ao ostracismo, cuja alçada à presidência interina da Câmara dos Deputados por si só é a mais contundente demonstração da falência de um Parlamento que não se dá a respeito.
A sobrevida parlamentar de Cunha, por sinal, deriva diretamente de sua condição como líder do ‘Centrão’, o valhacouto que o elegeu e o sustenta ainda, depois de abrir, por mesquinharia, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Nesse ‘Centrão’ se reúnem – e dele partem para o assalto à República – o que há de pior do fisiologismo e do assistencialismo, o pior da representação do agronegócio, dos grileiros e dos latifundiários assassinos de índios e quilombolas, o pior do fundamentalismo neopentecostal, o pior das bancadas dos empreiteiros, o pior do lobby dos sonegadores de impostos financiados pelas FIESPs da vida.
O pior do atraso. O ‘Centrão’, recuperado por Temer e hoje majoritário, é certeza de restauração do passado.
A questão grave, crucial, o caruncho que está a construir nossa tragédia institucional, é que somos hoje governados por essa horda dos piores, senhores de baraço e cutelo dos três poderes da República.
Esse condomínio de interesses pérfidos reúne algo mais que a maioria absoluta do Congresso Nacional e, assim, liderado ideologicamente pelo atraso, apoiado pela grande mídia, dispõe das condições objetivas para promover a restauração conservadora, a ressurreição do Brasil arcaico, dependente, oligárquico, reacionário.
Essa coalizão – resultado do encontro do pior da base de Dilma Rousseff com o pior da oposição ao seu governo e ao lulismo – tem no Palácio do Planalto de hoje o comando do processo (e aí atuam de braços dados Legislativo, Executivo e Judiciário) de retomada do atraso que lembra os piores momentos da ditadura militar, com o agravante do entreguismo e do sentimento antinacional, de que não podem ser acusados os militares.
A disfunção institucional, porém, é profunda, é estrutural, e sua gravidade independe das figuras e figurinhas que compõem nosso cenário político.
Estamos em face do colapso do sistema partidário, atingido pela inautenticidade, falência representativa e absoluta renúncia a qualquer ordem de opção ideológica ou programática.
Proliferando graças à irresponsabilidade da dupla STF-TSE, os partidos, na sua maioria – e relembremos sempre as exceções oferecidas pelos partidos de esquerda, em que pese sua crise coletiva – nada mais são hoje que meras siglas, ‘sopas de letrinhas’ sem significado, quase todos transformados em projetos empresariais que se beneficiam do fundo partidário e vendem tempo de televisão no processo eleitoral, além de apoios no Congresso a cada votação do interesse do Governo ou dos lobbies, chantageando a ambos.
Por fora dos partidos formais, corroendo-os, ultrapassando-os, desmoralizando-os, agem os ‘partidos reais’, as bancadas interpartidárias, como as mais notórias, as bancadas do boi, da bola, da bíblia e a dos bancos, a bancada dos donos de emissoras de radio e tevê, e, até, as bancadas sérias, como a da saúde e a dos educadores, dentre outras, mas significando sempre o fracasso organizacional e programático e doutrinário dos partidos.
O chamado ‘presidencialismo de coalizão’ vive seus estertores, após haver levado o governo Dilma à debacle política conhecida.
A necessidade de reforma profunda, estrutural, aquilo que Darcy Ribeiro chamaria ainda hoje de “passar o Brasil a limpo”, é porém, tarefa do Congresso que temos, o grande beneficiário de todas essas mazelas.
O que fazer? Sem respostas objetivas, mas apenas sonhos, resta-nos crer que a exaustão política, aguçando a crise, levará esse Congresso, ou o que se instalar em seu lugar em 2019 (se assim chegarmos até lá), a, pressionado pelo clamor das ruas, finalmente realizar as reformas sem as quais poderá estar escrevendo seu necrológio.
A eleição na Câmara dos Deputados
A disputa pela sucessão de Cunha-Maranhão (retrato de corpo inteiro da degenerescência que invade todo o organismo político brasileiro) travou-se entre um representante do ‘Centrão’ profundo e um líder orgânico da direita, vitorioso.
Em seu discurso, ao assumir a Presidência da Câmara, o representante do DEM, ex-PFL, ex-Arena, um dos líderes do golpismo em curso, agradeceu a todos os que o apoiaram, agradeceu ao interino Temer que por ele tanto batalhou, mas, significativamente, agradeceu também ao PT e ao PCdoB.
Uma vez mais e desta feita mais imperdoavelmente do que nunca, a esquerda parlamentar revelou-se incapaz de interpretar corretamente a realidade e assim, falha em estratégia, terminou por renunciar ao papel de sujeito, imobilizada por uma falsa dúvida hamletiana entre as vias pragmática e programática, sem saber que nenhuma opção é em si boa ou má, pois o que as qualifica são as circunstâncias.
Por fim, e por tudo isso, a esquerda ficou sem papel, nem marcou a posição política necessária nem interferiu no processo eleitoral, e ainda ficou devendo aos seus militantes uma explicação por, já lançada a candidatura de Luiza Erundina, haver ora optado por apoiar o candidato do PMDB, desidratado por seu correligionário Temer, ora por lançar mais uma anticandidatura.
Ao fim e ao cabo, com nossas dúvidas, nossas vacilações, nossos erros de avaliação, nossa ausência de estratégias, nosso apego às táticas como fatos isolados, a eleição do deputado Rodrigo Maia como presidente-tampão representou mais uma vitória da direita brasileira, passo importante na implementação de sua restauração conservadora, ansiada e frustrada ao longo de nada menos que quatro eleições presidenciais!
O próximo pilar político será, tudo o indica, fincado em agosto, quando da decisão sobre o impeachment no Senado Federal.
Fica a velha lição: quem não aprende com a experiência está condenado a repetir seus erros.
(Fonte: http://ramaral.org/?p=13980)
A Editora Boitempo, com apoio da Fundação Lauro Campos e da FETEC-CUT/CN, lança em julho de 2016 a coletânea Por que gritamos Golpe? – Para entender o impeachment e a crise política no Brasil, pela coleção Tinta Vermelha. O evento na cidade de São Paulo ocorrerá na sexta-feira, 15 de julho, às 18h00 na Quadra dos Bancários (Rua Tabatinguera, 192).
Confira o evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/1651239881866628/
Somando-se ao debate público sobre a crise política no Brasil, a obra proporciona ao leitor diversas análises sobre a dinâmica do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, dentro de uma perspectiva multidisciplinar e de esquerda. Os textos que compõem a coletânea são inéditos e buscam desenhar uma genealogia da crise política, entender as ameaças que se colocam à democracia e aos direitos conquistados pela Constituição de 1988 e apontar caminhos de superação de nossos impasses políticos. São trinta autores (a lista completa segue abaixo), entre pesquisadores, professores, ativistas, representantes de movimentos sociais, jornalistas e figuras políticas.
Por que gritamos Golpe? conta ainda com epígrafe de Paulo Arantes, textos de capa de Boaventura de Sousa Santos e Luiza Erundina e com charges de Laerte Coutinho, que representam nossa realidade pelo viés do humor, escracham valores alegados pelos conspiradores e revelam outra narrativa e outra comunicação. Ao lado das fotos cedidas e selecionadas pelo coletivo Mídia NINJA, que cobre em tempo real as manifestações que pululam em todo o país, colaboram para montar o cenário do golpe ponto a ponto, passo a passo.
Trate-se do quinto título da coleção Tinta Vermelha, que aborda sob perspectivas variadas temas atuais, dando sequência às coletâneas Occupy: movimentos de protesto que tomaram as ruas (2012), Cidades rebeldes: Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil (2013), Brasil em jogo: o que fica da Copa e das Olimpíadas? (2014) e Bala Perdida: a violência policial no Brasil e os desafios para sua superação (2015).
Os autores: André Singer (cientista político, professor da USP), Armando Boito Jr. (cientista político, professor da Unicamp), Ciro Gomes (ex-ministro da Integração Nacional), Djamila Ribeiro (secretária-adjunta da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo), Eduardo Fagnani (economista e professor da Unicamp), Esther Solano (professora de relações internacionais da Unifesp), Gilberto Maringoni (professor de relações internacionais da UFABC), Graça Costa (CUT), Guilherme Boulos (dirigente do MTST), Jandira Feghali (deputada federal), Juca Ferreira (sociólogo e Ministro da Cultura afastado), Leda Maria Paulani (economista, professora da FEA/USP), Lira Alli (Levante Popular da Juventude), Luis Felipe Miguel (cientista político, professor da UnB), Luiz Bernardo Pericás (historiador, professor da USP), Marcelo Semer (juiz de direito), Márcio Moretto (professor de sistema de informação da EACH/USP), Marilena Chaui (filósofa e professora aposentada da FFLCH/USP), Marina Amaral (jornalista e cofundadora da agência Pública), Mauro Lopes (jornalista, membro do coletivo Jornalistas Livres), Michael Löwy (filósofo e sociólogo, pesquisador no Centre National de la Recherche Scientifique/França), Murilo Cleto (historiador e colunista da Revista Fórum), Pablo Ortellado (professor de gestão de políticas públicas na EACH-USP), Renan Quinalha (advogado, pesquisador e ativista de direitos humanos), Roberto Requião (senador), Ruy Braga (sociólogo, professor da USP), Tamires Gomes Sampaio (vice-presidente da UNE) e Vítor Guimarães (dirigente do MTST).
SUMÁRIO
Epígrafe – Paulo Arantes
Para o filósofo Paulo Arantes, chamar de “golpe” o atual estado de coisas da crise política brasileira é uma forma otimista de encarar o que se passa. Aquilo que se avizinha parece novo e sombrio.
Prólogo – O desmonte do Estado, Graça Costa
Para a sindicalista Graça Costa, o golpe de 2016 é contra o povo trabalhador e solicita a resistência de todos que sonham em viver num país desenvolvido com justiça social.
Apresentação – O golpe que tem vergonha de ser chamado de golpe, Ivana Jinkings
Parte 1 – Os antecedentes do golpe
A nova classe trabalhadora brasileira e a ascensão do conservadorismo, Marilena Chaui
A filósofa Marilena Chaui analisa as divisões políticas que atravessam a nova classe trabalhadora e como se revelam nas manifestações de 2016.
Os atores e o enredo da crise política, Armando Boito Jr.
O cientista político Armando Boito radiografa os antecedentes do golpe e a crise da frente neodesenvolvimentista.
A democracia na encruzilhada, Luis Felipe Miguel
O cientista social Luis Felipe Miguel discorre sobre as diferentes perspectivas na disputa pelo conceito de democracia em meio ao golpe de 2016.
Por que o golpe acontece?, Ciro Gomes
O ex-governador do Ceará dispara contra os erros do governo Dilma e os três pulsos que levaram ao golpe: a banda podre da política, a rifa dos direitos sociais pelo pagamento da dívida pública e a ameaça da soberania nacional.
O triunfo da antipolítica, Murilo Cleto
O historiador Murilo Cleto discute o imaginário ocidental sobre o espaço público, a instrumentalização da política pela moral e as práticas discursivas que alimentaram o horror à política no Brasil.
Jabuti não sobe em árvore: como o MBL se tornou líder das manifestações pelo impeachment, Marina Amaral
A jornalista Marina Amaral segue os passos da nova direita latino-americana.
O fim do lulismo, Ruy Braga
Para o sociólogo Ruy Braga, a crise política brasileira decorre da radicalização das contradições do modelo político do lulismo, baseado nas tentativas de conciliação entre as classes sociais.
Parte 2 – O golpe ponto a ponto
Da tragédia à farsa: o golpe de 2016 no Brasil, Michael Löwy
Em um retrospecto dos governos de esquerda na América Latina do século XXI, o filósofo e sociólogo Michael Löwy reflete sobre o Estado de exceção como regra e a democracia como exceção.
Ponte para o abismo, Leda Maria Paulani
A economista Leda Maria Paulani analisa as políticas econômicas brasileiras desde os anos 1990, discutindo os acertos e erros dos governos petistas em meio à perspectiva de um resgate pleno do neoliberalismo no país.
Rumo à direita na política externa, Gilberto Maringoni
Professor de relações internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni discute a agenda regressiva posta em prática pelo governo interino e o mito da neutralidade ideológica de políticas de Estado.
Previdência social: reformar ou destruir?, Eduardo Fagnani
Para o economista Eduardo Fagnani, por trás das propostas de reforma da previdência se oculta a mais feroz disputa por recursos públicos de nosso país.
Para mudar o Brasil, Roberto Requião
Para o senador Roberto Requião (PMDB-PR), falta – tanto ao governo afastado, quanto ao interino – uma proposta que una o país em torno dos interesses populares e nacionais.
Os semeadores da discórdia: a questão agrária na encruzilhada, Luiz Bernardo Pericás
O historiador Luiz Bernardo Pericás analisa os retrocessos postos em prática pelo governo interino, alinhados com os ruralistas em torno do documento “Pauta positiva biênio 2016/2017”.
Ruptura institucional e desconstrução do modelo democrático: o papel do Judiciário, Marcelo Semer
O juiz de Direito Marcelo Semer desmascara as perversões que se combinaram nos episódios que fizeram a narrativa jurídica do impedimento.
Cultura e resistência, Juca Ferreira
O Ministro da Cultura afastado Juca Ferreira aponta para a novidade representada pela diversidade dos setores da sociedade que defenderam a manutenção do MinC pelo governo interino, reforçando a indissociável relação entre cultura e democracia.
As quatro famílias que decidiram derrubar um governo democrático, Mauro Lopes
O jornalista livre Mauro Lopes traça paralelos entre 1964 e 2016 e discute a imprensa internacional, as técnicas jornalísticas, as relações entre governo e mídia e a contranarrativa da outra imprensa.
Avalanche de retrocessos: uma perspectiva feminista negra sobre o impeachment, Djamila Ribeiro
Para o além das arbitrariedades do processo, a secretária-adjunta dos Direitos Humanos da cidade de São Paulo escancara o impedimento da presidenta como mais uma ameaça à vida da população já historicamente discriminada.
“Em nome de Deus e da família”: um golpe contra a diversidade, Renan Quinalha
O advogado e ativista de direitos humanos Renan Quinalha denuncia o retrocesso em direitos civis e políticos para os setores mais vulneráveis da sociedade brasileira representado pelo golpe, com ênfase para as ameaças à comunidade LGBT.
Resistir ao golpe, reinventar os caminhos da esquerda, Guilherme Boulos e Vítor Guimarães
Os militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e da Frente Povo Sem Medo explicam o rompimento do pacto que conciliou interesses e a necessidade de um novo projeto de desenvolvimento.
A luta por uma educação emancipadora e de qualidade, Tamires Gomes Sampaio
A União Nacional dos Estudantes denuncia o golpe como interrupção de um projeto que ampliou o acesso ao ensino e ameaçou a estrutura colonialista do país.
Parte 3 – O futuro do golpe
Por uma frente ampla, democrática e republicana, André Singer
O cientista político André Singer, estudioso do lulismo, busca indicar caminhos para a organização de uma frente única da esquerda, em defesa da democracia, tendo em vista a superação dos impasses atenuados pela crise política brasileira.
A ilegitimidade do governo Temer, Jandira Feghali
Deputada federal pelo PCdoB do Rio de Janeiro, Jandira Feghali fala sobre as imoralidades escancaradas de um golpe que se fez para barrar a Operação Lava-Jato.
Uma sociedade polarizada?, Pablo Ortellado, Esther Solano e Márcio Moretto
Coordenadores das principais pesquisas que perfilaram os manifestantes anti e pró-impeachment, os professores da USP e Unifesp questionam a polarização “coxinhas-petralhas” como divisor social do país.
É golpe e estamos em luta!, Lira Alli
A mobilização do Levante Popular da Juventude para a destruição de privilégios e a reinvenção do sistema político no Brasil.
(Fonte: site da editora Boitempo)