A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco lançou na quarta-feira, 19/03, a cartilha Palestina Livre, uma iniciativa que conta com o apoio da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL). Em evento na sede da FLCMF em São Paulo, ativistas da causa palestina se reuniram para debater a importância da disseminação da publicação, que é um instrumento de formação tanto para militantes que já tem proximidade com a pauta, quanto para pessoas que começaram a se interessar pelo tema a partir da difícil conjuntura que o povo palestino vive hoje.
Para além da distribuição das cartilhas, o evento contou com uma mesa de debates mediada por Samir Oliveira, coordenador de comunicação da FLCMF, militante da causa palestina e organizador da cartilha. Para ele, o aprofundamento da violência contra o povo palestino na atual conjuntura exige a continuidade das campanhas de solidariedade que militantes internacionalistas estão levando a cabo, em especial depois do 7 de outubro de 2023. Como reforçado por Samir, a Cartilha Palestina Livre deve cumprir um papel fundamental para isso, fornecendo informações aprofundadas para ativistas disputarem a consciência da população.
O primeiro convidado a falar na atividade foi Ualid Rabah, presidente da FEPAL, que cumpriu um papel fundamental na elaboração da cartilha Palestina Livre. Para Rabah, o material criado pela FLCMF “é muito importante para perenizar o conhecimento e para a formação de militantes dentro das próprias organizações de esquerda, de figuras públicas e parlamentares”. De acordo com ele, a mídia sionista tenta a todo custo desmoralizar os movimentos de solidariedade ao povo palestino e, por isso, é importante que os ativistas da causa dominem informações sobre a história da invasão israelense no território da Palestina.
Em seguida, Nadja Carvalho, secretária de Relações Internacionais do PSOL, fez uma importante intervenção que reforçou o compromisso do PSOL com a luta do povo palestino e contra o imperialismo. Além disso, ressaltou a conexão do tema ambiental com o genocídio em curso: “A história da colonização israelense tem uma forte conexão com a exploração dos rios e biomas palestinos”, apontou, ressaltando também a forte relação entre a luta do povo negro no Brasil e a resistência palestina.
Soraya Misleh, coordenadora da Frente Palestina de São Paulo, ficou responsável pela terceira fala da mesa. A partir de seu conhecimento acumulado por décadas de militância na defesa da autodeterminação da Palestina, Misleh ressaltou que “a existência do Estado de Israel, em sua essência, prevê a colonização do território palestino e o extermínio de seu povo” e, por isso, “a solução de dois estados não é suficiente”. Ela relembrou também que, no passado, antes do início da colonização sionista, o território palestino era ocupado por diferentes povos, de diferentes etnias e religiões, que viviam em comunidade e sem distinções.
Depois da potente fala de Soraya Misleh, Daniela Fajer, militante do Coletivo Vozes Judaicas por Libertação, fez uma fala que relembra que os judeus antissionistas de todo mundo ecoam “não em nosso nome!”, demonstrando que a colonização isralense se trata de um projeto do imperialismo e do capitalismo, ancorados na ideologia sionista, que se sustenta no racismo contra o povo palestino. Fajer salientou a importância da rede Global Jews for Palestine, que integra coletivos de judeus e judias antissionistas presentes nos seis continentes do globo e apontou que a Cartilha Palestina Livre pode ser um instrumento de disputa dentro da própria comunidade judaica.
Por último, a mesa contou com a intervenção de Dafne Melo, psicanalista integrante do Coletivo Desorientalismos, que agrupa psicanalistas antissionistas que pensam a questão da saúde mental no contexto do genocídio do povo palestino. Dafne evidenciou que a comunidade de profissionais de saúde mental, em sua maioria, “avançou no tema do combate às opressões, mas que se silenciou diante da luta do povo palestino”. Ela destacou que iniciativas de disseminação de informação, como é o Coletivo Desorientalismos e também a cartilha Palestina Livre, assumem um papel imprescindível diante de tanto desconhecimento e desinformação sobre a causa palestina.
A atividade incluiu também intervenções do público presente. Destaca-se a fala de Israel Dutra, membro da Executiva Nacional do PSOL e do Conselho Curador da FLCMF, que saudou a elaboração da cartilha Palestina Livre e relembrou a prisão pelo governo de Donald Trump de Mahmoud Khalil, um estudante sírio-palestino que é uma liderança da solidariedade ao povo palestino dentro das universidades estadunidenses. Para Dutra, iniciativas como a do lançamento da cartilha devem seguir acontecendo para que se demonstre cada vez mais que a luta pela autodeterminação da Palestina deve ser uma luta de todos aqueles que lutam por justiça.
O evento de lançamento da Cartilha Palestina Livre demonstra o compromisso do PSOL e da FLCMF com a disseminação da solidariedade ao povo palestino e com a formação de ativistas sobre o tema. A cartilha é gratuita e está disponível também na versão digital. Pedidos da versão impressa podem ser feitos no e-mail: contato@flcmf.org.br