Realizada com cinzas das queimadas na Amazônia, esta obra é uma homenagem do grafiteiro e ativista socioambiental Mundano ao líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, assassinado em 2020. A capa desta edição traz sua releitura de “Operários”, de Tarsila do Amaral, utilizando a lama do desastre de Brumadinho na pintura.
Literatura
Floresta é o nome do mundo
• Ursula K. Le Guin
• Editora Morro Branco
Autora de obras-primas como “A mão esquerda da escuridão” e “Despossuídos”, a estadunidense Ursula Le Guin é uma das maiores escritoras de ficção do século XX. Pioneira de abordagens críticas e criativas sobre gênero, política e economia, em a “Floresta é o nome do mundo” ela nos leva ao planeta Athshe, local repleto de florestas deslumbrantes e habitado pelos creechies, seres pequenos, cobertos de pelos verdes, que vivem em plena harmonia com a natureza e valorizam os sonhos.
A tranquilidade de Asthshe é abalada quando colonizadores da Terra, já em ruínas e superpovoada, chegam ao planeta querendo explorar suas matérias-primas, oprimindo brutalmente seus pacíficos habitantes originários. Narrado em três perspectivas diferentes, do creechie Selver, do pesquisador humano Lyubov e do colono Davidson, o livro revela o antagonismo de uma cosmologia de relação harmônica e profunda com a natureza com a perspectiva terráquea extrativista, antropocêntrica e opressora, típica do colonialismo.
Com apenas 158 páginas, o livro é de fácil leitura e promove um mergulho instantâneo e profundo num universo ficcional cheio de imagens marcantes. Os paralelos críticos à nossa realidade, típicos da obra de Le Guin, se diluem na envolvente história, que culmina na organização dos creechies para resistir ao brutal colonialismo humano.
Filmes & Séries
50 tons de fake verde é uma série idealizada pela ONG Fase em parceria com a Casa Ninja Amazônia, com apoio da Open Society e da Fundação Heinrich Boll. Em pequenas sátiras bem humoradas de apenas um minuto e meio, os episódios abordam práticas do chamado greenwashing: a tentativa de empresas ou atores políticos de lavarem imagem de verde apesar das ações antiambientais que perpetram. Disponível no Youtube e no Instagram.
Podcast
Ailton Krenak e Emicida conversam sobre “Futuro ancestral” no episódio 231 da Rádio Companhia, o músico e escritor Emicida dialoga com o pensador e líder indígena Ailton Krenak sobre seu novo livro. Lançado em março deste ano, “Futuro ancestral” é o terceiro livro de Krenak publicado pela Companhia das Letras, dando continuidade às urgentes e profundas reflexões de “Ideias para adiar o fim do mundo” e “A vida não é útil”.