Vivemos os últimos dias da eleição mais importante das nossas vidas. Uma eleição marcada pela disputa entre democracia e barbárie. Após quatro sob Jair Bolsonaro, o saldo do país é desastroso: desmatamento e queimada registram alta de 359%; mais de 600 mil pessoas morrem vítimas de Covid-19 e de uma política negacionista e anti-vacina, promovida por ‘fake news’; voltamos para o Mapa da Fome, com 61,3 milhões de brasileiros em algum tipo de insegurança alimentar; enquanto a inflação dos alimentos registra recorde.
Vivemos, ainda, constantes ameaças à democracia, ora com discursos contra as instituições, ora com ataques à liberdade religiosa, de opinião e pensamento. Não foram poucas as vezes que o presidente da República agrediu verbalmente LGBTs, mulheres, negros e negras e nordestinos, além de incentivar a violência e facilitar o armamento.
Corrupto, Bolsonaro é o provável autor do maior escândalo da história do país, com o desvio de mais de R$ 10 bilhões de verbas da saúde, da ciência e da educação – injetada no orçamento secreto, mais um dos seus absurdos. Absurdos esses protegidos pelo sigilo de 100 anos decretado pelo presidente em casos como as negociações suspeitas de vacinas, a corrupção no MEC e as rachadinhas.
Nesta realidade, a vitória de Lula é urgente e necessária! Todavia, nosso triunfo não colocará fim no bolsonarismo. O país está polarizado e possui uma extrema-direita organizada e mobilizada, nas ruas e no parlamento. A vitória de 30 de outubro não “normalizará” o Brasil. Isso exigirá da esquerda socialista energia, organização e mobilização permanente.
Ainda assim, não podemos apagar importantes vitórias do 1° turno: Lula abriu 6 milhões de votos de frente e nós do PSOL elegemos novos e significativos nomes para o Congresso Nacional, como as idígenas Sônia Guajajara (SP) e Célia Xacriabá (MG); a primeira deputada trans eleita, Erika Hilton (SP); o pastor Henrique Vieira (RJ), liderança evangélica de esquerda; e Guilherme Boulos (SP), líder do MTST e deputado federal mais bem votado do estado de São Paulo, com mais de 1 milhão de votos. O PSOL passou muito bem pela cláusula de barreiras e ampliou sua bancada – não apenas numericamente, mas na sua diversidade.
Que façamos dos próximos dias o prenúncio de uma nova história. Para nós, a vida nunca foi fácil ou sem luta. Eles mataram rosas, Marielles, mas jamais deterão a chegada da primavera!
Saudações socialistas!
Natália Szermeta, presidenta da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco