Andrea Caldas, Militante do Fortalecer o PSOL, Professora e pesquisadora de Políticas Educacionais – UFPR
A última pesquisa divulgada, recentemente, sobre o cenário eleitoral e a aprovação do governo permite atualizar aquela análise, a partir dos dados abaixo destacados.
PESQUISA ELEITORAL
No levantamento realizado de forma espontânea, 49% dos entrevistados afirmam estarem indecisos, 6 pontos percentuais a menos do que o índice registrado na última pesquisa, feita em outubro.
Lula aparece com 29% das intenções de voto, 7 pontos percentuais a mais do que alcançado no levantamento anterior. Em seguida, aparece Jair Bolsonaro com 16%, queda de 1 ponto percentual em relação à pesquisa passada.
Entre outubro e novembro, a preferência do eleitor em Lula passou de 42% para 46%. Já a torcida para que Bolsonaro vença, baixou de 23% para 22% no mesmo período. O percentual de eleitores que não votariam nem em Lula nem em Bolsonaro, por sua vez, encolheu de 29% para 25% na mesma base de comparação.
Brancos, nulos ou eleitores que não pretendem votar, somam 4%, o mesmo resultado de outubro; 2% disseram que devem escolher outros candidatos, 1 ponto percentual a mais em relação à pesquisa anterior, e 1% declarou que votaria em Ciro Gomes, mesmo resultado observado em outubro. (Pesquisa Genial/Qaest- entre 3 e 6 de novembro)
Se olharmos para os números das eleições de 2018, veremos que o percentual de votos brancos e nulos foi mais elevado do que perspectivado na pesquisa acima citada, o que parece demonstrar uma polarização mais acentuada, nos dias de hoje.
O resultado projetado de Lula já é maior – um ano antes da eleição- do que o conquistado por Haddad em 2018.
Resultado das eleições de 2018:
Bolsonaro; 55, 13%
Haddad: 44,87%
Brancos e nulos: 9,57%
Analisando os resultados do primeiro turno de 2018, bem como as projeções da pesquisa atual, veremos que a tão propalada saída ao centro ou terceira via sempre foi uma lenda. Nem em 2018, os candidatos(as) de fora da “polarização” se destacavam, nem hoje parecem decolar. Resultados do primeiro turno em 2018:
Bolsonaro: 46%
Haddad: 29, 28%
Ciro: 12,47%
Alckmin: 4,76%
Amoedo: 2.50%
Daciolo: 1.26%
Meirelles:1,20%
Marina Silva: 1%
Alvaro Dias: 0,80%
Boulos: 0,58%
Vera: 0,05%
Eymael: 0.04%
Joao Goulart Filho: 0,03%
Brancos e nulos: 8,79%
Projeções para 2020
A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (10) mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 48% das intenções de voto para as eleições presidenciais de 2022, contra 21% do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Neste cenário, eles são seguidos pelo ex-ministro Sergio Moro – que se filiou ao Podemos nesta quinta –, com 8%; pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 6%; pelo governador de São Paulo, João Dória (PSDB), com 2%; e pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), com 1%. Felipe d’Avila (Novo) não pontuou. Os votos brancos e nulos somaram 10%, e 4% dos eleitores se declararam indecisos. (CNN/Brasil)
É óbvio que estamos falando de uma projeção com um ano de anterioridade e que o número de indecisos, no levantamento espontâneo, é expressivo. Mas, as tendências de consolidação de Lula na liderança, de derretimento de Bolsonaro e das dificuldades (para ser generosa) da tal da terceira via colar não podem ser desconsideradas.
SOBRE A APROVAÇÃO DO (DES)GOVERNO
Segundo os dados da pesquisa Genial/Qaest, ‘a aprovação do governo Jair Bolsonaro (sem partido) atingiu o pior momento no ano. De acordo com o levantamento, 69% dos entrevistados acham que Bolsonaro não merece mais quatro anos de governo, em sintonia com a piora das perspectivas em relação à economia, uma vez que para 73% dos entrevistados houve piora na situação econômica.’
“O levantamento constatou que Bolsonaro vem perdendo popularidade inclusive entre quem votou nele em 2018. Até agosto, 52% de seus eleitores avaliavam o atual governo como positivo, contra 15% que consideravam negativo. Agora, esses índices são 39% e 28%, respectivamente. Na primeira edição da sondagem, em julho, os percentuais de eleitores que consideraram o governo Bolsonaro negativo era de 45% e positivo, 26%. Como o avanço da vacinação, a pandemia deixou de ser o principal problema do país desde setembro, conforme os dados da pesquisa. Enquanto isso, a economia disparou com o maior percentual de respostas sobre a maior preocupação dos brasileiros, chegando a 48%, em novembro, no agregado. Entre os principais problemas econômicos, o crescimento econômico, o desemprego e a inflação foram os mais lembrados. Já o maior problema social do país para os entrevistados foram a fome e a miséria.”
Bolsonaro lidera a lista dos candidatos com maior rejeição entre os eleitores que afirmam que não votariam (67%). Na sequência, Sergio Moro (61%), João Dória (58%), Ciro Gomes (58%) e Lula (39%), Rodrigo Pacheco (36%), Eduardo Leite (29%) e Felipe DÁvila (20%). (Rosana Hessel, Correio Brasiliense)
Do artigo GOVERNO BOLSONARO: CONFLITOS, CONTRADIÇÕES E PERSISTÊNCIAS ressalto:
Avaliação do governo até 2020: Nestes quase dois anos de governo, Bolsonaro havia mantido um platô de aprovação em torno de 30% , empatado com a rejeição e a abstenção, com algumas eventuais oscilações, conforme podemos observar nos dados abaixo:
Jul/19 | Dez/19 | Abr/20 | Mai/20 | Jun/20 | Ago/20 | |
OT/B | 33% | 30% | 33% | 33% | 32% | 37% |
R/P | 33% | 36% | 38% | 43% | 44% | 34% |
Reg. | 31% | 32% | 26% | 22% | 23% | 27% |
Percebe-se que mesmo quando atingiu seu maior índice de aprovação, em agosto de 2020, o número ainda era substancialmente inferior aos últimos presidentes. Lula chegou a ter 83% de aprovação; Dilma, 56% e Fernando Henrique Cardoso; 47%. (Dados do DataFolha).
A oscilação positiva, à época, coincidia com a implantação do auxílio emergencial – proposta da oposição, capitalizada pelo governo. Por outro lado, já havia a hipótese de que uma vez reduzido o benefício, para se ajustar à ortodoxia econômica de Paulo Guedes, esta aprovação sazonal derreteria, como de fato ocorreu.
Ao final do texto, eu concluía (concluo)
Há movimento, há espaço de ação e atuação, mas, há também decepção, apatia, miserabilidade e medo. O grande desafio do campo da esquerda é – como sempre- entender a realidade, conectar-se com o sentimento e a percepção das pessoas, e especialmente, disputar a crença na possibilidade de um outro mundo e uma outra realidade inclusiva, justa, igualitária e democrática.
Não acredito que haja uma única agenda, nem mesmo uma pauta exclusiva. Se são complexos e diversos os grupos que compõem nossa ampliada classe trabalhadora ou “a classe dos que vivem do trabalho”, complexas e combinadas devem ser nossas respostas. Sigamos com coragem e tenacidade!