Enrique Serra Padrós
Há 80 anos tinha início a Guerra Civil Espanhola, conflito emoldurado pela ascensão e o avanço das forças nazifascistas em toda a Europa. Expressou essa tendência geral e expôs, de forma trágica, a omissão conivente de Inglaterra e França, as potências continentais fiadoras do sistema de equilíbrio surgido após a Primeira Guerra Mundial e a assinatura do Tratado de Versalhes. Parte importante da sociedade espanhola, sobretudo os setores populares organizados, lutou para impedir a consumação de um golpe de Estado contra a jovem II República, promovido pelos segmentos mais conservadores, reacionários e autoritários do país, alinhados, de forma geral, com aquela onda nazifascista. Lutou-se, também em de fesa das históricas conquistas reformistas, obtidas nesse curto interregno republicano, e para o seu aprofundamento.
Pode-se afirmar que, no marco internacional, a crise espanhola resultou da superposição e da combinação dos efeitos de processos históricos complexos, como o já citado fim da Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa, a consolidação do fascismo na Itália, a imposição e o avanço do III Reich e a crise econômica de 1929, com a decorrente depressão. Nesse contexto, dentro de um quadro global de refluxo das forças progressistas e de esquerda, a Espanha iria resistir. Tal fato levou o historiador Eric Hobsbawm a avaliar, com muita precisão, o que estava verdadeiramente em jogo naquela ponta da Europa: “[…] ali, e somente ali, a interminável e desmoralizante queda da esquerda era detida por homens e mulheres que combatiam o avanço da direita armada”.
No plano interno, diversas lógicas devem ser consideradas. Em termos econômicos, os setores dinâmicos e modernos encontravam-se nos grandes centros urbanos industriais e comerciais, como Barcelona, Madri e Bilbao. Essa burguesia, asfixiada pelo peso político dos setores mais conservadores (como aquele vinculado ao latifúndio) e pela crescente presença do capital estrangeiro, via inviabilizado seu projeto de modernização econômica nacional. Devido a isso, frações dessa burguesia mais desenvolvida amadureceram uma consciência regional frente a um poder estatal fortemente centralizado em Madri. Assim, impotentes ante a aliança hegemônica vigente entre o latifúndio e o capital estrangeiro, avaliavam as possibilidades do autonomismo, e até do separatismo, de regiões que apresentavam particular identidade lingüística e cultural, como no caso da Catalunha e do País Basco. A tudo isso, juntava-se um efervescente movimento operário combativo, fortemente organizado em poderosas centrais sindicais de orientação anarquista (CNT) e socialista (UGT).
Em termos políticos, a II República espanhola nasceu em 1931, após uma monarquia secular (o último rei, Alfonso XIII, é bisavô do atual monarca), ancorada no tripé latifúndio-Igreja Exército, que foi substituída pacificamente como resultado da sua inércia e incompetência para responder às demandas sociais e econômicas do país. As forças conservadoras se beneficiavam da brutal concentração de renda e da desigualdade social. O crescimento das organizações populares, em confluência com setores liberais da burguesia, impôs à República uma política de mudanças significativas: a reforma agrária, a reforma militar, a laicidade do Estado e do ensino, a descentralização política e o reconhecimento das autonomias, a jornada de oito horas de trabalho, a igualdade da mulher e o direito ao divórcio, entre outras. Contudo, tanto as pressões populares pelo aprofundamento e a aceleração das mudanças em vigor, quanto a reação contrária dos setores dominantes radicalizaram o processo eleitoral, contrapondo, em períodos seguidos, maiorias parlamentares de signo oposto: o “Biênio Reformista” (1931-1933) e o “Biênio Negro” (1934-1935) este, de retrocesso popular.
A polarização atingiu o paroxismo na eleição de fevereiro de 1936, com a vitória apertada de uma Frente Popular multifacetada, que aglutinava setores socialistas, comunistas, democrático-burgueses, autônomos e sindicalistas. A vitória dessas forças deu início ao “Biênio Vermelho”, trazendo expectativas de reversão dos retrocessos impingidos pelo “Biênio Negro” e a ampliação das medidas sociais do “Biênio Reformista”. A vitória da Frente Popular acelerou a violência política e a articulação golpista liderada pelos generais Franco, Sanjurjo, Varela e Mola, apoiadas pelos grandes partidos da direita (CEDA, Renovación Española, Partido Republicano Radical), setores monarquistas (Comunión Tradicionalista) e fascistas da Falange Española, que contavam com a cumplicidade orgânica da Igreja Católica e do capital internacional.
No dia 18 de julho de 1936, o poder militar se insurgiu contra o poder constitucional. Considerava-se que o golpe seria rápido, pois a conspiração vinha amadurecendo há tempos e envolvia a maioria da oficialidade. O foco nevrálgico dos rebeldes eram as tropas africanistas comandadas pelo general Francisco Franco. Deflagrado o processo, quartéis e praças militares foram ocupados em todo o país e milhares de falangistas e requetés (monarquistas carlistas), organizados em milícias, comandaram uma violenta depuração dos apoiadores dos poderes legalmente constituídos. O governo da Frente Popular pareceu catatônico diante da ofensiva golpista e, com poucas unidades militares legalistas sob seu comando, se estilhaçou.
Entretanto, ante a desintegração da autoridade republicana, as organizações populares deram um passo à frente e assumiram a liderança da resistência nos grandes centros industriais, apesar da recusa governamental em armá-las. As centrais sindicais conclamaram a luta popular contra os insurgentes em Madri, Barcelona e outras cidades, confiscaram armamento, assaltaram quartéis, acuaram e derrotaram os amotinados. Foi o tempo heróico das barricadas, do espontaneísmo, da formação de milícias e conselhos populares, em substituição às estruturas estatais de um poder legal colapsado e paralisado. Foi também o tempo das jornadas dos anarquistas Durruti e dos irmãos Ascaso, das milícias populares da CNT e do POUM, da organização Mujeres Libres, das arengas da Pasionaria (a comunista Dolores Ibarruri) e dos poetas Miguel Hernández, Antonio Machado y Rafael Alberti.
As forças populares impediram a queda de Madri (que virou frente de batalha durante todo o conflito) e resistiram aos rebeldes em Valencia, Bilbao e, principalmente, Barcelona (assim como em toda a Catalunha), onde a correlação de forças permitiu às poderosas organizações anarquistas tomar a iniciativa para realizar sua curta revolução social. Porém, os insurgentes (autodenominados nacionales) se haviam apoderado dos enclaves no Marrocos, nas Ilhas Canárias e Baleares (com a exceção de Menorca), de parte do Sul do país, das áreas contíguas à fronteira portuguesa e de parte da região Centro-Norte (isolando as Astúrias e o País Basco do resto da República). A ocupação desses territórios deu início a uma brutal repressão contra pessoas e organizações identificadas com a Frente Popular (no mês de agosto, integrantes da Falange fuzilaram em Granada, o grande poeta Federico García Lorca).
Do lado republicano, embora em proporções bem menores, também ocorreu violência tendo como alvos aqueles que conspiraram abertamente contra a República (a perseguição de padres e freiras e o incêndio de igrejas por grupos de anarquistas e socialistas são fatos bem conhecidos). Efetivamente, passeios noturnos e fuzilamentos ocorreram de ambos os lados, mas do lado rebelde adquiriram dimensões de política de Estado, sendo em escala muito maior. O golpe chegou a ser parcialmente contido, mas não foi derrotado. Iniciou-se, assim, uma guerra civil que por quase três anos sangraria o país e exporia durante décadas traumas e feridas abertas, individuais e coletivas.
No interior da Frente Popular, a grande polêmica contrapôs, desde o início, duas estratégias de luta: por um lado, daqueles “partidários de sacrificar tudo em nome da vitória militar” e, por outro, dos que “faziam da revolução um objetivo prévio”. Essa foi a questão chave colocada à esquerda espanhola pela contingência dos fatos: o que era fundamental, a revolução ou a defesa da democracia? As contradições de classe e as diferenças quanto à estratégia de luta enfraqueceram o governo constitucional. Mesmo assim, em pouco tempo, a legalidade institucional acabou sendo reposta em detrimento da autonomia das organizações populares. Independentemente dos erros cometidos pela Frente Popular (centralização da luta, problemas econômicos, lutas internas) lutava-se por uma causa e o No pasarán era a expressão maior da ação comum contra o fascismo.
A dimensão internacional que o conflito adquiriu foi essencial para entender seu transcurso e seu posterior desfecho. Os setores golpistas foram financiados pelos grandes países fascistas da Europa, além de contarem com o apoio e a influência diplomática do Vaticano com sua capacidade de mobilizar milhões de fiéis no país e no continente alimentando o convencimento de que estava em curso uma cruzada anticomunista em defesa dos valores mais altos da cristandade. Numericamente, uma das maiores contribuições veio do Marrocos. Cerca de 80 mil combatentes se somaram aos espanhóis que compunham as unidades africanas do exército insurreto. Da mesma forma, foi da maior relevância a ajuda da Alemanha e da Itália, tanto pela amplitude e quantidade, quanto pela qualidade política, econômica, logística, diplomática e militar. Calcula-se que, em termos humanos, aproximadamente 75 mil militares italianos e 17 mil militares alemães participaram ao lado dos golpistas. No caso da Alemanha, sua ajuda foi também vital para o transporte de tropas do Norte da África para a península. Posteriormente, sua força aérea, a Luftwaffe, travestida de Legião Condor, teve efeitos devastadores nos ataques contra o Norte do país, sendo emblemática a destruição de Guernica (imortalizada na tela universal de Pablo Picasso). O vizinho Portugal salazarista forneceu dezenas de milhares de soldados, um território que serviu de santuário para a conspiração e uma sólida retaguarda para as unidades nacionales (com fronteiras porosas em caso de necessidade de seu recuo, mas infranqueáveis para inimigos em fuga), além de rota de acesso e porta de entrada para a entrada de petróleo e apetrechos militares de origem estadunidense.
Paralelamente ao desenvolvimento da guerra, uma série de fatores casuais e certas iniciativas políticas garantiram a direção do movimento ao general Franco, que passou a ser reconhecido como Generalíssimo e Caudillo. A partir de 1937 o movimento rebelde já estava consolidado e unificado em torno do franquismo.
Por sua vez, o campo republicano recebeu uma simbólica, mas solidária, ajuda mexicana e, sobretudo, o apoio da URSS, que enviou armamento, técnicos militares e prestou ajuda política. Entretanto, tal ajuda foi condicionada aos interesses soviéticos, conjunturais ou político-ideológicos, tais como: a desmobilização das milícias populares, em favor da constituição de um Exército Popular hierarquizado e disciplinado; o enquadramento das experiências de coletivização e de qualquer esboço de revolução social; o esvaziamento das formas de organização e autonomia anarquistas (através dos duros acontecimentos nas Jornadas de Maio de 1937); e, na linha das purgas dos Processos de Moscou, as depurações das organizações trotskistas e poumistas (inclusive com o seqüestro, assassinato e desaparecimento de Andreu Nin). A França ofereceu pouca ajuda e de forma intermitente e acabou assumindo a mesma posição da potência britânica, que temerosa de uma hipotética esquerdização da República preferiu abster-se de qualquer envolvimento assumindo uma deliberada Política de Não-Intervenção sob a falsa premissa de que se tratava de um conflito entre espanhóis. Quer dizer, fechava os olhos frente à ostensiva participação das potências fascistas.
Diante da agressão, apesar do pragmatismo e do cinismo das potências internacionais, se escreveu uma página memorável da solidariedade internacional. O ataque contra a República gerou uma das maiores manifestações de internacionalismo da história contemporânea, a formação das Brigadas Internacionais. Conformadas por aproximadamente 40 mil voluntários procedentes de dezenas de países, majoritariamente de tradição comunista (mas também anarquista, socialista, socialdemocrata e democrata), integradas por homens e mulheres articulados majoritariamente pela iniciativa de organizações comunistas ou mobilizados por conta própria, se dirigiram à Espanha para lutar em defesa da República e contra o fascismo (ao redor de um terço morreu em combate). Efetivamente, o antifascismo foi, sem dúvida, a sua maior consigna.
Entre esses internacionalistas havia brasileiros, caso de Apolônio de Carvalho, Delcy Silveira e Homero de Castro Jobim e muitos outros. Vale a pena mencionar, ainda, que, além dos milhares de combatentes anônimos, muitos escritores, artistas, jornalistas e intelectuais, bastante reconhecidos, se comprometeram publicamente contra as forças golpistas. Entre os espanhóis, destacam-se Pablo Picasso, Joan Miró, Juan Ramón Jiménez e León Felipe. Entre os estrangeiros, entre tantos outros, Pablo Neruda, Ernest Hemingway, George Orwell, André Malraux, Louis Aragon, Antoine Saint-Exupéry, Tristan Tzara, Ilya Ehrenburg, César Vallejo, Nicolás Guillén, John dos Passos etc.
A tendência militar da guerra foi o constante recuo da República. Em 1937, com a queda do País Basco, ela perdeu o Norte do território, a conexão internacional via Mar Cantábrico e importantes recursos materiais que passaram a ser explorados diretamente pelos rebeldes ou lhes permitiram pagar a ajuda recebida do estrangeiro. Em 1938, o fracasso da ofensiva do Rio Ebro exauriu as últimas energias das forças legais e antecipou a queda da Catalunha, no início de 1939. Pouco depois, no fim de março, Madrid era tomada. Franco rejeitou qualquer possibilidade de negociação, exigiu rendição incondicional e proclamou no 1º de abril o último parte de guerra: “En el día de hoy, cautivo y desarmado el Ejército Rojo, han alcanzado las tropas nacionales sus últimos objetivos militares. La guerra há terminado.”
O corolário do conflito fratricida foi o de centenas de milhares de mortos e uma derrota para aqueles que haviam tentado resistir ao avanço da escalada nazi-fascista na Europa. Centenas de milhares de republicanos partiram para um exílio interminável. Muitos foram confinados em campos de concentração na França. A posterior queda da França ante a Alemanha nazista, na Segunda Guerra Mundial, e o constrangedor colaboracionismo do governo de Vichy, levou muitos espanhóis a se engajarem na luta de resistência junto ao maqui francês e ao Exército do general De Gaulle. Mesmo assim, milhares foram deportados pela Gestapo e pela polícia francesa ao campo de concentração nazista de Mauthausen. A estimativa é de que entre cinco e seis mil republicanos tenham ali morrido.
Muitos se organizaram na resistência antinazista em outros países, sobretudo na URSS. De qualquer forma, quando a guerra acabou com a derrota do Eixo, os espanhóis do exílio não conseguiram convencer os aliados de que Franco também estava associado àquelas potências fascistas. Pragmaticamente, para o ocidente um Franco em processo de desfascitização era mais funcional e uma garantia de controle sobre qualquer foco de ressurgimento da esquerda em tempos do novo contexto mundial, o da Guerra Fria.
Na Espanha, com o fim da guerra civil, iniciouse uma longa e feroz ditadura durante quase 40 anos. Ela foi marcada por uma censura total, um retrocesso geral diante das conquistas sociais que a República havia propiciado, a prisão de milhares de líderes e combatentes, constantes purgas dos setores públicos, massivas condenações à morte e um tratamento contra os derrotados que nunca incluiu a possibilidade da reintegração na sociedade. Ao contrário, reforçou o estigma de exército inimigo derrotado que, como tal, foi tratado até a morte do Caudillo, em 1975. “Muera la inteligencia! Viva la muerte!” foram duas frases concatenadas enunciadas por Millán-Astray, um dos militares mais temidos pelos simpatizantes republicanos. Sem dúvida, elas sintetizam muito bem o que foram as décadas de ditadura franquista para os vencidos.
Para concluir é necessário reafirmar que passados 80 anos daqueles acontecimentos, foram os republicanos espanhóis e o governo da Frente Popular os primeiros que se defrontaram com a violenta agressão das forças fascistas em escala internacional; e que, decididamente, enfrentaram-na. Nesse sentido, não se pode esquecer que na Espanha se deram, de forma prematura, as condições in loco que anteciparam o conflito global da Segunda Guerra Mundial. Inegavelmente, o seu território foi, ao mesmo tempo, “local de ensaio” das forças armadas das potências nazi-fascistas e “palco da primeira fase da grande guerra” (argumento sempre lembrado pela República, apesar do escárnio anglo-francês).
A tragédia da República constituiu o grande legado que os povos da Europa e seus governos tiveram que considerar quando, poucos meses depois da queda de Madri, explodiu uma nova grande guerra. Como corroboram as palavras de Eric Hobsbawm: “[…] a Guerra Civil Espanhola antecipou e moldou as forças que iriam, poucos anos depois da vitória de Franco, destruir o fascismo. Antecipou a política da Segunda Guerra Mundial, aquela aliança única de frentes nacionais que ia de conservadores patriotas a revolucionários sociais, para a derrota do inimigo nacional e simultaneamente para a regeneração social.”
Ironicamente, apesar do enorme sacrifício e da energia dispensada o No pasarán republicano não evitou a derrota da democracia espanhola, esmagada diante das suas contradições, mas, principalmente, diante das forças retrógradas alinhadas à onda nazifascista e que contaram com a complacência franco-britânica. Entretanto, foi o esforço daqueles homens e mulheres que lutaram por aquela consigna o que serviu de espelho, experiência e fórmula para a derrota do nazismo e dos seus aliados ao final da exaustiva e dramática grande guerra posterior.
Cronologia guerra civil espanhola
1930 Jan- Queda da ditadura de direita de Primo de Rivera.
1931 Abr- Eleições. Proclamação da Segunda República Espanhola. Fuga do rei.
1935 Set- Fundação do POUM, partido de esquerda antistalinista, acusado pela URSS de ter proximidade com o trotskismo.
1936 Fev- Eleições nacionais. Vitória da Frente Popular.
Mai-O socialista Manuel Azaña assume a Presidência do país.
Ju- Revolta do setor fascista do Exército contra o governo republicano. Início da Guerra Civil. Partidos e sindicatos operários se unem em defesa da República no Comitê de Milícias da Catalunha. O POUM e a CNT, central de orientação anarquista, passam a integrar o governo da Catalunha, juntamente com os partidos Socialista e Comunista.
Ago- Primeiro bombardeio aéreo de Madri.
Set-Assume o governo republicano o socialista Largo Caballero. O general Francisco Franco centraliza o comando dos golpistas.
Out-Criadas as Brigadas Internacionais, formadas por voluntários antifascistas estrangeiros, por iniciativa da III Internacional. O regime fascista de Salazar, de Portugal, rompe relações com o governo republicano. Começam a chegar a Madri milhares de refugiados das regiões ocupadas pelos franquistas, que cometiam massacres. O governo da República concede autonomia ao País Basco.
Nov– Entram em combate, ao lado dos republicanos, as Brigadas Internacionais. A Alemanha nazista e a Itália fascista reconhecem o governo de Franco. A CNT passa a integrar o governo republicano. Madri volta a ser atacada por bombardeios. Caças soviéticos auxiliam a defesa da capital.
Dez- Desembarque dos fascistas italianos em Cadiz. O POUM é excluído do governo da Catalunha por pressão da URSS.
1937 Jan- Os Estados Unidos decretam o embargo de armas aos dois lados do conflito. França fecha as fronteiras, proibindo que mais armas ou combatentes entrem na Espanha.
Fev- Início da campanha do PC contra Largo Caballero, em choque com a URSS e os comunistas que buscavam mais espaço no governo e defendiam a ilegalização do POUM. Barcelona é alvo de bombardeios aéreos.
Abr– A aviação alemã bombardeia e arrasa Guernica.
Mai-Acirram-se os conflitos entre comunistas, de um lado, e anarquistas e militantes do POUM por outro, em Barcelona. Largo Caballero se nega a pôr o POUM na ilegalidade, cai e é substituído por Juan Negrin, também socialista, mas alinhado com a URSS. Ofensiva dos franquistas no Norte do país.
Jun– Dirigentes do POUM são presos, torturados e assassinados por agentes soviéticos, entre eles seu principal líder, Andreu Nin.
Jul– É distribuída a Carta Coletiva dos Bispos Espanhóis aos bispos de todo o mundo. Apenas dois bispos espanhóis não a firmaram. O documento dá ao golpe fascista o caráter de Cruzada e declara que ele é “teologicamente justificado”.
Ago– O Vaticano reconhece o governo de Franco.
Out– As tropas fascistas se aproximam da Madri. O governo republicano se transfere para Valência.
Nov– A Grã-Bretanha estabelece relações comerciais com o governo golpista de Franco.
1938 Jan Aviação italiana bombardeia Barcelona, causando 160 mortos e 700 feridos.
Mar– Decreto abole a liberdade de expressão e de reunião nos territórios ocupados pelos franquistas. Barcelona é bombardeada seguidamente pela aviação italiana. Madri também sofre intenso bombardeio.
Jun– A França fecha a fronteira com a Espanha
Set- As Brigadas Internacionais são dissolvidas pela III Internacional e sua retirada é anunciada na Sociedade das Nações.
Dez– Início da ofensiva fascista sobre a Catalunha. As defesas republicanas são rompidas em vários pontos.
1939 Jan- As tropas do general Modesto, núcleo fundamental do exército republicano, são praticamente aniquiladas. Os combates chegam à periferia de Madri.
Fev– Franco preside desfile de militar em Barcelona. O governo fascista é reconhecido pela Inglaterra e pela França. Chegam à França 230 mil civis da Catalunha, dez mil feridos. Manuel Azaña se demite da Presidência do governo republicano.
Mar– Fascistas entram em Madrid. O governo republicano se exila na França.
Abr-Fim da guerra. Vitória dos franquistas com a rendição do Exército Republicano. Os fascistas promovem massacres e assassinatos de militantes e simpatizantes da República em todo o território espanhol.
Enrique Serra Padrós é professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).