“As rosas da resistência nascem no asfalto. A gente recebe rosas, mas vamos estar com o punho cerrado falando de nossa existência contra os mandos e desmandos que afetam nossas vidas”.
Marielle Franco
As eleições de 2022 nos trouxe a perspectiva de dias melhores. Construímos uma frente ampla para derrotar o fascismo e conseguimos eleger Lula. Essas ações reacenderam a nossa esperança. Temos a possibilidade de disputar, em melhores condições, um projeto de país soberano e menos desigual e construir espaço para pautar um outro projeto de país que tenha por base o respeito à dignidade humana, a garantia da vida das mulheres e a retomada de investimento em políticas públicas essenciais em um país democrático. Estamos na luta, juntas com diversas frentes e movimentos sociais, pelo revogaço das medidas antidemocráticas aplicadas pelo (des)governo anterior que atacam os nossos direitos.
Desde o golpe de 2016 vivenciamos a implementação de uma agenda de destruição dos direitos sociais da população brasileira e de retrocesso nas políticas públicas, sobretudo as voltadas para as mulheres e meninas. Os últimos quatro anos foram de aprofundamento da pauta ultraconservadora com diversas iniciativas que ampliaram o abismo em relação à desigualdade entre homens e mulheres, nas suas diversas esferas da sociedade. Nosso país, que há muito atua no âmbito internacional na perspectiva de garantia dos direitos humanos, passou a associar-se a países conservadores e a restringir esses direitos, com ênfase na restrição dos direitos das mulheres e da população LGBTQIAPN+
As agendas do 8M foram e continuam sendo marcadas pelas lutas em defesa da vida das mulheres, pela democracia e pela perspectiva de que os movimentos sociais tenham espaço de disputa em relação às políticas públicas. A derrota da extrema direita nas urnas nos deu a tarefa de reconstruir o Brasil a partir das lentes de gênero, com um projeto feminista, antimachista, antilgbtfóbico, antirracista, anticapacitista e anticapitalista.
Desde o #EleNão as mulheres brasileiras vêm assumindo a linha de frente no enfrentamento ao projeto conservador, fascista e genocida no país. Para as mulheres do PSOL a retomada das pautas feministas e progressistas passam por desenvolvermos ações contra a fome, a pobreza e a carestia, assim como a denúncia da injustiça reprodutiva e da violência doméstica e institucional. A defesa da democracia aliada à unidade em torno das mobilizações de rua e das ações de solidariedade cotidianas junto aos movimentos sociais são centrais para que continuemos ocupando os espaços políticos e de poder.
A agenda feminista que abre as atividades de rua em 2023 chamou a atenção para o momento que vivemos, em que há nitidamente um endividamento cada vez maior das mulheres chefes de família, resultante da combinação entre trabalho precarizado, inflação alta e juros bancários recordes. Não menos importante, o número de feminicídios cresce e mulheres vêm sendo impedidas de denunciar publicamente ex-companheiros autores de violências contra elas. Essas e outras problemáticas são expressões do grave momento e dos impactos da política genocida da extrema direita na vida das mulheres.
Não estamos em tempos “normais”. Nos preocupa os desdobramentos da pandemia de covid-19, o esvaziamento das universidades públicas, a militarização da educação e a terrível reforma do ensino médio. A extrema direita está apontando suas armas para tudo aquilo que odeiam: mulheres, negras/os, indígenas, deficientes e população LGBTQIAPN+. Nossa tarefa foi iniciar 2023 com muita força na construção do 8M e 14M. É fundamental avançarmos na luta em defesa da democracia sem abrir mão da revolução socialista e feminista!
Foram essas as pautas e bandeiras que mobilizaram mulheres de todo o país e que movimentaram a setorial nacional de mulheres do PSOL, contribuindo para a formulação de políticas e construção dos atos de rua, atividades de formação, agitação e divulgação das lutas das mulheres. O 8M – Dia Internacional de Luta das Mulheres – é um marco na nossa agenda de lutas, promovendo o encontro de várias gerações que deram suas vidas para que possamos colher, hoje, algumas conquistas. O 8M também foi a expressão da unidade de ação consequente da frente ampla para derrotar o fascismo. Estávamos juntas nas ruas gritando numa só voz: É PELA VIDA DAS MULHERES! Faremos dessa agenda um marco para 2023, porque sem mulheres e sem feminismo não haverá revolução!
A Luta por Justiça para Marielle Franco segue sendo uma agenda fundamental para nós, Mulheres do PSOL. No dia 14 de março de 2023 completaram 5 anos da execução de Marielle Franco. A violência de Estado, a burguesia racista, LGBTfóbica, machista, assassinou nossa companheira e vereadora e também seu motorista Anderson Gomes. O objetivo desse crime foi nos calar pelo medo e exterminar nossa luta, nossa organização e nossa coragem. As atividades que marcam o 14M representam a luta em defesa da memória de Marielle e de todas as mulheres negras, LGBTs, periféricas, que lutam por dias melhores nesse país. A agenda em defesa de justiça por Marielle é um esforço para romper com a violência política e institucional que nos ataca cotidianamente, que fere e machuca de forma perversa pessoas negras, LGBTQIAPN+ nas periferias e nos rincões do Brasil, e barrar cada ameaça e perseguição feita contra parlamentares, principalmente mulheres negras e trans, que se reafirmam como porta-vozes da luta contra todos os tentáculos do capitalismo, sistema que aprofunda o racismo, o machismo, a LGBTfobia, o capacitismo, a crise climática, a usurpação dos territórios, e demais ataques aos direitos humanos.
Construímos a agenda do 14M para evidenciar que somos sementes de Marielle espalhadas em todas as partes. A força do seu legado ajudou a forjar lideranças comunitárias, elegeu parlamentares mulheres em todo o país, conquistou espaços institucionais e nos movimentos sociais para pautar temas e reivindicações tão caras aos setores mais excluídos, invisibilizados e alvejados pelo extermínio do Estado.
Não fomos silenciadas e não seremos interrompidas!
Marielle Franco, presente! Hoje e sempre!
Setorial Nacional de Mulheres do PSOL