No último sábado (14), milhões de pessoas foram às ruas dos Estados Unidos para protestar contra o governo Trump. O No Kings Day — como foi denominado o dia de manifestações — ocorreu nos 50 estados do país, com aproximadamente 2100 protestos. Cidades como Nova York e Filadélfia reuniram 200 e 100 mil manifestantes, respectivamente. Em Los Angeles, o atual epicentro das lutas, dezenas de milhares protestaram, mesmo diante da intimidação policial e militar. Multidões também se juntaram em cidades como Chicago, São Francisco, São Diego, Portland, Oakland, Atlanta, Minneapolis e Boston.
O dia nacional de mobilização contra Trump representou uma resposta dos movimentos sociais contra um conjunto de medidas autoritárias do governo, cuja expressão máxima ocorreu na semana passada em Los Angeles, por meio da perseguição aos imigrantes e da militarização da cidade.
Por conta disso, a pauta central nas ruas foi a defesa dos imigrantes e o rechaço à repressão estatal. Os manifestantes também ecoaram vozes em defesa da Palestina, da educação, da ciência, do meio ambiente, da população LGBT, dos serviços e servidores públicos, e dos trabalhadores. Em contrapartida, denunciaram os bilionários, a extrema direita, o racismo, a misoginia, as guerras e a desigualdade social.
O No Kings Day aconteceu na esteira de outras mobilizações massivas, realizadas em 5 e 19 de abril e em 1º de maio. Contudo, teve importância específica, por situar-se em uma etapa crítica da conjuntura. Essa etapa engloba aspectos mundiais — o papel dos Estados Unidos no recrudescimento da situação em Gaza e na agressão ao Irã — e domésticos. Particularmente, o No Kings Day foi realizado em contraposição a uma Parada Militar promovida por Trump em Washington, justamente no dia do seu aniversário. A Parada, contudo, foi um fracasso de público.
O dia 14 de junho marca, assim, uma importante experiência para o movimento de massas estadunidense. Se, por um lado, o momento atual é defensivo, violento e permeado por riscos, por outro lado houve um nítido avanço de consciência e de disposição para luta. Nos quatro cantos do país, pessoas de todas as idades empunharam cartazes e entoaram palavras de ordem diversas, unificadas em um sentido comum: rechaçar o autoritarismo, defender os imigrantes e demonstrar força diante de Trump.