Canadá, Dinamarca e Panamá: estes são os três países-alvos da retórica expansionista de Donald Trump, que ameaça anexar o Canadá, a Groenlândia e retomar o controle do Canal do Panamá.
Entre os três países, aquele que aparenta mais fragilidade é o Panamá. Entretanto, justamente nesse país centro-americano, um enorme processo de luta está em curso, colocando em xeque o governo local e sua submissão ao imperialismo estadunidense.
A história está cheia de exemplos de revoltas sociais que acontecem a partir dos “elos mais fracos” do sistema capitalista. Quando esses levantes acontecem, a classe operária e os movimentos populares dos países subjugados mostram ao mundo o seu verdadeiro poder.
Os professores panamenhos estão em greve há dois meses. Na esteira deles, trabalhadores da construção civil, enfermeiros, bananeiros e estudantes paralisaram suas atividades. Indígenas e camponeses também estão em luta.
O governo conservador de José Raúl Mulino é questionado em torno de três eixos: i) A reforma da previdência aprovada em março, que destroi o sistema público de seguridade e corta benefícios; ii) A tentativa de reabrir uma mina de cobre no país; e iii) Os memorandos de acordo com o governo Trump, que representam uma capitulação do governo local aos Estados Unidos.
O Canal do Panamá é o eixo da economia do país e foi controlado pelos Estados Unidos entre 1914 e 1999. Décadas de luta foram necessárias para garantir a soberania nacional e estabelecer o controle panamenho sobre o Canal, por onde passam 5% do comércio marítimo do mundo e 40% do tráfego de contêineres dos EUA. Após as ameaças de Trump, o governo de Mulino capitulou para várias exigências, incluindo retirar o país do projeto da Rota da Seda chinesa, permitir a reinstalação de bases militares estadunidenses e compensar financeiramente os Estados Unidos de diferentes formas.
Essa submissão ao imperialismo ianque está revoltando a população panamenha, que já protagonizou fortes lutas há menos de dois anos, em 2023. O governo Mulino responde às mobilizações com repressão, gerando um cenário explosivo.
Segundo Antônio Neto, militante do PSOL que viajou ao Panamá recentemente para prestar solidariedade à luta: “O povo panamenho tem demonstrado sua força e há semanas está nas ruas do país, manifestando-se contra o protocolo de entendimento firmado entre Raúl Mulino e Donald Trump. Todo o país está mobilizado contra a entrega do Canal do Panamá aos Estados Unidos, contra a reforma da previdência do governo Mulino e contra a possibilidade de reabertura da mina da Fisch Quantum, que é uma mineração a céu aberto, que contamina o solo, o meio ambiente, o subsolo, rios e lagos do Panamá.”
Se Donald Trump e o imperialismo estadunidense representam uma ameaça global, hoje a esperança mundial de resistência e luta está no Panamá. Portanto, é dever de todas as organizações de classe e partidos socialistas do mundo manifestar solidariedade a essa luta.