Categoria: Observatório Internacional

  • Clipping do Observatório Internacional (31/08/2020)

    Clipping do Observatório Internacional (31/08/2020)

    Clipping do Observatório Internacional (31/08/2020)

    Olá, Pedro.

    Nesta edição semanal do Clipping do Observatório, trazemos como principais assuntos do noticiário político internacional: os protestos Black Lives Matter nos EUA, a Convenção Nacional do Partido Republicano e o boicote histórico dos jogadores da NBA; o levante democrático em Belarus; o envenenamento de um opositor de Putin na Rússia; o crescimento das tensões entre Grécia e Turquia no Mediterrâneo; os protestos contra Netanyahu em Israel; o impasse político no Mali após o golpe militar; as manifestações na África do Sul contra a brutalidade policial; a indignação juvenil na Tailândia contra o regime pró-militar e a monarquia; a detenção de parlamentares da oposição em Hong Kong; a renúncia de Shinzo Abe no Japão; o relatório da ONU sobre violações dos Direitos Humanos na Bolívia pós-golpe; o novo acordo de empréstimo do FMI ao Equador; o conflito social entre caminhoneiros e mapuches no Chile; os ataques de paramilitares aos zapatistas em Chiapas.

    NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

    Black Lives Matter e Convenção Nacional dos Republicanos

    THE GUARDIAN (26/08): “Assassinatos durante protestos de Black Lives Matter em Kenosha destacam o que está em jogo na eleição de novembro” (em inglês)

    Não está claro se isso vai mudar antes da eleição de novembro. O certo é que o espectro da carnificina americana que ele evoca tem um impacto real e perigoso. O Sr. Trump não inventou as divisões raciais, a impunidade policial, a paranoia sobre as forças “antiamericanas” ou uma cultura de pessoas que fazem justiça com as próprias mãos. Mas ele os explorou e os estimulou.

    FORBES (27/08): “Boicotes de jogador da NBA por tiros contra Jacob Blake representam uma virada histórica no ativismo de atletas” (em inglês)

    Mas o ato de boicotar os playoffs vai além das demonstrações do hino nacional e dos comentários comoventes pós-jogo. Até então, os jogadores e treinadores da NBA centralizavam seu ativismo em torno dos jogos. Agora, a mensagem deles está na frente e no centro, com os jogos em segundo plano.

    CHICAGO TRIBUNE (28/08): “Família de Jacob Blake participa de Marcha sobre Washington: ‘Podemos fazer uma mudança histórica para as pessoas’” (em inglês)

    Membros da família de Jacob Blake participaram da marcha em Washington na sexta-feira, uma das várias famílias negras recentemente afetadas por disparos policiais convidadas para o evento. Falando de Washington, DC, na manhã de sexta-feira, Justin Blake, tio de Jacob Blake, disse que já planejava comparecer ao 57º aniversário da marcha em Washington, onde Martin Luther King Jr. fez seu famoso discurso “Eu tenho um sonho” em 1963.

    WASHINGTON POST (27/08): “A convenção de Trump foi repulsiva e desonesta. Temo que também tenha sido eficaz“, por Ruth Marcus (em inglês)

    Isso vai funcionar? Mesmo em tempos normais, mesmo com níveis normais de visualização, as próprias convenções têm impacto limitado. Mas a mensagem da convenção oferece um vislumbre inquietante das semanas feias que virão – e um desafio para Biden e os democratas criarem uma resposta eficaz.

    Levante democrático na Bielorrússia

    THE GUARDIAN (23/08): “Bielorrússia: manifestantes inundam Minsk exigindo a remoção de Lukashenko” (em inglês)

    Manifestantes desafiadores inundaram o centro de Minsk novamente em um sinal de que mesmo a ameaça de usar o exército não foi suficiente para conter a revolta contra o presidente autoritário da Bielo-Rússia, Alexander Lukashenko. A vasta praça em frente ao parlamento foi transformada em um mar vermelho e branco por manifestantes que agitavam a tradicional bandeira bielorrussa adotada pelo movimento de protesto e gritavam “renuncie!” e “coloque Lukashenko em uma van da polícia!”. Estimativas não oficiais apontam para 150.000 pessoas ou mais.

    AL JAZEERA (28/08): “Putin alerta que forças russas já estão prontas para entrar em Belarus para finalizar protestos” (em inglês)

    O presidente russo, Vladimir Putin, alertou que está pronto para enviar a polícia à Bielorrússia se os protestos lá se tornarem violentos. Falando em uma entrevista transmitida na quinta-feira, Putin disse que atualmente não há essa necessidade e expressou esperança de estabilizar a situação no país vizinho.

    Envenenamento de opositor russo

    ABC (26/08): “Antes de Navalny, uma longa história de envenenamentos russos” (em inglês)

    A suspeita de envenenamento do mais conhecido líder da oposição russa, Alexey Navalny, é a última a acontecer a uma longa linha de oponentes do Kremlin. O Kremlin, como fez com o caso de Navalny, negou qualquer envolvimento, mas o veneno tem sido uma arma usada pelos serviços de segurança russos e empregada pela União Soviética sob o presidente Vladimir Putin.

    Tensões entre Grécia e Turquia

    NY TIMES (27/08): “Crescentes tensões entre a Turquia e a Grécia dividem líderes da UE” (em inglês)

    O conflito sobre os direitos de perfuração em enormes depósitos de gás natural no Mediterrâneo oriental está se tornando cada vez mais militarizado, arriscando um conflito entre dois membros da OTAN.

    Protestos contra Netanyahu

    AL JAZEERA (23/08): “Protestos pedindo a renúncia de Netanyahu continuam com ímpeto” (em inglês)

    Os manifestantes querem que Netanyahu desista de seu posto enquanto é julgado por acusações de corrupção. Os percalços do governo em lidar com a crise do coronavírus após o relativo sucesso em seus estágios iniciais também motivaram as manifestações.

    Mudança de regime no Mali

    BLOOMBERG (28/08): “Junta de Mali liberta presidente antes da cúpula regional sobre golpe” (em inglês)

    Os líderes do golpe no Mali permitiram que o presidente deposto Ibrahim Boubacar Keita voltasse para casa em um aparente gesto de boa vontade para com os presidentes da região se reunindo para pressionar suas demandas por um retorno ao governo civil.

    Black Lives Matter na África do Sul

    WSJ (28/08): “Tiro fatal de polícia contra adolescente sul-africano com síndrome de Down causa protestos” (em inglês)

    O tiro mortal contra um adolescente sul-africano pela polícia gerou protestos e demandas por mudanças na forma como a aplicação da lei opera no país, que tem um dos mais altos níveis de crimes violentos do mundo e um grande número de mortes cometidas pela polícia a cada ano.

    Protestos na Tailândia

    FINANCIAL TIMES (27/08): “Tailândia: manifestantes jovens quebram o maior tabu político do reino” (em inglês)

    Os progressistas tailandeses agora estão assistindo aos eventos com uma mistura de esperança e medo, semelhantes aos que se seguiram ao impasse entre jovens manifestantes e autoridades governamentais em Hong Kong. Movimentos de protesto anteriores na Tailândia foram reprimidos violentamente pelas autoridades, e muitos tailandeses temem que este também seja. Mas, aconteça o que acontecer, os alunos do Thammasat parecem ter mudado os parâmetros do debate para sempre. A mídia tailandesa e estrangeira e a comunidade internacional estão lutando para acompanhar. Em jogo está o futuro da democracia tailandesa e da segunda maior economia do Sudeste Asiático, que se desviou gravemente do curso devido à agitação política do passado.

    Repressão em Hong Kong

    DW (26/08): “Dois deputados opositores são detidos por sua participação em protestos” (em espanhol)

    Pelo menos 16 pessoas – incluindo dois legisladores da oposição pró-democrática de Hong Kong – foram presas na manhã desta quarta-feira (26/08/2020) sob a acusação de “causar tumultos” ao participarem de protestos contra o governo no ano passado, segundo a imprensa local.

    Fim da era Abe no Japão

    BBC NES (28/08): “Shinzo Abe: Nacionalismo revisionista ou pragmatismo realista?“, por John Nilsson-Wright (em inglês)

    Para seus críticos, Abe representa as atitudes de uma geração mais velha e conservadora, que pretende minimizar o histórico do Japão durante a guerra, ao mesmo tempo em que busca uma política externa potencialmente preocupante e excessivamente assertiva. Para seus apoiadores, o primeiro-ministro impulsionou a posição global do país, realizando seus interesses nacionais ao harmonizar suas ambições legítimas com sua influência como a terceira maior economia do mundo. Na verdade, as duas imagens do Sr. Abe são precisas.

    Violações de direitos humanos na Bolívia

    CLARIN (26/08): “A ONU denunciou assassinatos, torturas e prisões arbitrárias na repressão aos protestos na Bolívia” (em espanhol)

    Trinta pessoas morreram em tumultos e protestos ocorridos após o conhecimento dos dados das eleições presidenciais que deram ao então ex-presidente Evo Morales o vencedor, resultado que foi questionado e considerado fraudulento por parte da população e pela comunidade internacional. De acordo com investigações de funcionários do Escritório de Direitos Humanos da ONU na Bolívia e informações coletadas em primeira mão, pelo menos 20 dessas mortes ocorreram em meio a operações destinadas a conter os protestos dos cidadãos.

    Novo empréstimo do FMI ao Equador

    ADN (28/08): “Equador aumenta dívida externa com crédito de US $ 6.500 milhões do FMI” (em espanhol)

    Mais endividamento para um país e com a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo do Equador terá acesso a 6,5 bilhões de dólares de financiamento do fundo. O pacto obriga o Executivo a reduzir os gastos públicos e fazer uma reforma tributária, para fazer a reestruturação de sua dívida externa.

    Conflito social no Chile

    DW (27/08): “Caminhoneiros bloqueiam estradas para protestar contra ataques nas estradas” (em espanhol)

    Sindicatos de caminhoneiros bloquearam parcialmente diferentes rotas no Chile nesta quinta-feira (27/08/2020) no primeiro dia de protestos devido ao aumento de ataques a máquinas, especialmente na região de Araucanía (sul), onde ocorre um conflito histórico terras entre os indígenas mapuches e o Estado.

    Ataques contra zapatistas em Chiapas

    TELEVISA (27/08): “Denunciam ataques de paramilitares contra zapatistas em Chiapas” (em espanhol)

    Mais de 400 pessoas, incluindo a cantora mexicana Julieta Venegas, exigiram nesta quinta-feira em um manifesto a “cessação das agressões e hostilidades” contra o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), organização indígena instalada no estado mexicano de Chiapas. Conforme informaram, no último sábado, paramilitares da Organização Regional de Cafeicultores de Ocosingo “saquearam e incendiaram” o Centro Comercial Nuevo Amanecer del Arcoiris, localizado em Lucio Cabañas, município zapatista de Ocosingo.

     

  • OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL DA FLCMF [31/03]

    OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL DA FLCMF [31/03]

    OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL
    DA FUNDAÇÃO LAURO CAMPOS
    E MARIELLE FRANCO (31/03)

    Nesta edição do Clipping Semanal, trazemos como destaque os seguintes temas: manifestações em Gaza contra a opressão israelense no Dia da Terra; o imbróglio cada vez maior do Brexit; a presença de militares russos na Venezuela; a inabilitação de Juan Guaidó por 15 anos; a memória dos argentinos nas ruas para que nunca mais se repita a ditadura militar; o aumento da pobreza na Argentina como resultado das políticas liberais de Macri; o corte milionário na ajuda dos EUA aos países da América Central; o debate no Congresso norte-americano sobre o Obamacare; a carta de AMLO ao rei da Espanha e ao Vaticano pedindo reconhecimento pelas barbaridades cometidas durante a Conquista espanhola das Américas; as eleições na Turquia, Ucrânia, Eslováquia e Israel; os protestos multitudinários na Argélia contra o regime; o resultado controverso das eleições tailandesas; a negligência das autoridades moçambicanas na passagem devastadora do ciclone Idai; os motivos estruturais da desaceleração econômica da China.

    Na segunda parte deste trabalho, apontamos alguns artigos e entrevistas de intelectuais e organizações de esquerda sobre o Brexit, o Medicare for All e o Green New Deal nos EUA, as eleições regionais na Turquia, o impacto do reconhecimento de Trump sobre as Colinas de Golã, a continuidade dos protestos na Argélia e a importância simbólica da pressão de Lopez Obrador sobre a Espanha.

    Charles Rosa – Observatório Internacional 


    NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

    Corte de ajuda dos EUA para a América Central

    BBC Mundo (30/03): “Trump ordena cortar toda a ajuda econômica dos EUA para Honduras, Guatemala e El Salvador” (em inglês)

    O presidente Donald Trump disse nesta sexta-feira que ordenou cortar toda a ajuda a Honduras, Guatemala e El Salvador como resposta à caravana de imigrantes desses países que avançam em direção aos Estados Unidos. Não é a primeira vez que o mandatário ameaça eliminar a ajuda para a América Central ou fechar a fronteira com o México como consequência da aproximação de um grupo grande de imigrantes nos EUA. No entanto, meios estadunidenses asseguram que desta vez o anúncio foi sério.

    Nova ‘cruzada’ da direita dos EUA contra o Obamacare

    The Economist (28/03): “Nova tentativa de Trump de desfazer o Obamacare” (em inglês)

    Nesta semana, quando o presidente Donald Trump comemorou o fim da investigação de Mueller, ele mergulhou em uma nova batalha da qual é improvável que surja triunfante. Em 25 de março, seu governo disse que o Affordable Care Act, mais conhecido como Obamacare, deveria ser permanentemente revogado. Esforços similares em 2017 – quando as maiorias republicanas no Congresso não conseguiram desfazer a lei de saúde de Barack Obama porque não conseguiram chegar a um acordo sobre o que a substituirá – provavelmente custaram ao partido sua maioria na Câmara dos Deputados nas eleições do ano passado e deram um grande impulso para os democratas. Outra tentativa frustrada de ir à revogação poderia apresentar outro objetivo político próprio, prejudicando as perspectivas republicanas nas eleições presidenciais de 2020.

    El País (29/03): “A crueldade do Partido Republicano“, por Paul Krugman (em espanhol)

    Na segunda-feira, o Governo de Trump adotou uma nova posição numa demanda judicial acerca da Lei de Atenção Sanitária (ACA, em inglês), e declarou num tribunal federal que agora apoia a eliminação total desta lei que permitiu aceder a um seguro de saúde muitos estadunidenses que de outro modo ficariam sem nada. Nós fazemos uma ideia bastante boa do que ocorrerá se esta demanda judicial prospera. Cerca de 20 milhões de estadunidenses perderiam sua cobertura sanitária.

    Crise venezuelana

    The Guardian (28/03): “A Rússia reconhece a presença de tropas na Venezuela” (em inglês)

    A Rússia tem tropas em solo venezuelano, funcionários de ambos os países confirmaram publicamente pela primeira vez, dizendo que o desdobramento foi fornecido para consultas militares e não estava ligado à “possibilidade de operações militares”.

    BBC Mundo (28/03): “Governo de Maduro inabilita Juan Guaidó do exercício de cargos públicos por 15 anos” (em espanhol)

    O controlador geral da Venezuela, Elvis Amoroso, anunciou nesta quinta-feira a inabilitação do líder opositor e presidente do Parlamento, Juan Guaidó, para o exercício de cargos públicos por 15 anos, o máximo permitido por lei. Amoroso disse que na declaração fiscal de Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como “presidente encarregado” do país, foram detectadas inconsistências e que seu nível de renda não era compatível com o nível de gastos.

    Luta pelo direito à Memória, Verdade e Justiça na Argentina

    Pagina 12 (26/03): “Por outro país” (em espanhol)

    A 43 anos do golpe, milhões marcharam em todo o país pela unidade e a memória. Os organismos de Direitos Humanos exortaram a colaborar com maior força na restituição dos netos e condenaram “o avassalamento que Macri gera todos os dias”.

    Aumento da pobreza na Argentina

    G1 (28/03): “Pobreza na Argentina aumenta e chega ao maior nível desde 2001” (em português)

    O índice que mede a pobreza na Argentina subiu para o patamar de 32% no segundo semestre de 2018, com 6,7% da população em estado de indigência, informou nesta quinta-feira (28) o estatal Instituto de Estatísticas. Ao todo, 8,9 milhões de pessoas nos 31 maiores centros urbanos se encontram abaixo da linha de pobreza, informou o estudo da entidade. A medição não inclui a pobreza em zonas rurais. Trata-se da cifra mais alta desde a crise econômica de 2001. No segundo semestre de 2017, a pobreza atingia 25,7% da população, e no primeiro semestre de 2018, 27,3%.

    Carta de Lopez-Obrador ao rei da Espanha

    France24 (27/03): “Segue em chamas o debate pela carta de Lopez Obrador exigindo perdão a Espanha” (em espanhol)

    Em sua carta, divulgada pela mídia mexicana, López Obrador se dirige ao rei da Espanha nesses termos: “México deseja que o Estado espanhol admita sua responsabilidade histórica por essas ofensas e ofereça as desculpas ou ressarcimentos políticos que convenham” pela Conquista, “acontecimento fundacional da atual nação mexicana, sim, mas tremendamente violento, doloroso e transgressor”.

    Dia da Terra na Palestina

    Al Jazeera (30/03): “‘Nosso povo não vai recuar’: protestos em Gaza marcam aniversário” (em inglês)

    Dezenas de milhares de palestinos se reuniram na fronteira entre Israel e Gaza para comemorar o primeiro aniversário dos protestos da Grande Marcha do Retorno, enfrentando os tanques e tropas israelenses que se concentram no perímetro fortificado. No sábado, as forças israelenses utilizaram balas reais, balas de borracha e gás lacrimogêneo contra os manifestantes, matando três jovens de 17 anos e ferindo ao menos 207 pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

    The Guardian (29/03): “Protestos na fronteira de Gaza: 190 mortos e 28 000 feridos em um ano de matança” (em inglês)

    Há um ano, os palestino presos em Gaza iniciaram um movimento de protesto na fronteira com Israel que devia durar seis semanas. Homens, mulheres e crianças exigiram o reconhecimento do direito dos refugiados palestinos em Gaza e em outros lugares ancestrais em Israel e o fim de um bloqueio punitivo que fez que a vida seja insuportável. Os franco-atiradores israelenses dispararam munição real, matando e mutilando dezenas. Esta resposta letal de 30 de março de 2018 provocou indignação e incredulidade em todo o mundo, mas não cessou.

    Publico.es (26/03): “Gaza, uma prisão que se encontra à beira de uma nova guerra” (em espanhol)

    O disparo desde a Faixa de Gaza de um foguete na manhã desta segunda-feira impactou no moshav Mishmeret, na área de Tel Aviv, causando feridas a sete israelenses, põe de novo na ordem do dia a possibilidade de um conflito armado de grande envergadura entre o exército do estado judeu e as milícias palestinas da Faixa lideradas pelo Hamas.

    Al-Monitor (27/03): “Hamas reprime com violência protestos pacíficos em Gaza” (em inglês)

    Alguns dias antes de um foguete disparado da Faixa de Gaza para o sul de Israel irromper em uma troca de mísseis entre os dois lados, uma repressão do Hamas contra manifestantes pacíficos em Gaza provocou a condenação de outras facções e grupos de direitos humanos. O Hamas, no entanto, diz que a Autoridade Palestina (AP) e o presidente Mahmoud Abbas instigaram os protestos como um estratagema político.

    Eleições em Israel

    Haaretz (28/03): Sete questões que vão decidir a eleição israelense“, (em inglês)

    Com apenas 12 dias pela frente, parece que todos os lados perderam o controle da agenda – em parte graças ao Hamas. Como as coisas estão atualmente, essas são as sete questões que influenciarão os eleitores israelenses na reta final da campanha: Gaza, Colinas de Golã, Submarino e acusações de corrupção, ‘racismo’ de Netanyahu, sanidade de Gantz, telefone de Gantz, racismo anti-árabe, legalização da maconha.

    Eleições regionais na Turquia

    El País (30/03): “Erdogan faz das eleições locais um plebiscito de si mesmo” (em espanhol)

    Neste domingo, os turcos vão às urnas eleger cerca de 1400 prefeitos, mais de 20 000 vereadores e 1250 deputados provinciais. Mas não são, ou não são apenas, eleições locais. Da mesma forma que os últimos pleitos eleitorais que viveu a Turquia desde 2013, num ambiente cada vez mais polarizado, elas são uma espécie de referendo sobre o presidente, Recep Tayyip Erdogan, e sua forma personalista de governar. “O 31 de março será um marco em nossa luta pela existência. E essa luta a ganharemos nós”, disse Erdogan no último dia 17 em Esmirna. Os islamistas do Governo turco poderiam perder neste domingo as prefeituras de Ancara e Istambul.

    The Guardian (01/04): “Partido de Erdogan perde eleições locais em Ancara” (em inglês)

    O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan , recebeu um duro golpe na urna depois de que seu partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) perdeu o controle de Ancara, segundo os resultados não-oficiais das eleições locais. Em outro revés potencial, a oposição também liderava em Istambul, a maior cidade da Turquia e o centro comercial. A perda do AKP em Ancara ante o candidato à prefeitura do partido laico do Partido Republicano Popular (CHP), Mansur Yavaş, pôs fim a 25 anos de domínio do partido islâmico sobre a capital e provocou comoção em todo o restante do país. O AKP disse que apelaria.

    Imbróglio do Brexit

    BBC (30/03): “Deputados rejeitam acordo de May com União Europeia” (em inglês)

    Os deputados rejeitaram o acordo de retirada da Theresa May da UE no dia em que o Reino Unido deveria deixar a UE. O governo perdeu por 344 votos a 286, uma margem de 58, e significa que o Reino Unido perdeu o prazo da UE para adiar o Brexit para 22 de maio e sair com um acordo. A primeira-ministra disse que o Reino Unido teria que encontrar “um caminho alternativo”, o que “quase certo” envolveria a realização de eleições europeias. Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista, disse que “este acordo agora precisa mudar” ou a primeira-ministra deve renunciar.

    The Guardian (29/03): “Editorial: três pancadas e fora“(em inglês)

    A terceira derrota consecutiva de Theresa May na Brexit deixa a Grã-Bretanha em uma situação que é precária, mas cheia de possibilidades. A derrota na sexta-feira foi menor do que a anterior em 15 de janeiro e 12 de março – a maioria contra a Sra. May foi de 58 em vez das 230 e 149 anteriores. Também se limitou ao acordo de retirada do acordo UE-Reino Unido que ela fez. em novembro, em vez de se estender ao acordo como um todo. Mas o veredicto é claro.

    Eleições presidenciais na Ucrânia

    BBC (30/03): “Eleição ucraniana: comediante lidera primeiro turno“, (em inglês)

    O atual líder Petro Poroshenko está buscando a reeleição, mas o favorito é o comediante Volodymyr Zelenskiy. Ambos os candidatos, juntamente com a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, expressaram opiniões amplamente pró-europeias durante a campanha. Nenhum dos candidatos pró-Rússia é visto como candidato sério. Se nenhum candidato receber mais de 50% no domingo, os dois primeiros lutarão em uma segunda rodada em 21 de abril.

    Eleições presidenciais na Eslováquia

    DW (30/03): “A advogada liberal Zuzana Kaputova vence a eleição” (em inglês)

    A advogada liberal Zuzana Caputova venceu o segundo turno das eleições presidenciais da Eslováquia no sábado, após o candidato do partido governista Maros Sefcovic reconhecer a derrota. A vitória da ativista anticorrupção quebra a tendência de políticos populistas e eurocéticos ganharem força em toda a União Européia.

    Rebelião popular na Argélia

    Al-Jazeera (29/03): “Enormes protestos enquanto argelinos buscam impedir continuidade da velha guarda de Bouteflika” (em inglês)

    Centenas de milhares de argelinos marcharam pelas ruas da capital e de outras grandes cidades pela sexta sexta-feira consecutiva para exigir a saída imediata do presidente Abdelaziz Bouteflika e da elite dominante. Os últimos protestos ocorreram dias depois que o general Ahmed Gaid Salah, o poderoso chefe do Exército, pediu a aplicação de uma provisão na constituição argelina que poderia remover o presidente por causa de sua saúde debilitada.

    Ciclone Idai em Moçambique

    The Guardian (28/03): “Prefeito em Moçambique diz que negligência levou às mortes de ciclone” (em inglês)

    O governo moçambicano não avisouas pessoas nas áreas mais atingidas pelo ciclone Idai, apesar de um “alerta vermelho” ter sido emitido dois dias antes do ataque, disse o prefeito da cidade da Beira. O país da África Austral estava completamente despreparado para o desastre e “negligência profunda” levou a muitas mortes, disse o prefeito, Daviz Simango, que também é o líder de um partido da oposição.

    Impasse Eleitoral na Tailândia

    La Vanguardia (28/03): “A oposição democrática da Tailândia se alia para formar governo entre a confusão eleitoral” (em espanhol)

    Os principais partidos anti-junta da Tailândia anunciaram nesta quarta-feira a intenção de formar um governo, três dias depois das primeiras eleições celebradas desde o golpe de Estado de 2014. A Comissão Eleitoral não revelou até agora os resultados oficiais das eleições. Líderes e membros das executivas de sete partidos opostos à junta militar que governou o país asiático durante os últimos cinco anos anunciaram uma coalizão de governo – autodenominada “frente democrática” – numa coletiva de imprensa conjunta em Bangkok.

    Economia chinesa

    El País (30/03): “A desaceleração da China“, por Jesus Fernández Villaverde (em espanhol)

    Uma mudança fundamental da economia mundial atual é a desaceleração da China. Depois de décadas de crescimentos frequentemente superiores a 10%, a China cresceu em 2018, segundo as estatísticas oficiais, 6,6%, a menor taxa desde 1990. (…) É tentador atribuir tal desaceleração da China a fatores conjunturais, como um esfriamento da economia mundial ou a guerra comercial com os Estados Unidos. Ainda que tais fatores desempenhem um papel negativo, as forças que golpeiam a China são mais de longo prazo.

    ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL

    Brexit

    SWP (26/03): “Crise do establishment, enquanto o governo caótico e desagradável de May desmorona“, por Charlie Klimber

    Os trabalhistas separaram o Brexit de forma desastrosa da defesa do NHS, uma reversão da privatização, ações de emergência por moradia e muitas outras medidas que poderiam mudar todo o debate. Raramente houve um governo mais fraco. O resultado não deve ser consenso para tentar reparar o centro neoliberal destroçado. Deve ser a remoção de May e todos os Tories – e um Brexit anti-austeridade e anti-racista.

    Jacobin Magazine (30/03): “Theresa May é hilariamente ruim em seu trabalho“, por Dawn Foster (em inglês)

    May pode tentar uma segunda negociação para um acordo de retirada diferente, mas dado o fato de que deputados e partidos têm visões totalmente diferentes e existem várias questões de lealdades regionais e partidárias a serem consideradas, é improvável que ela chegue a um consenso. A visão de uma maioria compartilhada no parlamento é que o Reino Unido deveria permanecer na União Européia. A maioria dos deputados votou “permanecer” na cédula, e poucos mudaram sua visão.

    Rebelion.org (22/03): “‘O processo do brexit provou como somos tolos na hora de resolver os grandes problemas‘”, entrevista com Kenneth Armstrong (em espanhol)

    Não havia nenhum tipo de plano sobre o que fazer depois. Não só inexistia um plano, como tampouco havia um processo de atuação caso ganhasse o brexit. Tampouco se pensou em estabelecer algum tipo de comissão transnacional no Parlamento, nem se fez uma boa campanha de informação. Os eleitores se pronunciaram sobre uma questão muito ampla. Isso é o que eu chamo de pecado original: a ideia de que o referendo era algo autêntico no qual os políticos tinham que ter fé.

    ESSF (29/03): “Grã-Bretanha e as diferenças entre cães e gatos: olhando para a manifestação de um milhão de pessoas da People’s Vote“, por Socialist Resistance (em inglês)

    Mais significativamente, John Rees optou deliberadamente por fechar os olhos para o fato óbvio de que toda a pressão do Brexit vinha do direito racista, anti-migrante e anti-operário do espectro político. Agarrar-se a uma posição que poderia ter feito sentido em 1974 não leva em conta essa realidade alterada. Essa é a fraqueza fundamental sectária e dogmática dos lexiteers. Ah, e você geralmente não muda a opinião das pessoas que não concordam com você, afirmando que são fascistas ou pavimentam o caminho fascista ao poder.

    Medicare for All

    Jacobin Magazine (30/03): “Confie em nós, Medicare for All será fantástico“, por Matt Bruenning (em inglês)

    Os críticos estão errados: ao reduzir os gastos com saúde através de ganhos de eficiência, o Medicare for All facilitará o financiamento de outros programas governamentais.

    Defesa de Ocasio Cortez do Green New Deal

    Democracy Now (28/03): “‘Diga isso às famílias do Bronx’: AOC destrói o argumento republicano de que o New Deal Ecológico é ‘elitista’” (em espanhol)

    Não sei o que estamos fazendo aqui… Falemos de custos. Vamos pagar por isso, aprovemos o New Deal Ecológico ou não, porque a medida em que os povos e cidades sigam sofrendo inundações, à medida que os incêndios florestais sigam devastando nossas comunidades, vamos pagar um preço. E o que temo que decidir é se vamos pagar depois, obrigados a reagir, ou se vamos pagar antes, e ser pró-ativos.

    Carta de Lopez Obrador ao rei da Espanha

    CSR (28/03): “Que viva México, cabrones!“, por Antonio Pérez (em espanhol)

    AMLO introduziu dentro de sua política Carta uma cunha moral que irrita profundamente não só os espanhóis mas a todos os que sustentam que Política e Moral são entidades independentes e imiscíveis. Uma cunha moral que pretendem ignorar todos aqueles que se vangloriam da Realpolitik e do pragmatismo.

    Eleições na Turquia

    Jacobin Magazine (30/03): “A cidade é nossa“, por Rosa Burç (em inglês)

    Nas eleições turcas deste domingo, o Partido Democrático dos Povos (HDP, de esquerda) está defendendo um tipo de política que desafia diretamente o papel autocrático de Erdogan: pró-operário, anti-patriarcado, radicalmente democrático.

    Rebelião Popular na Argélia

    International Viewpoint (28/03): “Solidariedade com o povo argelino em sua luta por soberania popular

    A Argélia está experimentando uma revolta popular sem precedentes desde a proclamação da independência nacional. Desde 22 de fevereiro de 2019, seguindo as chamadas lançadas na Internet, grandes comícios, com uma presença massiva de mulheres, foram organizados em todas as cidades, seguidos por trabalhadores e jovens estudantes.

    Colinas de Golã

    Rebelion.org (27/03): “Por que é perigosa a decisão dos EUA sobre as Colinas de Golã, Cisjordânia e Gaza“, por Mohsen Abu Ramadan (em espanhol)

    A decisão do Governo dos EUA de retirar o termo “ocupado” para se referir às Colinas de Golã e a à Faixa de Gaza se soma à política do presidente Donald Trump que tem adotado totalmente as posições do Governo direitista do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

    Luta política na Espanha

    Sin Permiso (24/03): “Reino de Espanha: Eleições de 28 de abril, março mobilizado, abril incerto“, por Miguel Salas (em espanhol)

    Não será possível para o 28 de abril uma aliança republicana das esquerdas, em seu sentido mais amplo, mas seguirá sendo a alternativa para derrotar o trio caveira das direitas e abrir um processo de mudança profunda. Do caos também pode surgir a clareza para dar um giro social e democrático

  • OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL DA FLCMF [24/03]

    OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL DA FLCMF [24/03]

    CLIPPING SEMANAL DO
    OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL
    DA FUNDAÇÃO LAURO CAMPOS
    E MARIELLE FRANCO [24/03]

    Na edição do Clipping Semanal apresentada a seguir, reunimos alguns principais destaques do noticiário internacional dos últimos dias: a conclusão do relatório Mueller que investiga supostas ligações entre a eleição de Donald Trump e o serviço secreto russo, as recentes declarações do presidente norte-americano mudando o entendimento do país sobre a ocupação ilegal de Israel na região das Colinas de Golã, o desastre ocasionado pelo ciclone Idai em Moçambique, Malawi e Zimbábue, a apreensão nos mercados mundiais quanto a uma possível desaceleração global, a promessa de Daniel Ortega em libertar opositores políticos num prazo de 90 dias, a criação de um novo bloco regional na América do Sul pelos governos conservadores da região, os protestos em Santiago contra a presença de Jair Bolsonaro no Chile, a continuidade das tensões entre governo e oposição na Venezuela, os multitudinários protestos na Argélia, a derrota do Estado Islâmico na Síria, as primeiras eleições na Tailândia desde o golpe militar de 2014, a crise do Brexit no Reino Unido e os 100 dias de protesto contra o presidente da Sérvia.

    Na segunda parte deste trabalho, selecionamos alguns artigos e entrevistas que abordam alguns dos temas que a esquerda mundial vem discutindo no último período: as movimentações dos socialistas dos EUA para as próximas eleições, o aumento das contradições econômicas do capitalismo global, o impacto da mudança climática nos países mais vulneráveis, a derrocada da economia argentina e as raízes do massacre islamofóbico ocorrido na Nova Zelândia na semana passada.

    Desejamos a todos uma excelente leitura e até a próxima edição!

    Charles Rosa – 24/03

    Notícias e artigos da imprensa mundial

    Relatório Mueller

    LA Times (22/03): “Mueller entrega investigação sobre relações de Trump com a Rússia mas não recomenda investigações adicionais” (em inglês)

    A decisão do procurador especial de concluir a investigação sem diligências adicionais provavelmente resulte em relativo alívio para o presidente e seu círculo íntimo depois de quase dois anos sob o encargo do ex-diretor do FBI. Mueller indiciou 34 pessoas, a maior quantidade de um procurador especial desde Watergate. Incluem mais de duas dezenas de russos e vários dos principais ajudantes de Trump, inclusive seu assessor de segurança nacional e seu chefe de campanha.

    Trump e Colinas de Golã

    CNN (21/03): “Trump busca reconhecer a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã

    Nesta quinta-feira, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anulou a antiga política de seu país em relação às Colinas de Golã, ocupados por Israel, e anunciou que “é hora” de que EUA “reconheça plenamente a Soberania de Israel” sobre a região. (…) O anúncio outorga ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, uma importante vitória em política exterior, a menos de três semanas antes de que os israelense se dirijam às urnas para decidir se deve permanecer no poder.

    France 24 (22/03): “Aliados e adversários do regime sírio condenam as palavras sobre Golã” (em francês)

    A declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, a favor do reconhecimento da soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, um território estratégico sírio anexado em 1981, provocou uma avalanche de reações em todo o mundo. (…) O regime de Damasco se comprometeu a recuperar as Colinas de Golã por “todos os meios possíveis”. A coalizão dos principais grupos de oposição sírios no exílio denunciou o anúncio do presidente estadunidense, um dos poucos casos em que sua posição é similar a do regime.

    Esquerda norte-americana

    CNN (21/02): “Ocasio-Cortez, ‘a segundo política mais falada na América’, exalta capa da Time” (em inglês)

    A deputada Alexandria Ocasio-Cortez apareceu na capa da edição desta semana da revista Time, consolidando ainda mais o status de deputada caloura como figura nacional. A manchete adornando a capa, emparelhada ao lado de uma tomada de Ocasio-Cortez, apelidou-a de “O Fenômeno”. Na matéria assinada pela correspondente nacional da Time, Charlotte Alter, Ocasio-Cortez fala sobre sua crescente celebridade, dizendo que “não pode ir a qualquer lugar em público e ser apenas uma pessoa sem muita gente observando tudo o que faço”.

    The Guardian (22/03): “Democratic Socialists of America apoia Bernie: ‘A melhor oportunidade para derrotar Trump’” (em inglês)

    O Democratic Socialists of America (DSA) endossaram oficialmente Bernie Sanders para presidente, com a organização colocando sua crescente influência política na campanha do senador de Vermont com vistas à eleição de 2020. A equipe de liderança do Comitê Político Nacional da DSA votou por apoiar Sanders durante uma reunião na noite de quinta-feira, depois que a maioria dos membros se comprometeu com o apoio. O apoio da DSA será mais uma vantagem para Sanders, que rapidamente superou a maioria de seus rivais pela indicação democrata. DSA apoiou Sanders em 2016 e ajudou os candidatos de esquerda Alexandria Ocasio-Cortez e Rashida Tlaib a vencer as eleições no Congresso em 2018.

    Ciclone Idai em Moçambique

    The Guardian (21/03) “Ciclone Idai mostra a realidade mortal da mudança climática na África” (em inglês)

    Enquanto uma semana de debates climáticos ocorria em Gana, os países de Moçambique, Malawi e Zimbábue contam os custos do ciclone Idai, que arrasou povoados e cidades, ceifando centenas de vidas e deixando um rastro de destruição. Para um continente já devastado pelos efeitos da crise climática, Idai é outro lembrete terrível do poder destrutivo do tipo de tormenta que se tornará mais comum à medida que o mundo se esquenta.

    Publico.pt (22/03): “Quando a Europa envia ajuda para Moçambique, não é um favor. É indenização“, entrevista com José Eduardo Agualusa (em português)

    (…) Países como Moçambique não contribuíram para o aquecimento global. Não têm indústria, não têm agricultura intensiva, etc. Acho que com países como os EUA ou a China não se põe a questão de ajudar Moçambique; é quase uma indenização. Esses países têm obrigação de reparar o que fizeram. Moçambique é uma vítima neste contexto, uma vítima absoluta. Isto tem de ser parte da discussão. Não estamos a falar de ajuda. Portugal não faz o favor de ajudar Moçambique. Portugal tem obrigação de reparar os danos que causou. Mas muito mais obrigação tem a China, que até está presente em Moçambique.

    Irish Times (23/03): “O desastre de Moçambique expõe os duplos padrões ocidentais“, por Ruadhán Mac Cormaic (em inglês)

    É certo que as notícias de Moçambique tardaram em penetrar na consciência ocidental porque ocorreu na África subsaariana. No Ocidente, uma onda de frio em Chigado em janeiro atraiu mais comentários. A ideia de que os padrões duplos se aplicam a África não é nova, mas também surgiu a semana anterior após o acidente do avião Boeing fora da capital da Etiópia, Addis Abeba.

    Criação de novo bloco regional na América do Sul

    The Economist (21/03): “Por que o Prosul não é o caminho de unir a América do Sul?“,  (em inglês)

    Prosul é um signo do clima político em mudança na América do Sul. Depois de um período de hegemonia à esquerda, de vários capítulos, a região se inclinou para a direita nas últimas eleições. No entanto, longe de ser uma resposta à desunião regional, Prosul parece uma reafirmação do problema: na América Latina, as instituições regionais se transformaram em reféns da ideologia e dos alinhamentos políticos efêmeros. Raramente trabalham para desenvolver uma cooperação que redundaria no interesse duradouro de todos os seus membros.

    Protestos contra presença de Bolsonaro em Santiago

    Emol (22/03): “Marcha contra presença de pdte. Bolsonaro no Chile finaliza com incidentes e detidos” (em espanhol)

    Com ao menos dez detidos e incidentes finalizou uma manifestação convocada por diversas organizações sociais para rechaçar a presença no país de Jair Bolsonaro. (…) Cabe mencionar que durante esta manhã um grupo de deputados da Frente Ampla entregou uma carta no Palácio de Governo, solicitando o Presidente Sebastian Piñera que declare pessoa non grata a Bolsonaro e que suspenda todas as atividades oficiais em seu nome, como o almoço que está programado às 13:00 horas de manhã sábado, ao qual os presidentes do Congresso Nacional desistiram de ir.

    Detenção de auxiliar de Guaidó na Venezuela

    RFI (22/03): “O chefe de gabinete de Guaidó, Roberto Marrero, é detido e acusado de terrorismo” (em espanhol)

    Marrero, advogado de 49 anos, foi preso na madrugada pelo Serviço de Inteligência (Sebin) em sua residência de Caracas, acusado de integrar uma “célula terrorista” que planejava atentados, assegurou o ministro do Interior e Justiça, Néstor Reverol, na televisão estatal. Mais tarde, Maduro, sem nomear a Marrero, referiu-se à “captura de um grupo terrorista” que planejava atacar unidades militares, hospitais e estações de metrô com mercenários de Colômbia e América Central”. E advertiu que não “recuará no combate aos grupos terroristas, para levá-los à cárcere”.

    El Comercio (22/03): “Estados Unidos bloqueia banco importante de Maduro por detenção de braço direito de Guaidó” (em espanhol)

    O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos sancionou nesta sexta-feira o Banco Nacional de Desenvolvimento da Venezuela (Bandes), assim como suas filiais no Uruguai e Bolívia e as entidades locais Banco da Venezuela e o Banco Bicentenário. Segundo um comunicado, a decisão foi adotada “em resposta à prisão ilegal” de Roberto Marrero, o chefe de gabinete do presidente encarregado da Venezuela, Juan Guaidó.

    Derrocada da economia argentina

    Pagina 12 (22/03): “Forte derrapagem da economia macrista” (em espanhol)

    O Produto Interno Bruto (PIB) sofreu no quarto trimestre de 2018 uma queda de 6,2% frente ao mesmo período de 2017, com o qual zerou o ano com uma queda de 2,5%. O resultado do quarto trimestre é o mais negativo desde o segundo trimestre de 2009, em plena eclosão da crise das hipotecas subprime.

    Referendo em defesa da água no Equador

    El País (22/03): “A defesa da água vai às urnas no Equador“, (em espanhol)

    Girón, um povado do sul do Equador votará neste domingo (24/03) em referendo se está ou não de acordo com o projeto minerador Loma Larga, que se instala parcialmente em seu território. Trata-da primeira consulta popular ambiental vinculante que será realizado na história do país. Apesar da forte divisão entre os habitantes, tudo apontará que ganhará o “não”. Os 15 000 eleitores de Girón deverão decidir se querem que seja levada a cabo a exploração, que pretende extrair 62 toneladas de ouro, 377 toneladas de prata e 40 000 toneladas de cobre de um filão concessionada à empresa canadense INV Metals. Para isso deverão responder esta pergunta: “Você está de acordo com que se realizem atividades mineradoras nos pântanos e fontes do Sistema Hidrológico Quimsacocha?”.

    Crise política no Haiti

    RT (21/03): “O primeiro-ministro do Haiti renuncia depois de ser impugnado pelo impugnado pelo Congresso” (em espanhol)

    A Câmara de Deputados impugnou em 18 de março Jean-Henry Céant, a quem responsabiliza pela crise socioeconômica que no último 7 de fevereiro desatou violentos protestos contra o governo, organizadas por uma oposição que pede a renúncia do presidente. (…) A situação econômica do Haiti piorou nos últimos meses pela depreciação da moeda, o gourde, no país mais pobre da América Latina. Segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, os protestos que começaram em 7 de fevereiro e se estenderam por grande parte desse mês deixaram 26 falecidos e 77 pessoas feridas. Em 8 de março, o Fundo Monetário Internacional disse que acordou com o Governo do país caribenho a concessão de um empréstimo por 229 milhões de dólares a três anos com 0% de juros, para superar a situação atual.

    Promessa de Daniel Ortega

    BBC Mundo (21/03): “O governo da Nicarágua promete liberar todos os opositores presos num prazo de 90 dias e retomar o diálogo” (em espanhol)

    O governo de Daniel Ortega prometeu na quarta-feira num comunicado que libertará todos os opositores presos num prazo de 90 dias numa tentativa de retomar as conversas com a oposição na Nicarágua. Em contrapartida. Ortega pede que se levantem as sanções que tanto os Estados Unidos como a União Europeia impuseram a seu governo. Estima-se que desde que começaram os protestos em abril do ano passado, mais de 700 pessoas foram detidas.

    Protestos na Argélia

    Al Jazeera (22/03): “Os argelinos protestam pela quinta sexta-feira consecutiva contra o líder enfermo” (em inglês)

    Dezenas de milhares de argelinos tomaram uma vez as ruas da capital para exigir que o presidente  Abdelaziz Bouteflika enfermo renuncie imediatamente. Em meio à crescente pressão, Bouteflila abandonou em 11 de março sua tentativa de buscar um quinto mandato à frente da Argélia, um importante exportador de petróleo. Seu anúncio de que não buscaria outro termo causou celebrações instantâneas. Mas a alegria dos manifestantes durou pouco, já que o presidente também anunciou que as eleições programadas para 18 de abril seriam adiadas e declarou sua intenção de presidir um período de transição, ambas as medidas que levaram aos críticos a acusar o senhor de 82 anos de tentar prolongar seu domínio de duas décadas.

    Derrota do Estado Islâmico na Síria

    NY Times (23/03): “ISIS perde seu último território na Síria. Mas os ataques continuam” (em inglês)

    O Estado Islâmico perdeu sua última posição na Síria no sábado, depois de anos de luta. Mas o grupo terrorista continua sendo uma ameaça séria e violenta. Muitos de seus principais líderes ainda estão vivos. E continua a realizar ataques, incluindo um em janeiro que matou 15 pessoas, incluindo quatro americanos, do lado de fora de um restaurante shawarma na cidade de Manbij, na Síria. Após um período de relativa calma no início do ano passado, a coalizão liderada pelos Estados Unidos aumentou os ataques contra o Estado Islâmico na Síria desde agosto. Em quase todas as métricas, o Estado Islâmico está no seu ponto mais baixo nos quase cinco anos desde que declarou seu califado.

    Economia Mundial

    The Guardian (22/03): “Os mercados sofrem forte queda enquanto se intensifica o medo de uma desaceleração global

    Os mercados financeiros em todo o mundo caíram bruscamente em meio a crescentes temores de uma desaceleração na economia global, depois de que a produção industrial na eurozona caiu à taxa mais rápida em quase seis anos. As perdas de sexta-feira nas bolsas de valores da Europa e Wall Street se produziram depois de que os índices sugerirem que o crescimento econômico em todo o bloco da moeda única europeia se manteve fraco no primeiro trimestre de 2019, o que reduziu as esperanças de uma retomada após um final fraco no ano passado. Os economistas dizem que as más leituras da produção industrial provavelmente refletiram uma desaceleração na China e na economia mundial, o que a aumenta a possibilidade de que o crescimento para o restante de 2019 seja menor do que o esperado.

    BBC Mundo (23/02): “Por que a Itália é a primeira grande economia mundial que respalda a Nova Rota da Seda da China (e por que gera preocupação no Ocidente)?” (em espanhol)

    Os níveis de dívida que as nações africanas e do sul da Ásia têm com a China geraram preocupação no Ocidente, mas se construíram estradas e ferrovias que de outro modo não existiriam. (…) Itália, no entanto, será a primeira potência europeia e membro do Grupo dos Sete (G&), que reúne as 7 democracias mais industrializadas, em tomar o dinheiro oferecido pela China.

     

    Brexit

     

    The Guardian (23/03): “Um milhão de pessoas comparecem à marcha contra o Brexit enquanto os Tories planejam derrubar May

    Em uma das maiores manifestações da história britânica, uma multidão estimada em mais de um milhão de pessoas ontem marchou pacificamente pelo centro de Londres para exigir que os membros do Parlamento lhes concedessem um novo referendo sobre o Brexit. A manifestação “Coloque nas mãos do povo”, que incluiu manifestantes de todos os cantos do Reino Unido e muitos cidadãos da UE que vivem aqui, ocorreu em meio a uma extraordinária agitação política e crescentes pedidos para que a primeira-ministra Theresa May renuncie. Alguns ministros de gabinete estão considerando seu número dois, David Lidington, como substituto provisório para ela, embora, ele sofra resistência dos Brexiters por ser favorável à permanência na UE.

    Protestos na Sérvia

    El País (23/03): “Cem dias de ira contra o presidente sérvio” (em espanhol)

    Quando em 8 de dezembro passado, mais de 10 000 pessoas se manifestaram em Belgrado ao grit de “basta de camisetas ensanguentadas!” por causa da surra que alguns homens mascarados impuseram a um político opositor, o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, batizou sem querer o protesto. “Nem que houvesse cinco milhões de pessoas nas ruas”, disse, se importaria com suas reivindicações. Num país de sete milhões de habitantes, a frase saltou as redes sociais e o movimento tomou como nome  1od5miliona (1 de 5 milhões), com o qual se tornou no maior do país desde o levante que acabou com Slobodan Milosevic em 2000. Até dezenas de milhares de pessoas de pessoas saem às ruas a cada semana, mas – cem dias depois da primeira manifestação – a elevada popularidade do presidente Vucic segue intacta.

    Eleições na Tailândia

    El País (20/03): “Tailândia vai às urnas oito anos depois e após cinco anos de junta militar” (em espanhol)

    (…) Alguns cálculos preveem que a participação pode rondar cerca de 80% entre os 50 milhões de tailandeses chamados às urnas. É o primeiro pleito que se convoca em oito anos, depois de cinco de governo de uma junta militar. Após anos de crescimento econômico relativamente frágil, de aumento das desigualdades sociais, e um constante ciclo político no qual os partidos populistas ganham as eleições e são depostos via judicial ou militar, a população, especialmente os sete milhões de novos eleitores, reclama uma mudança. Ainda não está tão claro que o consiga.

    Al Jazeera (22/03): “A eleição do dia 24 não vai importar“, por David Strackfuss (em inglês)

    A eleição é o último passo num jogo longo apresentado pelos golpistas, o Conselho Nacional para a Paz e a Ordem (NCPO), que derrubou o governo eleito em maio de 2014. O primeiro passo no plano foi efetivar uma constituição que enfraqueceria os maiores partidos e criaria as condições para que os governos de coalizão instáveis sejam eleitos. As emendas constitucionais de 2017 permitem que os militares tailandeses designem o Senado de 250 cadeiras em sua totalidade, que, junto com a Câmara de Deputados de 500 cadeiras, vota sobre a nomeação do primeiro-ministro.

    Artigos e debates da esquerda internacional

    Esquerda norte-americana

    Jacobin Magazine (21/03): “Um real Green New Deal significa luta de classes“, por Keith Brower Brown, Jeremy Gong, Matt Huber, Jamie Munro (em inglês)

    Para além de Bernie, a popularidade massiva de Ocasio-Cortez e Rashida Tlaib mostra uma fome generalizada pelos campeões da classe trabalhadora para desafiar os republicanas de extrema-direita e o establishment democrata por igual. Inclusive quando não ganham, os desafios eleitorais críveis da classe trabalhadora podem construir a unidade dos trabalhadores para a ação militante e a mudança política sistêmica. Em todo o país, os socialistas devem trabalhar para construir coalizões da classe trabalhadora e uma infraestrutura de organização eleitoral independente que possa prometer o final das carreiras dos legisladores federais que se opõem à GND.

    Jacobin Magazine (20/03): “Ao contrário de muita gente, Bernie não ‘evoluiu’“, por Meagan Day (em inglês)

    Nos anos setenta, Bernie Sanders fez um chamado a nacionalizar as principais indústrias, uma postura que a mídia quer destacar como uma piada. Mas somente demonstra quão consequente tem sido na luta contra as elites predatórias, em notável contraste com os outros candidatos democratas.

    Palestina

    Rebelion.org (19/03): “Nações Unidas publica contundente relatório de 250 páginas sobre abusos israelenses

    Neste 18 de março, a ONU deu a conhecer seu informe final, intitulado “Report of the detailed findings of the independent international Commission of inquiry on the protests in the Occupied Palestinian Territory”: o relatório foi elaborado por Santiago Cantón (Argentina), Sara Hossain (Bangladesh) e Kaari Betty Murungi (Kenya), especialistas em direitos humanos, por solicitação do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

    Capitalismo mundial

    La Jornada (22/03): “Mutações do capitalismo“, por Alejandro Nadal (em espanhol)

    Na atualidade não só existe um forte arrocho salarial e um problema de insuficiência para a classe trabalhadora. Também estamos na presença de uma mudança qualitativa pelo endividamento. É claro que o vínculo salarial tem um estatuto essencialmente diferente ao do crédito na reprodução social. Atualmente, graças ao crescente endividamento o capital financeiro pode se apropriar de uma parte da renda dos trabalhadores. E assim se consuma um duplo golpe contra a classe trabalhadora: estancamento salarial e extração financeira.

    The Next Recession (22/03): “O fantástico mundo da Longa Depressão” (em inglês)

    O mercado acionário dos EUA regressa a novos picos. Agora estamos num mundo econômico no qual parece haver uma espécie de “pleno emprego”, mas salários reais estancados (para a maioria), baixas taxas de juros e inflação e, sobretudo, baixo investimento produtivo. Entretanto, a dívida corporativa está aumentando rapidamente em todo o mundo à medida que as principais companhias emitem bônus a taxas de juros baixas para recomprar suas próprias ações e assim aumentar o preço das ações da companhia e continuar com a festa. A Longa Depressão se converteu num mundo de fantasia onde o aumento dos preços dos ativos financeiros, o baixo investimento e o crescimento da produtividade, onde quase todos podem obter um trabalho (parcial, temporal ou autônomo), mas não um padrão de vida.

    Economia chinesa

    Sin Permiso (11/03): “A ascensão da China como potência mundial. Entrevista com Au Loong-Yu” (em espanhol)

    As ameaças do imperialismo dos EUA são reais e conhecidas na China. A Marinha estadunidense acaba de mandar dois barcos de guerra ao Estreito de Taiwan numa clara provocação a China. A esquerda estadunidense deve se opor a este militarismo para que o povo chinês entenda que ela se opõe à agenda imperialista dos EUA na questão de Taiwan – ainda que se deva reconhecer o direito de Taiwan comprar armas dos EUA. Se o povo chinês escutar esta forte voz antiimperialista da esquerda dos EUA, poderá se ganhar mais coisas para os interesses comuns contra os imperialismos dos EUA e da China.

    Mudança climática

    ESSF (19/03): “Um sinal de alerta – A mudança climática fará tormentas como Idai mais severas, dizem especialistas“, por Matthew Taylor (em inglês)

    Mel Evans, uma ativista pelo clima de Greenpeace Reino Unido, disse que Idai era uma mais uma prova de que as pessoas menos responsáveis pela crise climática eram as que mais sofriam. “A média de emissões de CO2 de um cidadão de Moçambique, Malawi ou Zimbábue é uma pequena fração de um europeu ou estadunidense. As pessoas menos contribuem para causar a mudança climática estão na parte da frente da fila para receber seus impactos e têm muito menos recursos para se proteger de seus danos”.

    Massacre na Nova Zelândia

    ESSF (21/03): “Terror em Christchurch: Como isso aconteceu?“, por Byron Clark, Daphne Lawless, Tyler West, Ani White (em inglês)

    Em última instância, a complacência da classe política permitiu que o fascismo crescesse e se torne séptico. No improvável caso de que mudem de rumo e tomem medidas enérgicas contra os grupos de extrema-direita, é possível que não confiemos no estado de vigilância, mas certamente não choraríamos pelos fascistas. Além de seu “antiterrorismo” desigual que deixa a extrema-direita relaxada, os partidos governistas também se envolveram em ataques populistas contra a imigração.

    Viento Sur (23/03): “Terrorismo, um conceito vazio“, por Alain Gresh (em espanhol)

    O problema do conceito de guerra contra o terrorismo é que dispensa totalmente a análise política e reduz a luta a um enfrentamento entre o Bem e o Mal. Se os terroristas são movidos fundamentalmente por seu ódio à liberdade ocidental, é inútil se perguntar sobre as razões pelas quais esses grupos se desenvolvem, suas motivações, seus objetivos.

    Mau desempenho da economia argentina

    Rebelion.org (22/03): “Muitos fundos de investimento desarmaram seu posicionamento em países como a Argentina e foram para a China – Entrevista com Eduardo Lucita” (em espanhol)

    É muito rápida a queda chinesa. A Alemanha está retrocedendo e outros países também. Agora foram trazidos à luz os dados sobre o leitmotiv de Trump que era reduzir o déficit comercial, algo que não cumpriu, inclusive não só é maior com a China mas também com a UE. Ao mesmo tempo, EUA levanta as taxas de juros, então há um fortalecimento do dólar. Tudo isso faz com que haja uma fuga do dinheiro dos países emergentes para os países centrais. Pior, especialmente para a China.

  • Observatório Internacional, de 8 de agosto

    Observatório Internacional, de 8 de agosto

    Observatório Internacional, de 8 de agosto

    O Observatório Internacional destaca neste Clipping Semanal: os conflitos comerciais e diplomáticos da Era Trump, a luta das mulheres argentinas pela legalização do Aborto no Senado, o atentado frustrado contra Nicolás Maduro na Venezuela, a situação de Assange na embaixada equatoriana em Londres, a impopularidade do governo conservador de Angela Merkel, os protestos estudantis em Bangladesh, a repercussão contra a lei segregacionista do Estado de Israel e as conturbadas eleições no Zimbábue.

    Uma excelente leitura a todos!

    Charles Rosa – Observatório Internacional


    NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

    Guerra Comercial entre EUA e China

    CNN (01/08): “EUA ameaça aumentar tarifas para 25% sobre bens chineses no valor de 200 bilhões de dólares” (em inglês)

    O governo Trump está considerando aumentar a alíquota das tarifas propostas para 25% em um valor adicional de US $ 200 bilhões em mercadorias da China. A Casa Branca já havia pedido ao Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos a possibilidade de impor uma tarifa de 10% s

    obre o valor de US $ 200 bilhões em produtos chineses. Mas sob um novo plano, as tarifas mais que dobrariam de tamanho. Os Estados Unidos já impuseram tarifas de 25% sobre produtos chineses no valor de US $ 34 bilhões para punir Pequim por suas práticas comerciais desleais, como forçar empresas americanas a entregar tecnologia valiosa. A China reagiu imediatamente com medidas iguais.

    NY TIMES (03/08): “A China ameaça novas tarifas de US$ 60 bilhões de produtos dos EUA” (em inglês)

    Na sexta-feira, a China ameaçou taxar US $ 60 bilhões adicionais em importações dos Estados Unidos, caso o governo Trump imponha suas próprias novas taxas aos produtos chineses. A ameaça ocorre apenas dois dias depois que o presidente Trump ordenou que seu governo considere aumentar a tarifa que já sobre em 200 bilhões de dólares por ano de produtos chineses – de produtos químicos a bolsas – a 25 por cento. Os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo, estão há meses envolvidos em uma crescente disputa comercial. Embora tenham visado os produtos uns dos outros, a natureza interconectada da economia global significou que outras regiões, como a Europa, também foram apanhadas na retaguarda.

    Sanções contra o Irã

    The Guardian (07/08): “Editorial: A UE permanece firme” (em inglês)

    A hostilidade visceral de Donald Trump a qualquer sucesso ligado ao nome de Barack Obama, e à falta de firmeza dos que o rodeavam, tornaram a retirada dos Estados Unidos nesta primavera praticamente inevitável. Agora, o governo dos EUA recolocou sanções gerais e aumentará a pressão novamente em novembro, com restrições bancárias e de petróleo. A resistência da UE e especialmente dos signatários da “E3” (Grã-Bretanha, França e Reino Unido) é bem-vinda. A questão é saber se pode salvar o negócio. Ninguém sugere que é perfeito – mas foi o melhor alcançável. Agora as circunstâncias são piores: o Irã é uma força mais forte na região e o presidente moderado Hassan Rouhani perdeu credibilidade no país porque o acordo mal sobreviveu. Muito poucos acreditam que um acordo melhorado está à vista, e embora o governo dos EUA negue que seu objetivo real seja a mudança do regime, tanto seus comentários como ações sugerem o contrário.

    El País (07/08): “Estados Unidos retomam sanções ao Irã e apoiam protestos populares” (em português)

    Entrou em vigor nesta terça-feira um pacote de sanções dos Estados Unidos ao Irã que havia sido suspenso após o acordo nuclear de 2015 e que atinge a emissão de dívida, o comércio de metais e as transações em dólares e riais. O Governo de Donald Trump espera que, com essa asfixia econômica, o Irã se veja obrigado a retirar seu apoio a grupos terroristas e retroceder no que considera serem ingerências territoriais no Oriente Médio. Washington nega alentar a queda do regime islâmico, mas dá seu pleno apoio aos protestos de cidadãos iranianos incomodados com a corrupção e a crise financeira.

    Turquia x EUA

    NY Times (04/08): “Erdogan ordena sanções retaliatórias contra funcionários americanos” (em inglês)

    O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse no sábado que estava ordenando sanções recíprocas contra duas autoridades americanas em retaliação às medidas dos Estados Unidos contra dois de seus ministros, aumentando a disputa diplomática entre os aliados da Otan. “Aqueles que pensam que podem fazer a Turquia dar um passo para trás com sanções ridículas nunca conheceram este país ou esta nação”, disse Erdogan em um discurso na capital, Ancara. “Nós nunca cedemos nossas cabeças a tal pressão e nunca faremos isso.”

    Eleições de meio-termo nos EUA

    NY Times (06/08): “Por que as eleições de meio-termo não serão ganhas se jogando para a base“, por Henry Olsen (em inglês)

    Pesquisas nacionais mostram que os democratas têm uma vantagem, mas como vimos em 2016, uma liderança nacional pode não se traduzir em uma vitória democrata. Ganhar o controle da Câmara e do Senado significa que os democratas têm que lutar no território republicano, e isso significa conversar com os eleitores Romney-Clinton e Obama-Trump. O quão bem eles podem conversar com os dois ao mesmo tempo – e quão bem os republicanos fazem entre os mesmos grupos – determinarão se vemos uma onda azul ou outro caso de desespero democrata.

    Votação da Lei do Aborto no Senado argentino

    Publico.pt (05/08): “Senado argentino dividido em véspera de votação sobre aborto

    A Argentina poderá juntar-se a uma imensa minoria de países da América Latina onde o aborto é legal – mas o Senado, que terá esta segunda-feira a votação final sobre o tema, estava muito dividido e quaisquer previsões eram arriscadas. A Câmara de Deputados aprovou por uma pequena diferença a legalização do aborto até às 14 semanas: 129 parlamentares votaram a favor, 125 contra. Na América Central e do Sul apenas Cuba, Uruguai, as Guianas e a Cidade do México legalizaram o aborto. A região tem dos quadros legais mais estritos, com alguns países a proibir o aborto em qualquer caso, sem excepção. Várias sondagens indicam uma mudança na opinião pública, com a maioria a defender agora a descriminalização do aborto. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, entre 350 mil e 450 mil grávidas abortam por ano, uma a cada minuto e meio.

    DW (06/08): “Projeto de aborto estimula juventude da Argentina a lutar” (em inglês)

    Embora o Senado seja mais conservador que a Câmara dos Deputados, uma pesquisa recente sugere que 59% dos argentinos são a favor do projeto. Seja qual for a votação final, é claro que o debate sobre o aborto está agora na agenda, com as mulheres compartilhando abertamente suas experiências de abortos clandestinos nas redes sociais e usando as bandanas verdes nos escritórios e nos transportes públicos. “Mesmo que o projeto de lei não seja aprovado agora, vencemos essa batalha cultural”, diz Claudia Pineiro, escritora que vem fazendo campanha a favor da lei. “Já legalizamos o aborto socialmente”.

    Atentado em Caracas

    BBC Mundo (05/08): “2 drones com explosivo C4 e 6 detidos: os primeiros detalhes oficiais da investigação do atentado a Nicolás Maduro” (em espanhol)

    O ministro do Interior e Justiça da Venezuela, Néstor Reverol, assegurou neste domingo que seis pessoas foram detidas pelo que o governo considera como um atentado contra o presidente Nicolás Maduro. Reverol afirmou que dois drones carregados com um quilo de explosivo C4 cada um detonaram próximo do ato militar que presidia Maduro no sábado. “Temos seis detidos e vários veículos desprotegidos. Foram realizadas apreensões em vários hotéis da capital. Recolhemos evidência fílmica de supostos colaboradores deste fato. Estão identificados os autores materiais e intelectuais”, afirmou Reverol.

    The Guardian (05/08): “Poderes estrangeiros ou fraude: quem está por trás do ‘ataque de drones’ da Venezuela?” (em inglês)

    Segundo Maduro, o complô foi inventado por uma camarilha internacional de conspiradores de direita. Afirmou que o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, estava “por trás do ataque”, apoiado por uma rede de conspiradores e financeiros com sede na Flórida, e agregou que um grupo de assassinos a soldo já havia sido capturado.  aduro, cujo país está imerso na confusão  econômica e política, com a inflação prognosticada para alcançar 1% anualmente neste ano, acusou a comunidade internacional de travar uma guerra econômica contra ele. Regularmente ataca os Estados Unidos como “imperialista” e diz que quer destruir o socialismo enquanto se apodera do petróleo da Venezuela, do qual possui as maiores reservas do mundo.

    Conflito na Nicarágua

    El Comercio (06/08): “Daniel Ortega assegura que a Nicarágua dará a ‘batalha’ na OEA” (em espanhol)

    O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, manifestou que seu país dará a batalha ante a Organização dos Estados Americanos (OEA) depois de aprovar a criação de uma comissão especial com o fim de apoiar o diálogo nacional e contribuir a busca de soluções à crise, que deixou entre 317 e 448 mortos. “Eu vejo que, ainda com o debilitamento que tem a OEA, temos que seguir dando a batalha. É um espaço que está aí e é preciso dar a batalha”, assinalou o mandatário numa entrevista oferecida ao jornal na linha estadunidense Grayzone Project. A formação desta comissão especial, aprovada na quinta-feira passada, recebeu o aval de 20 dos 34 países que são membros ativos da OEA, enquanto outros quatro estados votaram contra, oito se abstiveram e dois estiveram ausentes.

    El Diario (07/08): “A fuga de um ativista de direitos humanos dispara os alarmes na Nicarágua” (em espanhol)

    A fuga da Nicarágua de um ativista de direitos humanos, depois a do popular compositor Carlos Carlos Mejía Godoy, por ameaças atribuídas a grupos pró-governamentais, disparou hoje os alarmes entre organismos humanitários, a ONU e a OEA. Isso sucede no marco da crise que eclodiu em abril passado no país centro-americano, que causou já centenas de mortos. Representantes do Mecanismo Especial de Seguimento para a Nicarágua (Meseni) e do Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) discutiram nesta segunda-feira a situação no país depois de conhecer o exílio do ativista Álvaro Leiva por ameaças contra sua vida.

    Corrupção na Colômbia

    Reuters: Ex-presidente Uribe desiste de renunciar ao Senado em meio a escândalos” (em português)

    O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, acusado de interferir com testemunhas e de suborno, pediu ao Senado nesta quarta-feira que ignore sua carta de renúncia para que seu caso permaneça na Suprema Corte. Uribe, que comandou o país entre 2002 e 2010 e montou uma ofensiva militar contra guerrilhas marxistas, disse na segunda-feira que renunciaria à sua cadeira no Senado para se concentrar em sua defesa depois que a Suprema Corte o intimou a depor. Uribe, de 66 anos, é mentor do presidente eleito Iván Duque, que venceu a eleição de 17 de junho como candidato de seu partido de direita, Centro Democrático. O ex-presidente é investigado pelo tribunal devido a alegações de que fez acusações falsas e interferiu com testemunhas em um caso que ele mesmo iniciou fazendo acusações semelhantes contra o senador de esquerda Iván Cepeda.

    Perseguição a Assange

    La Red 21 (07/08): “WikiLeaks responde a ameaças do Equador a Assange: “Informar não é um crime‘” (em espanhol)

    As diferenças entre o presidente equatoriano Lenín Moreno e o fundador do Wikileaks, Julian Assange, refugiado na embaixada do Equador em Londres se acentuam cada vez mais. Desde o início, quando assumiu o poder, Moreno advertiu Assange sobre suas atividades e foi instado a não se meter nos assuntos internos de outros países para poder permanecer na sede diplomática do Equador em Londres, onde se encontra refugiado desde 2012. Neste domingo numa entrevista no Equador TV Moreno expressou “nossa preocupação é defender os direitos humanos e portanto pedimos respeito à sua vida. É violatório aos direitos humanos que uma pessoa passe sua vida numa Embaixada”. E advertiu “ao senhor Assange puseram uma condição: que deixe de intervir na política e a autodeterminação de outros países. Em caso contrário, serão tomadas medidas”.

    Corrupção na Argentina

    El País (06/08): “Primo de Macri confessa ter pagado subornos para o kirchnerismo” (em espanhol)

    Nunca os tribunais golpearam tão próximo de Mauricio de Macri numa investigação por corrupção. A delação de um chofer do poder, que durante 10 anos apontou em cadernos a suposta rota do dinheiro sujo do kirchnerismo, pôs ante um juiz ao primo do Presidente, Angelo Calcaterra, herdeiro das empresas do clã Macri, um dos mais poderosos da Argentina. Calcaterra apresentou-se hoje quando ninguém o esperava nos tribunais Federais e confessou a Claudio Bonadio que pagou subornos milionários a ex-funcionários do governo de  Cristina Fernández de Kirchner. Por sua colaboração, Calcaterra obteve lucros como arrependido e ficou livre. Se somou assim à estratégia defensiva de outros dois executivos de empresas construtoras que durante o kirchnerismo se beneficiaram com grandes obras de infraestrutura.

    Clarin (07/08): “Amado Boudou foi condenado a 5 anos e 10 meses de prisão por Ciccone e volta para a cadeia” (em espanhol)

    Amado Boudou, o ex vice-presidente de Cristina Kirchner, voltará para a prisão. Não ocultou sua surpresa ante a decisão do Tribunal Oral Federal 4 que ordenou sua detenção imediata.   Foi condenado nesta terça-feira a 5 anos e 10 meses de prisão ao encontrá-lo culpado dos delitos de cumplicidade e negociações incompatíveis com a função pública na causa pela venda da calcográfica ex-Ciccone. Voltará ao Cárcere de Ezeiza.

    Impopularidade do governo Merkel

    Reuters (02/08): “Apoio ao bloco de Merkel atinge mínima histórica, mostra pesquisa” (em português)

    O apoio ao bloco conservador da chanceler alemã, Angela Merkel, caiu para uma mínima recorde, depois de uma prejudicial contenda interna sobre política de imigração, com o apoio ao grupo de extrema-direita Alternativa para Alemanha (AfD) atingindo uma máxima recorde, mostrou uma pesquisa nesta quinta-feira. A pesquisa ARD DeutschlandTrend colocou o apoio à aliança conservadora de Merkel –a sua União Democrata Cristã (CDU) e seus aliados bávaros, a União Social Cristã (CSU)– em 29 por cento, um ponto percentual abaixo do nível do início de julho. Merkel, que lidera a Alemanha desde 2005, evitou por pouco o colapso de seu governo de coalisão no mês passado, depois de uma disputa entre a CDU e a CSU sobre política de imigração. Os partidos conservadores irmãos governam em uma grande coalisão com o Partido Social-Democrata (SPD), de tendência esquerdista. O Afd, anti-imigração, ganhou um ponto percentual na pesquisa ARD DeutschlandTrend, conduzida pelo Infratest Dimap, para um recorde de 17 por cento.

    Organização da extrema-direita na Europa

    El País (06/10): “O agitador Bannon avança na frente europeia” (em espanhol)

    As eleições ao Parlamento Europeu costumam ser uma anódina luta entre os acalorados chamados das instituições comunitárias à participação e a indiferença de uma grande parte da opinião pública. Mas a próxima reunião com as urnas (maio de 2019) anuncia-se mais quente que nunca pelo auge dos partidos populistas, que contarão com o apoio de um personagem tão alheio à arena comunitária como Steve Bannon, antiga mão direita de Donald Trump, expulso da Casa Branca e em busca de novas batalhas.

    Protesto em Israel contra lei segregacionista

    ANSA (05/08): “Multidão protesta contra lei que define Israel um país judeu” (em português)

    Uma multidão de 90 mil pessoas saiu às ruas de Tel Aviv e lotou a praça Rabin ontem (4), em um protesto contra a lei que qualifica Israel como um Estado exclusivamente judeu. A medida é vista como discriminatória pela esquerda israelense, por cidadãos árabes de origem palestina, por drusos e cristãos. O protesto de ontem foi liderado pelos drusos, minoria que vive no norte de Israel e os quais acusam o governo de torná-los cidadãos de segunda classe. A oposição israelense também apoiou a manifestação. Os drusos falam árabe e se consideram muçulmanos, apesar de terem práticas religiosas particulares. Eles servem ao Exército, são conhecidos por sua lealdade ao governo e mantêm uma relação de menos atrito com Israel, na comparação com os árabes-israelenses. “Apesar da nossa lealdade sem limites ao Estado, não somos considerados cidadãos iguais”, criticou o xeque Muafac Tarif, líder espiritual dos drusos.

    Protestos estudantis em Bangladesh

    Al Jazeera (02/08): “Protestos estudantis massivos depois de um acidente de trânsito mortal

    Dezenas de milhares de estudantes em Bangladesh se reuniram pelo quinto dia consecutivo depois que dois adolescentes foram mortos por um ônibus em alta velocidade. Os manifestantes, em sua maioria estudantes em meados da adolescência, gritavam “queremos justiça” na quinta-feira, quando desafiaram a chuva torrencial para marchar na capital, Dhaka, levando o trânsito a um impasse. A raiva não se conteve desde que um ônibus de passageiros matou Diya Khanam Mim e Abdul Karim Rajib na estrada no domingo. De acordo com relatos locais, os protestos pareciam ser espontâneos e desorganizados, com os estudantes parecendo não ter nenhum porta-voz ou liderança.

    Eleições no Zimbábwe

    CNN (02/08): “Emmerson Mnangagwa ganha as eleições do Zimbabwe, em meio a denúncias por fraude” (em espanhol)

    O presidente Emmerson Mnangagwa, que substituiu Robert Mugabe no cargo depois de três décadas a seu lado, ganhou as eleições no Zimbábwe com cerca de 50,8% dos votos. O Governo sustenta que os comícios foram transparentes e pacíficos, mas a oposição assegura que houve fraude. O líder opositor Nelson Chamisa destacou que os resultados são ilegais e informou que sua equipe legal trabalha num plano de ação. Mnangagwa é conhecido como “O Crocodilo” por suas habilidades e longevidade política. Durante anos foi o homem de confiança de Robert Mugabe. Por isso, seus detratores insistem no continuismo do governo anterior. No entanto, Mnangagwa apoiou a derrubada de Mugabe.


    Artigos e debates da esquerda internacional

    Luta pelo direito ao aborto na Argentina

    Rebelion.org (02/08): “Argentina: substantivo feminista?“, por Andreia Albatroz (em espanhol)

    A aprovação na Câmara de Deputados do projeto de lei que permite a interrupção voluntária da gravidez é uma conquista do movimento de mulheres e feminista argentina. Neste sentido, é necessário reconhecer a importância da luta das mulheres argentinas nos últimos anos. O avanço das discussões feministas por fora dos espaços públicos tradicionais, talvez, vem permitindo que temas difíceis sejam debatidos pelo conjunto da sociedade. E, desta maneira, também, permitindo que sejam visibilizadas as problemáticas historicamente atravessadas pela religião, pelo sistema heteropatriarcal e pelo colonialismo.

    NewsWeekEspanol (07/08): ” ‘Este não vai ser o momento no qual perderemos a esperança’: as mulheres na Argentina esperam o sim do Senado à legalização do aborto” (em espanhol)

    De acordo com a socióloga Nayla Luz Vacarezza, quem realizou estudos sobre a interrupção de gravidezes na Argentina há mais de 11 anos, a regulação do tema no pais “é uma lei penal misógina, porque persegue unicamente às mulheres, e é classista porque entre as mulheres, somente castiga as mais pobres; as que contam com recursos podem aceder a práticas mais seguras”. Na entrevista para Newsweek en Español, a acadêmica argentina assinalou que neste país “as mulheres que foram encarceradas ou perseguidas por se praticar um aborto são de setores sociais vulnerabilizados ou empobrecidos”, os que recorrem a clínicas clandestinas ou se provocam abortos com medicamentos sem acompanhamento médico, o que pode gerar complicações médicas que levem a sua morte.

     

    Bancos

    Sin Permiso (02/08): “Criação monetária e senhoriagem dos bancos privados” (em espanhol), por Alejandro Nadal

    Os lucros por senhoriagem são consideráveis e são um subsídio de toda a sociedade aos bancos privados. No Reino Unido foram estimadas em 23 bilhões de libras esterlinas anuais, montante equivalente a 1,2 % do PIB anual.  Um exercício parecido no caso do México (ajustando diferenças pelo tipo de sistema bancário e a profundidade do sistema financeiro) poderia render uma senhoriagem de 0,7 % PIB anual, o que no ano corrente significaria 8,4 bilhões de dólares. Um bonito presente para os senhores do dinheiro. É evidente que qualquer discussão sobre o futuro deveria considerar os lucros associados à criação monetária e as formas de recuperar as vantagens de senhoriagem para a sociedade. Este privilégio não pode ficar nas mãos dos bancos comerciais privados.

    Guerra Comercial

    Sin Permiso (05/08): “O comércio mundial e o imperialismo“, por Michael Roberts (em espanhol)

    O começo do século XXI pôs fim a esta onda de globalização. A rentabilidade das principais economias imperialistas chegou ao teto na década de 2000 e depois da curta expansão alimentada com crédito até 2007, que foi seguida pela Grande Recessão, e uma nova Longa Depressão. Como no final do século XIX, provocou o fim da globalização. O crescimento do comércio mundial não é agora mais rápido que o crescimento da produção mundial, mas inclusive mais lento. Portanto, a contra-tendência à baixa rentabilidade que supõem as exportações, o comércio e o crédito se esgotou. Isso é uma ameaça para a hegemonia do imperialismo norte-americano, já que um declive relativo com relação às novas potências ambiciosas como a China, Índia e Rússia. Com o Presidente dos EUA Trump tentando agora recuperar a liderança dos EUA no comércio internacional, a renovada rivalidade ameaça em desatar conflitos importantes possivelmente na próxima década.

    Debate na esquerda estadunidense

    Left on The Move (03/08): “O socialismo democrático, explicado por uma socialista democrática“, por Meagan Day (em inglês)

    Eu sou um escritor da equipe da revista socialista Jacobin e membro da DSA, e aqui está a verdade: no longo prazo, os socialistas democráticos querem acabar com o capitalismo. E queremos fazer isso seguindo uma agenda de reformas hoje, em um esforço para reviver uma política focada na hierarquia de classes e na desigualdade nos Estados Unidos. O objetivo final é transformar o mundo para promover as necessidades de todos, em vez de produzir grandes lucros para um pequeno grupo de cidadãos.

    Rebelion.org (05/08): “Os progressistas dos EUA tentarão recuperar o apoio da classe trabalhadora“, por Thomas Frank (em espanhol)

    Para derrotar a direita será necessária uma estratégia que faça mais do que esperar que um imbecil seja um desastre no Salão Oval. É preciso haver um plano para desafiá-lo ativamente e reverter a situação, para que seja possível voltar a atrair aqueles eleitores da classe trabalhadora que durante décadas foram dando as costas para o Partido Democrata. Acabou-se o tempo para a feliz fantasia de um centrismo de “despacho” baseado na competência profissional de seus membros.

    Atentado contra Maduro na Venezuela

    Rebelion.org (05/08): “A única saída?“, por Victoria Korn

    A direita não encontra saídas, ante sua total decomposição e desarticulação, onde se seguem enfrentando duas tendências: os que buscam um caminho de diálogo, concertação e negociação e outro que, desde a emergência de Hugo Chávez em 1999, trata de aniquilar por qualquer meio a Revolução Bolivariana, e conta, como já se demonstrou em múltiplas oportunidades, de apoios logísticos, comunicacionais e sobretudo financeiros de Washington, Bogotá e Madrid, e de apoios políticos desde a secretaria-geral da OEA e dos governos do chamado Grupo de Lima.

    Portal da Esquerda em Movimento (04/08): “Repudiamos o atentado de 4 de agosto“, por Marea Socialista (em espanhol) 

    Marea Socialista condena e repudia o atentado denunciado pelo governo nacional contra a pessoa do presidente Nicolás Maduro. Pensamos que a consumação de atos terroristas só busca e pode trazer mais caos e violência para a população e para o país. As consequências que podem sobrevir a intentonas como esta, longe de propiciar soluções para a situação de crise e autoritarismo que sofre o povo, o que podem trazer é mais padecimentos, mais restrições às liberdades democráticas e mais repressão.

    Aporrea (07/08): “Pepe Mujica espera que o atentado contra Maduro não desate uma caça às bruxas” (em espanhol)

    Mujica assinalou que atualmente se está numa ‘época muito moderna’ onde não se deve estranhar que os drones sejam utilizados para estes fins. “Espero que este acontecimento não desate uma caça às bruxas e que não prospere esse tipo de coisas que no fundo não resolvem nenhum problema, apenas os agrava”, sublinhou o ex-mandatário e atual senador uruguaio. Por outro lado, Mujica afirmou estar preocupado com o momento latino-americano e com o mundo ocidental, atribuindo a responsabilidade ao problema de fundo à economia transnacional “que tem uma taxa de crescimento que o conjunto da gente não pode medir”.

    Crise política no Peru

    Nuevo Perú (01/08): “Referendo e Assembleia Constituinte com o povo“, por MNP (em espanhol) 

    Apenas a mobilização popular, a organização e o envolvimento ativo das e dos peruanos pode assegurar a recuperação do país e a vitória na batalha contra os corruptos que hoje sequestraram nossa Pátria. O fujimorismo e os grupos de poder econômico estão trabalhando também para se recompor, para não perder seus privilégios. Fazemos um chamado a todas as forças democráticas, às organizações populares, sindicatos, grêmios estudantis, organizações indígenas e de mulheres a impulsionar as mudanças que o país necessita.

  • Observatório Internacional, de 28 de julho

    Observatório Internacional, de 28 de julho

    Observatório Internacional, de 28 de julho

    Nos últimos dias, a situação de Donald Trump à frente da Casa Branca sofreu abalos após a reunião desastrosa com Putin e a volta às manchetes das denúncias sobre irregularidades de sua campanha. Tudo isso em meio a uma guerra comercial travada com a China (que expande sua influência na África). Estes assuntos são destaques deste Clipping Semanal, assim como a legislação israelense que aprofunda a opressão colonial sobre a Palestina, a rebelião popular na Nicarágua contra o autoritarismo violento de Daniel Ortega, a iminente entrega de Assange aos EUA, o comovente protesto de uma jovem estudante sueca contra a política de deportação em massa de seu país, o agravamento da crise política no Peru, os massivos protestos no Iraque contra a corrupção, as eleições gerais no Paquistão, o crescimento do movimento #MeToo na China a legalização da maconha para uso medicinal no Reino Unido e a pesada multa imposta pela Comissão Europeia ao Google.

    Na segunda parte deste trabalho, trazemos artigos de análise sobre a situação nicaraguense, a eleição de um deputado socialista no Paquistão, o reforço do regime do apartheid em Israel, a luta pela construção de uma alternativa ao regime falido no Peru e a importância de se defender a liberdade do fundador do Wikileaks, Julian Assange.

    Uma excelente leitura internacionalista a todos e até a próxima semana!

    Charles Rosa – Observatório Internacional da Fundação Lauro Campos

    NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

    Encontro entre Trump e Putin

    Editorial do The Guardian (17/07): “A Rússia é a vencedora” (em inglês)

    Putin foi o grande vencedor da reunião de Helsinque. O simples fato de ter ocorrido foi uma vitória para o Kremlin. Mas Trump deixou claro em Helsinque que ele considera que os esquecidos foram deixados de lado. Ele está preparado para redefinir a agenda. Trump mal parece ter feito uma questão sobre o unilateralismo de Moscou contra a Ucrânia, tanto que Putin foi encorajado a sugerir na conferência de imprensa que Washington não estava colocando pressão suficiente sobre Kiev para ceder às exigências russas. O impacto prático das discussões entre os dois homens sobre a Síria e o Oriente Médio ainda não está claro, mas não houve nenhuma sugestão de que Trump pretendesse assumir qualquer tipo de posição aqui também. A interferência russa nas eleições dos EUA – que levou recentemente a 12 russos a serem cobrados – continua sendo um obstáculo muito embaraçoso. Mas não por causa de Trump, que evidentemente não trata a questão com seriedade. Putin retorna a Moscou com menos pressão do que nunca em todas as questões difíceis.

    Editorial do NY Times (17/07): “Uma vitória fácil para Vladimir Putin” , por Elena Chernenko (em inglês)

    Quase qualquer resultado teria sido fácil para Putin vender ao público russo, mas isso será especialmente útil. E Putin precisa desse impulso. Em 14 de junho, o governo anunciou uma controversa reforma previdenciária: ela quer aumentar a idade de aposentadoria para homens (de 60 a 65 anos) e mulheres (de 55 para 63 anos) pela primeira vez desde Stalin. A popularidade de Putin imediatamente sofreu um golpe. De acordo com uma pesquisa estatal, o índice de aprovação do presidente caiu de 77% para 62% até o final de junho. O instituto independente Levada Center teve notícias ainda piores para Putin: segundo sua pesquisa, a confiança no presidente caiu abaixo de 50% pela primeira vez em cinco anos. O sucesso da Copa do Mundo provavelmente ajudará esses números a crescer. Mas também o Presidente Trump. A popularidade de Putin em casa há muito tem sido ajudada por sua capacidade de apresentar a Rússia como uma superpotência que merece ser levada a sério. O encontro em Helsinque fez com que parecesse que ele estava no comando.

    EL PAÍS (17/06): “Atuação de Trump com Putin enfurece republicanos” (em português)

    Muitos republicanos expressaram sua estupefação, começando pelo senador Jeff Flake, do Arizona, um crítico habitual do presidente, cuja atuação tachou de vergonhosa. “Nunca acreditei que veria um presidente norte-americano subir num palanque com o presidente russo e jogar nos EUA a culpa de uma agressão russa.” O presidente da Câmara de Representantes (deputados), Paul Ryan, considerou que “não há dúvida de que a Rússia interferiu nas eleições de 2016” e que “não há uma equivalência moral entre os EUA e a Rússia”. O senador John McCainqualificou a atuação de Trump como “uma das mais vergonhosas da história por parte de um presidente dos EUA”. “O dano infligido pelo egoísmo e ingenuidade dos autocratas de Trump é difícil de calcular. Mas está claro que a cúpula de Helsinque foi um erro trágico”, acrescentou. O senador Lindsey Graham alertou que a Rússia veria a reação de Trump como um ato de fraqueza. E são significativas as críticas feitas por jornalistas do canal conservador Fox. O apresentador Neil Cavuto qualificou a atitude de Trump como asquerosa, e seu colega Abby Huntsman observou que “negociação alguma compensa atirar seu povo sob as rodas de um ônibus”.

    Investigações sobre a campanha de Trump

    NY TIMES (20/07): “Michael Cohen gravou secretamente Trump discutindo pagamentos para modelo da Playboy” (em inglês)

    O advogado de longa data do presidente Trump, Michael D. Cohen, secretamente gravou uma conversa com Trump dois meses antes da eleição presidencial na qual discutiram pagamentos a uma ex-modelo da Playboy que disse ter tido um caso com Trump, segundo advogados e outros familiarizado com a gravação. O F.B.I. aproveitou a gravação este ano durante uma invasão no escritório do Sr. Cohen. O Departamento de Justiça está investigando o envolvimento de Cohen no pagamento de mulheres para conter notícias embaraçosas sobre Trump antes das eleições de 2016. Os promotores querem saber se isso violou as leis federais de financiamento de campanha, e qualquer conversa com Trump sobre esses pagamentos seria de grande interesse para eles.

    Em meio à disputa comercial com os EUA, Comissão Europeia multa pesadamente o Google

    NEW YORKER (20/07): “Por que a Comissão Europeia multou o Google em 5 bilhões de dólares?“, por John Cassidy (em inglês)

    Segundo algumas estimativas, cerca de oitenta e cinco por cento dos smartphones do mundo funcionam com o sistema operacional Android do Google. Na quarta-feira, a Comissão Européia, o braço administrativo da União Européia, aplicou uma multa recorde de cinco bilhões de dólares ao Google por violar as regras de concorrência da União Européia, entre outras coisas, forçando os fabricantes de telefones celulares a pré-instalar a empresa. motor de busca e navegador Chrome em telefones Android. “Dessa forma, o Google usou o Android como um veículo para consolidar o domínio de seu mecanismo de busca”, disse Margrethe Vestager, comissário de competição da E.U., em um comunicado. “Essas práticas negaram aos rivais a chance de inovar e competir nos méritos. Eles negaram aos consumidores europeus os benefícios da concorrência efetiva na importante esfera móvel ”

    Viraliza vídeo de estudante sueca impedindo deportação de afegão

    The Guardian (26/07): “Protesto de estudante sueca em avião interrompe deportação de afegão para o ‘inferno’” (em inglês)

    Uma única ativista estudantil a bordo de um avião no aeroporto de Gotemburgo impediu a deportação de um solicitante de asilo afegão da Suécia, recusando-se a sentar-se até que o homem fosse retirado do vôo. Seu protesto bem-sucedido, com imagens que se espalharam rapidamente pela Internet, destaca a oposição interna ao duro regime de asilo da Suécia, em um momento em que a imigração e o asilo estão no topo da agenda de uma campanha eleitoral geral na qual a extrema direita está fortemente pesquisada.

    Britânicos rejeitam plano de May para Brexit

    Reuters (22/07): “Pesquisa: britânicos rejeitam plano de May para Brexit, alguns se voltam para Boris Johnson e a extrema-direita” (em inglês)

    Os planos do primeiro-ministro Theresa May de deixar a União Européia são rejeitados pelo público britânico e mais de um terço dos eleitores apoiaria um novo partido político de direita comprometido em deixar o bloco, segundo uma nova pesquisa. A vulnerabilidade política de maio foi exposta pela pesquisa, que descobriu que os eleitores prefeririam Boris Johnson, que deixou o cargo de ministro das Relações Exteriores há duas semanas, para negociar com a UE e liderar o Partido Conservador na próxima eleição. Apenas 16 por cento dos eleitores dizem que May está lidando bem com as negociações do Brexit, em comparação com 34 por cento que dizem que Johnson faria um trabalho melhor, de acordo com a pesquisa conduzida pelo YouGov para o jornal The Sunday Times.

    Legalização do uso medicinal da maconha no Reino Unido

    The Scientist (26/07): “O Reino Unido legalizará a Cannabis medicinal” (em inglês)

    Os médicos no Reino Unido poderão prescrever cannabis medicinal aos pacientes a partir do outono deste ano, segundo um anúncio do governo feito ontem (26 de julho). A medida segue o debate nacional sobre casos de alto perfil em que as crianças com epilepsia grave foram primeiro negadas, depois permitiram o acesso ao óleo de cannabis para aliviar os sintomas da doença. “Casos recentes envolvendo crianças doentes deixaram claro para mim que nossa posição sobre medicamentos relacionados à cannabis não era satisfatória”, disse o ministro do Interior, Sajid Javid, a jornalistas ontem, segundo a Reuters. “Seguindo o conselho de dois grupos de consultores independentes, tomei a decisão de reprogramar medicamentos derivados de cannabis – o que significa que eles estarão disponíveis mediante receita médica”.

    Reorganização do gabinete de Macron após escândalo com seu guarda-costas

    EL PAÍS (23/07): “A agressão de um colaborador de Macron a um manifestante desata uma tormenta política na França” (em espanhol)

    Horas depois de que Le Monde revelasse que um colaborador muito próximo ao presidente Emmanuel Macron golpeou um manifestante em 1 de Maio, nada pôde deter a onda de críticas que se lançaram contra o que está considerado, como mínimo, um gravíssimo erro de gestão da crise. A procuradoria de Paris abriu uma investigação preliminar, enquanto que a oposição, quase unânime, pediu explicações ao mais alto nível.

    Israel aprova lei que define seu Estado como exclusivamente judaico

    The Guardian (23/07): “Essa nova lei racista me envergonha enquanto israelense“, por Daniel Barenboim (em inglês)

    No entanto, nada mudou desde 2004. Em vez disso, temos uma lei que confirma a população árabe como cidadã de segunda classe. Segue-se que esta é uma forma muito clara do apartheid. Eu não acho que o povo judeu tenha vivido por 20 séculos, principalmente através de perseguição e sofrendo intermináveis crueldades, a fim de se tornarem os opressores, infligindo crueldade aos outros. Esta nova lei faz exatamente isso. Portanto, tenho vergonha de ser um israelense hoje.

    The Guardian (23/07): “Netanyahu será conhecido como o primeiro-ministro do apartheid israelense”, por Aida Touma-Sliman (em inglês)

    Depois de votar contra a lei do estado-nação no Knesset, saí do parlamento e encontrei Netanyahu no estacionamento. Eu disse a ele que ele entraria para a história como o primeiro primeiro-ministro do apartheid israelense. Enquanto entrava em seu carro blindado, Netanyahu sorriu e gritou: “Como você ousa falar assim sobre a única democracia no Oriente Médio …” Suas palavras desdenhosas e seu desdém chauvinista capturam perfeitamente o espírito repugnante dessa lei, e o que é ser um palestino em Israel sente-se como: você é um mero convidado em nosso lar judaico, cidadãos de segunda classe que deveriam ser gratos pelas migalhas que tão generosamente lhe damos.

    Onda de protestos no Iraque contra a corrupção

    AFP (20/07): “O sul do Iraque se rebela contra seus governantes” (em espanhol)

    As manifestações que começaram há uma semana no sul do Iraque são o resultado de anos de corrupção e desemprego, numa zona onde até agora a guerra contra jihadistas havia ocultado os protestos sociais, apontam os especialistas. Seis meses depois do anúncio da vitória contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), os iraquianos voltaram a sair às ruas para protestar contra seus líderes depois das eleições legislativas de maio. “Os fracassos dos políticos na gestão econômica e política aparecem a plena luz”, explica à AFP Fanar Haddad, um especialista em Iraque. Uma gestão que tem um impacto direto na vida cotidiana de 38 milhões de iraquianos, obrigados a suportar a falta crônica de eletricidade, água ou serviços públicos e do desemprego persistente, ao que se acrescentam as acusações de corrupção.

    Eleições no Paquistão

    CNN (28/07): “Partido Imran Khan vence eleições do Paquistão, mas fica aquém da maioria” (em inglês)

    A lenda do críquete Imran Khan está prestes a assumir as rédeas como o próximo primeiro-ministro do Paquistão, já que seu partido conquistou a maioria das cadeiras nas eleições gerais do país, mostram resultados oficiais completos. Mas o partido paquistanês Tehreek-e-Insaf (PTI), de Khan, não conseguiu uma maioria absoluta na Assembléia Nacional, com 115 dos 270 assentos disponíveis na votação de quarta-feira, segundo a comissão eleitoral do Paquistão. A votação foi marcada pela violência, incluindo um ataque suicida mortal, e alegações de outros partidos de fraude eleitoral.

     

    #MeToo chega à China

    Reuters (26/07): “Movimento #MeToo ganha força na China com acusações de agressão sexual contra figuras públicas” (em português)

    Acusações de agressão sexual se espalharam pelas redes sociais da China nesta semana, à medida que o movimento #MeToo visou ativistas, intelectuais destacados e uma personalidade da televisão. Em um país no qual questões como agressões sexuais sempre são varridas para baixo do tapete, o incipiente movimento #MeToo chinês indica uma mudança de mentalidade na geração mais jovem. Os milhões de usuários das redes sociais da China também vêm fazendo com que qualquer notícia, escândalo ou queixa se espalhe rapidamente. A disseminação de acusações contra figuras chinesas de renome representa um desafio para o governo, que vem censurando parte das postagens. As acusações provocaram um debate virtual acalorado sobre má conduta sexual e o que constitui sexo consensual ou estupro.

    Presidente chinês visita a África pela quarta vez

    El País (23/07): “China afiança sua influência na África a golpe de infra-estruturas

    A vontade da China de projetar seu modelo de liderança global tem numa de suas máximas prioridades o continente africano. Depois de crescente cooperação econômica fixada na obtenção de recursos naturais, Pequim centra atualmente seus esforços em reforçar os laços militares e financiar uma explosão de projetos de infra-estrutura na região no marco de seu projeto de bandeira, a Nova Rota da Seda. Cimentar esta relação e proteger seus interesses no terreno são os principais objetivos do novo giro do presidente Xi Jinping pela África, uma viagem que contrasta com os esquecimento mostrado pelos EUA em relação ao continente e à progressiva perda de influência da Europa.

    Equador negocia entrega de Julian Assange

    The Independent (23/07): “Equador ‘próximo de despejar’  Julian Assange da embaixada do Reino Unido” (em inglês)

    O Equador está perto de expulsar o fundador do Wikileaks, Julian Assange, de sua embaixada no Reino Unido, segundo relatos. Lenin Moreno, o presidente do país, está oficialmente em Londres para um evento, mas supostamente estaria em discussões com oficiais britânicos sobre um acordo para entregar o australiano à polícia. Assange, que tem sido descrito como um “problema herdado” por Moreno, pode perder sua proteção diplomática em questão de dias, informou o Intercept.

    Crise no Judiciário peruano

    El Tiempo (19/07): “Presidentes do Poder Judiciário no Peru renunciam por escândalo de corrupção

    A crise de corrupção que afronta o judiciário peruano, plasmada num escândalo de interceptações telefônicas, tocou o fundo do poço com as renúncias do Poder Judicial (PJ) e do Conselho Nacional da Magistratura (CNM). Duberlí Rodríguez e Orlando Velásquez, presidentes do PJ e do CNM, respectivamente, demitiram de seus cargos de maneira irrevogável, em meio às denúncias de corrupção que implicam a outros altos membros do Judiciário. A decisão de Rodríguez foi anunciada pelo Poder Judiciário no Twitter, acompanhada pela carta de renúncia, dirigida ao juiz decano da Corte Suprema, Francisco Távara. “Dada a crise institucional que atravessa o Poder Judicial, apresento minha renúncia irrevogável ao cargo de presidente do Poder Judicial, da Corte Suprema de Justiça da República, assim como do Conselho Executivo do Poder Judicia”, disse o magistrado.

    Renúncia de Uribe na Colômbia

    El País (24/07): “Uribe renuncia ao Senado por uma investigação judicial na Colômbia” (em espanhol)

    O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe Vélez (2002-2010) renunciou nesta terça-feira a sua cadeira no Senado, onde liderava a bancada do Centro Democrático, depois de ser vinculado formalmente a uma investigação penal por suposto suborno e fraude processual. “A Corte Suprema me chama a um inquérito, não me ouviram previamente, me sinto moralmente impedido para ser senador, enviarei minha carta de renúncia para que minha defesa não interfira com as defesas do Senado”, escreveu o ex-mandatário depois de se conhecer o chamado do alto tribunal por um processo que envolve a aparição de falsos testemunhos contra o também senador Iván Cepeda.

     Reforma Constitucional em Cuba

    PUBLICO.PT (22/07): “Cuba substitui comunismo por socialismo e legaliza casamento gay” (em português)

    O anteprojecto da nova Constituição cubana, que está neste momento a ser discutido no Parlamento em Havana, deixa cair o objectivo de “avançar para a sociedade comunista”. Substitui o “comunismo” pelo “socialismo”, frisam a Reuters e o El País. “Não quer dizer que renunciemos às nossas ideias, simplesmente pensamos num país socialista, soberano, independente, próspero e sustentável”, disse o presidente da Assembleia Nacional, Esteban Lazo, citado pelo diário espanhol. O Parlamento está reunido até segunda-feira para apreciar o projecto de revisão da Lei Fundamental de 1976, que no entanto mantém o Partido Comunista – “marxista-leninista, vanguarda organizada da nação cubana” – como a força motriz fundamental do regime. Todos os membros do governo de Raul Castro continuarão em funções, menos Marino Murillo, que liderava a comissão de reforma do PC, diz a Reuters. Mas a nova Constituição abre caminho ao reconhecimento da propriedade privada – um passo determinante para os micronegócios que começaram a surgir com as primeiras reformas de mercado. Até agora, só eram reconhecidas propriedades em nome individual, de cooperativas, agrícolas e de joint-ventures, além de estatais. Já este mês, foi publicada nova regulamentação do sector privado, que limitava as licenças de empresas a uma por pessoa.

    Ataque a feministas no Chile

    CNN (25/07): “Três mulheres foram atacadas e apunhaladas no final da marcha por aborto livre” (em espanhol)

    Três manifestantes foram apunhaladas nas pernas ao finalizar a marcha desta quarta-feira em favor do aborto livre, seguro e gratuito. Tratar-se-ia de três jovens que estavam nas proximidade do Metro República, quando foram atacadas por encapuzados, que foram encontrados realizando barricadas no setor. Duas das vítimas foram trasladadas numa ambulância ao Pronto Socorro central. Segundo revelou uma liderança pró-aborto a CHV Noticias, as pessoas que atacaram as manifestantes não pertencem nem aderem ao movimento feminista.

    Guerra Comercial

    El País (23/07): “Mercosul e Aliança do Pacífico ensaiam acordo contra protecionismo de Trump” (em português)

    A América Latina está se aproximando da integração de seus dois principais blocos comerciais. Os presidentes da Aliança do Pacífico, formada por Chile, Colômbia, México e Peru, assinaram nesta terça-feira um plano de ação com medidas concretas e prazos que os encaminha para a integração regional e de livre comércio com o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). Esse primeiro passo dado pelos oito países em Puerto Vallarta, Jalisco, aponta para a formação de um mercado que concentra 79% da população da América Latina e 85% do PIB da região.

    Crise na Nicarágua

    BBC (24/07): “Como a Nicarágua chegou ao caos que deixou centenas de mortos, incluindo uma brasileira” (em português)

    Centenas de pessoas foram mortas na Nicarágua desde 18 de abril em um amplo e popular levante contra o presidente do país centro-americano, Daniel Ortega, e seu governo. Uma delas foi a brasileira Raynéia Gabrielle Lima, estudante de Medicina na Universidade Americana em Manágua, baleada na segunda-feira. A morte foi confirmada pelo Itamaraty nesta terça-feira. O órgão afirmou estar buscando esclarecimentos sobre o ocorrido, inclusive chamando para consultas o embaixador do Brasil na Nicarágua, Luís Cláudio Villafañe Gomez Santos. “Ao repudiar a perseguição de manifestantes, estudantes e defensores dos direitos humanos, o governo brasileiro volta a instar o governo da Nicarágua a garantir o exercício dos direitos individuais e das liberdades públicas”, afirmou o Itamaraty.

    El País (25/07): “Parque Jurássico“, por Sérgio Ramirez (em português)

    Não posso imaginar um ultradireitista aliado do imperialismo ianque mais atípico do que Alvarito Conrado, o garoto de 15 anos, estudante do ensino médio, que por um natural senso de humanidade corria para levar água a jovens desarmados que defendiam uma barricada nas proximidades da Universidade Nacional de Engenharia, e levou um tiro no pescoço com uma arma de guerra. Foi ao meio-dia de 20 de abril, logo no começo dos protestos que já duram três meses. Foi levado, ferido mortalmente, ao hospital Cruz Azul do Seguro Social, e se negaram a atendê-lo. Sangrou até morrer. Alvarito é hoje um símbolo, com seu sorriso inocente e seus grandes óculos. Agente do imperialismo, conspirador da ultradireita empenhado em derrubar um governo democrático de esquerda. A esquerda jurássica.

    Artigos e debates da esquerda internacional

    Nicarágua

    Rebelion.org (24/07): Nicarágua e a esquerda: Silêncios que matam“, por Raúl Zibechi

    Estamos diante de um período similar. Os progressismos e as esquerdas olham para outro lado quando Evo Morales decide não respeitar o resultado de um referendo, convocado por ele, porque a maioria absoluta decidiu que não pode se postular a uma nova reeleição. Não querem aceitar que Rafael Correa seja culpado de sequestro no “caso Balda”, executado pelos serviços de segurança criados por seu governo e supervisionados pelo presidente. A lista é muito longa, inclusive com o governo de Nicolás Maduro e o de Ortega, entre outros. O mais triste é que a história parece haver transcorrido em vão, já que não são retiradas lições dos horrores do passado. No entanto, algum dia, essa história cairá sobre nossas cabeças, e os filhos das vítimas, assim como nossos próprios filhos, vão nos pedir contas, do mesmo modo como fazem os jovens alemães censurando seus avós sobre o que fizeram ou deixaram de fazer sob o nazismo, amparados em um impossível desconhecimento dos fatos.

    Esquerda.net (23/07): “Donde vem o regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo“, por Eric Toussaint (em português)

    A repressão exercida pelo regime sobre quem protesta nas ruas da Nicarágua contra as políticas neoliberais brutais é uma das razões que levaram diversos movimentos sociais à condenação do regime do presidente Daniel Ortega e da vice-presidente Rosario Murillo. A esquerda tem múltiplas razões para denunciar esse regime e as suas políticas. Para compreender isto, é necessário resumir os acontecimentos desde 1979.

    Blog do Atilio Borón (19/07): “Nicarágua, a revolução e a menina no bote“, (em espanhol)

    Uma debilidade comum a todos os críticos é que em nenhum momento fazem alusão ao marco geopolítico no qual se desenvolve a crise. Como esquecer que o México e a América Central  é uma região de importância estratégica para a doutrina de segurança nacional dos Estados Unidos? Toda a história do século XX está marcada por esta obsessiva preocupação de Washington para submeter ao rebelde povo nicaraguense. A qualquer preço. Se para isso for necessário instaurar a sangrenta ditadura de Anastasio Somoza, a Casa Branca não pensaria duas vezes.

    Crise política no Peru

    Portal da Esquerda em Movimento (25/07): “‘Que se vayan todos os corruptos‘”, Tito Prado (em espanhol)

    O de Vizcarra tem que ser um governo de transição, que ponha um pouco de ordem com uma reforma política e eleitoral que impeça a manutenção do poder do dinheiro, que abra espaço para novas opções levantando o cerco com o qual os partidos tradicionais pretender seguir no poder a todo custo. E deve adiantar a convocatória de novas eleições, sob novas regras, para encerrar um Congresso que não dá mais, que tem mais de 80% de rejeição e segue nas mãos da Fuerza #1 e a senhora Keiko, comprometida no processo da Lava Jato. O determinante será a mobilização do povo nas ruas uma e outra vez até que consigamos derrotar os corruptos e impôr uma saída democrática para a crise atual.

    Assange

    Rebelion.org (23/07): “Em defesa da verdade“, Silvia Arana (em espanhol)

    Se o Equador entregar Assange – parodiando o programa de ‘rendição’ estadunidense mediante o qual se entrega perseguidos políticos a regimes abusivos – possivelmente a maior resistência provenha de organizações de direitos humanos, de jovens e de livre acesso a internet, igual a alguns setores  do Alianza País antes de sua ruptura. As forças políticas opositoras de direita e a imprensa privada, liderada pelo jornal El Comercio, estão alinhados com a demanda estadunidense de “entregar a Assange”, compartilhada internacionalmente pelos grandes meios e agências de imprensa – os mesmos que denunciam indignados o “atentado contra a liberdade de imprensa” quando Trump os chama de “criadores de fake news, jornalismo-lixo e caçadores de bruxas”, calam – e até celebram – quando um jornalista anti-establishment é perseguido.

    Estratégia chinesa

    Viento Sur (23/07): “Geopolítica chinesa: continuidades, inflexões, incertezas“, por Pierre Rousset (em espanhol)

    É provável que Pequim não se inquiete demasiadamente no momento (salvo talvez na Nicarágua, onde está incerto o futuro do regime) mas a coisa muda em relação à incerteza geopolítica ou as dificuldades da economia nacional, como a incrível bolha imobiliária, um mercado de ações com grandes vaivéns e um setor bancário paralelo que cresce rapidamente. A situação social na China está controlada, apesar da proliferação de conflitos salariais e locais.

    Legislação segregacionista de Israel

    Rebeliao.org (27/07): “Não necessito uma lei que me recorde que vivo na desigualdade“, por Yasmeen Abu Fraiha (em espanhol)

    O direito à autodeterminação nacional é um direito pessoal e coletivo. Não peço permissão a ninguém para escolher minha própria identidade nem a qual grupos elejo pertencer. Tomem nota: nasci aqui, cresci aqui, este é meu país e minha terra natal. Não tenho intenção de ir a nenhum lado, e meus filhos também foram criados aqui. Falarei o idioma que eleja e viverei onde quiser. Se isso me levar à cárcere, que assim seja. Não ficarei em silêncio.

    Eleições no Paquistão

    Left on the Move (26/07): “Um marxista no parlamento dominado por feudalistas e capitalistas“, por Farooq Tariq (em inglês)

    Ali Wazeer, um membro do comitê central do grupo The Struggle, ganhou uma cadeira no parlamento nacional com 23530 votos e seu rival mais próximo da aliança religiosa MMA conseguiu 7515. Assim, conquistou a cadeira com uma maioria de 16015. Ali Wazeer foi um dos principais líderes do Movimento Pashtun Tahafaz e durante este ano, foram organizadas atividades massivas nas principais cidades para levantar vozes para justa indenização às vítimas da guerra contra o terrorismo e para exigir a libertação de todas as pessoas desaparecidas ou levá-los aos tribunais se eles forem culpados.

  • Observatório Internacional, de 10 a 16 de julho de 2018

    Observatório Internacional, de 10 a 16 de julho de 2018

    Nesta edição do Clipping Semanal do Observatório Internacional da Fundação Lauro Campos, destacamos a rebelião nicaraguense contra o autoritarismo do governo Ortega, a revolta dos haitianos contra a austeridade imposta pelo FMI, os protestos em Londres contra a presença de Trump, a guerra comercial entre EUA e China e a violência no processo eleitoral no Paquistão, entre outros assuntos.

    Na segunda parte deste trabalho, trazemos artigos da esquerda mundial, discutindo a solidariedade internacional à luta do povo nicaraguense por democracia, as perspectivas abertas pela eleição de Lopez Obrador no México e o conflito comercial entre EUA e China.

    Uma excelente leitura e até a próxima semana!

    CHARLES ROSA- OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL DA FUNDAÇÃO LAURO CAMPOS (16/07)

    NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

    Rebelião na Nicarágua 

    BBC (08/07): “Crise na Nicarágua: Ortega descarta convocar eleições antecipadas” (em espanhol)

    O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, descartou convocar eleições antecipadas, como haviam proposto desde distintos setores numa tentativa de solucionar a grave crise pela qual atravessa o país. “Aqui as regras são postas pela Constituição da República através do povo, as regras não podem vir a mudá-las de noite pela manhã simplesmente porque essa ideia ocorreu pelo grupo de golpistas”, assinalou Ortega neste sábado numa marcha convocada em Manágua, sem precisar quem são os supostos golpistas, informa o portal governista El 19 Digital. A lei eleitoral da Nicarágua estabelece eleições presidenciais a cada 5 anos. E as próximas eleições estão previstas para 2021. Não obstante, a Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN), o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro; diversas nações como Estados Unidos e até o próprio irmão do presidente, o general da reserva Humberto Saavedra, recebeu reiteradamente pedidos para que as eleições fossem adiantadas para solucionar a situação. A proposta era que se celebrassem em março de 2019.

    THE GUARDIAN (14/07): “‘Esse massacre deve ser detido’: estudantes rebeldes nicaraguenses enfrentam ataque de milícias” (em inglês)

    Milícias pró-governo lançaram o que testemunhas descreveram como um assalto aterrorizante durante toda a noite em um campus universitário no centro das tentativas de destituir Daniel Ortega, o presidente da Nicarágua. Centenas de estudantes rebeldes ocupam o campus de Manágua, da Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (Unan) desde o começo de maio, como parte de uma intensificação da revolta nacional contra o ex-herói revolucionário que já matou mais de 300 pessoas. Mas na sexta-feira, depois de renovados protestos anti-Ortega por todo o país, tropas policiais e paramilitares invadiram as barricadas improvisadas que os estudantes ergueram em torno de sua universidade arborizada. “Este massacre deve parar!” Silvio José Baez, o bispo auxiliar de Manágua, twittou na madrugada de sábado depois que um estudante rebelde, Gerald Vázquez, foi baleado na cabeça e morreu dentro de uma pequena igreja na ponta sudeste do local. terrenos da universidade. Grande parte da violência concentrou-se na igreja da Divina Misericórdia, um pequeno local de culto perto de uma das principais entradas de Unan, onde líderes católicos disseram que cerca de 100 rebeldes estudantis – alguns deles gravemente feridos – se abrigaram após o ataque de sexta-feira à noite.

    REUTERS (13/07): “Mais violência na Nicarágua depois de greve nacional” (em inglês)

    Confrontos violentos na Nicarágua ocorreram na noite de sexta-feira em uma igreja na capital, onde várias pessoas ficaram gravemente feridas, após meses de agitação contra forças pró-governo contra manifestantes que mataram cerca de 300 pessoas. Os confrontos entre as forças que apoiam o presidente Daniel Ortega e os manifestantes que pedem sua renúncia marcam os protestos mais sangrentos da Nicarágua desde o fim de sua guerra civil, em 1990.

    Protestos no Haiti contra austeridade

    EL COMERCIO (10/07): “Governo cancela aumento de preços de combustíveis depois de violentos protestos” (em espanhol)

    O governo do Haiti suspendeu este sábado o aumento de preços de produtos petroleiros, uma medida impopular que causou uma forte onda de violência e de destruições ao longo do país e que deixou ao menos um morto. Apenas horas depois de haver pedido à população para que tenha “paciência” e tentar convencê-la num discurso televisivo da necessidade do aumento dos preços, o primeiro-ministro Jac Guy Lafontant decidiu suspender a medida “até segunda ordem”, segundo escreveu no twitter.

    LA VANGUARDIA (14/07): “Renuncia o primeiro-ministro do Haiti depois de protestos pelo aumento de combustíveis” (em espanhol)

    O primeiro-ministro do Haiti, Jac Guy Lafontant, demitiu-se hoje do seu cargo durante a sessão da Câmara de Deputados que se celebrava para decidir se o Parlamento retiraria o voto de confiança. A sessão havia sido convocada depois da crise desatada no país pelos violentos protestos registrados no fim de semana passado ante o anúncio de um aumento no preço do combústivel, que o governo deixou sem efeito posteriormente devido à pressão social.

    Primeiros passos de López Obrador após sua vitória

    PUBLICO.PT (12/07): “Presidente eleito do México anuncia reformas legislativas sem precedentes” (em português)

    O Presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou que vai propor ao novo Congresso reformas legislativas sem precedentes, incluindo um referendo para revogar o mandato do chefe de Estado. O veterano da esquerda, eleito no início de Junho, também pretende alterar o artigo 108 da Constituição, para permitir que o chefe de Estado seja julgado em casos de corrupção ou violação das liberdades eleitorais. “Esta foi a mensagem transmitida pelos mexicanos durante as eleições, apoiaram-nos, votaram em nós porque querem que acabemos com a corrupção e vamos conseguir”, disse López Obrador numa conferência de imprensa onde fez eco de promessas eleitorais. O Presidente eleito também quer criar uma consulta aos cidadãos. A proposta inicial era lançar uma consulta bienal sobre o mandato do executivo, mas acabou por optar por uma consulta a meio do mandato, após três anos. “As pessoas votaram numa mudança real”, disse Obrador que vai ainda propor que a corrupção, o roubo de combustível e a fraude eleitoral se tornem crimes graves e que os acusados desses crimes não possam ser libertados sob fiança. Por último, quer introduzir um artigo na Constituição para limitar os salários dos funcionários públicos, sendo que nenhum poderá ganhar mais do que o Presidente. “Vamos cortar os salários dos altos funcionários, a começar com o do Presidente. Vou ganhar metade do que o Presidente Peña Nieto, sem mais compensações”, afirmou López Obrador.

    HUFFINGTON POST (13/07): “Os primeiros dias de AMLO como virtual presidente eleito“ (em espanhol)

    Desde que foram anunciados resultados eleitorais na noite do 1 de julho, a equipe de trabalho do presidente eleito Andres Manuel López Obrador tem dado sinais do que poderá ser a nova administração. Além dos aspectos óbvios ou da análise das personalidades (e inclusive maneira de vestir e linguagem corporal) dos integrantes do futuro governo, podem-se assinalar alguns aspectos relevantes. Embora tenham transcorrido poucos dias desde aquele momento, algumas das mensagens foram substanciais e brindaram de informação nova e importante a respeito da agenda do próximo governo.

    Crise política no Peru

    EL PAIS (11/07): “O presidente do Peru anuncia uma reforma ante a crise da justiça” (em espanhol)

    O presidente do Peru, Martín Vizcarra, anunciou nesta quarta-feira a formação de uma comissão para uma “reforma política, do Estado e do sistema judicial” depois de uma grave crise justiça desatada no fim de semana. Desde a noite do domingo se difundiram áudios de negociações ilegais e possível tráfico de influência  entre juízes, membros do Conselho Nacional da Magistratura e terceiros.

     

    Protestos contra visita de Trump em Londres

    THE GUARDIAN (13/07): “Protestos contra Trump: dezenas de milhares tomam as ruas pelo Reino Unido” (em inglês)

    Dezenas de milhares de pessoas passaram pelos centros de Londres, Manchester, Glasgow e Belfast na sexta-feira, unidas em sua rejeição à visita do presidente dos EUA, Donald Trump, à Grã-Bretanha, que admitiu que os protestos o fizeram se sentir mal recebido. Havia uma atmosfera de carnaval com música, dança, o ataque de panelas e frigideiras e uma floresta de cartazes muitas vezes espirituosos, às vezes grosseiros. O tom foi ambientado em Londres por um balão laranja Trump de quatro metros de altura que flutuava acima da Parliament Square, e cartazes com slogans como “No Fan of Fake Tan Man”, “How Dare You Combover here” e “Free Melania”. ” Mas também havia raiva no que muitos consideravam como racismo, misoginia e política de mudança climática de Trump.

    Chanceler britânico renuncia 

    EL PAIS (10/07): “A demissão de Boris Jhonson agrava ainda mais a crise política de May“, (em espanhol)

    Cara visível do setor duro do Brexit, com um longo histórico de desafios à primeira-ministra cada vez que esta se distanciava dos postulados mais duros no processo de ruptura com a UE, a saída de Boris Johnson faz estremecer a primeira-ministra, disparando a possibilidade de que May acabe se enfrentando com uma moção de censura. Esta se desencadearia se ao menos 48 deputados conservadores pedirem por carta a Graham Brady, presidente do Comitê 1922, o órgão que representa os deputados tories sem cargo no Governo. Ao se produzir a moção de censura, May enfrentaria uma batalha pela liderança na qual Boris Johnson se perfila já como um dos potenciais candidatos.

    Cúpula da OTAN

    WASHINGTON POST (12/07): “Trump está envenenando a OTAN. Por quê?” (em inglês)

    Se a preocupação real de Trump fosse um gasto europeu inadequado, ele deveria ter começado por se informar melhor. Ele constantemente descreve os orçamentos de defesa dos membros da OTAN como se fossem dívidas aos Estados Unidos: “Muitos países. . . também estão inadimplentes por muitos anos em pagamentos ”, ele twittou no caminho para Bruxelas. “Eles vão reembolsar os EUA?” Mas os estados europeus não pagam aos Estados Unidos pela sua defesa, como o Sr. Trump parece imaginar. Em vez disso, eles se comprometeram a aumentar seus próprios orçamentos de defesa para 2% do produto interno bruto até 2024. Muitos estão usando alguns desses fundos para missões no Iraque e no Afeganistão que são de importância crítica para os Estados Unidos.

    Guerra comercial  entre EUA e China

    BLOOMBERG (13/07): “Trump não compreende sua própria guerra comercial“, por Mark Gongloff (em inglês)

    Não está totalmente claro o que o presidente Donald Trump quer de sua guerra comercial contra a China (e o resto do mundo, por falar nisso), mas uma teoria é que ele acha que suas tarifas vão doer tanto que Pequim terá que ceder à sua demandas (sejam elas quais forem), ajudando o comércio dos EUA e, ao mesmo tempo, aumentando sua base antes dos períodos intermediários. Michael Schuman argumenta que essa abordagem não compreende muito a China. Primeiro, as tarifas não vão prejudicá-la tanto. Segundo, as tarifas não prejudicarão apenas a China – elas também prejudicarão empresas estrangeiras, incluindo americanos (e isso antes mesmo de começarmos a falar em retaliação). Finalmente, eles só farão Xi Jinping cravar seus calcanhares mais. Afinal, ele também tem uma base política. Clique aqui para ler a coisa toda.

    ECONOMIST (14/07): “Em sua guerra comercial com a América, a China abaixa o tom” (em inglês)

    Apenas uma semana depois do que poderia ser uma longa e triturante guerra comercial lançada contra a China pelos Estados Unidos, uma característica curiosa do conflito já emergiu: a China não mergulhará, pelo menos por enquanto, em seu arsenal tradicional de fanfarronice retórica e beligerância. . Isso marca uma ruptura com a propaganda usual do Partido Comunista, e até mesmo com sua retórica de algumas semanas atrás.

    Boicote à Israel na Irlanda

    HAARETZ (11/07): “Senado irlandês aprova lei de boicote a produtos vindo dos assentamentos de Israel” (em inglês)

    O Senado da Irlanda aprovou na quarta-feira uma lei para boicotar produtos de assentamentos na Cisjordânia. O projeto foi aprovado com 25 parlamentares votando a seu favor, 20 contra e 14 abstendo-se. A legislação proíbe “a importação e venda de bens, serviços e recursos naturais originários de assentamentos ilegais em territórios ocupados”. O projeto precisa passar pelas duas casas do parlamento antes de se tornar lei. No início deste ano, uma votação sobre a lei foi adiada a pedido do governo irlandês. O governo, a pedido de Israel, procurou suavizar a linguagem, mas não conseguiu chegar a um compromisso.

    Extradição de líder independentista da Catalunha

    PÚBLICO.PT (12/07): “Justiça alemã aceita entregar Puigdemont, mas descarta delito de rebelião” (em português)

    O antigo presidente do governo catalão poderá ser entregue à justiça espanhola, mas apenas com base nas acusações de peculato. A decisão é do Tribunal Regional Superior de Schleswig-Holstein, da Alemanha, que nesta quinta-feira considerou admissível o envio de Carles Puigdemont para Espanha, rejeitando, no entanto, fazê-lo com base nos delitos de rebelião e sedição. Significa isto que o dirigente político catalão não poderá ser julgado no país vizinho por estes últimos dois crimes, mas apenas pelo desvio de fundos. Puigdemont anunciou que vai recorrer em todas as instâncias até chegar ao Tribunal Constitucional alemão.

    Conflito entre Governo e Judiciário na Polônia

    THE WALL STREET JOURNAL (13/07): “Polônia reforça expurgo da Suprema Corte” (em inglês)

    O governo da Polônia está redigindo novas leis para acelerar a purga da Suprema Corte, antes dos esforços da União Européia para suspender o que as autoridades de Bruxelas vêem como uma rápida erosão no estado de direito. As medidas atenuam as esperanças de alguns líderes e autoridades da UE de que os procedimentos legais contra a Polônia poderiam desacelerar os esforços de Varsóvia para demitir até um terço da bancada da Suprema Corte. Em vez disso, o governo nacionalista da Polônia parece preparado para acelerar seu confronto com Bruxelas, que teme que o país esteja removendo um dos poucos controles do poder do partido no poder e mudando para o populismo autoritário.

    Eleições no Paquistão

    NY POST (13/07): “Ex-primeiro-ministro paquistanês depois da morte de 132 em violência eleitoral” (em inglês)

    O ex-primeiro ministro Desonrado Nawaz Sharif estava sob custódia no sábado, um dia depois que os mais violentos ataques na campanha eleitoral do Paquistão mataram mais de 130 pessoas, incluindo um candidato. Na província do sudoeste do Baluchistão, um homem-bomba matou 128 pessoas na sexta-feira, incluindo um político concorrendo a uma legislatura provincial. Outros quatro morreram em um ataque no noroeste do Paquistão, espalhando o pânico no país. Os ataques ocorreram horas antes de Sharif retornar de Londres, juntamente com sua filha Maryam, para enfrentar uma sentença de 10 anos de prisão por acusações de corrupção, disseram autoridades anti-corrupção. Maryam Sharif enfrenta sete anos de prisão.

    AL JAZEERA (12/07): “Eleições no Paquistão: principais partidos políticos” (em inglês)

    Da esquerda para a direita, o mapeamento dos principais partidos envolvidos nas próximas eleições gerais em 25 de julho.

    Protestos no Vietnã

    ASIA TIMES (08/07): “Uma revolução democrática acaba de começar no Vietnã” (em inglês)

    Em 7 de junho, um grupo de cerca de 300 vietnamitas comuns na cidade de Phan Ri Cua, na província de Binh Thuan, realizou a primeira manifestação contra um projeto de lei sobre zonas econômicas especiais (ZES). Eles tiveram problemas antes com um projeto de investimento em usinas termelétricas chinesas em andamento em sua própria província e se opuseram a mais investimentos chineses.  Dois dias depois, dezenas de milhares de trabalhadores da empresa de calçados Pouyuen, no Parque Industrial Tan Tao, na cidade de Ho Chi Minh, entraram em greve contra o projeto de lei da ZEE. No dia seguinte, em 10 de junho, muitas manifestações surgiram em outras cidades do país, incluindo a capital de Hanói, Nghe An, Da Nang, Khanh Hoa, Dac Lac, Binh Duong, Dong Nai, My Tho, Vinh Long e Kien. Giang e Ho Chi Minh City.

    Erdogan forma gabinete de seu novo mandato na Turquia

    EL PAIS (09/07): “Erdogan nomeia um Governo de continuidade e seu genro à genro à frente do Tesouro” (em espanhol)

    O veterano político muçulmano Recep Tayyip Erdogan jurou nesta segunda-feira seu novo cargo como superpresidente da Turquia numa cerimônia que marcou a entrada em vigor do novo sistema de governo. Pela primeira vez em quase um século de República, desaparece a figura do primeiro-ministro, cujos poderes assumirá Erdogan numa chefatura de Estado e de Governo reforçada com numerosas prerrogativas, entre elas, o nomeamento de boa parte da cúpula judicial. Seu Governo não lhe fará sombra, já que nele só estão incluídos como ministros aliados de provada lealdade e tecnocratas sem demasiado renome. O mais importante para os investidores estrangeiros, num momento de debilidade da moeda turca e no qual a economia dá sinais de super-aquecimento, eram os nomes com carga econômica. Em conversas privadas, o mundo dos negócios pediu a continuidade de ministros respeitados dentro e fora do país, como o até agora titular de Finanças, Mehmet Simsek, ou mesmo o ministro da Economia, Nihat Zeybekçi. Não foi assim: Erdogan colocou seu genro, Berat Albayrak, à frente do ministério que agrupará Tesouro e Finanças, depois de ter gerido a pasta de Energia durante a última legislatura. À frente da Indústria nomeou Mustafa Varank, um cientista político pessoal de Erdogan durante anos. Talvez o único nome deste grupo que possa atrair certa esperança ao mundo econômico é a nova ministra do Comércio, Ruhsar Pekcan, empresária e ativa defensora do papel da mulher no mundo dos negócios.

    Guerra no Iêmen

    THE INDEPENDENT (11/07): “Anistia Internacional pede investigações de crimes de guerra nas prisões administradas pelos Emirados Árabes” (em inglês)

    Os Emirados Árabes Unidos estão facilitando a tortura, incluindo violência sexual, espancamentos e choques elétricos, em prisões secretas no sul do Iêmen, segundo um novo relatório da Anistia Internacional. Homens suspeitos de pertencerem à Al-Qaeda ou Ísis foram forçados a desaparecer em centros de detenção administrados pelas forças dos Emirados Árabes Unidos ou milícias iemenitas sob o controle desde a guerra civil do país em 2015, disse a agência de direitos humanos em um novo relatório publicado nesta quinta-feira. . A Anistia investigou o destino de 51 homens envolvidos na busca da coalizão árabe por extremistas desde março de 2016. As famílias que formaram grupos de protesto para descobrir o paradeiro dos entes queridos dizem que centenas de homens no total desapareceram.

    Eleições no Zimbábue 

    AFRICA NEWS (11/07): “Preparativos para as primeiras eleições após a saída de Robert Mugabe” (em inglês)

    O Zimbábue realizará sua primeira eleição desde que um golpe do Exército de novembro encerrou o mandato de quase quatro décadas de Robert Mugabe e abriu o caminho para que seu antigo aliado Emmerson Mnangagwa se tornasse presidente. A eleição geral do dia 30 de julho colocará o presidente Mnangagwa, do partido governista ZANU-PF, contra o jovem e carismático Nelson Chamisa, do movimento de oposição da Aliança para a Mudança Democrática, desafiando a presidência. Enquanto o Zimbábue carece de um sistema confiável de pesquisas, uma pesquisa não oficial divulgada no mês passado em sua segunda cidade pelo Instituto de Opinião Pública de Massachussets colocou a Mnangagwa em 42 por cento e a Chamisa em 31 por cento, enquanto 25 por cento se recusaram a divulgar uma preferência.

    Acordo histórico entre Etiópia e Eritreia 

    DW (10/07): “Fim da guerra entre Eritreia e Etiópia” (português)

    Países vizinhos encerram estado de guerra e retomam relações diplomáticas. Desenvolvimento de portos eritreus é de interesse da Etiópia, uma das economias que mais crescem na África.Etiópia e Eritreia assinaram nesta segunda-feira (09/07) uma “declaração de paz e de amizade” na capital etíope, Asmara, confirmando o fim do estado de guerra que existia entre os dois países há duas décadas.

    ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL

    Rebelião na Nicarágua 

    APORREA (10/07): “As veias abertas da Nicarágua“, por Boaventura Sousa Santos (em espanhol) 

    Igreja Católica, que desde 2003 se “reconciliara” com o sandinismo, voltou a tomar as suas distâncias e aceitou mediar o conflito social e político sob condições. O mesmo distanciamento ocorreu com a burguesia empresarial nicaraguense a quem Ortega oferecera chorudos negócios e condições privilegiadas de actuação em troca de lealdade política. O futuro é incerto e não está excluído que este país, tão massacrado pela violência, volte a sofrer um banho de sangue. A oposição ao orteguismo cobre todo o espectro político e, tal como tem acontecido noutros países (Venezuela e Brasil), só mostra unidade para derrubar o regime mas não para criar uma alternativa democrática. Tudo leva a crer que não haverá solução pacífica sem a renúncia do casal presidencial Ortega-Murillo e a convocação de eleições antecipadas livres e transparentes.

    VIENTO SUR (12/07): O difícil caminho da crise”, por Oscar Rene-Vargas (em espanhol)

    A população necessita ver coerência, condução política. Estamos numa outra etapa da luta. A luta sociopolítica requer uma Frente de Resistência Patriótica que estabeleça a rota que nos leve ao fim da ditadura. Quanto tempo mais vamos esperar com mortes diárias e esgotamento?

    LA JORNADA (10/07): “Ilusões da “esquerda” frente o desmoronamento do regime Ortega-Murillo“, por William Robinson (em espanhol)

    Nestes momentos, trava-se a batalha crucial sobre o desenvolvimento da luta anti-regime. Quem dará liderança e quem exercerá a hegemonia sobre esta luta? Que tipo de cenário pós-Ortega se desenvolverá? A armadilha da falta de um projeto popular articulado na Nicarágua e a ausência de organizações esquerdistas de base que puderam desenvolver tal projeto, foi desconcertado e agudizado pela traição da esquerda internacional, precisamente num momento no qual o capitalismo global enfrenta uma profunda crise estrutural e quando o fascismo do século XXI está em ascenso ao redor do mundo.

    PSOL 50 (10/07): “Manágua, Julho de 2018“, por Israel Dutra (em português)

    Numa batalha diária o silêncio se torna cumplicidade com o governo assassino de Ortega. É necessário denunciar e fazer circular a solidariedade, exigindo a ruptura imediata das relações diplomáticas com o governo da Nicarágua, bem como ir às ruas, universidades, sindicatos, locais de trabalho e estudo para colocar no centro do debate o processo em curso. Os setores democráticos e a esquerda como um todo devem se pronunciar imediatamente contra a repressão. Os organismos e ativistas de direitos humanos devem fazer o mesmo. A Manágua de julho de 2018 não pode ficar sozinha!

    Protestos no Haiti contra austeridade

    VIENTO SUR (14/07): “O barril de pólvora haitiano“, por Lautaro Rivara (em espanhol)

    Na realidade, o problema de fundo não é o preço do combustível. O problema central, o verdadeiro nó do assunto, é a soberania haitiana, ou melhor sua ausência. Haiti não é um estado falido como sugere um olhar mistificador e anti-histórica que parece não reconhecer culpados. Haiti é um estado impedido. Impedido por quem? Pelas potências coloniais que invadiram, saquearam e tutelaram o país desde a França da escravidão plantacionista, com Napoleão e o General Leclerc à cabeça, até os Estados Unidos, que deram seu enésimo golpe militar em 2004 para derrubar o governo popular e democrático de Jean-Bertrand Aristide.

    Crise política no Peru

    LUCIDEZ (13/07): “Veronika Mendoza exige novas eleições ‘porque tudo está podre” (em espanhol)

    A líder do Movimento Novo Peru, Verónika Mendoza, exigiu que adiantem as eleições gerais e a criação de uma nova Constituição Política porque “tudo está podre”. Para a ex-candidata presidencial, a renúncia do ministro da Justiça, Salvador Heresi, é a gota que transbordou o vaso e demonstra que os três poderes do Estado estão invadidos pela corrupção.

    Vitória de López Obrador no México 

    NEWPOL (12/07): “AMLO, novo presidente eleito do México, promete fim à corrupção, enquanto faz as pazes com a classe capitalista” (em inglês)

    A luta agora será entre AMLO, o político moderadamente reformista, a classe capitalista mexicana e o povo trabalhador do país. Não se deve descartar a possibilidade de que a vitória eleitoral aumentará as esperanças dos trabalhadores e colocará pressão sobre a AMLO para entregar mais do que ele pretende. Nas últimas duas décadas, os trabalhadores do México – trabalhadores do setor elétrico, mineiros, professores e muitos outros – demonstraram em muitas ocasiões sua capacidade não apenas de lutar, mas também de enfrentar uma tremenda repressão. Talvez o mesmo desejo de mudança e a mesma esperança por um México melhor, que os levou a votar na AMLO, agora inspirem os trabalhadores mexicanos a se afirmarem politicamente e a tentarem seguir seu próprio caminho.

    INTERNATIONAL VIEWPOINT (05/07): “1 de julho, 2018 – um novo período histórico se abre“, por Luis Rangel (em inglês)

    Por volta das 23h do dia 1º de julho de 2018, após um dia de eleições que manteve o país prendendo a respiração, Lorenzo Córdova (o presidente do Instituto Nacional Eleitoral do México) anunciou, confirmou, uma tendência que só poderia ter sido superada com uma fraude eleitoral ignominiosa. de proporções sem precedentes (o que está dizendo muito) na história recente do México. A votação para Andrés Manuel López Obrador (conhecido como AMLO) do partido MORENA, que ultrapassará 53% do voto efetivo, obtido com níveis recorde de participação (acima de 60%), o tornará presidente com uma legitimidade democrática histórica. Em tempo recorde, todos os atores importantes do regime (os candidatos da oposição, o Instituto Nacional Eleitoral, Peña Nieto, Trump, grupos empresariais e os meios de comunicação) reconheceram o triunfo de Obrador.

    Guerra Comercial entre EUA e China

    PROJECT-SYNDICATE (12/07): “As consequências econômicas da guerra comercial de Trump“, por Barry Eychengreen (em inglês)

    Ainda assim, preocupa-se, porque os modelos econômicos padrão são notoriamente ruins para captar os efeitos macroeconômicos da incerteza, que as guerras comerciais criam com uma vingança. Os planos de investimento são feitos antecipadamente, de modo que pode levar, digamos, um ano para que o impacto dessa incerteza se materialize – como foi o caso no Reino Unido após o referendo Brexit de 2016. A tributação de insumos intermediários prejudicará a eficiência, ao mesmo tempo em que a transferência de recursos de setores dinâmicos de alta tecnologia em favor da produção de linha antiga reduzirá o crescimento da produtividade, com mais implicações negativas para o investimento. E esses são resultados que o Fed não pode compensar facilmente.
    Então, para aqueles que observam que as consequências econômicas e financeiras da guerra comercial de Trump foram surpreendentemente pequenas, a melhor resposta é: apenas espere.

    ESQUERDA.NET (11/07): “Guerra comercial e política industrial“, por Alejandro Nadal (em português)

    No fundo, o que Trump e o seu assessor para o comércio internacional, Peter Navarro, estão a atacar é a política industrial e tecnológica da China. Mas essa batalha já foi perdida pelos Estados Unidos, há tempo. Ainda antes da contrarrevolução de Deng Xiaoping, a China já tinha uma indústria nuclear e militar bastante diversificada. E quando o atual modelo decapitalismo comunista se impôs, a China estava preparada para receber e absorver a tecnologia que viria associada aos investimentos estrangeiros. Hoje, o que resta perguntar é se os instrumentos usados por Pequim são compatíveis com as regras da Organização Mundial de Comércio (OMC), organismo a que pertence a China desde 2001.

    SIN PERMISO (07/07): “Guerra comercial e depressão“, por Michael Roberts (em espanhol)

    Hoje é uma data-limite para a economia global. O governo estadunidense de Trump começa a aplicar tarifas comerciais às importações desde a China por mais de 34 bilhões de dólares. E Beijing está preparando uma quantidade similar em represália. Se somamos a estas medidas o monte de tarifas e contra-tarifas que aumentam no Atlântico e a América do Norte produto das guerras econômicas que lançou Trump as cifras superarão os 100 bilhões de dólares, até hoje.

  • Observatório Internacional: especial Eleições Mexicanas 2018

    Observatório Internacional: especial Eleições Mexicanas 2018

    Andres Manuel López Obrador será o novo presidente mexicano, depois de uma vitória esmagadora (53% dos votos) sobre os velhos partidos do moribundo regime mexicano. A goleada de Obrador sobre seus adversários do PAN e do PRI foi tão grande que não houve margens para contestação. Confirmadas as sondagens de boca-de-urna, já no domingo (01/07) ma multidão afluiu às ruas para saudar seu novo mandatário.

    Em cima dessa euforia coletiva, pairam as incógnitas acerca do rumo que tomará López Obrador nos próximos meses. A coalizão liderada pelo Movimento de Renovação Nacional (Morena) assumirá o país em dezembro. Conciliará com as elites do país? Se sim em que medida e em quais condições? O narco-Estado permitirá que seu programa efetivado? Como será a relação de López Obrador com os EUA de Trump, personagem que tanto atacou nos meses de campanha?

    A população mexicana deposita todas as suas esperanças nas promessas vocalizadas por Obrador durante os últimos anos. Nada menos que uma revolução democrática nas estruturas políticas do país (governando através de plebiscitos e combatendo os privilégios dos altos funcionários públicos) será tolerada. Além disso, espera-se a reversão das reformas neoliberais aprovadas pelo governo Peña Nieto (retomando o investimento público e estimulando os programas sociais).

    Esta edição especial do Clipping do Observatório Internacional busca tratar destas questões.

    Charles Rosa – Observatório Internacional

    NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

    La Jornada (03/07): “López Obrador ganhou em 31 estados; só foi superado em Guanajuato” (em espanhol)

    “Con 93.5 % das atas contabilizadas da eleição presidencial, o Programa de Resultados Eleitorais Preliminares (PREP) confirmou a vitória de Andrés Manuel López Obrador, que levava 24 milhões 127 mil 451 sufrágios, equivalente a 52,9%. Somente em Guanajuato foi superado por Ricardo Anaya Cortés. O panista obteve 10 milhões 249 mil e 750 votos, ou seja, 22,5%, o que lhe conferiu o segundo lugar, muito distante dos 7 milhões 472 mil 750 votos que alcançou José Antonio Meade, equivalente a 16,4%. O candidato independente Jaime Rodríguez Calderón obteve 2 milhões 339 mil 431 sufrágios, ainda que em Nuevo León obteve 16% dos votos e com isso retirou o quarto lugar de Meade a quarta posição na entidade.”

    NY Times (03/07): “López Obrador ganha a presidência do México com uma vitória aplastante” (em espanhol)

    “Montado numa onda de descontentamento coletivo pela corrupção e a violência desenfreadas, Andrés Manuel López Obrador foi eleito presidente de México neste domingo (1 de julho) com uma vitória esmagadora, que dá um tombo ao sistema político dominante do país e lhe outorga um amplo mandato para reformar o país. A vitória de López Obrador leva a um líder de esquerda ao comando da segunda maior economia da América Latina pela primeira vez em décadas, uma possibilidade que encheu de esperança a milhões de mexicanos (e as elites do país, de temor). O resultado representado um rechaço evidente ao status quo da nação, que durante o último quarto de século se definiu por uma visão centralista e por uma adoção da globalização que muitos mexicanos sentem que não lhes serviu”.

    NY Times (04/07): “O que deve preocupar a esquerda de López Obrador?“, por Humberto Beck (em espanhol)

    Habituada por décadas a ser a oposição política a partir dos movimentos sociais, os partidos minoritários e a cultura, agora a esquerda deve se repensar como poder e terá que ser fiel a sua vocação crítica e vigilante, ainda que o novo governo tenha surgido de suas fileiras. Com AMLO na presidência, a esquerda deverá apontar falhas e limites do presidente e reclamar uma agenda mais inclusiva e democrática. Assim que, de que falamos quando falamos dos alcances as limitantes da esquerda de López Obrados? Em muitas ocasiões, tem se descrito AMLO como o integrante mais recente do ascenso de uma série de políticos autoritários (que inclui Vladimir Putin, Recep Tayyip Erdogan ou Donald Trump), mas na realidade faz parte de uma nova onda de líderes globais de esquerda (como Jeremy Corbyn, Bernie Sanders ou Pablo Iglesias), os que em seus respectivos países identificaram como a causa principal da corrupção e desigualdade à concentração dos recursos políticos e econômicos numa elite. Nesse sentido, o programa de López Obrador, sem dúvida, se situa na esquerda: favorece à democracia frente ao capitalismo.

     

    The Guardian (03/07): “Presidente eleito do México e Donald Trump compartilham ligação ‘respeitosa’” (em inglês)

    “Em entrevista à rede de notícias Televisa, López Obrador enfatizou a necessidade de respeito mútuo e cooperação entre os dois vizinhos. “Estamos conscientes da necessidade de manter boas relações com os Estados Unidos. Temos uma fronteira de mais de 3.000 quilômetros, mais de 12 milhões de mexicanos vivem nos Estados Unidos. É nosso principal parceiro econômico-comercial ”, disse ele. “Nós não vamos brigar. Sempre vamos buscar um acordo … Vamos estender nossa mão franca para buscar uma relação de amizade, repito, de cooperação com os Estados Unidos. ” Trump foi igualmente diplomático, dizendo aos repórteres: “Eu acho que ele vai tentar nos ajudar com a fronteira. “Acho que o relacionamento será muito bom”, disse o presidente dos EUA sobre o político mexicano, cujo juramento será em dezembro. “Nós conversamos sobre comércio, falamos sobre o Nafta, conversamos sobre um acordo separado, apenas o México e os Estados Unidos.””

    El País (05/07): “Empresários se somam à transição de López Obrador após sua esmagadora vitória” (em português)

    “Ninguém quer ficar de fora do novo ecossistema político mexicano; muito menos o setor empresarial. O futuro presidente do país, Andrés Manuel López Obrador, e o chefe da principal entidade patronal mexicana, Juan Pablo Castañón, encenaram nesta quarta-feira um novo clima de “entendimento e confiança” depois da esmagadora vitória do primeiro nas eleições de domingo passado. Após uma campanha eleitoral marcada por desencontros – embora matizados na reta final, quando a vitória do candidato do partido Morena já era inexorável –, ambas as partes enterraram nesta quarta-feira, em um encontro num hotel no centro da capital, a tocha de guerra que exibiram durante semanas. O evento terminou com uma entrevista coletiva conjunta marcada por sorrisos e palavras amáveis. As rixas ficaram definitivamente para trás. Ambas as partes têm consciência de que se necessitam mutuamente nesta nova etapa: López Obrador não pode realizar sua promessa de uma “quarta transformação” do México sem o setor produtivo, enquanto e o empresariado, sabedor de que quem se mexe não sai na foto, reconduziu às pressas sua relação com o futuro presidente. “Foi uma reunião muito cordial, muito boa, de coordenação para trabalhar conjuntamente”, salientou o futuro chefe de Estado e de Governo da segunda maior economia da América Latina. “Quero expressar minha satisfação com a atitude do setor empresarial e agradecê-los por sua atitude responsável e de confiança mútua.”

    El País (04/07): “A revolução permanente mexicana”, por Javier Moreno (em português)

    “O resultado não poderia ser mais claro: mais de 50% dos votos em um país com um sistema eleitoral de turno único, que permite ser presidente da República com pouco mais de um terço dos votos válidos. Enrique Peña Nieto foi presidente com 38,5% dos votos. Felipe Calderón, com 35,91%. Os aproximadamente 30 milhões de votos que López Obrador recebeu no domingo (dez milhões a mais que Peña Nieto há seis anos) fazem dele, de longe, o presidente mais votado na história do México. Não há dúvida alguma de que esta enorme margem lhe confere um claro mandato democrático, embora ninguém pareça saber com exatidão em que ele consiste. Em não pouca medida porque o candidato buscou calculadamente a ambiguidade: ao seu próprio partido, o Morena, acrescentou as muletas de uma formação minoritária, mas ultraconservadora e abertamente evangélica; intranquilizou os empresários para depois, em um grande golpe de efeito, distender o ambiente e marcar um gol; muitos jovens viam com receio a sua agenda sobre direitos sociais, casamento homossexual e aborto. Entretanto, isso não os impediu, a julgar pelas cifras do domingo, de votar maciçamente em López Obrador, impondo assim um golpe definitivo ao regime do PRI e PAN, que se revezaram no poder nos últimos 30 anos. Isto vem ao caso pelo que parece ser outra das chaves subterrâneas do ocorrido no domingo, ou seja, o encerramento de um longo período histórico que começou com a eleição de Carlos Salinas de Gortari em 1988, que por sua vez deu lugar a uma sucessão de governos do PRI e do PAN que consolidaram um modelo econômico liberal, ortodoxo nas contas públicas e que procurou inserir o México na pista central da economia mundial.”

    Le Monde (04/07): “No México, a ‘insurreição eleitoral’ de AMLO” (em francês)

    Grand Slam eleitoral para Andrés Manuel López Obrador, que conquistou a presidência no México no domingo (1º de julho). A coalizão liderada por seu partido de esquerda capturou a maior parte dos outros mandatos legislativos, regionais e municipais que estão em jogo: um tsunami dará liberdade para honrar suas promessas de “profunda transformação do país”. Esses plenos poderes despertam tanta esperança quanto os medos de um país dividido. O presidente eleito, apelidado de “AMLO”, quebrou vários recordes eleitorais. Ele ganhou  com 53% dos votos. Nunca aconteceu isso desde a época da hegemonia do Partido Revolucionário Institucional (PRI) por setenta e um anos até 2000, antes de seu retorno ao poder em 2012.

    DW (04/07): “Vitória de López Obrador é um terremoto político para o México“, (em português)

    O vencedor esquerdista fez um discurso presidencial com o qual acalmou empresários e prometeu combater a corrupção. AMLO disse querer entrar para a história como um “bom presidente”. Até aí, tudo exemplar. Mas o que sua vitória significa para um país afundado em problemas até o pescoço? O triunfo de López Obrador é mais uma derrota dos partidos tradicionais mexicanos do que uma vitória do socialismo. O governista Partido da Revolução Institucional (PRI) e os conservadores do Partido da Ação Nacional (PAN) receberam a conta pela guerra do narcotráfico, o lamaçal da corrupção e um modelo econômico liberal que não conseguiu acabar com os abismos sociais no interior da sociedade mexicana.

    Al-Jazeera (03/07): “Novo presidente mexicano oferece cortes na migração para os EUA” (em inglês)

    O presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, disse na segunda-feira que conversou com o presidente dos EUA, Donald Trump, por telefone, e se ofereceu para reduzir a migração para os Estados Unidos em troca de ajuda americana. “Recebi um telefonema de Donald Trump e conversamos por meia hora”, escreveu o esquerdista esquerdista no Twitter, em uma de suas primeiras mensagens, depois de ganhar uma vitória esmagadora no domingo. “Eu propus a exploração de um acordo universal (envolvendo) projetos de desenvolvimento que criem empregos no México e, ao fazê-lo, reduzam a migração e melhorem a segurança”, acrescentou.

     

    La Nación (02/07): “López Obrador aposta forte e promete um referendo revogatório na metade de seu mandato” (em espanhol)

    O eventual plebiscito revogatório era uma das promessas de campanha ao eleitorado mexicano, oferecendo-lhe a possibilidade de revogar seu mandato, caso não avance na agenda das preocupações mais profundas dos mexicanos. Em seu ambicioso projeto de governo, que começará no próximo 1 de dezembro, pretende um resgate do campo, revisar milionários contratos derivados da reforma energética, uma gestão austera “sem luxos nem privilégios”, e reduzir os soldos de altos funcionários em até 50%. Tudo para aumentar programas sociais e reduzir a pobreza no México, que atinge a mais de 53 milhões na extrema pobreza”.

    Washington Post (02/07): “López Obrador, vencedor da eleição mexicana, com amplo mandato“, (em inglês)

    Em outras questões, também, parece haver diferenças acentuadas entre a política dos EUA e os valores orientadores de López Obrador. O governo dos EUA fornece apoio crucial para a campanha militar mexicana contra os cartéis de drogas e, às vezes, despacha seus próprios agentes antidrogas em missões em todo o país. Não está claro como essas relações coincidem com o plano de segurança abrangente de López Obrador de colocar mais ênfase em programas sociais para manter os jovens longe dos cartéis, e menos foco nas campanhas militares – algo que ele apelidou de “abraços não armados”. López Obrador provavelmente terá forte apoio para suas políticas internas e externas. Na segunda-feira, quando os resultados das eleições chegaram, ficou claro que a festa de Morena estava a pouca distância da maioria das duas casas. Se ficar aquém, Morena poderia formar uma aliança para obter o mesmo resultado. A maioria no Congresso daria a López Obrador autoridade para aumentar o escopo do sistema de bem-estar social, uma promessa de campanha fundamental.

    The Independent (02/07): “A vitória de Andres Manuel Lopez Obrador no México pode ser um presente ou uma maldição para as relações com a América” (em inglês)

    Como uma espécie de contraparte latino de Jeremy Corbyn, que ele aparentemente conta como amigo e também como alma gêmea ideológica, Lopez Obrador tem a mesma intolerância de corrupção na vida pública e nos negócios. Como o Sr. Corbyn, ele é um asceta por natureza, e prometeu estabelecer um exemplo pessoal inicial ao vender o jato presidencial e desocupar o palácio presidencial. Ainda mais proveitosamente, López Obrador atuará em favor de um povo cansado da pequena corrupção, do abuso de poder pela polícia e do roubo em grande escala de ativos e dinheiro por parte de alguns dos principais empresários e do governo. Como inúmeros outros descobriram em todo o mundo, a corrupção é quase impossível de erradicar, mesmo em sociedades mais ricas do que o México, mas isso não significa que o Estado tenha que desistir ou conspirar com os gângsteres. Ele merece sua chance.

     

    ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL

    PSOL 50 (03/07): “Vitória de Obrador, o dia seguinte”, por Israel Dutra (em português)

    O governo será composto por um gabinete plural, como está sendo chamado, com metade de participantes mulheres; o núcleo econômico ficara de Alfonso Romo (chefe de Gabinete) e Carlos Urzua (ministro da Fazenda). Romo è consultor de mercados financeiros e Urzua, que já foi secretario de finanças da gestão de AMLO na Cidade do México, tem bom trânsito com o mercado e com representantes de bancos. Por um lado AMLO libera uma energia enorme, a partir do tsunami de Morena, para que o movimento social possa exigir um programa de mudanças, através do cumprimento de plebiscitos e consultas para a revogação das medidas como as reformas e privatizações. Por outro lado, a pressão do mercado, das bolsas, sob o argumento da depreciação da moeda local vai exigir de sua equipe econômica, a manutenção do ajuste e da austeridade.

    Portal da Esquerda em Movimento (03/07): “Eleição histórica no México“, por José Luis Hernandez Ayala (em português)

    A diferença da esquerda ultra-esquerdista, que aposta a um logo desgaste do governo do AMLO por descumprir suas promessas de campanha e reverter as reformas neoliberais, existe a possibilidade de que seu governo sim impulsione uma série de reformas mínimas que podem melhorar, no imediato, a extrema pobreza de amplos setores da população, impulsionar o crescimento econômico e consolidar um novo tipo de regime. Para começar as medidas tem anunciou contra a corrupção e o esbanjamento (reduzir na metade dos salários dos altos funcionários públicos e erradicar todo tipo de privilégios, não roubar, vender a frota de aviões do governo e utilizar linhas aéreas comerciais, eliminar os milionários gastos de publicidade, revisar os contratos e concessões governamentais e castigar os maus manejos, cancelar as impopular e milionária pensão aos ex-presidentes, etc.), são pontos que está em condições de cumprir e que teriam um grande impacto na opinião pública.

    Viento Sur (04/07): “O neoliberalismo que continua com AMLO“, por Javier Hernandez Alpízar (em espanhol)

    “O PRI, o PAN e o PRD perderam as eleições, mas sua ideologia neoliberal está intacta e agora governará com as siglas de Morena; essa é uma das razões pelas quais não implantaram a fraude eleitoral contra Obrador. A fraude será para os que esperavam uma mudança verdadeira. E desde logo, é perfeitamente legítima a resistência de comunidades e organizações que se opõem ao despojo, a exploração, a repressão e o desprezo racista do capitalismo neoliberal e patriarcal, inclusive se agora significa opor-se a megaprojetos impulsionados por governos de Morena. E seguramente resistirão, ainda se isso implica enfrentar as calúnias e linchamentos midiáticos dos seguidores mais fanatizados de Obrador.”

    Rebelion (03/07): “Primeiras impressões a quente sobre um triunfo histórico“, por Guillermo Almeyra (em espanhol)

    AMLO, como se previa, está sendo aceito pelos capitalistas como um mal menor, mas sua eleição será considerada por seus eleitores como um triunfo próprio, como um acesso não só ao governo mas também ao poder. Por isso os que votaram por López Obrador passarão dentro de pouco tempo a pedir-lhe, a exigir-lhe, medidas concretas contra seus exploradores. AMLO chamou de imediato à reconciliação, mas seus eleitores pedem medidas drásticas e imediatas contra os assassinos, os corruptos e ladrões, os donos de minas, os saqueadores, os que vendem o país. López Obrador, como novo Madero, quer assumir o Estado assim como está, mas os que o tornaram presidente lutam contra esse Estado culpado do crime de Ayotzinapa e cheio de Huertas potenciais.

    Rebelion (03/07): “Sobre o alcance histórico da eleição de Obrador“, por Massimo Modonesi (em espanhol)

    Para além da transversalidade e a voluntária ambiguidade desta convocatória de campanha, todo processo político implica atender a espinhosa definição do sujeito que impulsiona e o que se beneficia da mudança. A fórmula obradorista, desde 2006, tem uma tinta plebeia e anti-oligárquica: se constrói sobre a relação líder-povo e a fórmula “somente o povo pode salvar o povo. Ao mesmo tempo, tanto Morena como a campanha foram construídos ao redor da centralidade e a direção inquestionável de AMLO, uma personalização que chegou ao extremo de chamar o ato de encerramento de campanha AMLOfest e de usar o acrônimo AMLO como uma marca ou uma hashtag (#AMLOmania).

    Jacobin Magazine (04/07): “O México de AMLO“, por Edwin F. Ackerman (em inglês)

    AMLO entretém a noção de um aparato estatal de classe neutra que pode servir como árbitro e regulador do conflito de classes. Para ele, o pecado do PRI é trair essa visão ao entregar o controle da economia ao setor privado, que preparou o cenário para a deslegitimação política do Estado. Assim, na atual conjuntura, regular o conflito de classes e reconstruir a autoridade do Estado requer o lançamento de uma agenda desenvolvimentista capitalista redistributiva: para o bem de todos, os pobres serão os primeiros. Aqui está a imensa promessa e limitações de sua presidência. Como será o equilíbrio de forças dentro de Morena nos próximos anos, é claro que ainda é uma questão em aberto. A visão da AMLO, um produto de sua trajetória, e o peso do mandato que lhe foi concedido, irá percorrer um longo caminho para manter essa coalizão de forças. Mas as tensões estão fadadas a emergir.

    Jacobin Magazine (05/07): “A hora de AMLO chegou”, por Steve Ellner (em inglês)

    Da mesma forma, AMLO escolheu Alfonso Durazo, que anteriormente serviu nos governos do PRI e do PAN, para liderar a área de segurança dos cidadãos. Durante sua campanha, AMLO propôs anistiar aqueles que estavam fora da lei se eles prometessem evitar atividades criminosas futuras. Durazo recuou rapidamente nas declarações da AMLO, descartando a anistia geral por crimes violentos e assegurando ao público que as decisões-chave só seriam tomadas com base na aprovação do Congresso e em um debate nacional. Ele também apontou que um governo de AMLO honraria as obrigações internacionais do México com relação a crimes como sequestro. Finalmente, Durazo prometeu que todas as medidas nesse sentido envolveriam consultas a parentes de vítimas da violência das drogas. As qualificações de Durazo podem entrar em conflito com os esforços alternativos para reduzir o crime e a violência – AMLO expressou recentemente seu apoio à iniciativa de um bispo católico de negociar com chefões do narcotráfico em Guerrero a fim de reduzir a violência.

    Esquerda.net (02/07): “O México entre a renovação, o crime e o FMI“, por Francisco Louçã (em português)

    O caderno de encargos é gigantesco. O México é um dos países mais desiguais da OCDE (os 10% mais ricos recebem 36% do rendimento nacional, os 10% mais pobres ficam com 1,8%). A agricultura familiar foi destroçada, mais de cinco milhões de camponeses foram arruinados pelas importações de cereais subsidiados dos Estados Unidos. E a subida de juros no vizinho do Norte leva a uma fuga de capitais, o que enfraquece a relação cambial e a capacidade produtiva do México. Finalmente, o FMI pressiona para uma “consolidação orçamental”, que já sabemos o que significa: num país com tanta pobreza, reduzir as despesas orçamentais com os escassos serviços sociais pode parecer bem nas estatísticas em Washington, mas condena muitas pessoas à miséria.

    The Next Recession (02/07): “México: violência, corrupção e desigualdade – AMLO para o resgate?“, por Michael Roberts (em inglês)

    “O programa de AMLO é fundamentalmente keynesiano, usando o investimento público para “estimular a bomba” do investimento privado e reivindicando que o dinheiro economizado pela redução da corrupção proporcionará o financiamento. Mas ele não está disposto a reverter a privatização parcial da PEMEX, a companhia petrolífera estatal, ou a acabar com o novo aeroporto de “Cidade do México” proposto – apenas para considerar “rever os contratos”. Mas como AMLO pode reverter a corrupção, a desigualdade e a violência sem controle dos bancos (principalmente estrangeiros), renacionalização da PEMEX e assumir as principais operações multinacionais dentro do México? Donald Trump parabenizou AMLO por sua vitória. Mas o vizinho do norte do México agora está sendo governado por uma tendência nacionalista e imperialista de lançar uma guerra comercial com toda a gente. O México está bem na linha de frente desse turbilhão, com uma economia capitalista que está lutando contra a pobreza, a corrupção e a violência. No entanto, com uma população enorme e jovem, recursos de petróleo e gás e indústrias modernas em partes, o México está em uma posição muito melhor para ter sucesso do que a Venezuela e Cuba. AMLO assume a presidência daqui cinco meses (dezembro). Ele tem grandes desafios pela frente.

  • Observatório Internacional, de 18 a 23 de junho de 2018

    Observatório Internacional, de 18 a 23 de junho de 2018

    Nesta edição do Clipping Semanal, os links selecionados pelo Observatório Internacional abordam a crise humanitária aberta nos EUA após Trump determinar a separação de famílias imigrantes indocumentadas, através de sua política de “tolerância zero” com imigrantes e refugiados sem papéis. Imagens de crianças enjauladas pedindo por seus pais no sul do Texas comoveram o mundo e se somaram a uma série de medidas xenofóbicas que a extrema-direita populista vem promovendo não só nos EUA como no continente europeu. Na Itália, o ministro do Interior, Matteo Salvini (líder da Liga Norte), começa a planejar a deportação de milhares de refugiados residentes na península itálica, ao passo que na Alemanha, Merkel é pressionada por seus aliados à direita a restringir ainda mais as regras de recepção de imigrantes.

    Na América Latina, o destaque fica por conta das eleições colombianas, que reconduziram a direita uribista à presidência do país. Enquanto isso, no México o candidato outsider López Obrador abre uma grande vantagem nas pesquisas a menos de 10 dias do pleito eleitoral. Na Argentina, o FMI libera um pacote de ajuda financeira, condicionada a um ajuste neoliberal ainda maior por parte de Macri.

    Sobre estas notícias globais e muitas outras, nossos leitores podem acessar abaixo alguns artigos e reportagens dos principais meios de comunicação do mundo. Na segunda parte, selecionamos artigos que tratam destes mesmos assuntos com uma perspectiva à esquerda.

    Charles Rosa – Observatório Internacional

    ARTIGOS E NOTÍCIAS DE SITES INTERNACIONAIS

    Crise humanitária nos EUA de Trump

    THE GUARDIAN (18/06): “Editorial – Política de imigração de Trump: odiosa e errada” (em inglês)

    “Não é apenas a atual crueldade que deve nos assustar. As separações fronteiriças são obviamente imorais e inconcebíveis. As crianças são arrancadas dos braços de suas mães; elas choram pelos pais sem resposta; elas estão enjauladas. Mesmo quando o sofrimento imediato das 2.000 detidas já passou, muitas serão afetadas na vida pelo trauma. Para algumas, as divisões serão permanentes. Os pais estão sendo deportados sem seus filhos. No mês passado, um pai se matou após a separação de sua família. No entanto, à medida que o custo humano se torna mais acentuado, o ritmo das separações aumenta.”

    CNN (19/06):”Por que Trump insiste em separar as famílias na fronteira?“, por Stephen Collinson (em inglês) 

    “Ainda assim, Trump pode acreditar que ele tem motivos políticos para manter suas medidas. Uma nova pesquisa da CNN na segunda-feira mostrou que, enquanto o presidente tinha uma taxa de desaprovação de 59% sobre a imigração, 58% dos republicanos apoiaram a nova política para famílias de imigrantes indocumentados na fronteira sul. E 81% dos entrevistados que aprovam Trump também atribuem notas altas à sua política de imigração. Dado que esta é uma presidência quase exclusivamente enraizada em esforços para garantir a base de Trump, não seria surpreendente se o presidente examinasse tais números e decidisse que seus próprios interesses políticos – distintos dos do Partido Republicano – não sugiram nenhuma correção.”

    BBC MUNDO (21/06): “Crianças separadas dos pais: o que significa o recuo de Trump com a separação das crianças de suas famílias” (em espanhol)

    “Para um presidente como Donald Trump, que reivindica o lema “nunca te rendas”, o recuo em sua política de separar famílias imigrantes detidas na fronteira dos Estados Unidos supõe uma concessão especial. Emparedado politicamente pela indignação generalizada que causou o apartamento forçoso de milhares de pais e crianças, Trump assinou nesta quarta-feira uma ordem executiva para acabar com esse procedimento que até um dia antes qualificava como inevitável. “Trata-se de manter famílias juntas enquanto nos asseguramos de ter uma fronteira forte”, sustentou o mandatário ao anunciar a decisão na Casa Branca. Trump procurou limitar o alcance de seu recuo, advertindo que mantém a “tolerância zero” que implica processar penalmente imigrantes adultos que cruzam sem papéis a fronteira com o México, em sua maioria latino-americanos”.

    NEWSWEEK (20/06): “A política de ‘tolerância-zero’ e o corte de impostos estão destruindo a economia dos EUA”, por Bill Saporito

    “Tome a imigração. Nos termos mais amplos, nossa economia necessita de crescimento da população para alimentar o PIB. A matemática é simples. O gasto do consumidor representa quase 70% do PIB: quanto mais consumidores, mais consumo. No entanto, a população cresce a menos de 1% anualmente. Se detida a imigração, através de uma política de “tolerância-zero” com as pessoas que ingressam ilegalmente no país, o crescimento se torna limitado, formam-se menos lares, vendem-se menos bens e se criam menos postos de trabalho. A taxa de natalidade nos EUA está num mínimo histórico, segundo os Centros para Controle e Prevenção de Doenças, o que significa que não estamos produzindo suficientes trabalhadores para substituir os baby boomers que agora se aposentam. E em seus anos de aposentadoria, o gasto dos baby boomers diminui até que cessa”.

    Guerra comercial entre EUA e China

    EL PAÍS (19/06): “Trump ameaça China com mais tarifas e inflama duelo comercial” (em português)

    “Mais lenha na fogueira. Donald Trump divulgou na noite desta segunda-feira, dia 18, um comunicado em que ameaça impor uma nova rodada tarifária à China, desta vez com uma alíquota de 10% sobre produtos importados num valor de 200 bilhões de dólares (750 bilhões de reais) por ano, intensificando a escalada entre as duas maiores potências econômicas. Os EUA aprovaram na sexta-feira a taxação de 25% sobre cerca de mil produtos chineses cujas importações somam 50 bilhões de dólares. O Governo chinês respondeu na mesma moeda. Agora, Washington volta a golpear. Se o olho por olho não parar, a guerra sacudirá a economia global.”

    THE INDEPENDENT (22/06): “Donald Trump ameaça a UE com tarifas de 20¢ sobre carros europeus em grande escalada da guerra comercial” (em inglês) 

    Donald Trump ameaçou impor 20 por cento de tarifas sobre carros europeus, em um movimento que pode aumentar a nascente guerra comercial entre os EUA e seus aliados. O presidente norte-americano emitiu a advertência na sexta-feira, enquanto a União Européia impunha tarifas sobre a disseminação de produtos norte-americanos, desde o uísque Bourbon até motocicletas e cartas de baralho. A UE impôs as acusações de “reequilíbrio” em resposta à nova política de Trump de aplicar 20% de tarifas ao aço e ao alumínio europeus. O presidente dos EUA disse acreditar que a UE trata as mercadorias dos EUA de forma “muito injusta”.

    Vitória da direita nas eleições colombiana

    BBC (18/06): “Iván Duque será presidente depois de derrotar Gustavo Petro“, (em espanhol)

    “O candidato do partido uribista Centro Democrático se impôs neste domingo com um apoio sem precedentes no segundo turno contra Gustavo Petro. Segundo dados da Controladoria Nacional e com 99,92 % das mesas contabilizadas, Iván Duque obteve 53,98% dos votos frente a 41,81% conseguido por Gustavo Petro.”

    FINANCIAL TIMES (17/06): “Iván Duque vence na Colômbia“, (em inglês)

    “Uribe liderará seu partido, Centro Democrático, no parlamento, o que deverá garantir uma maioria ativa para Duque que lhe permita aprovar algumas de suas propostas. “A grande pergunta é qual será a relação entre esses dois homens”, disse Yann Basset, cientista política da Universidade de Rosário em Bogotá. “Duque não pode ser um títere de Uribe, mas ao mesmo tempo não pode se dar o luxo de trai-lo. Terá esses dois inimigos potenciais pendentes em cima dele como presidente e terá de levá-los em conta cada vez que tomar uma decisão. Economicamente, Duque é ortodoxo. Prometeu cortar impostos corporativos, reduzir a burocracia, frear a evasão fiscal e reduzir a incerteza legal para investidores estrangeiros que buscam ingressar nos setores petroleiros e mineradores do país”.

    Eleições no México

    EL PAÍS (21/06): “López Obrador tange a maioria no Congresso, segundo as pesquisas“, (em espanhol)

    “A poucos dias da eleição presidencial no México, a vantagem de Andrés Manuel López Obrador nas pesquisas não deixa de crescer e, ao menos no papel, se vislumbra definitiva. O candidato pela terceira vez alcança quase 50% dos votos, segundo a última média de pesquisas; aumentou sua vantagem em até 23% pontos sobre Ricardo Anaya, que teria por volta de 27%. José Antonio Meade teria em torno de 20%. Os olhares se centram agora em ver se o apoio a López Obrador se traduz também num respaldo a seu partido, Morena e sua coalizão com o ultraconservador Encontro Social e o Partido do Trabalho, no Congresso”.

    Acordo da Argentina com o FMI

    CLARIN (20/06): “O FMI aprovou o empréstimo e envia os primeiros 15 bilhões de dólares” (em espanhol)

    “O Diretório Executivo do Fundo Monetário Internacional aprovou formalmente nesta quarta-feira o acordo Stand by para a Argentina, pelo que se liberará o primeiro desembolso por 15 bilhões de dólares do total de 50 bilhões que serão emprestados. O restante será de caráter “precatório”, pelo que poderia ser liberado mais adiante, se as autoridades solicitam”.

    EL PAIS (20/06): “Por trás da vitória feminista na Argentina, a conveniência de Macri“, por Leila Guerriero

    “Esta lei é uma antiga reivindicação de feministas e partidos de esquerda. Todos os Governos democráticos se recusaram a debatê-la no Congresso: radicais, peronistas, kirchneristas. Também o de Macri. Até que neste ano o presidente abriu o caminho para sua tramitação por razões que, presumivelmente, não se relacionam com sua ideologia (diz que não a usa), e sim com motivos complexos: promover um debate de dimensões épicas capaz de ofuscar temas igualmente graves (inflação, pobreza) e se apropriar de uma agenda ainda ignorada por Governos que se disseram progressistas.”

     

    Ex-presidente Rafael Corrêa é indiciado por suposto sequestro de opositor no Equador

    BBC MUNDO (18/06): “A Justiça do Equador vincula o ex-presidente do Equador a um sequestro” (em espanhol) 

    “A Corte Nacional de Justiça do Equador vinculou nesta segunda-feira o ex-presidente, Rafael Correa, ao processo por sequestro do ex-deputado Fernando Balda, um dos mais destacados opositores de sua gestão. A CNJ, a máxima instância judicial do país, aponta Correa como suposto “autor mediato” do sequestro e ordenou que o ex-mandatário se apresente a cada 15 dias em Quito a partir do próximo 2 de julho”.

    Senado canadense legaliza maconha para fins recreativos

    THE GUARDIAN (20/06): “Canadá se torna o segundo país a legalizar o uso de cannabis” (em inglês)

    O Canadá será o segundo país do mundo a legalizar totalmente a maconha, depois que o Senado aprovou uma legislação que abre caminho para que a maconha recreativa seja legalmente comprada e vendida nos próximos dois ou três meses. “Acabamos de testemunhar uma votação muito histórica que encerra 90 anos de proibição”, disse o senador Tony Dean a repórteres na terça-feira após a votação. “Isso encerra 90 anos de criminalização desnecessária e termina com um modelo de proibição que inibia e desencorajava a saúde pública e a saúde da comunidade em favor de abordagens de” apenas digas-não “que simplesmente deixavam os jovens fracassados”.

     

    OMS retira transexualidade de lista de doenças mentais

    CNN (20/06): “OMS deixará de classificar pessoas transgênero como ‘doença mental‘” , (em inglês)

    “A agência de saúde das Nações Unidas anunciou nesta segunda-feira em seu 11º catálogo da Classificação Internacional de Doenças (ICD) que “incongruência de gênero” – termo da organização para pessoas cuja identidade de gênero é diferente do gênero ao nascer – foi retirado do capítulo dos transtornos mentais e introduzido no capítulo de saúde sexual da organização. A mudança será apresentada na Assembléia Mundial da Saúde, o órgão legislativo da OMS, em 2019 e entrará em vigor em 1º de janeiro de 2022. A OMS disse que espera que a mudança melhore a aceitação social entre os transexuais, enquanto ainda disponibiliza importantes recursos de saúde.”

    Eleições na Turquia

    THE INDEPENDENT (22/06): “Enquanto Selahattim Demirtas concorre à presidência de dentro da cadeia, eleitores curdos podem ainda ser cruciais nesta eleição” (em inglês)

    “A decisão de Erdogan em convocar uma eleição-relâmpago parece ter sido uma aposta arriscada a cada dia. Em vez de cumprir o amplo mandato para uma presidência imperial que ele e sua corte esperavam, a votação parece ter galvanizado seus oponentes com um senso de propósito e de impulso, além de incentivá-los a uma cooperação estratégica sem precedentes. Considera-se como um sinal do quão alterado ficou Erdogan ao ter postulado a possibilidade, pela primeira vez, de uma coalizão se sua aliança liderada pelo Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) não consegue uma maioria parlamentar. Esta é uma clara resposta a sua postura anterior de que não só não haveria a necessidade de que seu partido seguisse esse caminho, como que uma coalizão não era permissível sob a constituição do país aprovada pelo referendo do ano passado”.

    Israel pretende prender quem filmar seus soldados

    EL PAIS (18/06): “Israel propõe uma ‘lei-mordaça’ contra os que gravarem a atuação de seus soldados” (em espanhol)

    “O partido ultranacionalista Israel Nosso Lar, dirigido pelo ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, propôs a nova legislação para castigar a quem fotografar ou filmar os soldados com uma pena máxima de cinco anos de prisão, caso se pretenda “desmoralizar os soldados”, que se elevará até 10 anos no caso de que se busque “derrubar a segurança do país”. As mesmas sanções penais recairão sobre quem difundir os conteúdos audiovisuais, seja através das redes sociais seja pelos meios de comunicação”.

     

    Plano de privatizações de Macron

    EL PAIS (18/06): “Macron lança a primeira onda de privatizações em dez anos na França“, (em português)

    “O ritmo para transformar a economia francesa é incessante desde que Emmanuel Macron chegou à presidência, um ano atrás. Agora, recém-aprovada a reforma da companhia ferroviária SNCF, é a vez das privatizações, as maiores em uma década. Não da SNCF, que continuará sendo pública, mas de outras três empresas que, cada uma em seu campo, são de grande valor. A primeira é a Aéroports de Paris (AdP), que inclui os aeroportos da capital, Charles do Gaulle e Orly. As outras são a Française des Jeux (FdJ, de loterias e apostas), e a Engie (gás).”

    Governo xenofóbo na Itália

    THE GUARDIAN (22/06): “Matteo Salvini parece persuasivo – até que demonstra seus punhos racistas“, por Elena Ferrante (em inglês)

    “Salvini, secretário federal da Liga – a parte mais significativa do nosso novo governo – está alinhado com o pior das tradições políticas italianas. Amplamente subestimado, usado pelos produtores de televisão para animar os debates e gerar publicidade, ele se tornou cada vez mais persuasivo, dando a aparência de um homem comum bem-humorado que compreende completamente os problemas das pessoas comuns e no momento certo bate seus punhos xenófobos e racistas. na mesa.”

    REUTERS (21/06): “Novos Césares da Itália superam Donald Trump“, por Rob Cox (em inglês)

    “Imigração: Tanto Trump quanto o novo governo de Roma são enfáticos em seu desejo de coibir migrantes indesejados, e entregues a gestos simbólicos, até mesmo cruéis, para provar isso. Dias em seu mandato, Salvini, cujo ministério supervisiona a imigração, se recusou a permitir que um barco com 600 migrantes atracasse em um porto italiano. Em abril, o governo dos EUA instituiu uma política na fronteira mexicana que levou a que cerca de 2.300 crianças fossem separadas de seus pais.”

    Hungria criminaliza ajuda a imigrantes ilegais

    THE GUARDIAN (20/06): “Hungria passa leis anti-imigrantes “Pare Soros” ” (em inglês)

    “O parlamento da Hungria aprovou uma série de leis que criminalizam qualquer indivíduo ou grupo que se ofereça para ajudar um imigrante clandestino a pedir asilo. A legislação restringe a capacidade de organizações não-governamentais (ONGs) para atuar em casos de asilo e foi aprovada em desafio à União Europeia e a grupos de direitos humanos. Segundo a lei, oficialmente chamada de “Stop Soros”, indivíduos ou grupos que ajudam migrantes ilegais a obter status de permanecer na Hungria estarão sujeitos a penas de prisão.”

    Ministro do Interior ameaça derrubar Merkel

    LE MONDE (21/06): “Crise política na Alemanha: Uma luta à direita contra Merkel” (em francês)

    “Apenas três meses depois de formar um governo, Angela Merkel enfrenta uma crise que está abalando sua coalizão. O seu ministro do Interior, o ultraconservador Horst Seehofer, membro da CSU (União Social Cristã, Baviera), deu à chanceler duas semanas para endurecer a política de migração do país. Se não chegar a um acordo com os seus aliados europeus na cúpula de 28 e 29 de Junho, o Sr. Seehofer pretende fechar as fronteiras alemãs aos refugiados. Hans Stark, especialista na Alemanha contemporânea no Instituto Francês de Relações Internacionais, desvenda para o Le Monde as fontes dessa queda de braço com conseqüências imprevisíveis para a Europa”

    DW (21/06): “Quase metade dos alemães quer renúncia de Merkel, diz sondagem” (em português)

    “Uma sondagem divulgada nesta sexta-feira (22/06) mostrou que quase um de cada dois cidadãos da Alemanha é a favor de que a chanceler federal Angela Merkel renuncie ao cargo. A notícia vem em plena crise de governo no país devido à política migratória, e reforça os temores de que a coalizão em Berlim possa ser rompida. De acordo com a pesquisa representativa, feita pelo instituto demográfico YouGov, 43% dos entrevistados defendem a saída da chefe de governo, enquanto 42% são por sua permanência. Outros 15% não souberam ou não quiseram responder. Entre os eleitores do bloco conservador liderado por Merkel, 63% acreditam que a líder do União Democrata Cristã (CDU) deva concluir seu mandato, enquanto 27% acham que é hora de ela ceder o poder a um sucessor.”

    África e os imigrantes

    XINHUA (22/06): “A África deveria liderar o avanço dos direitos dos refugiados, resolver o movimento forçado” (em inglês)

    “O relatório, que apontou três países africanos que são Burundi, Nigéria e Sudão do Sul como as seis situações prioritárias da Agência de Refúgio da ONU (UNHCR) em todo o mundo, indicou que “instabilidade, abusos dos direitos humanos e / ou conflitos em curso na República Centro-Africana (RCA)”. , a República Democrática do Congo (RDC), a Eritreia, o Mali, a Somália e o Sudão agravaram a situação de deslocados internos e refugiados nesses países e nas suas regiões.” O relatório também indicou que a crise de refugiados e refugiados internos da África se estenderá desde a bacia do Lago Chade, passando pela região dos Grandes Lagos até o Chifre da África, onde a África Subsaariana abriga cerca de 6,3 milhões de refugiados, um terço do mundo. população refugiada.”

    DEBATES E ARTIGOS DA ESQUERDA INTERNACIONAL

    Crise humanitária nos EUA

    PSOL (20/06): “Nenhum ser humano é ilegal! Parar a política monstruosa de Trump!”

    “Precisamos acabar imediatamente com esses modernos campos de concentração. Existem 49 crianças brasileiras, algumas inclusive com complexas condições de saúde, com autismo e epilepsia, na situação de encarceramento nos centros de detenção. Exigimos medidas imediatas do Itamaraty. Não é possível que o governo brasileiro receba normalmente o vice-presidente estadunidense Mike Pence no final deste mês, como se nada estivesse ocorrendo nos EUA. O Brasil se apequena perante o continente quando vê seus filhos serem tratados como pessoas de terceira classe nos EUA e não se posiciona concretamente. Exigimos o fim da política de anti-imigrantes do governo americano! E reafirmamos a necessidade do Brasil defender seus emigrados e receber bem imigrantes das diferentes partes do mundo. O PSOL e sua bancada parlamentar na Câmara dos Deputados tomarão todas as medidas cabíveis para denunciar essa situação ultrajante. É preciso dar um basta e parar a política monstruosa de Trump!”

    JACOBIN MAGAZINE (21/06): “As raízes da barbárie imigratória de Trump”, por Daniel Denvir

    “A análise correta da campanha de separação de crianças por Trump é emblemática de uma agulha analítica e retórica maior que a esquerda luta por enfatizar: assinalando que as terríveis políticas de Trump são frequentemente muito normais e arraigadas em normas bipartidárias estabelecidas há muito tempo, enquanto também reconhece e condena o fato de que está levando essas normas a extremos perigosos. As políticas normais evoluem de forma pior quando o faz um monstro descaradamente racista como Trump”.

    Crise imigratória na Europa

     

    VIENTO SUR (22/06): “A guerra da Itália contra os imigrantes me faz temer pelo futuro do meu país“, por Roberto Saviano (em espanhol)

    “A triste verdade é que este governo tem muitos seguidores e é popular porque identifica bem seus objetivos: as categorias de pessoas sobre quem descarregar suas frustrações, os inimigos a quem atacar. Assim são as coisas, goste ou não os italianos. Mas a grande quantidade de italianos que sofrem e estão enfurecidos não vai melhorar sua situação se mobilizar contra os imigrantes. Ao contrário, nos países nos quais se asseguram direitos para todos, inclusive para as minorias, toda a comunidade desfruta dos benefícios. Levou décadas para as comunidades integrarem, mas em muito pouco tempo tudo pode colapsar como um castelo de areia, destruído pelo nacionalismo que converte todo mundo em inimigos”.

    REBELION (20/06): “Nossa Antígona“, por Santiago Alba Rico (em espanhol)

    “Nossos Polinices e Palinuros, africanos ou asiáticos, morrem afogados longe de casa. Nossas Antígonas, de todas as nações, reclamam o direito dos vivos e dos mortos a um corpo e a uma pólis. Nossos Creontes, europeus ou aliados, impedem seu salvamento ou perseguem os socorristas. Este conflito entre vivos e mortos cobre na realidade todos os outros conflitos: entre cuidadores e descuidados, entre jovens bárbaros e gregos senis, entre indivíduos aventureiros e sociedades fossilizadas, entre o império da lei universa e a servidão aos interesses e temores particulares. Também – como não – o conflito “histórico” entre pobres e ricos. Desde a II Guerra Mundial nunca havia existido, não, tanto cadáveres insepultos na Europa. Esse é o estado do mundo. Esse é o estado de nossa civilização. Os fantasmas sempre regressam”.

    Eleições na Colômbia

    PORTAL DA ESQUERDA EM MOVIMENTO (19/06): “Breves comentários sobre as eleições na Colômbia: por que ganhou Duque?“, por Israel Dutra e Pedro Fuentes (em português)

    “A vitória de Duque não pode distorcer o avanço histórico de uma esquerda, mesmo moderada, capaz de provocar uma ampliação do debate entre o social e político. A Colômbia transformada num enclave do DEA, porta-aviões sul-americano dos Estados Unidos encontra-se em vias de ser questionada. Um novo governo conservador será obrigado a implantar um plano de guerra contra o povo, ressoando uma maior polarização. Novas lutas sociais se avizinham. Se não hoje, amanhã. Os tempos estão mudando. Em todo continente.”

    REBELION (20/06): “A vitória pírrica da oligarquia“, por Carlos Meneses Reyes  (em espanhol)

    “Louvável o discurso de reconhecimento institucional do candidato Petro. Já não é o caudilho presidenciável, agora se erige no Dirigente do seu povo. Sobre o eleito Duque, quem terá de se afastar de seus comilões da camarilha corrupta tradicional, para alcançar um mínimo respeito dos governados. Eleito ou escolhido por sinistro personagem, resultou eleito em toda a acepção irregular do verbo. 8 milhões de votos de imperiosa potencialidade de atividade política nas ruas serão sua prova de fogo nos chamados primeiro cem dias de seu governo. Anunciou a Segurança para os colombianos, mas no imaginário popular significa a segurança aos latifundiários e exploradores de todas as plumagens, para continuar desfrutando dos privilégios no segundo pais mais desigual do planeta”

    Eleições no México

    REBELION (18/06): “Triunfa AMLO e o que segue“, por Pedro Echeverría (em espanhol)

    “Se a esquerda e centro/esquerda não forem capazes de organizar um forte movimento de massas nas ruas e centros de trabalho para batalhar pelas demandas necessárias e defender o que o povo tem, López Obrador e seu partido Morena serão facilmente engolidos, tragados sem por muita resistência, pelos grandes empresários e pelo império. López Obrado, nestas últimas semanas de campanha afrouxou, deu passos atrás frente ao acosso empresarial. Aprovo-o porque são os últimos passos para ganhar a Presidência; mas se depois segue fazendo concessões à classe dominante para ganhar “sua boa vontade”, então se acabaram as “chances”. Em vez de chorar é preciso continuar as mil batalhas ainda que outros muitos já cansados prefiram e decidam descer do trem”.

    PRT (20/06): “A crise do regime e as eleições de 2018” (em espanhol)

    “O atual processo eleitoral nos é apresentado como um momento de reacomodação política no México. Não é que o processo eleitoral e suas campanhas provocaram a crise. É que o processo eleitoral ocorre num ponto culminante, de acumulação de agravos, da crise do regime político todo e de suas instituições político-eleitorais, incluindo os partidos institucionais. A divisão da burguesia como consequência da crise de 2008 e as mudanças econômicas globais finalmente explodem numa ruptura na oligarquia. Por outro lado as constantes mobilizações, protestos e resistências populares que embora não tenham conseguido reverter as reformas neoliberais estenderam o descrédito e a ilegitimidade do atual poder. A conjunção de tudo isso dá como resultado a crise do regime político que rompeu as bases do regime surgido do giro histórico que significou o pacto PRI-PAN, simbolizado pela aliança Salinas de Gortari-Fernández de Cevallos de 1988.”

    Greve Geral na Argentina

    PSOL (22/06): “Argentina a caminho da greve geral”, por Israel Dutra (em português)

    “Os desdobramentos da crise cambial levam a inflação a corroer os salários. E essa contradição tem se desenvolvido, como já dito, a partir da vitória dos professores de Neuquen, recolocando para o movimento operário a possibilidade de ir além dos 15% negociados anteriormente. O próprio governo já acenou com a possibilidade do índice chegar perto de 20% de reposição, o que foi rechaçado, uma vez que a inflação do ano pode ficar na casa dos 30%. Um dos sindicatos mais fortes, apesar de sua condução burocrática, o dos caminhoneiros, conseguiu um acordo de 25%, após paralisar na semana passada e ameaçar a ir a uma greve de três dias. Várias categorias lutam neste momento.”

    PROJECT SYNDICATE (21/06): “As raízes da surpreendente crise econômica argentina“, por Joseph Stiglitz e Martín Guzmán (em espanhol)

    “Quando Mauricio Macri assumiu sua presidência, Argentina tinha conflitos macro-econômicos para resolver. Apesar dos mercados aplaudirem suas primeiras medidas tendentes à liberalização, os investimentos anunciados nunca chegaram ao país. Finalmente, se produziu uma crise cambial. Agora, Argentina retorna ao Fundo Monetário Internacional. No entanto, as políticas que está adotando poderiam não levar ao desenlace esperado pelo governo.”

  • Observatório Internacional, de 10 a 16 de junho de 2018

    Observatório Internacional, de 10 a 16 de junho de 2018

    Nesta edição do Clipping Semanal do Observatório Internacional da Fundação Campos, nossos leitores poderão acompanhar artigos que interpretam quem venceu e quem saiu perdendo do encontro histórico entre os líderes dos EUA e da Coreia do Norte, além da fracassada reunião do G-7 no Canadá. Além disso, é impossível deixar de registrar a magnífica vitória das mulheres argentinas que encheram as ruas do país numa maré de lenços verdes até que o Congresso Nacional aprovasse o projeto de lei que descriminaliza o aborto.

    Outros acontecimentos que chamaram as atenções do mundo foram: a greve geral na Nicarágua contra Daniel Ortega, a violência na campanha eleitoral da Colômbia, os últimos dias do segundo turno na Colômbia entre Duque e Petro, a reformulação ministerial de Maduro na Venezuela, os dissensos no interior da União Europeia a respeito das políticas migratórias, a oferta de apoio do Podemos ao PSOE com base em 20 condicionantes, a decisão do Tribunal Constitucional alemão que proíbe a greve de professores da rede pública de ensino, a resolução da ONU que condena o massacre que Israel vem intensificando em Gaza neste ano, a ofensiva saudita no Iêmen, o recrudescimento do sentimento anti-chinês no Vietnã e a proposta de aumento da idade da aposentadoria por Putin no dia da abertura do Mundial de Futebol.

    Na segunda parte deste trabalho, trazemos explicações das mulheres argentinas para sua monumental vitória pela direito a suas próprias vidas, os diferentes pontos de vista dos analistas internacionais de esquerda sobre as recente manobras geopolíticas de Trump, os rumos da rebelião nicaraguense e o panorama político colombiano às vésperas do domingo que decidirá o próximo presidente do país.

    A todos uma excelente leitura!

    Charles Rosa – Observatório Internacional (16/06/18)

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    NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

    Encontro entre Trump e Kim

    THE GUARDIAN (12/06): “Trump realmente conseguiu um avanço histórico – para a dinastia Kim“, por Jonathan Freedland (em inglês)

    “Assim, Kim deixa Cingapura, tendo conquistado grande parte da legitimidade internacional que a ditadura da dinastia vem buscando há décadas. Mas os presentes de Trump não terminaram aí. Ele também anunciou o fim dos exercícios militares dos EUA na península coreana – os “jogos de guerra” que ele disse serem caros e, usando a linguagem que Pyongyang poderia ter usado, “muito provocativos”. Trump também sugeriu uma eventual retirada das 28 mil tropas dos EUA estacionadas na península coreana.”

    NY TIMES (14/06): “Trump foi passado para trás em Cingapura“, por Nicholas Kristof (em inglês)

    “O aspecto mais notável da declaração conjunta foi o que não continha. Não havia nada sobre os programas congelantes de plutônio e urânio da Coréia do Norte, nada sobre a destruição de mísseis balísticos intercontinentais, nada sobre permitir que os inspetores retornassem às instalações nucleares, nada sobre a Coreia do Norte fazer uma declaração completa de seu programa nuclear, nada sobre um cronograma, nada sobre verificação. , nem mesmo qualquer compromisso claro de suspender permanentemente o teste de armas nucleares ou mísseis de longo alcance.”

    WASHINGTON POST (12/06): “O maior vencedor do encontro entre Trump e Kim foi a China“, por Josh Rogin (em inglês)

    “A fé cega na sinceridade de um ditador norte-coreano não é uma base válida para acabar com a postura estratégica dos EUA na Ásia, questionando as relações de aliança e elevando a pressão sobre a Coréia do Norte. Se o objetivo estratégico de Pequim é enfraquecer a posição dos Estados Unidos em sua região, Trump fez um bom trabalho por eles.”

    Fiasco da reunião do G-7

    THE GUARDIAN (10/06): “Trump e o G-7: um divisor de águas“, editorial do Guardian (inglês)

    “O fracasso da reunião do G7 em Charlevoix, Quebec, marca um divisor de águas para as democracias do século XXI. É o momento em que a interrupção da ordem internacional por Donald Trump passou de uma ameaça irritante para uma realidade danosa. Trump foi para Quebec apenas sob protesto. Ele não fez nenhum esforço para comprometer sua guerra tarifária. Ele chegou atrasado para reuniões, repreendeu os outros líderes e saiu mais cedo. Ele esnobou o comunicado final. Ele twittou insultos a seus anfitriões canadenses de seu avião quando ele partiu. No momento em que sua cúpula norte-coreana termina no final desta semana, o Sr. Trump pode estar mais perto de um entendimento com outro ditador autoritário do que com os aliados democráticos da América.”

    EL PAÍS (13/06): “Trump surfa na onda nacionalista dos Estados Unidos“, por Oliver Stuenkel (em português)

    “Só que Trump, ao agir dessa forma, não está apenas expressando suas próprias convicções. Ele está traduzindo em ação o Zeitgeist presente nos EUA já há algum tempo. Em vista do viés nacionalista de significativa parcela da população dos Estados Unidos, parece altamente improvável que qualquer futuro ocupante da Casa Branca, durante a próxima década, possa adotar uma agenda pró-livre comércio tão entusiasticamente como os antecessores de Trump. Com os Estados Unidos cada vez mais de olho no próprio umbigo, caberá a outros atores globais – como a União Europeia, a China, o grupo BRICS e nações latino-americanas – garantir que a globalização continue sem o país que um dia foi seu maior defensor.”

    IPOLITICS (11/06): “Somente um vencedor na cúpula do G-7. Seu nome é Putin“, por L. Ian MacDonald (em inglês)

    “O homem de Vlad nem sequer tem que levantar um dedo, ele tem Trump fazendo todo o seu trabalho sujo para ele. No fim de semana, Putin enviou a Trump uma mensagem de que está disposto a encontrá-lo sempre que os EUA estiverem prontos. Trump se tornou o facilitador de Putin, absorvendo um ditador.”

    Tsunami feminista conquista lei do aborto no Parlamento argentino

    CNN (14/06): “O fenômeno da maré verde na Argentina” (em espanhol)

    “Novamente, o feminismo demonstra que as reivindicações das mulheres atravessam todos os partidos, rompendo esquemas e formando coalizões impensadas em outros temas. Isso se viu claramente na Câmara de Deputados da Argentina com a aprovação da lei, enquanto fora do recinto dezenas de milhares de lenços verdes flamejavam ao vento. Agora, a onda de lenços verdes rodeará o Senado para que sancione a lei de maneira definitiva. Só que esta onda está se tornando um verdadeiro tsunami”.

    Eleições na Colômbia

    BBC MUNDO (15/06): “Eleições na Colômbia: 3 diferenças irreconciliáveis entre Iván Duque e Gustavo Petro (e 1 aspecto que os une)” (em espanhol)

    “Podem estar nas antípodas ideológicas, mas os especialistas encontram um ponto em comum entre Iván Duque e Gustavo Petro que seria o segredo de seu êxito. Os dois tiraram proveito do desencanto existente na Colômbia com a política tradicional. O cientista política destaca que o uso discursivo de ambos nas concentrações populares e nas redes sociais é muito similar”.

    Greve Geral contra Ortega na Nicarágua

    BBC (15/06): “Manifestantes da Nicarágua realizam greve nacional com confrontos” (em inglês)

    “Uma greve geral de 24 horas deixou boa parte da Nicarágua paralisada, já que militantes contrários ao governo exigem a renúncia do presidente Daniel Ortega. Ruas foram abandonadas e empresas fecharam na capital, Manágua, mas protestos violentos ocorreram em outras cidades. Relatórios dizem que pelo menos três pessoas morreram na quinta-feira, elevando o total de mortos em oito semanas de confrontos para cerca de 160. Novas negociações para acabar com o impasse devem acontecer na sexta-feira. Os protestos começaram em 19 de abril, depois que o governo impôs cortes nos programas de pensão e previdência social. Os cortes foram posteriormente cancelados, mas os protestos evoluíram para uma rejeição ao governo de Ortega e milhares de pessoas já foram às ruas.”

    Violência nas eleições mexicanas

    SEMANA (13/06): “A morte ronda as eleições“, (em espanhol)

    “O assassinato de Rosely Magaña completa 113 políticos eliminados no meio da campanha que terminará no próximo 1 de julho com as eleições presidenciais. Mais de 100 aspirantes receberam ameaças e em várias regiões a justiça começa a chegar por conta dos próprios cidadãos. Uma democracia com cuidados intensivos”.

    Empossado gabinete ministerial de Maduro com maioria feminina

    DW (13/06): “Presidente Nicolas Maduro substitui vice-presidente e promete “novo começo” ” (em inglês)

    “A reorganização do gabinete não viu muitos rostos novos, mas principalmente representou uma reorganização do círculo interno do presidente. O atual vice-presidente da Venezuela, Tareck El Aissami, assumirá a liderança de um novo departamento, o Ministério da Indústria e Produção Nacional, onde se tornará o principal assessor de política econômica de Maduro. Maduro anunciou a promoção de Rodriguez no Twitter, chamando-a de “irmã” e “jovem corajosa” que foi “testada em mil batalhas”. Maduro disse que Rodriguez seria encarregado de supervisionar “o diálogo nacional, a reconciliação e a paz”.”

    Questão imigratória contrapõe França e Itália

    THE GUARDIAN (13/06): “Linha da UE para imigração se desvanece enquanto França e Itália trocam insultos

    “A França e a Itália trocaram insultos, as divergências aumentaram na coalizão dominante da Alemanha e a Áustria pediu um “eixo de disposição” para agir, como uma discussão sobre como a Europa deveria lidar com a migração irregular que finalmente transbordou. Rejeitando a crítica francesa de suas políticas de imigração, a Itália convocou o embaixador francês na quarta-feira e cancelou uma reunião planejada entre o ministro da economia italiano e seu colega em Paris.”

    Corte alemã proíbe professores de fazerem greve

    DW (13/06): “Professores alemães não podem fazer greve, decide Tribunal Constitucional” (em inglês)

    “Professores que estão empregados como funcionários públicos não teriam permissão para fazer greve, o Tribunal Constitucional da Alemanha decidiu na terça-feira, recusando um empurrão para suavizar a proibição de greve aos trabalhadores do setor público. A decisão ocorre depois que quatro professores alemães participaram de greves e protestos durante suas horas de trabalho e sofreram medidas disciplinares por causa disso. As regulamentações que regem os serviços do setor público na Alemanha proíbem os servidores públicos de greve. De cerca de 800.000 professores na Alemanha, cerca de três quartos estão empregados em contratos de funcionários públicos.”

    Pablo Iglesias propõe acordo de governo a Pedro Sánchez na Espanha

    ABC (15/06): “Iglesias oferece a Sánchez ser seu sócio de governo e propõe 20 medidas para um acordo de legislatura” (em espanhol)

    “Os gestos de Pablo Iglesias a Pedro Sánchez nas últimas semanas se materializaram: o líder do Podemos propõe oficialmente ao presidente ser seu sócio de governo. Porém, adverte, esta oferta de apoio não é, em nenhum caso, como a da moção de censura, ou seja, sem condições, mas que a formação traz debaixo do braço um acordo de legislatura com 20 medidas que o Executivo e o PSOE deverão negociar e cuja aprovação (ou ao menos o apoio dos socialistas) será crucial para manter um Governo que atualmente se sustenta em minoria parlamentar com 84 deputados”.

    Resolução da ONU condena Israel por massacre em Gaza

    PÚBLICO.PT (13/06): “ONU condena força excessiva de Israel e pede a Guterres mecanismo de proteção para Palestina” (em português)

    “A Assembleia Geral das Nações Unidas condenou Israel pelo uso excessivo de força contra civis palestinianos e pediu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que recomende um “mecanismo internacional de proteção” dos territórios da Palestina ocupados por Israel. PUB A resolução foi aprovada na quarta-feira com 120 votos a favor, oito contra e 45 abstenções, tendo sido apresentada por iniciativa da Argélia, da Turquia e da representação da Palestina, depois de os EUA terem vetado, em Maio, uma proposta para investigar as mortes em Gaza e, em Junho, um texto semelhante no Conselho de Segurança, em que estão representados 15 países.”

    Forças sauditas iniciam mais uma ofensiva no Iêmen

    THE GUARDIAN (13/06): “Coalizão liderada pela Arábia Saudita inicia batalha por porto vital” (em inglês)

    “A coalizão liderada pela Arábia Saudita no Iêmen lançou um ataque total contra o porto de Hodeidah, controlado pelos rebeldes, em um movimento que os líderes da coalizão afirmaram que poderia ser concluído dentro de uma semana. Sulaiman Almazroui, embaixador do Reino Unido nos Emirados Árabes Unidos, disse que o porto do Mar Vermelho poderia ser capturado sem interromper as linhas vitais de suprimentos humanitários ou colocar em risco as vidas de mais de 600 mil pessoas que vivem na cidade e nas áreas vizinhas.”

    Protestos contra a China no Vietnã

    SCMP (13/06): “Os protestos anti-China no Vietnã devem agravar as tensões com Pequim” (em inglês)

    “O pior surto de sentimento anti-chinês do Vietnã em anos pode prejudicar as já conturbadas relações com o poderoso vizinho do país, enquanto o governo tenta conter os protestos em todo o país. Cerca de 100 pessoas foram presas até agora, mas na quarta-feira centenas de manifestantes novamente se reuniram no Parque Industrial Tan Huong, na província de Tien Giang, no sul do país, segurando faixas com slogans como “Eu amo a pátria”. nossa terra”. Vídeos postados nas redes sociais mostraram centenas de trabalhadores enfrentando a polícia nos portões da fábrica e marchando pelas ruas.”

    Em dia de abertura da Copa, Putin propõe elevar a idade de aposentadoria dos russos

    THE TELEGRAPH (15/06): “Vladimir Putin acusado de usar a Copa do Mundo para eclipsar más notícias depois de propor aumento na idade de aposentadoria na noite de abertura” (em inglês)

    “O governo de Vladimir Putin foi criticado por usar a Copa do Mundo para enterrar as más notícias depois que anunciou o aumento da idade de aposentadoria após a primeira vitória da Rússia no torneio. O anúncio, que veio imediatamente após a vitória de 5 a 0 da Rússia sobre a Arábia Saudita na noite de quinta-feira, deve se mostrar amplamente impopular entre o público russo, que as pesquisas de opinião mostram que se opõem a ajustes no welfare state. Dmitry Medvedev, o primeiro-ministro, disse que os ajustes propostos para a lei verão a idade de aposentadoria para os homens aumentados de 60 para 65 anos e para mulheres de 55 para 63 anos.”

    ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL

    Imensa vitória das mulheres na Argentina

    AIRE DE SANTA FÉ (14/06): “Dora Barrancos: a meia sanção responde à legitimidade social do aborto“, entrevista com a historiadora Dora Barrancos (em espanhol)

    “A sociedade se mobilizou e mudou, e isso fez seus que seus representantes tenham que pensar de outro modo. A mudança de posições antes vertebradas por princípios religiosos foi possível graças à evidência de que essa demanda de direitos responde à legitimidade social que tem o aborto, que contrasta amplamente com a penalização que sustenta atualmente a legislação”.

    MST (15/06): “Aborto legal: a vitória de uma maré que segue“, por Juntas y a la Izquierda (em espanhol)

    “Como é possível que tendo um Papa argentino e um governo nacional claramente de direita como é o de Mauricio Macri, na Argentina tenhamos conseguido semelhante vitória? A resposta não tem segredos demasiados: se o lenço verde da Campanha Nacional pelo Direito ao aborto se fez tão massivo tão rapidamente é porque a onda feminista tem força e chegou para ficar, sobretudo nas mãos das jovens”.

    Fracasso do G-7

    I. WALLERSTEIN (15/06): “O G-7: uma morte para celebrar” (em inglês)

    “O G-7 está para todos os efeitos finalizado. Mas devemos lamentar isso? A luta pelo poder entre os Estados Unidos e os outros era basicamente uma luta pela primazia em oprimir o resto das nações do mundo. Esses poderes menores seriam melhores se o modo europeu de fazer isso vencesse? Será que um pequeno animal se importa com qual elefante pisoteia? Eu acho que não. Todos saúdam Charlevoix! Trump pode ter nos feito todo o favor de destruir esse último grande remanescente da era da dominação ocidental do sistema mundial. É claro que o fim do G-7 não significará que a luta por um mundo melhor acabou. De modo nenhum. Aqueles que apoiam um sistema de exploração e hierarquia simplesmente procurarão outras formas de fazê-lo.”

    RT (12/06): “UE deve criar uma nova ordem mundial para impedir Donald Trump“, por Slavoj Zizek (em inglês)

    “As decisões impulsivas de Trump, como a sua recusa em endossar a declaração do G7 acordada em Quebec, não são apenas expressões de suas peculiaridades pessoais. Em vez disso, são reações ao fim de uma era no sistema econômico global, reações essas que são sustentadas por uma compreensão incorreta do que está acontecendo. No entanto, a visão equivocada de Trump é, no entanto, baseada na percepção correta de que o sistema global existente não funciona mais.”

    REBELION.ORG (16/06): “Se Trump quer arrebentar a ordem mundial, quem poderá detê-lo?“, por Yanis Varoufakis (em espanhol)

    “Trump observa esta situação e conclui que, se os Estados Unidos já não podem estabilizar os sistema capitalista global, da mesma forma pode descarregar-se de todos os convênios multilaterais atuais e começar do zero com uma nova ordem que se assemelhe a uma roda, com os Estados Unidos no centro e todas as outras potências no raio, uma disposição de acordos bilaterais que assegure aos Estados Unidos ser sempre o sócio mais forte e assim poder se beneficiar da tática do ‘divide e vencerás’”.

    Encontro de Trump e Kim Jong-Un

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    ESQUERDA.NET (15/06): “Trump ganha sempre“, por Francisco Louçã (em português)

    “Trump arrisca muito no plano interno, embora esteja a despejar dinheiro para os ricos (um generoso sistema fiscal) e para os pobres (nota-se menos, mas ampliou alguns programas sociais com impacto), só porque juntou uma coligação de aventesmas e esses são os seus candidatos no outono deste ano. Mas arrisca pouco no plano internacional. Aí ganhou tudo até agora: rompeu o acordo com o Irão e Merkel prometeu resistir, mas as empresas europeias já fugiram, a começar pelas que tinham os maiores contratos, a Total e a Airbus; entrou em choque no G7 com todos os outros e Macron, que tinha apostado tudo nos abraços da Casa Branca, veio ufano espanejar um G6 sem os EUA, o que é pura fantasia; mudou a sua embaixada para Jerusalém e deu luz verde a Netanyahu para disparar, e assim ficamos.”

    CTXT (13/06): “Amar em tempos revoltos“, por Rafael Poch (em espanhol)

    “Trump quer repetir a jogada de Kissinger/Nixon dos setenta mas invertendo as peças: se então o objetivo era ganhar a China contra a URSS, agora se trata de ganhar a Rússia contra a China. Será preciso ver como ficará isso, mas de momento, está resultando numa considerável histeria fomentada pelos adversários desta mudança de inimigo principal. Até agora a ameaça da Coreia do Norte foi um recurso central para justificar o desenvolvimento militar dos Estados Unidos contra a China em sua região. Quer Trump mudar a aposta integrando a Coreia do Norte num esquema hostil contra a China? Em qualquer caso, os coreanos, do norte e do sul, aproveita a mudança de música para praticar seu próprio jogo no ritmo de uma distensão intercoreana que mais dia ou menos dia acabará com a reunificação de uma das nações mais antigas do mundo.”

     

    Eleições na Colômbia

    VIENTO SUR (15/06): “Entre o partido da Paz e o Partido da Guerra“, por John Freddy Gómez e Camila Andrea Galindo, (em espanhol)

    “Estas foram, e serão, semanas o povo colombiano somos testemunhas de como vão se conformando dois blocos com vistas ao segundo turno: da parte dos que apoiam Duque, os partidos tradicionais – na realidade algumas de suas frações – os representantes da corrupção e as violações sistemáticas de direitos humanos e sociais; e, os que se uniram em torno da construção da plataforma da Colômbia Humana, que atenderam ao clamor do povo e superaram inclusive suas mais profundas críticas em prol de uma construção conjunta de uma transformação do país e de sua sociedade. Esperamos que em 17 de junho, no final da tarde, se evidencie o poder do povo sobre esse bloco de poder dominante, que sejamos os oprimidos, explorados e as comunidades em defesa de seu território os que nos vejamos representados no novo governo eleito.”

    Rebelião na Nicarágua

    ESQUERDA.NET (14/06): “O povo nicaraguense não mudou, a Frente Sandinista sim“, por Henrique Carneiro (em português)

    “Já passam de 130 os mortos, a enorme maioria abatida pela repressão governamental. Assim como me emocionei quando adolescente, pela luta do povo nicaraguense que conseguiu derrubar uma ditadura, me comovo novamente pelo levante atual. O povo nicaraguense não mudou e continua o mesmo: combativo e solidário. O sandinismo mudou muito e se tornou um orteguismo. Eu espero não ter mudado no essencial e continuo ao lado dos povos e contra os governos assassinos.”

    PORTAL DA ESQUERDA (15/06): “Um programa alternativo para democratizar a Nicarágua em benefício dos trabalhadores, estudantes e setores populares“, por PSOCA (em espanhol) 

    “Enquanto os estudantes e setores populares lutam nas ruas, os empresários do COESP conspiram para evitar o triunfo de uma nova revolução, como a que ocorreu em 1979, com a diferença que no atual processo revolucionário não há uma organização guerrilheira que a dirija”.