Gilberto Maringoni
Como você vê a situação brasileira diante da crise?
A conjuntura se acelerou tremendamente a partir do mês de março, com a entrada da pandemia do novo coronavírus. Há um grande entrave no país, que é o próprio presidente da República. Ele não lidera o país para combater o vírus, evitar o aumento do número de mortes e salvar vidas. É um dos pouquíssimos líderes mundiais negacionistas. Isso ampliou uma divisão burguesa que já acontecia antes. Editoriais da grande mídia falam em se tentar governar à revelia de Bolsonaro, via governadores, prefeitos e até via militares. É o caso do Ministério da Saúde. Apesar de o titular da pasta ser um conservador em termos políticos, ele segue recomendações da Organização Mundial de Saúde. Do outro lado, existe uma dificuldade para a organização dos trabalhadores, por força do isolamento a que estamos submetidos. Não há como ocupar as ruas com manifestações multitudinárias de protesto, apesar de os panelaços serem expressão de um descontentamento crescente, mesmo em bairros bolsonaristas. Começa a haver barulho nas favelas. Bolsonaro tem perdido apoio, sofre isolamento, mas mesmo assim não conseguimos nos opor na intensidade necessária. A pandemia é uma das coisas mais impactantes e difíceis que nossa geração já viveu, em diversos países. No Brasil, em que 30% da população não tem água e 50% não tem saneamento, temos de exigir renda básica, ampliação dos leitos do SUS, testes rápidos e um programa emergencial contra o vírus. Isso tem de estar casado com a luta contra Bolsonaro.
O que deve ser feito?
O governo teria todas as condições de enfrentar o coronavírus. Poderia pagar salários à população desempregada, conceder renda mínima, contratar mais profissionais para a área de saúde e abastecimento, comprar equipamentos e gastar entre 10% a 15% do PIB para investir contra a crise. Um governo sério não dependeria de importações, mas faria uma reconversão industrial imediata, colocaria a Petrobras para produzir álcool em gel, a indústria têxtil para equipamentos de proteção e se apoiaria nas Universidades e nos pesquisadores. Bolsonaro faz o contrário. Corta as bolsas de doutorado, de pneumologistas, de cientistas e desvaloriza os cérebros do Brasil.
Como se comporta a base de apoio do governo?
A burguesia está dividida e isso se expressa até mesmo entre os ministros, entre quem defende a Ciência e a ala olavista e fundamentalista. Isso também se manifesta na divisão entre o governo e os prefeitos e governadores. E há arestas na ala militar e na própria base bolsonarista no Congresso. Não existe uma unidade no sentido de implementar uma linha de contrarrevolução preventiva, com fechamento de liberdades democráticas e censura. Mas há consenso entre eles para implementar uma agenda econômica antipovo. Isso dá musculatura política para que o Bolsonaro siga avançando contra as liberdades democráticas. É um nó. É um período bastante difícil e que, obviamente, pressupõe toda unidade de ação necessária em defesa das liberdades democráticas, ao mesmo tempo em que se faz necessária a denúncia permanente dessa agenda econômica antipovo, que está levando o Brasil a uma situação muito grave para os trabalhadores.
No jogo parlamentar, isso faz diferença?
Faz diferença na pauta que está sendo votada em determinados momentos. Por exemplo, quando o Eduardo Bolsonaro fala em um novo AI-5, o que é gravíssimo, existe um repúdio da superestrutura quase generalizado, que junta os políticos da ordem, do centrão e da esquerda, o que é importante. É insuficiente, pois ele não foi punido, mas é importante que exista essa movimentação. Quando Sérgio Moro ou o próprio Bolsonaro ameaçam o jornalista Glenn Greenwald é muito importante que haja a defesa da liberdade de imprensa, como o Rodrigo Maia e outros fizeram. Isso é um exemplo bom de unidade de ação.
Bolsonaro e seu clã se diferenciam dessa agenda?
Enquanto Bolsonaro for governo, a tentativa dele de promover retrocessos democráticos por dentro do regime político estará em pauta. Não é um raio em céu azul. Não é que agora tenha se indignado com a chantagem do Congresso. Não. Ele tem isso como DNA no governismo. Eles querem fazer isso como estratégia política de poder, como uma contrarrevolução preventiva. Os setores mais próximos a Bolsonaro querem um regime político ditatorial.
Isso pode atingir as relações do país com o mundo?
O governo e a família presidencial não são apenas entraves ao enfrentamento da crise. Eles atrapalham e muito. Quase criaram uma ruptura diplomática séria com a China, apenas para lamber as botas de Donald Trump. Se a política de Bolsonaro prosseguir, logo vai se formar um cordão de isolamento sanitário contra o Brasil e os brasileiros. À medida que outros países forem superando a pandemia, irão estabelecer medidas protetivas para seu povo e para seu país. Se continuarmos sem testes, com subnotificação e se o contágio crescer, é óbvio que se constituirá um cordão sanitário contra o Brasil. Bolsonaro ajuda o coronavírus a contagiar nosso povo. É algo gravíssimo.
Você está em seu primeiro mandato como deputada. Como tem sido essa experiência?
É algo muito diferente da Câmara Municipal de Porto Alegre, pela abrangência da atuação e pela complexidade dos temas tratados. Na Câmara tínhamos uma articulação entre rua e plenário, por meio de um partido ativo. Na vereança, vai-se a um bairro e se consegue organizar a disputa concreta, o enfrentamento sindical e, às vezes, consegue-se ganhar pessoas para a luta política, numa compreensão mais geral de que, além daquela luta específica, é preciso uma disputa pelo poder. Em Brasília, a atuação é nacional, com temas muito mais gerais e com incidência muito maior sobre a vida dos trabalhadores.
Você fala em contrarrevolução preventiva. A mesma avaliação parte da esquerda teve sobre 1964. Ali havia um ascenso do movimento de massas. Pode explicar melhor essa ideia?
Em relação a 1964, há uma diferença no que tange à correlação de forças. Por isso, também acho que existe uma divisão burguesa que tem sido a marca do período político atual. Existe uma divisão de para onde seguir ajustando, com quais medidas. No sentido econômico, existe uma unidade. Mas, no sentido político, de regime político, eles não têm unidade. O bolsonarismo é uma expressão da extrema direita que tenta fazer um regime parecido com o de 1964, com algumas diferenças. Eles não têm motivos para botar tanque na rua. Eles podem fazer isso por dentro do próprio regime político. É algo mais parecido com a Hungria atual do que com 1964, no Brasil.
Bolsonaro puxou a política para os extremos e parece que a oposição não está conseguindo radicalizar pelo outro lado. Em sua opinião, o caminho da oposição é ir para o centro e ampliar o espectro ou radicalizar para deixar nítidas as divergências?
A Nova República acabou, como modelo, antes de Bolsonaro. Houve uma fissura, pela esquerda, em 2013, com as jornadas de junho, em que as pessoas questionaram esse modelo de representação. Negava-se o que havia, mas não se formou uma direção política capaz de afirmar que tipo de modelo deveria existir. Então, 2013 teve elementos democráticos e foi uma fissura no regime. A política do PT foi, por um lado, repressão, e não funcionou. Houve uma tentativa de conciliação com o pacto da reforma política, com aqueles cinco pontos que Dilma Rousseff apresentou durante os protestos. O PMDB, quando viu a perda de capacidade de controle do movimento de massas por parte de Dilma e constatou que ela não faria o ajuste fiscal com a intensidade que eles queriam, expulsou o PT do condomínio do poder. Os atos da direita em 2015 (pelo impeachment de Dilma) foram um contra junho de 2013. Um simulacro no qual a extrema direita entrou em cena, conseguiu capitanear essas mobilizações e se apresentou num processo eleitoral marcado pela crise econômica e pela crise de representação, que seguia desde 2014. Assim a extrema direita conseguiu se vender como antissistema posição que sabemos ser mentirosa.
Eles não pregam um antissistema democrático?
Sim, mas o jogo é complexo. Acho que parte significativa do povo está contra esse sistema de dominação, mas de uma forma difusa. E Dilma ajudou nisso. Ela não teve força para implementar uma política econômica com Joaquim Levy, mas o segundo governo representou um estelionato eleitoral, já que ela se elegera em 2014 pela esquerda. O segundo turno foi contra privatização, contra o programa do Aécio. E ela ganha e assume o programa do Aécio.
O povo votou quatro vezes na esquerda, embora se possa discutir que tipo de esquerda é o PT. Mas o povo foi ao encontro marcado com a mudança. O PT não faltou a esse encontro? Claro! E nunca apelou às massas. Quando foi, nos quatro governos do PT, que se disse: “Nós queremos fazer uma reforma política”?
O PMDB não quer. E isso o Bolsonaro faz, só que pela extrema direita. Quando Lula se elegeu, em 2002, embora não fosse decorrente de um enfrentamento a quente como em outras partes da América Latina, havia a expressão popular de uma agenda antineoliberal. Foi uma ideia de esperança e de luta. Mas o PT nunca tentou, só conciliou e os sinais foram claros: Carta ao Povo Brasileiro, reforma da Previdência, Banco Central com o Meirelles, tudo isso.
Apesar de muita água ter passado por baixo da ponte, esse impulso pelo não enfrentamento de demandas estruturais no Brasil nos leva ao ano de 2018…
Sim, 2018 foi uma devastação da institucionalidade da Nova República, com seus partidos políticos. Houve diminuição do PP, PSDB, do PMDB, entre outros, e a extrema direita ocupou esse espaço. Há vários metalúrgicos aqui da região metropolitana de Porto Alegre que votavam no PT e que agora votaram no Bolsonaro. Não se pode dizer que sejam fascistas. Ao contrário. Mas digo isso para mensurar em que medida essa experiência de conciliação de classes, combinada a muitos outros elementos, fez com que um setor do povo se deslocasse para a direita. É um setor do povo trabalhador que votou contra os próprios interesses em uma eleição muito distorcida, com a percepção de que estaria votando contra o sistema. Em suma, é óbvio que todas as viúvas da ditadura, todos os reacionários, a extrema direita da caserna todos os LGBTfóbicos, machistas e racistas estavam no projeto do Bolsonaro. Mas é importante ressaltar que nem todos os que votaram nele são isso. Ao contrário. Muitos desses 57 milhões que elegeram o capitão são parte dessa crise de representatividade e da crise econômica dos últimos anos.
Como se coloca o PSOL nesse quadro?
O PSOL, que é esquerda e precisa ser cada vez mais antissistema, cresceu um pouco, mas cresceu. Saímos de seis levando em consideração que Erundina e Glauber vieram já no meio do mandato de deputados federais para o partido para dez deputados. Muitas das nossas mulheres e dos nossos novos deputados foram expressão da primavera das mulheres, da luta do #EleNão. Isso é resultado de um processo concreto de mobilização, mas é um crescimento insuficiente, quando pensamos no país.
Mas qual é a forma de se enfrentar a extrema direita?
Acho que essa é a pergunta central do momento. É óbvio que temos de resistir à agenda deles. É evidente que, quando houver ameaças às liberdades democráticas, precisamos fazer toda unidade de ação com qualquer um com o Diabo e a sua avó, como diria Trotsky para que não se avance sobre as liberdades democráticas. Estou falando de unidade de ação, não de unidade eleitoral. Unidade de ação concreta, como no caso da ideia de se fazer um novo AI-5, na defesa de Glenn Greenwald, ou na defesa da jornalista Patrícia Campos Mello. Precisamos ter elementos de frente única, mas precisamos golpear juntos e marchar separados. Não só porque o PSOL precisa se colocar, por termos um programa diferente, mas porque também é a partir da ausência de uma esquerda antissistema com influência de massas que a extrema direita acaba ocupando espaço. Enfim, nós precisamos potencializar uma esquerda antissistema, antirregime e anticapitalista sem sermos sectários, porque é preciso ter unidade de ação, mas ao mesmo tempo sem perder a independência. Temos de ir além do “Fora Bolsonaro” e avançar para medidas que possam dar um canal para movimentos de massa e chamar mobilizações mais duras.
E há diferenças no interior da oposição?
Acho que, dentro da oposição ao governo Bolsonaro há um setor que quer esperar 2022 como a direção petista e o próprio Lula, não apostando em medidas mais radicais agora para derrotar Bolsonaro. Com isso, não investe em manifestação de rua e em auto-organização, o que é um risco enorme. Não sabemos como será 2022, ainda mais em um governo como esse.
No caso da reforma tributária, por exemplo, a oposição ao governo teve unidade?
A burguesia pretende fazer a reforma tributária apenas para simplificar a tributação. O problema de nossa carga tributária é ela ser regressiva. Isso passa pela taxação dos pobres, na prática, com 50% da taxação sobre o consumo. A oposição propõe uma série de medidas no sentido contrário, como taxar patrimônio, renda etc. Não há problema em o PSOL se somar a outros partidos, embora eu ache que, em determinados momentos, temos que apresentar as nossas propostas. Ocorre que assinar junto não significa esquecer que, durante 13 anos, o PT esteve no governo e não fez nada para mexer na estrutura econômica e política do país.
Dê exemplos, por favor.
Sobre a taxação das grandes fortunas, temos o projeto da Luciana Genro que eu desarquivei e está tramitando. O PT nunca tentou, assim como fazer a taxação sobre lucros e dividendos. Eles se propuseram a ser os gerentes do condomínio do poder com uma lógica de que, se sobrar dinheiro no bolo, como na ideia do Delfim Netto, nós repartiremos melhor. Foi o que aconteceu. Nos governos Lula houve um cenário econômico mais favorável. O Brasil fez mais relações Sul e não apenas Norte-Sul, o que expandiu nossos mercados. As gestões petistas ampliaram o Bolsa Família e criaram medidas compensatórias e assistenciais que obviamente são importantes, mas não são estruturais. Na primeira crise econômica, cai tudo por terra. E, mais do que isso, leva ao que se viveu, com o ceticismo em relação a projetos de transformação do país, tanto econômicos como políticos. O único plebiscito que fizeram foi sobre o Estatuto do Desarmamento, em 2005. Ou seja, nunca chamaram o povo para participar. Pelo contrário. A consigna do Lula em 2010 era “deixa o homem trabalhar”. Deveria ser “organizem-se, façam e venham junto comigo trabalhar contra esse modelo de dominação”, mas não. Era “deixa o homem trabalhar” …
O que significa isso, na prática?
Temos aí o pior ainda da experiência petista, pois assim se desorganiza o movimento por baixo. Há também um elemento de inclusão via consumo, que obviamente tem impacto na vida das pessoas, pois conseguem consumir mais, embora tenham se endividado. No fim das contas, existe um elemento de consumo que muda a vida imediata da pessoa, mas não muda a consciência, não muda a auto-organização e não muda a estrutura social. E, agora, eles apresentam uma reforma tributária que jamais tentaram. A situação que vivemos hoje começou quando chamaram Joaquim Levy para dirigir a economia. É óbvio que o foco não é gastar todo o nosso tempo batendo no PT. É preciso enfrentar a extrema direita. Mas, também, nós temos que mostrar nossos projetos políticos e a diferenciação, sob pena de não nos apresentarmos como uma esquerda independente, capaz de construir uma alternativa no Brasil. Por isso não podemos ter um balanço distorcido do passado, pois está em curso uma narrativa de que “foi tudo maravilhoso” nos anos petistas.
Mas você não foi militante petista?
Eu fui do PT entre 1998 e 2003. Há uma narrativa segundo a qual a experiência do impeachment cortou uma trajetória exitosa. Houve, é claro, um golpe parlamentar, com as características que conhecemos, e isso interrompeu a experiência petista, além de ter consequências danosas para o país. Tudo foi embalado pelo discurso de que a governabilidade é um elemento essencial, que não havia como ser diferente, que não tinha outro caminho. Isso é uma falácia. Eu brinco com meus amigos, e também dou muitas entrevistas para redes petistas, falando que o PT era petista quando eu era adolescente. Se alguém chegasse num encontro do PT, há vinte anos, e dissesse que o PMDB seria nosso aliado, que o Michel Temer seria aplaudido em um congresso do partido, que nós governaríamos com Sarney e Maluf, eu ia chamar essa pessoa de maluca. Eu era uma menina, claro, não estava acompanhando com profundidade os movimentos do Zé Dirceu, por exemplo. Desde 1994 ele já vinha entrando um pouco nesse caminho…
Você afirma haver quem queira reconstituir o regime da Nova República. De quem se trata?
Uma evidência disso foram as demonstrações políticas e as falas do Lula depois de sair da cadeia. Obviamente, acho sua soltura uma vitória democrática. Isso não está em debate, mas sim os sinais públicos e a orientação política que dá. Ele está dizendo que não se pode pedir impeachment só porque nós não gostamos de Bolsonaro. Ninguém está falando em gostar ou não, e sim de um projeto autoritário de poder. Isso mostra que ele pretende seguir os parâmetros do regime democrático burguês, como se o Bolsonaro não representasse perigo real. Lula tenta remontar a Nova República, o que eu acho impossível. A Nova República morreu. O que virá daí eu não sei. Pode vir um fechamento do regime, mais grave ainda. Pode ser que as vozes democráticas, que na minha opinião são majoritárias no Brasil, consigam reverter esse processo. Pode ser que a eleição nos EUA tenha repercussão do que vai ser a extrema direita no mundo inteiro. Pode ser que muitos cenários ocorram.
O PSOL é a única bancada com paridade de gênero. Qual é a importância disso? Qual é o peso das mulheres no Congresso?
O PSOL tem a única bancada paritária e com muita diversidade. Acho que isso é um mérito não só da conjuntura, da Primavera Feminista, mas também das mulheres do partido, da ideia de representação de 50% de homens e mulheres nas direções partidárias. O PSOL sempre foi um partido muito feminino. Nasceu com líderes mulheres, como a Luciana Genro e a Heloísa Helena, além do Babá e do João Fontes. Essas medidas de ter o feminismo anticapitalista como um norte, mas ao mesmo tempo pensar medidas internas de ampliação da participação das mulheres, também são fundamentais para que nós tenhamos essa diversidade e representatividade na bancada. No Congresso, houve um aumento inédito da bancada feminina. Passamos de 10% para 15% do total de parlamentares. Há contradições, pois há também mulheres de extrema direita. São minoritárias em sua representação, mas existem. São mulheres que não só reproduzem o discurso do Bolsonaro, mas também reproduzem o machismo e o modelo patriarcal que leva à desigualdade, à violência, ao sexismo e tudo o mais que estamos vivendo.
Fernanda por Fernanda
“Sou gaúcha de Alegrete, tenho 36 anos e comecei a militar com 14, nas passeatas contra as privatizações do Fernando Henrique e do Antônio Britto [governador do Rio Grande do Sul pelo PMDB entre 1995-99]. Meu pai, já falecido, foi um dos fundadores do PT na nossa cidade. A eleição de Olívio Dutra para o governo, em 1998, me marcou muito. Em 2000, houve uma greve dos professores estaduais. A direção do PT não dialogou e tratou de reprimir o movimento. A Luciana Genro, na época deputada estadual pelo partido, foi a única a apoiar a paralisação. Eu morava no interior, gostei muito da posição dela.
Em 2001, entrei no curso de biblioteconomia da UFRGS, vim para Porto Alegre e comecei a militar no movimento estudantil. Depois disso, teve a eleição de 2002, a Carta ao Povo Brasileiro, a composição do governo Lula com gente da burguesia e o ápice, que foi a reforma da Previdência. Em 2003 eu me desfiliei e entrei no movimento pela construção do PSOL. Minha formatura foi em 2006 e, dois anos depois, fui eleita vereadora na primeira eleição municipal do PSOL. Tive três mandatos consecutivos. Desde o início de 2019 sou deputada federal”.